APOCALIPSE


Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo

Índice:
Lição 1:Revelação ou Mistério? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Lição 2:Uma Vista Panorâmica do Texto do Apocalipse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Lição 3:Jesus Envia uma Revelação aos Seus Servos (1:1-8) . . . . . . . .. . . . . . . . . . ... 9
Lição 4:Jesus no Meio dos Candeeiros (1:9-20) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..14
Lição 5:A Carta à Igreja em Éfeso (2:1-7) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
Lição 6:A Carta à Igreja em Esmirna (2:8-11) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23
Lição 7:A Carta à Igreja em Pérgamo (2:12-17) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..26
Lição 8:A Carta à Igreja em Tiatira (2:18-29) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..29
Lição 9:A Carta à Igreja em Sardis (3:1-6) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...33
Lição 10:A Carta à Igreja em Filadélfia (3:7-13) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Lição 11:A Carta à Igreja em Laodicéia (3:14-22) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 41
Lição 12:A Visão do Trono de Deus (4:1-11) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Lição 13:Digno É o Cordeiro (5:1-14) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 50
Lição 14:O Cordeiro Abre os Primeiros Seis Selos (6:1-17) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Lição 15:Os Servos que Pertencem a Deus (7:1-17) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... 64
Lição 16:As Primeiras Quatro Trombetas (8:1-13) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Lição 17:A Quinta e a Sexta Trombetas (9:1-21) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Lição 18:Os Sete Trovões e o Livrinho (10:1-11) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Lição 19:O Santuário e as Duas Testemunhas (11:1-13) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... 90
Lição 20:A Sétima Trombeta (11:14-19) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Lição 21:A Derrota do Dragão (12:1-17) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Lição 22:A Besta Emerge do Mar (13:1-10) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 114
Lição 23:A Besta Emerge da Terra (13:11-18) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 121
Lição 24:O Cordeiro e os Remidos no Monte Sião (14:1-5) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .127
Lição 25:   As Grandes Vozes (14:6-20) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . 131           
Lição 26:Deus Envia os Sete Flagelos (15:1-8) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
Lição 27:Os Anjos Derramam as Suas Taças (16:1-21) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... 147
Lição 28:Babilônia: A Grande Meretriz (17:1-18) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
Lição 29:Caiu! Caiu a Grande Babilônia (18:1-24) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168
Lição 30:São Chegadas as Bodas do Cordeiro (19:1-10) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... 176
Lição 31:Jesus Vence as Bestas (19:11-21) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .... . 181
Lição 32:Jesus Vence o Dragão (20:1-10) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .... . . 187
Lição 33:O Julgamento Diante do Trono Branco (20:11-15) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194
Lição 34:A Nova Jerusalém (21:1 - 22:5) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . . 197
Lição 35:Palavras Fiéis e Verdadeiras (22:6-21) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . . 208
Tabela:Os Primeiros Imperadores Romanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ . 213




Apocalipse: Lição 1
Revelação ou Mistério?
Que ironia! O último livro da Bíblia começa com as palavras: "Revelação de Jesus Cristo que Deus lhe deu para mostrar ..." (Apocalipse 1:1). Entretanto, para muitos leitores da Bíblia, este livro é mais um livro de mistério e confusão do que revelação e esclarecimento. É iminente o Armagedom? Estão as novas políticas econômicas introduzindo a marca da besta? Ataques terroristas recentes cumprem profecias do Apocalipse? O que são os 1000 anos do capítulo 20? As questões continuam enquanto as respostas dos homens S muitos deles mal orientados S se multiplicam. Autores sensacionalistas vendem milhões de livros ligando estas imagens bíblicas com as manchetes do dia. Igrejas atraem multidões apresentando suas interpretações da Bíblia S especialmente seu último livro S como uma mensagem específica para os tempos modernos. Uma grande variedade de seitas emergem nos tempos modernos por causa dos homens que declaram que as profecias apocalípticas estão sendo cumpridas agora.
           O que o estudante honesto deveria fazer com o último livro da Bíblia? Deveríamos nos retrair com medo, achando que os acontecimentos assustadores nas manchetes dos jornais diários sejam cumprimentos das profecias do Apocalipse? Deveríamos orgulhosamente cantar vitória sobre as forças do mal cada vez que uma nação ou líder ímpio cai do poder? Deveríamos fechar nossas Bíblias, diante de nossa perplexidade e incerteza, concluindo que este livro esconde mais do que revela?
Nosso Estudo do Apocalipse J esus Cristo fez questão de revelar e preservar o Apocalipse. Como servos dele, devemos dar importância a este livro, assim como damos a todas as outras Escrituras. O Apocalipse, certamente, apresenta alguns desafios especiais para os leitores modernos, mas não devemos fugir de sua mensagem só porque encontramos algumas dificuldades.
       A  intenção destes estudos é de ajudar cada participante a adquirir uma compreensão básica do significado do Apocalipse. Para isso, serão necessárias algumas orientações sobre a abordagem do livro, sobre linguagens proféticas e simbólicas, sobre a história do período, etc. Por valorizarmos as próprias Escrituras acima de qualquer fonte extrabíblica, procuraremos sempre informações e exemplos bíblicos para esclarecer o sentido das expressões encontradas neste livro. Estudaremos o Apocalipse e depois, quando possível, consideraremos informações históricas. Não começaremos com a História, e muito menos com as manchetes do dia, para interpretar a palavra de Deus, ou para injetar nossas idéias e especulações sobre as Escrituras. Quando não encontrarmos informações históricas para explicar o sentido de algum aspecto de uma profecia, ainda respeitaremos a veracidade da palavra de Jesus Cristo acima dos registros dos historiadores. 
Cada lição incluirá alguns comentários, sugestões de leituras bíblicas e perguntas para frisar pontos importantes e incentivar a leitura. Se cada aluno preparar a sua lição em casa antes de chegar, o tempo na aula será mais proveitoso para todos. Se encontrar alguma dificuldade, pode tirar a dúvida no período da aula.
       A versão bíblica usada na preparação desta apostila é a Almeida Revista e Atualizada, 2ª Edição. Se você acompanhar o estudo usando outra versão, poderá encontrar algumas pequenas diferenças em alguns textos.
O que o estudante honesto deveria fazer com o último livro da Bíblia?
Deveríamos fechar nossas Bíblias, diante de nossa perplexidade e incerteza, concluindo que este livro esconde mais do que revela?
2 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo Como Abordar o Estudo do Apocalipse Comece com a Bíblia, não com a História humana. Muita confusão que envolve este livro resulta do estudo mal orientado, construído sobre fundamentos incorretos. Muitas interpretações deste livro são baseadas na História. Há pessoas que tentam determinar o que foi ou não foi cumprido, freqüentemente torcendo ou a Bíblia ou os documentos da História humana, para tentar forçar uma concordância com sua interpretação deste livro profético. É um erro começar com a História. Deus falou antes dos acontecimentos históricos, e sua palavra inspirada é verdadeira e exata, mesmo quando faltam registros humanos de cumprimentos precisos. Podemos ilustrar este problema considerando o texto de Mateus 24:1-34. Ali, Jesus falou de alguns eventos catastróficos que ocorreriam em Jerusalém. Considere suas palavras no versículo 34: "Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça." Sem saber nada sobre a História, qualquer pessoa que respeita verdadeiramente a palavra de Jesus pode saber que essa profecia foi cumprida na geração na qual Jesus vivia, cerca de 2000 anos atrás! Quando atualmente vemos pessoas citando versículos deste texto para declarar que o cumprimento é na nossa geração, sabemos que elas estão concentrando muita atenção nos livros históricos e nos jornais, e não o suficiente na palavra dita por Jesus. Argumentar que algumas coisas preditas nestes versículos ainda não foram cumpridas é dizer que Jesus é um falso profeta. Aqueles que respeitam verdadeiramente o filho de Deus colocarão sua palavra acima das opiniões dos especuladores modernos e dos historiadores humanos.
Vamos lembrar deste princípio em nosso estudo do Apocalipse. Jesus revelou coisas que ocorreriam logo depois que João as registrou (Apocalipse 1:1,3; 22:6-7,10-12,20). Não importa que historiadores não consigam mostrar como cada profecia foi cumprida, é claro que Jesus falou de coisas que estavam para acontecer logo depois que ele as revelou.
Reconheça o estilo simbólico da linguagem do livro. Temos também que reconhecer o estilo da linguagem que o Espírito Santo empregou ao escrever este livro. Da mesma maneira que ele fez em várias outras partes da Bíblia, aqui usou linguagem simbólica ou figurativa, freqüentemente com descrições físicas para retratar conceitos espirituais. Este era o costume de Jesus em suas parábolas. Quando ele disse, "Eu sou o pão" (João 6:35), imediatamente percebemos que ele não falou de alimento físico. Quando ele disse, "Eu sou a porta" (João 10:7) ninguém imagina que Jesus é feito de madeira e tem dobradiças de metal. Quando ele disse, "Eu sou a videira" (João 15:1), não concluímos que ele é literalmente uma planta frutífera. Quando o mesmo Espírito Santo usou o mesmo escritor que registrou estas expressões figurativas para nos transmitir a mensagem do Livro do Apocalipse, não nos deveríamos surpreender se sua linguagem fosse figurativa ou simbólica.
        Outros livros da Bíblia, especialmente Ezequiel, Daniel e Zacarias empregam linguagem semelhante, tornando este estilo de revelação conhecida àqueles que receberam o Livro do Apocalipse no primeiro século.
        Ninguém verdadeiramente interpreta o livro inteiro do Apocalipse ao pé da letra. Aqueles que pescam e escolhem, por capricho próprio, quais partes são figurativas e quais são literais erram em seu método básico de interpretação. Ele é um livro de visões de idéias celestiais que excedem a imaginação humana. Não o reduzamos a algo meramente físico e literal.
              Algumas Observações para Facilitar o Estudo Versículos iniciais: Para entendermos qualquer carta, especialmente uma de Deus, precisamos prestar atenção às palavras do escritor. Os primeiros versículos do Apocalipse contêm vários fatos que são importantes para nosso entendimento deste livro.
         É um livro divinamente inspirado. Ele é a palavra de Deus e testemunho de Jesus Cristo (1:1-2).
            Foi transmitido pelo anjo de Deus, através de João (1:1).
            Lição 1: Revelação ou Mistério? 3 î É um livro no qual João nos conta o que ele viu (1:11). Não é uma mera transmissão de palavras, mas uma mensagem dos símbolos e imagens que Deus permitiu a João visualizar. ï Fala das coisas que estavam para acontecer pouco depois que João recebesse de Deus a revelação, concernente "as coisas que em breve devem acontecer" (1:1). Deus disse que "o tempo está próximo" (1:3). Observações gerais: Na nossa leitura deste livro maravilhoso, devemos nos lembrar de alguns princípios gerais que nos ajudarão a entender sua mensagem. ì Ele é um livro de profecia (1:3; 22:18-19). Os profetas bíblicos usam freqüentemente linguagem simbólica e ilustrações para apresentar a verdade. Muitos conceitos errados sobre o Apocalipse resultam de esforços para interpretar literalmente a linguagem figurativa do livro.
          É um livro que utiliza muitas imagens e mensagens com fundamento nos livros do Velho Testamento. Não somente o estilo, mas muitas das citações e imagens deste livro são baseadas no Velho Testamento. Por esta razão, eu encorajo freqüentemente as pessoas a estudarem vários livros do Velho Testamento antes que comecem o estudo do Apocalipse. Muito do vívido simbolismo do Apocalipse está baseado em livros como Êxodo, Salmos, Isaías, Ezequiel, Daniel e Zacarias. Quanto melhor entendermos estes livros, mais clara se tornará a mensagem do Apocalipse.
       É um livro que tem de ser entendido em seu contexto. Foi escrito próximo do encerramento do primeiro século, durante um tempo em que muitos povos do mundo estavam sujeitos ao domínio do Império Romano. Esse governo estava se tornando cada vez mais perverso e menos tolerante com o povo de Deus. Muitas pessoas abordam o estudo deste livro com a determinação de encontrar aplicações modernas, esquecendo que ele foi escrito originalmente para os cristãos da Ásia (1:4,11), muitos dos quais sofriam severa perseguição por causa da sua fé (2:10,13; 6:9).
O significado dos números. O livro do Apocalipse usa um estilo literário que emprega
significados simbólicos dos números. A tabela abaixo ajudará a entender a mensagem do livro. Esses significados serão mais explicados no decorrer do estudo do texto. 
1 Unidade, algo incomparável ou exclusivo
2 Força, coragem, poder
3 Divino (as três pessoas divinas)
4 Coisas do mundo
6 Algo incompleto, fracasso
7 Perfeição ou totalidade
10 Totalidade ou plenitude
12 Totalidade, especialmente do povo de Deus (12 tribos, 12 apóstolos)
24 Representantes do povo de Deus de todos os tempos (12 tribos + 12 apóstolos)
1.000 Totalidade ou plenitude (10 x 10 x 10)
144.000 Um número completo do povo de Deus (12 x 12 x 10 x 10 x 10)
3½ anos; 42 meses; 1.260 dias; “Um tempo, tempos, e a metade de um tempo” Período de tempo breve ou indefinido (metade de 7, que representa algo completo)




Apocalipse: Lição 2
                Uma Vista Panorâmica do Texto do Apocalipse O livro do Apocalipse demonstra, acima de qualquer dúvida, o poder de Deus para vencer o diabo e seus servos. Para comunicar esta mensagem e encorajar os santos angustiados quando enfrentavam a perseguição, este livro abre as cortinas e convida os leitores a olharem "atrás dos cenários" para verem o lado espiritual das lutas que freqüentemente desafiam a fé.
         O capítulo 1 apresenta um retrato de Jesus em todo o seu poder e glória. Freqüentemente pensamos em Jesus em cenas de aparente fragilidade. Por exemplo, podemos pensar num recém-nascido indefeso nos braços de sua mãe, ou numa figura moribunda, aparentemente vencida, suspensa a uma áspera cruz de madeira. Jesus foi um nenê. Ele morreu numa cruz. Mas Jesus é o vitorioso e poderoso "Soberano dos reis da terra" (1:5). Tudo o que se segue neste livro surge desta importante imagem de Cristo. Ele está no comando. Seus seguidores podem sofrer, mas nada têm a temer. No final, os justos serão vitoriosos!
                   Os capítulos 2 e 3 contêm cartas às sete igrejas na Ásia. Estas cartas seguem um padrão regular de: Saudação.
 Lembrança da posição de Jesus, que está enviando as cartas.
 Avaliação da condição da  congregação (geralmente incluindo elogio das boas qualidades e crítica das falhas).  Apelo à ação (freqüentemente um  chamado ao arrependimento, unido ao encorajamento a serem fiéis a despeito das dificuldades da situação deles).
ð Lembrança do galardão à espera daqueles que continuarem a servir fielmente.
Este livro abre as cortinas e convida os leitores a olharem “atrás dos cenários” para verem o
lado espiritual das lutas que freqüentemente desafiam a fé.
             Os capítulos 4 e 5 demonstram a posição do Pai e do Filho. Numa visão maravilhosa, João recebe permissão para ver o trono de Deus, cercado por seus servos em adoração (capítulo 4). O próximo capítulo volta a atenção para Jesus que, por causa de sua vitória sobre a morte, é achado digno de abrir os selos do livro que revelará o plano de Deus para a vitória total sobre as forças de Satanás. Ele também merece louvor e adoração dos fiéis.
                   Nos capítulos de 6 até 20 , encontram-se numerosas demonstrações de vingança e punição. A maior parte da mensagem destes capítulos é organizada em séries de sete (sete selos, sete trombetas, sete taças da ira de Deus). Lembre-se de que o número sete simboliza a perfeição. A história nunca termina enquanto não chegamos à parte sétima e final. Em alguns pontos, durante a batalha, pode parecer que o diabo está ganhando a guerra. Este livro oferece esperança aos fiéis em que Deus e seu exército justo serão vitoriosos. Satanás não pode derrotar Jesus, e não pode vencer aqueles que permanecem fiéis ao Senhor.
              Os capítulos 21 e 22 destacam a condição abençoada dos santos vitoriosos na presença de Deus. Os privilégios que foram perdidos por causa do pecado de Adão e Eva são restaurados nesta comunhão renovada entre Deus e o homem. Estes capítulos empregam muito da linguagem encontrada em outros textos proféticos para falar da relação dos discípulos fiéis com Cristo, nesta era presente. A bênção da presença de Deus, retratada aqui, também prenuncia a grandeza do céu.
                Encontramos aqui uma conclusão bela e esperançosa para a mensagem da Bíblia.
Lição 2: Uma Vista Panorâmica do Apocalipse 5 Para entender e apreciar a mensagem do Apocalipse Aqui estão algumas passagens importantes e alguns conceitos básicos que ajudarão a entender a mensagem do Apocalipse.
              Drama do Livro . Lembre-se de que este é um livro que relata as coisas que João viu. É uma dramática apresentação da revelação de Deus. Assim como Deus usou sonhos e suas interpretações para comunicar sua mensagem através de Daniel, ele usou a vívida imagem das visões espirituais para revelar sua mensagem através de João. Muitas pessoas deixam de ver o poderoso quadro neste livro porque se distraem com um exame minucioso de cada pequenino pedaço. Mesmo se não conseguirmos entender o significado de algum pormenor específico, a mensagem global da justiça, do poder e da absoluta vitória de Deus é inconfundível.
                 Limites de tempo . Já notamos que Jesus falou de coisas que tinham de acontecer logo depois que este livro fosse escrito. O significado deste ponto não deve ser subestimado. Quando Deus colocou um limite de tempo para o cumprimento de sua palavra, os leitores não têm direito de ignorar ou negar isso. Algumas vezes as pessoas tentam evitar o significado dos limites de tempo de Deus apontando passagens como 2 Pedro 3:8, que diz: “para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia”. Pedro está mostrando a paciência de Deus em adiar seu julgamento dos malfeitores. Ele não está negando o significado de todas as outras referências a tempo na Bíblia.
Quando Deus fala de coisas que acontecerão logo, precisamos respeitar sua palavra.
Note o que Deus disse no Apocalipse para limitar o tempo do cumprimento: 
"Coisas que em breve devem acontecer" (1:1; 22:6). Este limite de tempo é colocado no começo e no fim do Apocalipse, e deverá ser lembrado em nossa interpretação dos  capítulos intermediários. Tal expressão (“em breve”) é usada em outros lugares no Novo Testamento, onde vemos que o cumprimento veio logo depois que as palavras foram ditas.
Não falou de eventos no futuro distante: centenas ou milhares de anos mais tarde. Note, por
exemplo:

                    “Festo, porém, respondeu achar-se Paulo detido em Cesaréia; e que ele    mesmo, muito em breve, partiria para lá. . . . E, não se demorando entre  eles mais de oito ou dez dias, desceu para Cesaréia; e, no dia seguinte  assentando-se no tribunal, ordenou que Paulo fosse trazido” (Atos 25:4,6).  Festo pretendia ir a Cesareia "em breve", e então foi àquela cidade cerca de dez dias mais tarde.
               Paulo falou do seu desejo de visitar vários irmãos ou enviar mensageiros "em  breve" (1 Coríntios 4:19; Filipenses 2:19,24; 1 Timóteo 3:14). Nestes casos, era   sempre um período muito breve S talvez meses S nunca séculos! “O tempo está próximo” (1:3; 22:10). Para reforçar o conceito de que João escrevia sobre eventos que logo se seguiriam, Jesus incluiu um lembrete adicional nos versículos de abertura e fechamento do livro. “O tempo está próximo” lembrava aos leitores de que Deus logo cumpriria sua palavra neste livro. Palavras semelhantes em outras passagens  falam de curtos períodos de tempo, e não de eventos que aconteceriam séculos mais tarde. Note: P P 6  Jesus falou da capacidade de prever a chegada do verão vendo as folhas numa figueira (Mateus 24:32; Lucas 21:30). Isto poderia levar dias ou semanas antes  do verão, mas não poderia ser milhares de anos. Jesus disse em Mateus 26:18, “O meu tempo está próximo”. Ele morreu      naquela semana. Seu tempo estava, de fato, muito perto. Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo João referiu-se várias vezes a festas que estavam se aproximando como "estando próxima" (João 2:13; 6:4; 7:2; 11:55). Está sempre claro que significava períodos de tempo muito curtos. Note nestes casos que o evento estava geralmente dentro de dias ou talvez semanas, mas jamais se referiam a coisas que aconteceriam séculos mais tarde!
                   O Significado do Quinto Selo. Para ajudar a entender a mensagem deste livro, veja bem em Apocalipse 6:9-11, onde Jesus abre o quinto selo: “Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram.” Estes versículos são muito importantes para compreender o resto do livro do Apocalipse. Cristãos perseguidos, especialmente aqueles que sacrificaram suas vidas ao serviço do Senhor, estão pedindo justiça. Foram suas mortes em vão? Certamente que não. Eles haviam morrido na confiança de que Deus é justo, e agora estavam perguntando quanto tempo sua justiça seria adiada. Deus os assegura de que responderá com punição aos malfeitores, mas que ele permitirá que a perseguição continue por pouco tempo, antes de exercer sua vingança. Palavras chaves deste texto se relacionam com o desenvolvimento do plano de Deus através de todo o livro. Numerosas passagens no Apocalipse ilustram como Deus respondeu ao apelo destes santos martirizados. Note especialmente estas respostas divinas às orações dos santos mártires:
                Deus vingou seu sangue. O anjo vingador de Deus derramou o sangue dos inimigos dos  santos (14:20). A terceira taça representava a merecida vingança contra aqueles que tinham   matado os profetas (16:4-7). Deus vingou a causa dos santos no julgamento contra  Babilônia (18:20,24; 19:2).  Deus ressuscitou os mártires. Apocalipse 20:4-6 mostra a resposta final de Deus às orações      dos mártires. Há uma clara conexão entre este texto e a oração do capítulo 6. Eles tinham sido           decapitados por causa da sua fé, mas agora estavam sendo ressuscitados para reinar com    Cristo! A vitória de Satanás foi somente temporária. A causa dos fiéis estava vingada!
             Estas referências nos ajudam a ver que a vingança do sangue daqueles martirizados pela causa de Cristo é o tema central deste livro. Jesus diz aos seus seguidores perseguidos: – Tenham paciência e suportem a dureza da perseguição ainda mais um pouco. No final da batalha, eu lhes garanto que meus servos fiéis serão vitoriosos. Não desistam! Cenas de Grande Vitória. O livro do Apocalipse está cheio de cenas dos santos vitoriosos de Deus. Considere três exemplos específicos como representativos do conforto oferecido neste livro:
                         A Ressurreição das Duas Testemunhas (11:3-14). Duas testemunhas, servos de Jesus,    pregaram por um período de tempo (31⁄2 anos) com poder e autoridade. Então, as forças de       Satanás os mataram, e todo o mundo comemorou o triunfo do mal sobre o bem. Mas a       vitória durou pouco. Depois de três dias, Deus ressuscitou as testemunhas que estavam        mortas e as chamou ao céu. Ele então enviou punição sobre aqueles que se regozijaram com           a derrota da justiça. A causa de Cristo foi ameaçada, mas ressurgiu para a vitória!
                 O Triunfo sobre o Dragão (12:1-18). Uma mulher, representando o povo de Deus, deu   à luz a Cristo. Ainda antes que ele nascesse, Satanás (o dragão e a serpente) estava
    salivando na expectativa de devorar o sangue do Ungido. Mas num único versículo (12:5),
     a vitória completa de Jesus, do nascimento à ascenção, deixa Satanás frustrado e irado. Lição 2: Uma Vista Panorâmica do Apocalipse então se volta para perseguir a mulher (a igreja), mas Deus a protege. Satanás, então, olha para cima e tenta derrotar o exército do céu, conduzido por Miguel. O diabo sofre mais uma derrota, sendo lançado fora do céu e lhe são negadas outras oportunidades para acusar os servos de Deus. Cada vez mais frustrado, o dragão irado ataca violentamente a mulher, mas de novo fracassa. Em desespero, o dragão procura uma vítima e concentra suas energias na perseguição dos filhos da mulher, cristãos individuais. Satanás ainda pode perseguir e tentar derrotar os cristãos. Mas temos que manter esta batalha no seu contexto. Os cristãos, com o auxílio do Cristo conquistador, podem entrar na guerra com confiança. É possível vencer (veja 1 Coríntios 10:13). Estamos lutando com um perdedor!
O Novo Céu e a Nova Terra, e a Nova Jerusalém (21:1-22:5). Depois das grandes cenas de julgamento e condenação dos inimigos da justiça (capítulos 18-20), este texto oferece um vislumbre do esplendor da comunhão com Deus. "O novo céu e a nova terra" é um símbolo do relacionamento com Deus (veja Isaías 65:17-25). A admissão a esta companhia é limitada. Os covardes, os incrédulos, os abomináveis, os assassinos, os  impuros, os feiticeiros, os idólatras e os mentirosos serão rejeitados e lançados no lago de fogo. A nova Jerusalém é também um símbolo profético, bem conhecido, da comunhão  restaurada entre Deus e seu povo (veja Isaías 52:1; 60:19-20; 61:10; 65:18-19; Ezequiel 40:2-3; 48:31-34). Jerusalém, como o local do templo do Velho Testamento, representava a presença de Deus no meio do povo. Esta nova Jerusalém até oferece acesso ao rio da vida e à árvore da vida, mostrando a restauração do privilégio especial do relacionamento perdido por causa do pecado do homem (veja Gênesis 3:22-24; Ezequiel 47:1-12).

Conclusão:
                      O decorrer das próximas lições, veremos o livro do Apocalipse mais detalhadamente, examinando cada capítulo. Procuraremos entender o significado das diversas descrições simbólicas, das cenas dramáticas e das imagens impressionantes. Nos nossos estudos de pormenores, porém, não devemos esquecer da estrutura básica nem das mensagens fundamentais do livro. A revelaçãode Jesus Cristo é uma mensagem de grande e total vitória!




Apocalipse: Lição 3
Jesus Envia uma Revelação aos Seus Servos
(Apocalipse 1:1-8)
                     Muitos comentários sobre o Apocalipse dedicam capítulos inteiros a questões de autoria, data, estilo, etc. Nosso estudo, necessariamente, abordará estas mesmas questões. Eu prefiro, porém, considerar tais assuntos no contexto do estudo do livro, conforme as próprias evidências internas surgirem. Já nos primeiros versículos, encontramos algumas pistas importantes. Esta lição e outras que seguem dividirão o texto em parágrafos, e depois em versículos ou frases. Sempre leia o parágrafo inteiro antes de voltar aos comentários sobre cada versículo. Lembre-se que os comentários refletem o entendimento de um homem, e nada mais do que isso. Você deve avaliar, questionar e exercer a sua liberdade de discordar, mas sempre com base na palavra de Deus. O propósito dessas lições é de facilitar o estudo do livro, não de dar uma interpretação oficial ou definitiva.
Decidi incluir o texto do livro nas lições para facilitar o estudo e permitir que cada aluno grife pontos importantes, anote suas próprias observações, etc. O aluno ainda terá que usar a própria Bíblia para as citações de outros livros ou outros trechos do Apocalipse.
                    Jesus Envia uma Mensagem aos Fiéis (1:1-3) 1:1-2 – Revelação (gr. Apokalupsis): algo descoberto, exposto, manifesto. A mensagem deste livro foi revelada para ser entendida pelos servos de Jesus.
                    A corrente de transmissão da mensagem: Deus (Pai) a deu a Jesus Cristo, e ele a enviou por intermédio do seu anjo e notificou ao seu servo João, para mostrar aos seus servos.
O nome João era comum no primeiro século, e o versículo aqui não oferece nenhuma descrição a mais (apenas diz que era servo de Cristo, assim o colocando na mesma categoria dos ouvintes) para identificar o autor do livro. Desde a antiguidade, quase todos os comentários sobre este livro o atribuem ao apóstolo João, filho de Zebedeu. É geralmente aceito que ele escreveu, também,
o evangelho e as três epístolas identificadas em nossas Bíblias com o mesmo nome (João). A leitura dos outros livros dele, especialmente do evangelho de João, ajuda na compreensão da mensagem do Apocalipse. As coisas que em breve devem acontecer: Veja novamente os comentários na lição 2 sobre o significado dos limites de tempo no texto do Apocalipse. Agora, considere um contraste que reforça o ponto. Daniel teve uma visão sobre “o tempo do fim” (Daniel 8) em que viu a queda da Pérsia aos gregos, e a expansão dos gregos (helenistas) para controlar a terra dos judeus e profanar as coisas.
                Lição 3: Jesus Envia uma Revelação aos Seus Servos (1:1-8) 9 sagradas deles. Daniel fez esta profecia cerca de 550 a.C. (8:1) e falou de coisas que chegaram à época de Antíoco IV (Epífanes), aproximadamente 165 a.C. O tempo da visão de Daniel até o cumprimento foi menos de 400 anos. O anjo Gabriel disse: “se refere a dias ainda mui distantes” (8:26). Se um período de menos de quatro séculos são dias “mui distantes”, obviamente “em breve” e “próximo” (1:3) se referem a coisas que aconteceriam logo depois das visões de João. Este contraste entre o tempo das profecias de Daniel e de João se torna mais nítido ainda quando chegamos a 22:10, onde João foi proibido de selar a sua profecia “porque o tempo está próximo”. Qualquer interpretação do Apocalipse que sugere que o cumprimento principal do livro ainda acontecerá (quase 2.000 anos depois de João) se opõe ao texto do próprio livro. A palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo: João não teve dúvida sobre a fonte de sua mensagem. Ele coloca este livro na mesma categoria de outras Escrituras. João “atestou ... a tudo que viu”. Ele fez questão de transmitir a revelação recebida, até comentando em alguns momentos da sua própria dificuldade em entendê-la (veja 7:13-14). A revelação do Apocalipse foi em forma de visões, de imagens dramáticas, que transmitiram a mensagem que Jesus queria repassar para os seus servos. João relatou o que viu. 3 Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo. 1:3 – Bem-aventurados: Sete vezes no Apocalipse, e dezenas de outras vezes na Bíblia, a expressão “bem-aventurado” ou “feliz” descreve as bênçãos dos fiéis que mantêm a comunhão com Deus. O exemplo mais conhecido se encontra no sermão do monte (Mateus 5:3-11). Aqui, os bem-aventurados são: aqueles que lêem – literalmente, “aquele (singular) que lê”, a pessoa que faria a leitura do livro nas reuniões públicas das igrejas. aqueles que ouvem as palavras da profecia – os ouvintes, especificamente, os servos nas igrejas que receberam o livro. Por extensão, entendemos que Deus nos abençoa com esta mesma mensagem. Ele trata o livro como profecia, uma revelação nova de Deus para os seus servos. e guardam as coisas nela escritas – profecia não serve apenas para informar ou predizer. Serve também para instruir. Deve ser obedecida. A mensagem do Apocalipse exigia uma resposta ativa dos seus ouvintes, especificamente a de fidelidade em vista das perseguições (veja 2:10). Pois o tempo está próximo: Veja os comentários acima (versículo 1) sobre o tempo referido. A obediência era urgente, pois a profecia falou de coisas que iam acontecer logo depois da transmissão desta mensagem aos fiéis.
               10 As Bem-Aventuranças do Apocalipse ì “Bem -aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo” (1:3) “Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor” (14:13) “Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha” (16:15) “B em -aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro” (19:9) ð “Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade” (20:6) “Bem -aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro” (22:7) ò “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas” (22:14)
                    Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo Do Alfa e Ômega às Sete Igrejas (1:4-8) 1:4-5a – 4 João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono 5 e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. João, às sete igrejas que se encontram na Ásia: Nos capítulos 2 e 3, encontramos cartas endereçadas aos anjos de sete igrejas na Ásia. Tudo indica que eram igrejas reais que existiam naquela época, mas não eram as únicas igrejas na Ásia no primeiro século. Existiam igrejas em outros lugares na Ásia Menor: Trôade (Atos 20:5-7), Colossos (Colossenses 1:1), Hierápolis (Colossenses 4:13). Jesus escolheu sete igrejas, talvez como um número completo e simbólico, que representam as características das igrejas da região. Se o livro for levado de uma outra igreja na ordem das cartas, a viagem seguiria assim (distâncias aproximadas): Partindo de Éfeso, indo 65 km ao norte, chegaria a Esmirna, e seguindo mais 95 km estaria no ponto mais ao norte do circuito, Pérgamo. Daí, seguiria a estrada ao sudeste, passando em Tiatira (70 km de Pérgamo) e continuando mais 50 km até Sardes. Seguindo mais 43 km ao sudeste, estaria em Filadélfia.
               Aproximadamente a 75 km de Filadélfia, chegaria a Laodicéia, a qual ficava numa rota comercial que voltava para Éfeso, onde esta viagem começou. Graça e paz: Saudações tradicionais nas cartas do Novo Testamento.
                 Da parte de: Versículos 4 e 5 repetem a frase “da parte de” três vezes, dando ênfase à origem divina da revelação: Aquele que é, que era e que há de vir – Embora esta descrição possa identificar qualquer uma das pessoas divinas, aqui se refere ao Pai, pois ainda virão mais dois.
Os sete Espíritos – Outras passagens deixam claro que há um só Espirito (Efésios 4:4), e assim Jesus e os apóstolos freqüentemente falavam do Espírito Santo no singular. Sabendo que sete representa algo completo ou perfeito, o sentido mais provável é da perfeição do Espírito Santo. A pedra do sacerdote Josué tinha sete olhos (Zacarias 3:9). Diante do trono de Deus se encontram sete tochas, “que são os sete Espíritos de Deus” (4:5). Os sete olhos do Cordeiro “são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra” (5:6). Embora nenhum versículo absolutamente afirma que os sete Espíritos sejam o Espírito Santo, a sua colocação entre as outras duas pessoas divinas apóia esta interpretação. Jesus Cristo – Não há dúvida sobre a identidade de Jesus, descrito aqui como: a Fiel Testemunha – Ele é o sim e o amém das promessas de Deus (2 Coríntios 1:20-22), o cavaleiro chamado Fiel e Verdadeiro (19:11). o Primogênito dos mortos – Jesus não foi o primeiro a ser ressuscitado, mas ele tem primazia sobre todos (Colossenses 1:18). Aquele que ressuscitou-se e tem domínio sobre todos envia uma mensagem para confortar os perseguidos, incluindo alguns que morreriam por sua fé. o Soberano dos reis da terra – Jesus não domina apenas os servos fiéis; ele é o Soberano dos reis humanos (veja Daniel 4:32). Ele governa os governantes, incluindo aqueles que perseguiriam os santos. Obs.: Alguns pré-milenaristas, como Hal Lindsey, dizem que a confusão no mundo mostra que Jesus, embora tendo o direito de reinar sobre a terra, não está exercendo o seu direito atualmente. A Bíblia afirma que Jesus é o Soberano dos reis da terra. Pedro diz que os poderes estão sujeitos a Jesus (1 Pedro 3:22). Paulo diz que todas as coisas já foram colocadas debaixo dos pés de Jesus (Efésios 1:22-23). No Apocalipse, Jesus mesmo disse que já recebeu esta autoridade do Pai (2:27-28). Devemos acreditar nas afirmações das Escrituras ou nas interpretações de premilenaristas? Acreditamos nas palavras de Jesus em Mateus 28:18?
Lição 3: Jesus Envia uma Revelação aos Seus Servos (1:1-8) 11 5(b) Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, 6 e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém! 1:5b-6 – Àquele que nos ama: Jesus domina reis, e ama seus servos humildes! O amor divino é um tema constante nos escritos de João (João 3:16; 1 João 4:7-21; etc.). Este fato, em si, mostra o poder do evangelho de efetuar uma transformação total no coração do homem. Um filho do trovão (Marcos 3:17; Lucas 9:54) se tornou o apóstolo do amor! pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados: Jesus morreu na cruz para nos salvar, se apresentando como o único sacrifício eficaz para purificar pecadores (veja Hebreus 9:12,14,22). Na remissão dos pecados achamos a única verdadeira libertação (Colossenses 1:13-14). e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai: Os impérios humanos reduziram homens livres à escravidão, como servos de tiranos. Jesus liberta escravos do pecado e os constitui um reino de sacerdotes para Deus! Veja 1 Pedro 2:9-10. a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!: Jesus é tudo que o versículo 5 diz, e fez tudo que é relatado nos versículos 5 e 6. Ele é digno de glória e domínio para sempre! A glória de Roma ou qualquer outro império iria desvanecer-se. A glória de Jesus dura para sempre! Amém! Que assim seja! 1:7 – Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as
tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!: O eterno Jesus virá com as nuvens. A vinda nas nuvens sugere a presença e a autoridade divina, especialmente seu poder para julgar ou castigar (veja Êxodo 14:24; 19:9,16; 20:21; 24:16,18; 34:5; 40:34-38; Números 11:25; 12:5,10; Deuteronômio 5:22; 2 Crônicas 5:13-6:1; Salmo 18:11; Isaías 19:1; 30:27; Daniel 7:13-14; Mateus 17:5; 24:30; 26:64). 
                   Eis que vem com as Há duas possíveis interpretações desta promessa: nuvens, e todo olho o verá,  A segunda vinda de Jesus, quando julgará todos os até quantos o traspassaram. homens (veja 1 Tessalonicenses 4:17; João 5:27-29). E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. í A vinda de Jesus para castigar algum povo ou poder Certamente. Amém! na terra (veja as citações acima que falam de castigos na terra).
                  Dentro do contexto, a segunda possibilidade faz muito mais sentido. Da mesma maneira que Jesus prometeu castigo para Jerusalém na sua profecia apocalíptica (Mateus 24 e relatos paralelos), aqui ele fala do castigo de algum poder ou povo que não respeitava a autoridade do Soberano Senhor. Qual poder ou povo? Alguns acreditam que a principal aplicação das profecias do Apocalipse seria a Jerusalém, e que o cumprimento delas se encontra na destruição da cidade em 70 d.C. A favor desta interpretação, ele fala aqui daqueles que o traspassaram. Outros acreditam que o alvo da ira de Deus seria Roma ou um dos seus imperadores. A favor desta interpretação, encontramos aqui a lamentação de todas as tribos da terra. Porém, esta citação assemelha-se a Mateus 24:30, e pode ser usada para apoiar a aplicação a Jerusalém. Ao invés de tentarmos definir já o povo em vista, vamos continuar estudando e procurando mais esclarecimento dentro do próprio livro. Certamente. Amém!: Não há dúvida. O Soberano trará julgamento! 1:8 – 8 Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso. 12 Alfa e Ômega: A primeira e a última letra do alfabeto grego.
                  Deus é eterno (aquele que é, que era e que há de vir), o começo e o fim. O Senhor Deus aqui pode ser o Pai (que fala, também, em 21:5-8 e é descrito como “o Senhor Deus, o Todo-Poderoso” em 4:8). Mas as mesmas palavras podem ser Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo aplicadas ao Filho, em quem “habita ... toda a plenitude da Divindade” (Colossenses 2:9), pois Jesus Cristo “é o esplendor da glória e a expressão exata do seu Ser” (Hebreus 1:3). Todo-Poderoso: Este selo de autoridade encerra-se com mais uma afirmação da natureza absoluta de Deus. Ele é o Todo-Poderoso. Esta descrição de Deus aparece 9 vezes no Apocalipse, e se encontra em 50 outros versículos na Bíblia, a maioria no livro de Jó. Os servos perseguidos da época de João precisavam lembrar-se do poder absoluto do Soberano Deus.

Conclusão

estes primeiros versículos do Apocalipse, Deus deixa bem claro que ele, o Eterno e Soberano Senhor, é o autor da mensagem. Os ouvintes, servos dele na Ásia, poderiam depositar plena confiança no Altíssimo que já demonstrara o seu amor para com eles. Ele, por meio de seu Filho, já os libertara do pecado. Não deixaria o seu povo ser vencido pelas forças do mal.

Apocalipse: Lição 4
Jesus no Meio dos Candeeiros
(Apocalipse 1:9-20)
              Quem é Jesus? Como devemos vê-lo? Muitas pessoas imaginam Jesus como um nenê indefeso numa manjedoura em Belém. Outras pensam na imagem de um moribundo sofrendo terrivelmente na cruz do Calvário, evidentemente derrotado pelas forças do mal. Certamente, Jesus nasceu. Sem qualquer dúvida, ele morreu numa cruz. Mas aquelas cenas representam episódios temporários, embora importantíssimos, e não o estado permanente do Cristo vitorioso. Que consolo daria aos cristãos perseguidos pensar numa criança pequena e fraca? Que conforto achariam na imagem de um líder morto?
           A mensagem do Apocalipse deriva seu poder da pessoa que a revelou. O Cristo que cuida dos servos e garante a vitória sobre os perseguidores não é fraco, nem derrotado. Ele possui toda autoridade e fala com poder absoluto. Os cristãos da Ásia naquela época – como nós nos dias atuais – precisavam do consolo de um Senhor Todo-Poderoso. Acharam este conforto nas palavras de Jesus, o forte e vitorioso Rei dos reis. João, na Ilha de Patmos, Ouviu uma Grande Voz (1:9-11) 1:9 – João, irmão e companheiro na tribulação: Ao invés de destacar a sua posição de autoridade ou o seu privilégio de comunhão íntima com Jesus, o autor deste livro procura se identificar com os seus leitores e ouvintes. Ele se descreve como irmão deles, e companheiro no sofrimento que os fiéis sofriam. Nesta descrição, 9 Eu, João, irmão vosso e João frisa os mesmos fatos essenciais para a vitória dos ouvintes: companheiro na tribulação, passariam por tribulação como súditos do reino de Cristo, e no reino e na perseverança, venceriam com sua perseverança e confiança no Senhor em Jesus, achei-me na ilha Jesus. chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do Quando João se diz companheiro na tribulação, ele refere-se à testemunho de Jesus. sua própria circunstância. Ele se achou na ilha de Patmos, por causa da palavra de Deus. João não explica o sentido dessas palavras. Tradicionalmente, entende-se que João fosse banido à ilha de Patmos por causa da sua fé.
                  No fim do terceiro século, Victorinus disse que João escreveu o Apocalipse em Patmos, para onde foi banido por Domiciano, imperador romano de 81 a 96 d.C. A questão da data do livro será
considerada em outras lições. O local citado, Patmos, é uma pequena ilha no mar Egeu (perto de Éfeso), para onde os romanos exilavam alguns condenados. 1:10 – Mais importante do que a sua circunstância física, João descreve a sua situação espiritual: Achei-me em espírito. As visões que ele revela não foram vistas com olhos humanos, e não eram meramente imaginações do próprio homem. Ele as reconhece como revelações vindas de Deus a um servo que se dedicou ao Senhor durante as longas décadas de sua vida. 10 Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta, 14 No dia do Senhor: Esta expressão se refere, em várias outras passagens, aos dias em que Deus visitava o homem para castigar os malfeitores. Mas, o sentido mais provável aqui é o dia especialmente dedicado ao Senhor no louvor dos santos, no Novo Testamento. Já sabemos que o primeiro dia da semana, o dia que ganhou seu significado especial com a ressurreição de
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo Jesus, se tornou o dia principal de adoração. Neste dia, os cristãos primitivos se reuniam para participar da Ceia do Senhor (Atos 20:7), e aproveitavam o mesmo dia para outros trabalhos importantes, como a coleta para ajudar os irmãos necessitados (1 Coríntios 16:2).
                E ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta: João ainda não identifica a pessoa que falou, mas deixa bem claro que a voz foi forte e impressionante. Lembramo-nos especialmente da aparição de Deus no monte Sinai (Êxodo 19:16-19; veja Apocalipse 4:5). 1:11 – O propósito da grande voz aqui foi ordenar a João o que fazer a respeito das coisas que ele veria (11). Ele deveria: ì escrever em livro e í mandar às sete igrejas (Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia). 11 dizendo: O que vês escreve em livro e manda às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. Jesus no Meio dos Candeeiros (1:12-16) 1:12 – Vi sete candeeiros de ouro: Antes de enxergar a pessoa que falava com ele, João viu sete candeeiros (ou candelabros) de ouro. No Velho Testamento, eles mantinham aceso no tabernáculo o candelabro de ouro com sete lâmpadas, que servia para iluminação (Números 8:1-4; Êxodo 27:20; 35:14; 39:37; Levítico 24:2,4; 2 Crônicas 12 Voltei-me para ver quem 13:11; Hebreus 9:2). Na visão de Zacarias 4, encontramos um falava comigo e, voltado, vi candelabro de sete lâmpadas. O texto mostra que o poder vem do sete candeeiros de ouro Espírito de Deus por meio dos servos ungidos (Zacarias 4:6,14), e que os olhos de Deus percorrem a terra (Zacarias 4:10). Na visão de João, Jesus identifica os sete candeeiros, no versículo 20, como as sete igrejas. 1:13 – E, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem: A posição de Jesus no meio dos candeeiros sugere a sua comunhão íntima com o seu povo. Jesus anda no meio das igrejas, realmente fazendo seu tabernáculo entre os seus servos. Filho de homem, ou filho do homem, é uma expressão usada freqüentemente nas Escrituras para identificar os homens, simples seres humanos (Jó 25:6; 35:8; Salmo 144:3; Isaías 51:12; etc.). Tomou um significado especial no livro de Ezequiel, no qual Deus, repetidamente, usou 13 e, no meio dos esta expressão para identificar o profeta Ezequiel (veja 2:1-8; candeeiros, um semelhante 4:16; etc. – a expressão aparece mais de 90 vezes só em a filho de homem, com Ezequiel). Daniel foi chamado de “filho do homem” (Daniel 8:17), vestes talares e cingido, à mas ele viu numa visão “um como o Filho do Homem” que veio altura do peito, com uma do céu, chegou ao Ancião de Dias, e recebeu o reino e o domínio cinta de ouro. eterno (Daniel 7:13-14). Assim, percebemos que, até o final do Antigo Testamento, a expressão ganhou dois outros sentidos mais específicos: identificou homens chamados para um papel especial de revelar a palavra de Deus e, mais ainda, identificou o eterno rei sobre o reino de Deus. Jesus tomou para si esta descrição, com toda a autoridade inerente nela: Mateus 8:20; 9:6; 10:23; 11:19; 12:8,32,40; etc. Todos os quatro relatos do evangelho empregam esta expressão com bastante freqüência para identificar Jesus. O evangelho de João, que nos interessa especialmente por ser do mesmo autor do Apocalipse, usa o termo para destacar as qualidades essenciais de Jesus Cristo: Ele veio do céu e voltaria para lá (3:13; 6:62); é o acesso ao céu (1:51); ele seria levantado para salvar (3:14); tem toda a autoridade (5:27); ele dá vida eterna (6:27,53); ele, sendo divino, se sacrificaria conforme a vontade do Pai (8:28); a morte dele serviria para a glória dele mesmo, e do Pai (12:23-24; 13:31). Lucas atualiza as nossas informações sobre o Filho do Homem quando diz que Estêvão o viu no céu, à destra do Pai (Atos 7:56). Quando João viu “um semelhante a filho de homem”, ele viu uma imagem até humana, mas com todas as características do poderoso Rei eterno e Salvador do mundo. Lição 4: Jesus no Meio dos Candeeiros (1:9-20) 15 Vestes talares e cingido, à altura do peito, com uma cinta de ouro: vestes que desciam até os calcanhares e uma cinta de ouro. Algumas pessoas acham nisso uma referência ao sacerdócio – veja Êxodo 28:39-40; Levítico 8:7 e comentários extrabíblicos (Josefo e Edersheim). Pelo menos, dá a idéia de um ofício de autoridade e poder. 1:14 – A sua cabeça e cabelos eram brancos: Possíveis significados incluem a idade (Isaías 46:4), eternidade, neste caso (Daniel 7:9), a pureza (Salmo 51:7; Isaías 1:18), a sabedoria e a honra (Levítico 19:32; Provérbios 16:31; 20:29). Obviamente, Jesus possui todas essas características. 14 A sua cabeça e cabelos Olhos como chama de fogo: Os olhos de Deus estão em todo lugar (Provérbios 15:3; Jeremias 32:19). São atentos aos seus servos (Salmo 33:18; 34:15), mas também vigiam as nações (Salmo 66:7). Os olhos do justo rei dissipam o mal (Provérbios 20:8). Todos estes temas se tornam fundamentais no Apocalipse. Este elemento específico, como algumas outras características desta visão do filho de homem, vem de Daniel 10:6. Os olhos de fogo penetram, vendo tudo que o homem faz, e julgam, castigando os ímpios e protegendo os fiéis. eram brancos como alva lã, como neve; os olhos, como chama de fogo; 1:15 – Os pés, semelhantes ao bronze polido: Lembramo-nos dos pés dos seres viventes servindo a Deus na visão de Ezequiel (Ezequiel1:7) e do homem vestido de linho na visão de Daniel (Daniel 10:6). Freqüentemente, os profetas apresentam imagens de Deus ou de seus servos calcando aos pés os seus adversários (Isaías 41:2; 15 os pés, semelhantes ao Habacuque 3:12), e pés metálicos sugerem a força para esmagar bronze polido, como que os inimigos (Miquéias 4:13; Daniel 2:33,40-42; veja Romanos refinado numa fornalha; a 16:20). voz, como voz de muitas águas. Voz de muitas águas: Mais uma vez, voltamos à visão de Daniel (10:6). Veja, também, os comentários acima sobre a grande voz do versículo 10. Jesus fala com a voz de poder e autoridade. 1:16 – Tinha na mão direita sete estrelas: identificadas, no versículo 20, como os anjos das sete igrejas, os mesmos que recebem as cartas nos capítulos 2 e 3. Quando pensamos na distância imensa entre as estrelas no céu, esta imagem sugere a enormidade de Jesus.
                Segurar as sete estrelas das igrejas na sua mão mostra seu poder para fazer com as igrejas como ele, na sua justiça, decidir. 16 Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe Da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes: uma afiada espada de dois Certamente representa a palavra de Deus (Hebreus 4:12-13), gumes. O seu rosto brilhava destacando seu poder para julgar, castigar e destruir (19:15; como o sol na sua força. Salmo 149:6-9; Isaías 11:4; Provérbios 5:4). O seu rosto brilhava como o sol na sua força: Nada surpreendente aqui! Jesus como a luz do mundo é um dos temas espalhados pelo evangelho de João (1:4-9; 3:19-21; 8:12; 9:5; 12:35-36,46). Três dos apóstolos viram a glória resplandecente de Jesus no monte da transfiguração (Mateus 17:2), e Saulo de Tarso viu esta mesma glória numa luz “mais resplandecente que o sol” (Atos 26:13). Jesus Orienta João sobre a sua Mensagem (1:17-20) Depois de olhar para a impressionante figura de Jesus, João reagiu como outros que tiveram encontros com Deus no passado. Ele caiu como morto, não sabendo o que esperar do Filho de Deus. As orientações dadas por Jesus explicam o motivo de escrever o livro do Apocalipse. 16 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo 1:17 – Quando o vi, caí a seus pés como morto: Apesar de João ser um dos companheiros mais íntimos de Jesus durante o seu ministério terrestre, ele mostrou reverência absoluta para com o Cristo. Ele reage com respeito e temor diante de Jesus. Ele acabou de ver Jesus pronto para julgar, e caiu como morto. Compare a reação de Isaías a uma visão semelhante (Isaías 6:5). Como nós todos devemos reagir a Cristo? Não devemos nos prostrar diante dele com respeito absoluto? 17 Quando o vi, caí a seus Porém, ele pôs sobre mim a mão direita, dizendo: Não temas: Jesus não veio para condenar João, seu mensageiro escolhido. A mão estendida oferece conforto, e as palavras trazem alívio. pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último Eu sou o primeiro e o último: Jesus afirma a sua eternidade e divindade com a mesma força de expressão usada no versículo 8 (veja 2:8; 22:13). É uma afirmação de divindade usada por Isaías (41:4; 44:6-8; 48:12). A aplicação deste termo a Jesus é uma das muitas provas de sua divindade. Qualquer pessoa ou doutrina que negue que Jesus é Deus necessariamente o trata como um mentiroso, pois ele mesmo alegou ser divino. 1:18 –E aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos: Jesus vive eternamente, mas é o mesmo que esteve morto. A morte, sepultamento e ressurreição de Jesus são fatos fundamentais do evangelho (1 Coríntios 15:3-4). Ele morreu pelos nossos pecados, e vive para nos governar e ajudar. “Estive morto”, ele diz. A morte não segurou Jesus (Atos 2:24-32). Este fato é de grande importância ao cristão. Paulo argumenta que, se Jesus nos salvou dos pecados do passado pela sua morte, ele é 18 e aquele que vive; estive capaz de fazer muito mais para nos preservar pela sua vida morto, mas eis que estou (Romanos 5:8-11). Que mensagem necessária para discípulos vivo pelos séculos dos perseguidos. Jesus morreu, mas ele vive! Nós podemos morrer, séculos e tenho as chaves até pela fé em Cristo, mas viveremos! da morte e do inferno. E tenho as chaves da morte e do inferno: Jesus não apenas “escapou” do sepulcro, ele venceu a morte e o inferno. Ele tem as chaves na mão. Ele não permitirá que seus servos sejam presos eternamente na morte. É uma mensagem de conforto e confiança para os fiéis (Hebreus 2:14-18; Colossenses 2:15; 1 João 3:8). 1:19 –Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que 19 Escreve, pois, as coisas hão de acontecer depois destas: O papel de João é de que viste, e as que são, e as transmitir uma mensagem (1:1-2,11). Jesus falou para ele que hão de acontecer depois destas. começar no início da revelação (as coisas que viste), continuar através da cena daquele momento (as que são) até as outras visões que seguiriam no livro (as que hão de acontecer). João fez exatamente isso, até descrevendo a responsabilidade que Jesus lhe deu naquele momento. 1:20 –O mistério das sete estrelas: Era um mistério, mas agora se tornou manifesto. Não podemos errar esta interpretação, porque
Jesus claramente fala que as sete estrelas representam os anjos das sete igrejas. Alguns interpretam como “bispos” ou “pastores” das igrejas, mas o texto não apóia tal explicação. A palavra “anjo” quer dizer mensageiro, e pode se referir a mensageiros do céu (Mateus 24:36) ou a homens que servem como mensageiros (Lucas 7:24). O papel destes anjos era, obviamente, de transmitir Lição 4: Jesus no Meio dos Candeeiros (1:9-20) 20 Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita e os sete candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete
igrejas. 17 a mensagem de Jesus às respectivas igrejas. A fonte da mensagem (Jesus) e o seu conteúdo (as cartas e o livro todo) são muito mais importantes do que os mensageiros usados para transmitir a revelação divina. Os sete candeeiros: Os candeeiros, que devem transmitir a luz da presença de Deus, são as sete igrejas. A igreja, composta por santos, deve transmitir a luz de Deus no mundo (Mateus 5:14-16).

Conclusão
Que visão poderosa! Jesus, depois de sua grande vitória sobre a morte, volta numa revelação especial para confortar João e os cristãos de sua época. Mas, a mesma mensagem que consola os perseguidos na igreja primitiva serve para nos confortar, também. O mesmo Jesus continua brilhando como o sol, pronto para julgar os ímpios e calcar aos pés os rebeldes, enquanto garante aos
fiéis a vitória sobre a morte.



Apocalipse: Lição 5
A Carta à Igreja em Éfeso
(Apocalipse 2:1-7)
            A mensagem do Apocalipse foi enviada principalmente “às sete igrejas que se encontram na Ásia” (1:4). Este fato é frisado várias vezes no primeiro e no último capítulos (1:4,11,20; 22:16). Os capítulos 2 e 3 são direcionados especificamente às igrejas, com uma mensagem especial para cada uma delas.
              Nossa interpretação do livro deve levar em consideração os destinatários originais. Qualquer interpretação que se baseie em fatos que nada tem a ver com as igrejas da Ásia da época de João deve ser questionada e até rejeitada. Se Jesus mandou um recado importante às igrejas da Ásia, devemos entender que a mensagem era, principalmente, para o benefício delas. Nesta, e nas próximas lições, vamos considerar as mensagens particulares enviadas a cada igreja. Seguem a forma de decretos imperiais, começando a sua mensagem com a palavra “diz” (grego, legei). Estas cartas foram escritas num formato padrão (veja lição 2), mas o conteúdo de cada uma é específico e fala a respeito das necessidades da própria congregação citada.
               Sete Igrejas Independentes A necessidade de sete cartas bem diferentes reforça a importância de respeitar a autonomia de cada congregação. Estas sete igrejas se encontravam numa área relativamente pequena. Uma pessoa entregando todas as cartas faria um circuito de pouco mais de 500 quilômetros, ou seja, mais ou menos uma viagem de São Paulo a Campos do Jordão, depois indo até Ubatuba e voltando para São Paulo. Nesta área pequena, sete igrejas bem diferentes apresentaram características distintas. Jesus não enviou uma carta “ao bispo da Ásia” (não existia qualquer ofício de líderes regionais entre as igrejas primitivas) para resolver, de uma vez, todas as questões nas várias igrejas. As igrejas não eram subordinadas à autoridade de alguma hierarquia, e não havia laços estruturais entre congregações.
                Cada congregação era independente, com seus próprios desafios e sua própria personalidade. Cada uma recebeu um comunicado diretamente de Jesus, e lhe responderia diretamente pela sua obediência ou rebeldia. Ele não operou por meio de alguma hierarquia de autoridades eclesiásticas. As pessoas que querem seguir, hoje em dia, as instruções do Novo Testamento devem lembrar deste fato. Não há base bíblica para criar ou manter organizações religiosas ligando congregações. As hierarquias nas denominações e as conferências e congressos estaduais, regionais, nacionais e internacionais são invenções de homens, sem nenhuma autorização bíblica.
Ao Anjo da Igreja em Éfeso (2:1-7)
             A igreja em Éfeso: Éfeso era a cidade mais importante da província romana da Ásia. Foi situada na margem do rio Caístro, perto de onde este se desemboca no mar Egeu. Duas estradas importantes cruzaram-se em Éfeso, uma seguindo a costa e a outra continuando para o interior, passando por Laodicéia. Assim, Éfeso teve uma localização importantíssima de contato entre os dois lados do império romano (a Europa e a Ásia). Historiadores geralmente calculam a população da cidade no primeiro século entre 250.000 e 500.000. Éfeso era conhecida, também, como o foco de adoração da deusa da fertilidade Ártemis, ou Diana. Sabemos algumas coisas sobre a história da igreja em Éfeso através de outros livros do Novo Testamento. No final de sua segunda viagem, Paulo deixou Áqüila e Priscila em Éfeso, onde corrigiram o entendimento incompleto de Apolo sobre o caminho do Senhor (Atos 18:18-26). Na terceira viagem, Paulo voltou
Lição 5: A Carta à Igreja em Éfeso (2:1-7) 19 para Éfeso, onde pregou a palavra de Deus por três anos (Atos 19:1-41; 20:31). Na volta da mesma viagem, passou em Mileto e encontrou-se com os presbíteros de Éfeso (Atos 20:17-38). Durante os anos na prisão, Paulo escreveu a epístola aos efésios. Também, deixou Timóteo em Éfeso para edificar os irmãos (1 Timóteo 1:3). Destas diversas referências aos efésios, podemos observar algumas coisas importantes sobre essa igreja. Desde o início, houve a necessidade de examinar doutrinas e aceitar somente o que Deus havia revelado. Assim, Áqüila e Priscila ajudaram Apolo (Atos 18:26); Paulo advertiu os presbíteros do perigo de falsos mestres entre eles (Atos 20:29-31), e orientou Timóteo a admoestar os irmãos a não ensinarem outra doutrina (1 Timóteo 1:3-7). A carta de Paulo aos efésios destacou a importância do amor (5:2), um tema frisado, também, nesta carta no Apocalipse. Aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: Esta descrição de Jesus vem de 1:12-13,16,20 e mostra o conhecimento e a soberania de Jesus em relação às igrejas. Tanto os efésios como os discípulos nas outras igrejas precisavam lembrar da presença de Jesus. Ele anda no meio das igrejas, observando o procedimento delas, e pronto para agir quando for necessário. Segurando as sete estrelas, ele demonstra seu poder e domínio. 2 Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; 3 e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer. 2:2-3 – Elogio – Conheço as tuas obras...: Jesus elogia várias qualidades da igreja em Éfeso: Labor e perseverança – Deus quer servos dedicados que não desistem (Tiago 1:4). Jesus falou da importância da perseverança diante de perseguição (Mateus 10:22; veja Romanos 5:3; Tiago 1:12), observando que perseguições fazem com que o amor de muitos a esfrie (Mateus 24:10-13). Devemos perseverar na oração (Atos 1:14; Colossenses 4:2; 1 Timóteo 5:5), na doutrina verdadeira (Atos 2:42; 1 Coríntios 15:1), nas boas obras (Romanos 2:7) e na graça de Deus (Atos 13:43). Na sua perseverança, os efésios suportaram provas e não se desanimaram.  Não suportar homens maus – Depois de tantas advertências sobre o perigo de falsos mestres (veja citações acima), a defesa da verdade se tornou um ponto forte da igreja de Éfeso. Homens que alegavam ser apóstolos foram postos à prova e achados mentirosos (veja 1 João 4:1). Precisamos do mesmo zelo da verdade hoje. O mundo religioso está cheio de pessoas que se dizem profetas e apóstolos. Elas devem ser avaliadas conforme a palavra de Deus. Pessoas que alegam trazer novas revelações são mentirosas (Gálatas 1:8-9; 1 Coríntios 13:8-10; Judas 3). Os apóstolos eram testemunhas oculares de Jesus ressuscitado (veja Atos 1:22; 1 Coríntios 15:8-9). Aqueles que se chamam apóstolos, hoje em dia, são falsos mestres. Não devemos suportá-los. 4 Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. 2:4 – Crítica – Tenho ... contra ti...: O problema dos efésios não foi uma questão de doutrina incorreta, mas de amor.
Abandonaram o seu primeiro amor. Esqueceram dos grandes mandamentos que formam a base para todos os ensinamentos de Deus (Mateus 22:37-40). Paulo instruiu os efésios sobre a importância do amor como alicerce da vida do cristão (Efésios 3:17; 4:2,16; 5:2; 6:23). Não devemos distorcer esta advertência para criar um conflito entre o amor e a verdade. Podemos defender a verdade, como os efésios fizeram e, ao mesmo tempo, praticar o amor. Foi exatamente isso que Paulo pediu aos efésios: “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Efésios 4:15).
2:5 – A chamada à ação – Jesus pede três respostas dos efésios: 20 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo  Lembra-te, pois, de onde caíste: Não foram as alfarrobas dos porcos que levaram o filho pródigo ao arrependimento; foi a lembrança da casa do pai. Para os efésios se arrependerem, teriam que lembrar da comunhão com Deus que deixaram para trás. Para permanecermos fiéis, a presença de Deus precisa ser a coisa mais preciosa na nossa vida. Uma vez que caímos, é necessário desenvolvermos novamente o amor para com ele.5 Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu  candeeiro, caso não te arrependas.
                Arrepende-te: O arrependimento é a mudança de atitude. Quando decidimos deixar o pecado e fazer a vontade de Deus, nós nos arrependemos. O pecador precisa se arrepender antes de ser batizado para perdão dos pecados (Atos 2:38). O cristão que tropeça precisa se arrepender e pedir perdão pelos seus pecados (Atos 8:22). Aqui, uma igreja cujo amor esfriou precisa se arrepender. Volta à prática das primeiras obras: A mudança de atitude (o arrependimento) produzirá frutos (Mateus 3:8). Pelas obras, a pessoa arrependida mostrará a sinceridade da sua decisão. A igreja em Éfeso precisava voltar à prática do amor. A conseqüência se não houver o arrependimento – Se a igreja não se arrepender, Jesus removeria o seu candeeiro. Eles não permaneceriam na abençoada comunhão com o Senhor. 2:6 – Mais um elogio – odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu 6 Tens, contudo, a teu favor também odeio: mais um ponto a favor, reforçando o elogio dos que odeias as obras dos versículos 2 e 3. Os nicolaítas são mencionados somente aqui e nicolaítas, as quais eu no versículo 15, na carta à igreja em Pérgamo. Não sabemos a também odeio. natureza precisa do seu erro, mas sabemos que era abominável a Deus. Neste ponto, os efésios odiavam o que Deus odiava. Nós devemos fazer a mesma coisa, sendo amigos do bem (Tito 1:8) e detestando o mal (Salmo 97:10). 2:7 –Quem tem ouvidos, ouça...: Jesus usa aqui um apelo comum no seu ensinamento.
              Freqüentemente, ele chama os ouvintes a ouvirem a sua mensagem (Mateus 11:15; 13:9,43; etc.). O problema de um coração teimoso manifesta-se nos ouvidos tapados que se recusam a ouvir a verdade (Mateus 13:15). Os 7 Quem tem ouvidos, ouça efésios provaram aqueles que falavam, agora eles seriam  o que o Espírito diz às provados pela maneira de ouvirem. igrejas: Ao vencedor, O Espírito diz às igrejas: Jesus transmitiu a sua mensagem por meio dos anjos das igrejas (2:1,8,12,18; 3:1,7,14), mas o Espírito, também, participa da revelação (veja comentários acima sobre 1:4). O Espírito, também, participa da recompensa, como ele nos diz no final do versículo 7. dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.
                   Ao vencedor ... árvore da vida ... paraíso de Deus: A recompensa aguarda os vencedores que perseveram no amor e na verdade. Aqueles que desistem, abandonando para sempre o seu amor, não receberão o galardão. Jesus descreve a comunhão com Deus em termos que nos lembram do jardim
do Éden. Por causa do pecado, o homem foi expulso do jardim em que Deus andava (Gênesis 3:22- 24,8). Aqueles que andam com Deus têm a esperança da vida no paraíso do Senhor.

Conclusão

                 Uma igreja rodeada por religiões falsas e sujeita à influência de homens maus precisa examinar todos os ensinamentos e rejeitar todas as falsas doutrinas. Mas ela precisa, também, demonstrar o amor verdadeiro para vencer o mal. Devemos amar a verdade, não somente pelo desejo de ser Lição 5: A Carta à Igreja em Éfeso (2:1-7) 21 “corretos”, mas porque ela vem do Deus que merece nosso amor. Devemos amar aos outros, porque foram feitos à imagem e semelhança de Deus. “Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros” (1 João 4:11).



Apocalipse: Lição 6
A Carta à Igreja em Esmirna
(Apocalipse 2:8-11)
           
                 Durante o período em que Paulo ficou em Éfeso, na sua terceira viagem evangelística, “todos os habitantes da Ásia” ouviram o evangelho de Jesus (Atos 19:10). Pedro incluiu os eleitos e forasteiros da Ásia entre os destinatários de sua primeira carta (1 Pedro 1:1). É bem possível que a igreja em Esmirna, uma cidade situada aproximadamente 65 km ao norte de Éfeso, esteja incluída nestas citações. Mas, a primeira vez que ela é identificada por nome é nas citações no Apocalipse. Por isso, não temos informações específicas sobre esta igreja, além dos quatro versículos desta carta ao anjo da igreja em Esmirna. O pouco que sabemos é positivo. Esta carta elogia e encoraja, sem oferecer nenhuma crítica dos cristãos em Esmirna. Ao Anjo da Igreja em Esmirna (2:8-11) 2:8 – A igreja em Esmirna: Hoje conhecida com Izmir, a terceira maior cidade da Turquia e o segundo mais importante porto do país, Esmirna era uma cidade antiga de uma região habitada durante milhares de anos antes de Cristo. A antiga cidade foi destruída pelos lídios em 600 a.C. e reconstruída pelos gregos no final do 8 Ao anjo da igreja em 4o século a.C. A cidade ganhou nova vida, e pode ser descrita Esmirna escreve: Estas como uma cidade que morreu e tornou a viver. Durante o coisas diz o primeiro e o domínio romano, Esmirna se tornou um centro de idolatria último, que esteve morto e oficial, conhecida como Guardião do Templo (grego, neokoros). tornou a viver:  Foi a primeira cidade da Ásia a construir um templo para a adoração da cidade (deusa) de Roma (195 a.C.). Em 26 d.C., foi escolhida como local do templo ao imperador Tibério. Foram descobertas imagens, na praça principal da cidade, de Posêidon (deus grego do mar) e de Deméter (deusa grega da ceifa e da terra).Na época do Novo Testamento, provavelmente tinha uma população de aproximadamente 100.000.Por ser um porto excelente, facilitando o comércio entre a Ásia e a Europa, era uma cidade próspera. Estas coisas diz o primeiro e o último: Jesus começa esta carta com as palavras de 1:17, frisando  a sua eternidade.
                  Que esteve morto e tornou a viver: quase igual a afirmação de 1:18, esta frase destaca a vitória sobre a morte na ressurreição. Na situação dos discípulos de Esmirna, encarando perseguições difíceis, seria especialmente importante lembrar da ressurreição de Jesus. O Senhor deles não fracassou diante da morte; ele a venceu! Eles, sendo fiéis, teriam a mesma esperança. 2:9 –Conheço a tua tribulação: Jesus, no meio dos candeeiros, viu o sofrimento de seus seguidores. Da mesma maneira que ele se compadeceu dos angustiados na terra durante o seu ministério (veja Marcos 1:41), ele olhou com compaixão para aqueles que sofriam em Esmirna. Mesmo assim, ele não os poupou de toda a dor, como veremos no versículo 10. A palavra “tribulação”, 9 Conheço a tua tribulação, aqui, significa pressão que vem de fora. a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a A tua pobreza (mas tu és rico): Apesar de morarem numa si mesmos se declaram cidade próspera, os cristãos em Esmirna eram pobres.  judeus e não são, sendo, Provavelmente sofriam discriminação por causa da fé, e assim antes, sinagoga de Satanás.
          Lição 6: A Carta à Igreja em Esmirna (2:8-11) 23 se tornaram pobres. É bem possível, também, que tivessem sacrificado seus recursos em prol do evangelho, como os macedônios fizeram para ajudar os irmãos necessitados alguns anos antes (veja 2 Coríntios 8:1-9). Mas a pobreza material não tem importância quando há riqueza espiritual (veja 3 João 2). A situação dos discípulos em Esmirna era muito melhor do que a da igreja em Laodicéia, que se achava rica apesar de sua pobreza espiritual (3:17). A blasfêmia dos falsos judeus: blasfemar é falar mal. Freqüentemente, refere-se a blasfêmia contra Deus. Aqui, porém, a blasfêmia é um aspecto do sofrimento dos crentes em Esmirna. Esta difamação veio de pessoas que se chamavam judeus mas, de fato, não eram verdadeiros judeus. Os Judeus, que tiveram uma sinagoga em  Esmirna, perseguiam os cristãos. Ao invés de serem verdadeiros judeus e descendentes espirituais de Abraão (veja João 8:39-47; Romanos 2:28-29), eram servos de Satanás, o principal mentiroso e acusador dos fiéis (12:9-10; João 8:44). 2:10 – Não temas as coisas que tens de sofrer: O conforto oferecido por Jesus não é o livramento do sofrimento. Ele anima os discípulos em Esmirna a não desistirem por causa das tribulações que viriam logo. Covardes não têm esperança em Cristo (21:8). Pessoas que fogem da sua responsabilidade diante de Jesus por medo de 10 Não temas as coisas que sofrer não são dignas da comunhão com ele. Pessoas que tens de sofrer. Eis que o ensinam que o servo fiel será próspero e livre de sofrimento diabo está para lançar em nesta vida não acreditam nas palavras que Jesus mandou à igreja prisão alguns dentre vós, em Esmirna! para serdes postos à prova, O diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós: O e tereis tribulação de dez
diabo é visto como a fonte da perseguição. Alguns seriam presos, dias. Sê fiel até à morte, e provavelmente aguardando julgamento e possível morte. dar-te-ei a coroa da vida. O efeito da tribulação seria o de provar a fé desses cristãos. A sua lealdade a Cristo seria testada sob ameaças de morte. Mas a perseguição não continuaria para sempre.
                    Dez dias sugere um tempo curto mas completo. Seria uma provação completa, mas teria um fim. Por ter vínculos tão fortes com a idolatria oficial de Roma, Esmirna se tornou uma cidade perigosa para os cristãos. Esta carta fala sobre perseguições que viriam. Até décadas depois do Apocalipse ,perseguições atingiram seguidores de Cristo na cidade. Um dos casos mais conhecidos da história pós-bíblica é o de Policarpo. Ele foi morto na sua velhice quando recusou a renegar a sua fé em Cristo. Uma carta descrevendo o martírio de Policarpo, que aconteceu cerca de 156 d.C., relata as palavras dele em resposta às ameaças dos governantes romanos: “Por 86 anos eu tenho servido a ele, e nunca  me fez nada de mal. Como, então, poderia eu blasfemar contra meu Rei e Salvador?” Sê fiel até à morte: O fim desta perseguição, para alguns, poderia ser a própria morte. Mesmo assim, deveriam ser fiéis. Às vezes, arrumamos qualquer desculpa para não fazer algo que Deus pede. Mas nada, nem a nossa própria vida, deve ser mais importante do que a nossa fidelidade a Deus . coroa da vida vem de Deus, o único que pode dar a vida (veja João 5:26; 14:6; 1 João 1:1-2). Aqueles 11 Quem tem ouvidos, ouça E dar-te-ei a coroa da vida: A palavra “coroa” (grego, stephanos) refere-se à coroa de vitória. A que amam a vinda de Jesus receberão a coroa da justiça (2 Timóteo 4:8).o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Como em todas as cartas às igrejas, Jesus chama os destinatários a ouvirem a sua mensagem. O vencedor: Aqueles que permanecem fiéis diante das perseguições são vencedores com Cristo. Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo. De nenhum modo sofrerá dano da segunda morte: o castigo eterno (20:6,14; 21:8). Os perseguidores poderiam até causar a primeira morte, mas os fiéis não sofreriam a segunda morte (veja Mateus 10:28).

Conclusão:

Morar em Esmirna no primeiro século não seria fácil para o discípulo de Jesus. Além das perseguições pelos judeus, eles enfrentavam uma ameaça mais organizada e mais poderosa. A idolatria oficial, juntando a religião à força do governo, prometia uma perseguição perigosa aos cristãos da cidade. Para vencer esta tentação, teriam que acreditar no poder daquele que já venceu a morte. Mesmo se morressem, as suas vidas eternas seriam garantidas somente se mantivessem sua confiança no eterno Senhor, “o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viveApocalipse: Lição 7
A Carta à Igreja em Pérgamo
(Apocalipse 2:12-17)
           
                   A igreja em Pérgamo se encontrou numa situação difícil. Por todos os lados, os vizinhos praticavam idolatria e deram honra aos governantes romanos. Os cristãos não abandonaram a verdade do Senhor, o único verdadeiro Soberano. Mas, tanta influência de falsas doutrinas teve um impacto negativo na igreja, poluindo a congregação com doutrinas falsas que incentivavam os irmãos a praticarem idolatria e imoralidade. Jesus chama a igreja ao arrependimento para evitar o castigo divino.
Ao Anjo da Igreja em Pérgamo (2:12-17) 2:12 –A igreja em Pérgamo: O único livro do Novo Testamento que cita a cidade ou a igreja em Pérgamo é o Apocalipse. Com a ajuda dos romanos, Pérgamo ganhou independência dos selêucidas em 190 a.C., e passou a fazer parte do império romano a partir de 133 a.C. Durante mais de 200 anos, foi a capital da província romana da Ásia. Teve a maior biblioteca fora de Alexandria, Egito. Foi o povo de Pérgamo que primeiro usou 12 Ao anjo da igreja em peles de animais para fazer pergaminho, que substituiu o papiro, Pérgamo escreve: Estas usado para fazer livros. coisas diz aquele que tem a Aquele que tem a espada afiada de dois gumes: A espada espada afiada de dois representa a autoridade e o poder para julgar e castigar. É Jesus, gumes: e não o governo romano, que segura esta espada (1:16). 2:13 – Conheço o lugar em que habitas, onde está o trono de Satanás: Os cristãos em Pérgamo eram vizinhos do diabo! Jesus, sempre vigiando para ajudar o seu povo, sabia muito bem da circunstância difícil naquela cidade. Desde 29 a.C., foi o local de um templo dedicado a Roma e a Augusto (idolatria oficial do governo 13 Conheço o lugar em que romano). Mais tarde, foram construídos outros templos para a habitas, onde está o trono de honra dos imperadores Trajano e Severo. Além desses templos Satanás, e que conservas o para o culto imperial, o povo de Pérgamo adorava outros meu nome e não negaste a “deuses”, tais como Zeus, Atena, Dionísio e Asclépio. minha fé, ainda nos dias de Encontramos em Pérgamo uma mistura dos poderes do mal – Antipas, minha testemunha, religiões falsas e o poder oficial do governo romano. Enquanto meu fiel, o qual foi morto seus vizinhos sacrificavam aos demônios (veja 1 Coríntios 10:19- entre vós, onde Satanás 20), os discípulos de Cristo reconheciam o único Deus como habita. Senhor. E que conservas o meu nome e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas: Jesus elogia a perseverança dos cristãos de Pérgamo, que foram fiéis à fé de Jesus, mesmo sob perseguição intensa. A minha fé (a fé de Jesus) é a palavra de Cristo revelada aos homens (veja Judas 3). Antipas é mencionado somente aqui. Evidentemente foi um mártir, provavelmente da própria congregação em Pérgamo. Foi morto entre eles, na cidade onde Satanás habitava. Antipas se mostrou fiel até a morte (veja 2:10). Testemunha vem da palavra grega martus. É a mesma usada para descrever Jesus em 1:5. Com o tempo, passou a ser usada para identificar pessoas que morreram por seu testemunho de fé, e assim usamos a palavra mártir. 26 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo 2:14-15 – Tenho, todavia, contra ti algumas coisas: Apesar da perseverança dos cristãos em Pérgamo, haviam problemas graves ameaçando o bem-estar da congregação. Eles se mostraram tolerantes em relação a falsas doutrinas, especificamente dois erros citados nesta carta.
14 Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição. 15 Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas. A doutrina de Balaão: A descrição da doutrina de Balaão refere-se à história do Velho Testamento (Números 22-25; 31:16). No final dos 40 anos de peregrinação, os israelitas chegaram perto da terra prometida. Acamparam-se nas campinas de Moabe, e os moabitas e midianitas ficaram amedrontados. Balaque chamou Balaão para amaldiçoar o povo, mas Deus frustrou todas as suas tentativas de falar contra os israelitas. Balaão desistiu de suas maldições, mas procurou outra maneira de vencer o povo de Israel, dando o conselho de convidá-los a participarem de uma festa idólatra. Nesta festa, muitos israelitas se envolveram na idolatria e na imoralidade, e Deus mandou uma praga que matou 24.000 israelitas.
                        Na igreja em Pérgamo, algumas pessoas agiam como Balaão. Incentivavam o povo a ser tolerante de outras religiões, até participando da idolatria e da prostituição. A sua doutrina foi basicamente igual às idéias atuais de pluralismo (aceitação de diversas religiões como igualmente boas) e sincretismo (junção de duas ou mais religiões).
                      A doutrina dos nicolaítas: A Bíblia não identifica esta doutrina, mas diz que Jesus odiava as obras dos nicolaítas e elogiou os efésios por rejeitarem esses ensinamentos (2:6). Infelizmente, a igreja em Pérgamo tolerava esses falsos mestres. Observações: Devemos observar dois fatos importantes destes versículos: ì A doutrina de Balaão foi a doutrina que ele ensinava, não apenas a doutrina sobre a pessoa de Balaão. Semelhantemente, a doutrina de Cristo não é apenas o ensinamento sobre a pessoa de Cristo. A doutrina de Cristo inclui o que Jesus ensina. Considere a importância deste fato em relação a textos como Tito 2:10; Hebreus 6:1 e 2 João 9. Se alguém for além do ensinamento dado por Jesus, não tem Deus. í Deus condena a tolerância de falsas doutrinas. Às vezes, os homens valorizam tanto a unidade entre pessoas (dentro de uma congregação ou até entre congregações diferentes) que desvalorizam a doutrina pura de Jesus. Toleram falsos ensinamentos e até práticas proibidas, como a imoralidade e a idolatria, mas insistem na importância de manter uma “igreja unida”. Se persistir nesse erro, o próprio Jesus trará o castigo. A unidade entre discípulos é importante, mas a pureza da palavra é mais importante do que a paz entre homens (Tiago 3:17). Uma igreja que serve a Jesus necessariamente rejeitará falsos mestres e suas doutrinas erradas. 2:16– Portanto, arrepende-te; e, se não, ... contra eles pelejarei: O arrependimento exigido é o da igreja, pois ela tolerava esses falsos mestres. Os professores das doutrinas de Balaão e dos nicolaítas precisariam se arrepender, também, ou serem rejeitados (veja Romanos 16:17-18; Tito 3:10-11). Uma igreja que tolera falsos professores se torna cúmplice do pecado. Se ela não se arrepender, Jesus usará a espada de dois gumes (2:12; 1:16) para trazer seu castigo sobre ela. 2:17–Quem tem ouvidos, ouça: Como em todas as sete cartas, Jesus chama os ouvintes a darem a atenção devida a sua palavra.
                      Lição 7: A Carta à Igreja em Pérgamo (2:12-17) 16 Portanto, arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca. 17 Quem tem ouvidos, ouça
o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe. 27 Ao vencedor: Todas as cartas, também, incluem a promessa sobre a vitória. Aqueles que persistem até o final receberão a recompensa. Nesta carta, a bênção para o vencedor é descrita em duas partes: O maná escondido: Aqueles que recusassem qualquer participação na mesa dos demônios seriam sustentados pelo maná de Deus. Jesus é o maná dado pelo Pai (veja João 6:31-65). Ele sustenta os fiéis e lhes dá vida. A mensagem de Jesus continua oculta para os sábios deste mundo (veja 1 Coríntios 2:6-10). Uma pedrinha branca com um nome novo escrito: Um nome novo, freqüentemente, sugeria uma nova direção na vida, especialmente de uma pessoa abençoada por Deus (exemplos: Abrão > Abraão; Sarai > Sara; Jacó > Israel). Em Isaías 62:2-4, Desamparada e Desolada recebem nomes novos: Minha-Delícia e Desposada, mostrando a bênção de estar com Deus. Veja, também, 3:12. A pedrinha branca pode incluir vários significados, conforme os costumes da época. Pedras brancas foram usadas para indicar a inocência de pessoas acusadas de crimes; Jesus inocenta os seus seguidores fiéis. Pedras brancas foram dadas a escravos libertados para mostrar sua cidadania; os fiéis não são mais escravos do pecado, pois se tornaram cidadãos da pátria celestial (Filipenses 3:20). Elas foram usadas pelos romanos como um tipo de ingresso para alguns eventos; Jesus permite os fiéis a entrarem na presença dele para o seu banquete (veja 19:6-9). Também foram dadas aos vencedores de corridas e aos vitoriosos em batalha. Os fiéis são vencedores que receberão o prêmio (2 Timóteo 4:7-8).


Conclusão:

Devemos imitar a perseverança dos discípulos em Pérgamo, mantendo firme a nossa fé, mesmo se encararmos ameaças e perseguições. Ao mesmo tempo, não devemos negligenciar outras responsabilidades diante de Deus. Servimos um Deus puro, e devemos manter e defender a doutrina pura que ele revelou. Qualquer doutrina que incentiva a idolatria ou a imoralidade vem do diabo. Procuremos o maná que vem de Deus para nos sustentar para sempre.





Apocalipse: Lição 8
A Carta à Igreja em Tiatira
(Apocalipse 2:18-29)

           Satanás estava presente e ativo na Ásia quando Jesus enviou estas cartas às igrejas. Ele tinha sinagogas em Esmirna (2:9) e Filadélfia (3:9), e um trono em Pérgamo (2:13). Em Tiatira, ele tinha uma profetisa que incentivava as pessoas a conhecerem as “coisas profundas de Satanás”. Para servir a Deus num ambiente cheio da influência do diabo, o discípulo de Cristo teria que lutar e confiar em Deus, certo da recompensa para os vencedores.
                 Ao Anjo da Igreja em Tiatira (2:18-29) 2:18 –A igreja em Tiatira: A cidade de Tiatira situava-se no caminho entre Pérgamo e Sardes. Atualmente, chama-se Akhisar (significa “castelo branco”), na Turquia. Lídia, a primeira pessoa convertida por Paulo na Europa, era de Tiatira (Atos 16:14), mas não temos mais nenhuma informação sobre esta igreja. O que sabemos da igreja vem das referências no Apocalipse. 18 Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Estas coisas diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao bronze polido:
                  A cidade de Tiatira era conhecida pela produção de púrpura, uma tinta usada em tecidos (veja Atos 16:14), além de roupas, artigos de cerâmica, bronze, etc. Havia em Tiatira grupos organizados de artesãos e profissionais, semelhantes às associações profissionais de hoje, mas com elementos religiosos de influência pagã. Como as outras cidades da época, Tiatira teve seus templos e santuários religiosos, incluindo templos aos falsos deuses Apolo, Tirimânios e Ártemis (uma deusa chamada Diana pelos romanos – veja Atos 19:34) e um santuário a sibila (orácula) Sambate. A importância de figuras femininas na cultura religiosa de Tiatira pode ter facilitado o trabalho de Jezabel, a mulher que seduzia os discípulos e incentivava a idolatria e a prostituição. O Filho de Deus: Esta expressão aparece somente aqui no Apocalipse. É comum no Novo Testamento, especialmente nos livros de João, como descrição de Jesus Cristo. Os servos fiéis são descritos, também, como filhos de Deus (veja 21:7; 1 João 3:1,2,10; 5:2; João 1:12; etc.) Aqui, a expressão obviamente se refere a Cristo.
Olhos como chama de fogo: Jesus tem olhos poderosos e penetrantes (veja 1:14; Daniel 10:6). Pés semelhantes ao bronze polido: Ele tem força para castigar e até esmagar os seus inimigos (veja 1:15; Daniel 10:6). 2:19 – Jesus conhecia e elogiava as qualidades boas da igreja em Tiatira: ! Obras/serviço/últimas obras mais numerosas do que as 19 Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as  primeiras. primeiras – A igreja em Tiatira era uma congregação ativa. Ao invés de esfriar, ela se tornou cada vez mais ativa no serviço a Deus. A fé que agrada a Deus é a fé ativa que se mostra pelas suas obras (Tiago 2:14-17). Os servos de Deus devem ser “sempre abundantes na obra do Senhor” (1 Coríntios 15:58), pois Deus nos criou para boas obras (Efésios 2:10).
                 Amor – O princípio fundamental na vida do cristão (Mateus 22:37-40). Faltava amor em Éfeso (2:4), mas Jesus viu esta qualidade boa em Tiatira.
                     Lição 8: A Carta à Igreja em Tiatira (2:18-29) 29 ! Fé – Junto com as suas obras, os discípulos em Tiatira mostraram a sua fé. As pessoas podem ser identificadas conforme a sua fé. Há crentes e há incrédulos, e não pode existir comunhão entre os dois (2 Coríntios 6:14-15). ! Perseverança – O bom solo produz fruto com perseverança (Lucas 8:15), uma qualidade freqüentemente incluída nas características que definem os servos de Deus (Colossenses 1:11; 2 Timóteo 3:10; 2 Pedro 1:6). A tribulação produz a perseverança (Romanos 5:3-4; Tiago 1:3-4,12). 20 Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolo  21 Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição. 22 Eis que a prostro de cama, bem como em grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras que ela incita. 23 Matarei os seus filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que
sonda mentes e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas obras 2:20-23 – Crítica – Tenho, porém, contra ti...: O problema principal da igreja em Tiatira foi uma atitude tolerante em relação a uma falsa profetisa. É possível que a mulher realmente chamava-se Jezabel, mas é mais provável que Jesus tenha escolhido este nome por representar toda a maldade da mulher do rei Acabe no século IX a.C.                                  Ela teve uma influência terrível em Israel, conduzindo o povo à idolatria. A Jezabel de Tiatira agiu de maneira semelhante, seduzindo os cristãos às práticas de idolatria e prostituição (imoralidade sexual literal, ou impureza espiritual). Ela incentivou os servos de Deus a comerem coisas sacrificadas aos ídolos, uma prática condenada que representa comunhão com os demônios (veja Atos 15:20,29; 1 Coríntios 10:19-22).
                   O problema da igreja foi a sua tolerância para com a falsa profetisa. O povo de Deus deve repreender e rejeitar falsos mestres (Efésios 5:11; Romanos 16:17-18; Gálatas 1:6-9; Tito 3:10-11). A igreja em Tiatira, possivelmente enfatizando o amor ao ponto de esquecer da pureza da doutrina, tolerava esta falsa mestra. Devemos sempre lembrar que a sabedoria de Deus é mais importante do que a paz com homens (Tiago 3:17; Mateus  10:34-38). Dei-lhe tempo para que se arrependesse...: Jesus é longânimo e paciente (Romanos 2:4). Ele deu tempo suficiente para Jezabel se arrepender, mas ela não quis. Eis que a prostro de cama...: Esta não é a cama da prostituição (ela já se deitava naquela cama por vontade própria), mas a cama de doença e sofrimento. Jesus forçaria esta mulher e seus cúmplices a se deitarem na cama de tribulação (veja Mateus 8:14; 9:2). Matarei os seus filhos: Pode ser que ele se refere literalmente aos filhos da profetisa, mas a palavra “filho”, freqüentemente, se refere às pessoas que seguem o ensinamento ou o exemplo de alguém. Assim, os descendentes de Abraão são aqueles que praticam as mesmas obras que ele praticou (João 8:39), e os filhos do diabo são aqueles que imitam as obras dele (João 8:44). Da mesma maneira, é provável que os filhos de Jezabel sejam aqueles que seguiam os seus ensinamentos e praticavam as obras dela. Se não se arrependessem, Jesus mataria os malfeitores. Todas as igrejas conhecerão...: O castigo divino tem vários propósitos. Um destes, obviamente, é o castigo dos culpados. Neste caso, Jesus prometeu matar as pessoas que praticaram a idolatria e a prostituição, caso não se arrependessem. Mas há um segundo motivo atrás deste castigo. A morte de alguns serviria de alerta para outros. As igrejas entenderiam que Jesus realmente sabe de tudo que acontece, e que ele julga retamente segundo as obras de cada um. Observamos a importância da disciplina divina para deter o pecado dos outros. Veja alguns exemplos: Acã (Josué 7; 22:20); Ananias
e Safira (Atos 5:11); A correção pública de pecadores (1 Timóteo 5:20). Nós devemos aprender as lições dos pecados do passado, e considerar as conseqüências da desobediência. 30 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo 2:24-25 – O encorajamento aos demais de Tiatira: Ele já falou sobre os filhos de Jezabel. Agora ele  encoraja os outros, os discípulos fiéis que não aceitam a doutrina dela e não participam do conhecimento das “coisas profundas de Satanás”. Algumas pessoas não buscavam as “profundezas de Deus” (1 Coríntios 2:10) pois queriam conhecer as profundezas do diabo. Pode ser uma referência à busca de conhecimento profundo (mas não da revelação da palavra de Deus) típica dos gnósticos. 24 Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira, a tantos quantos não têm essa doutrina e que não conheceram, como eles dizem, as coisas profundas de Satanás: Outra carga não jogarei sobre vós; 25 tão-somente conservai o que tendes, até que eu venha. Outra carga não jogarei...: Manter a pureza no meio da influência negativa em Tiatira e sob pressão de falsos ensinamentos como o de Jezabel já seria difícil. Jesus não exigiria mais do que isso. Ele não permite que seus servos sejam tentados além de suas forças (1 Coríntios 10:13). 2:26-29 – Ao vencedor: O vencedor é aquele que guarda as obras de Cristo até ao fim. Novamente, ele destaca a necessidade da perseverança, mesmo quando enfrentamos tribulações.
                         Autoridade sobre as nações: Os cristãos perseguidos foram vítimas da maldade dos homens poderosos deste mundo, até do poder do governo. Mas os vencedores dominariam sobre as nações com o poder do Ungido de Deus (compare a linguagem deste texto com Salmo 2:8-9). Jesus daria aos fiéis o privilégio de participar deste vitorioso reino messiânico (veja 5:9-10; Romanos  5:17; Efésios 2:6). A estrela da manhã: Jesus é a estrela da manhã (22:16; veja 2 Pedro 1:19). Qual maior recompensa para o vencedor do que chegar ao eterno dia iluminado para sempre pela luz de Jesus? 26 Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações, 27 e com cetro de ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro; 28 assim como também eu recebi de meu Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã. 29 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
                     Quem tem ouvidos, ouça: Como nas outras cartas, Jesus encerra esta com um apelo aos ouvintes. Prestem atenção!


Conclusão:

Jesus vê tudo e faz uma distinção absoluta entre os servos de Satanás e os servos fiéis do Senhor. Para os que insistem em servir ao diabo, ele promete tribulação e morte. Para os discípulos dele, ele promete o dia de sua presença e o privilégio de reinar com ele sobre os inimigos.




Apocalipse: Lição 9
A Carta à Igreja em Sardes
(Apocalipse 3:1-6)

                Freqüentemente julgamos os outros pela aparência. Observamos o comportamento e tentamos entender os motivos. Jesus julga os corações. Ele vê o caráter verdadeiro de cada pessoa e de cada igreja. Quando enviou esta carta ao mensageiro da igreja em Sardes, ele contrariou a impressão popular dos discípulos. Apesar de ter a reputação de uma igreja forte e ativa, ele viu as falhas e sabia que aquela congregação já estava quase morta. Se não voltasse a viver, seria tomada de surpresa, como se fosse por um ladrão. Ao Anjo da Igreja em Sardes (3:1-6) 3:1 – 1 Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto.
                A igreja em Sardes: A cidade antiga de Sardes, hoje apenas ruínas perto da atual vila de Sarte na Turquia, considerava-se impenetrável. Situava-se em uma rota comercial importante no vale do Hermo, com a parte superior da cidade (a acrópole) quase 500 metros acima da planície, nos rochedos íngremes do vale. Era uma cidade próspera, em parte devido ao ouro encontrado no Pactolos, um ribeiro que passava pela cidade. A cidade antiga fazia parte do reino lídio. Pela produção de ouro, prata, pedras preciosas, lã, tecido, etc., se tornou próspera. Os lídios foram o primeiro povo antigo a cunhar regularmente moedas. Em 546 a.C., o rei lídio, Croeso, foi derrotado pelos persas (sob Ciro o Grande).
Soldados persas observaram um soldado de Sardes descer os rochedos e, depois, subiram pelo mesmo caminho para tomar a cidade de surpresa durante a noite. Assim, a cidade “inconquistável” caiu quando o inimigo chegou como ladrão na noite. Em 334 a.C., a cidade se rendeu a Alexandre, o Grande. Em 214 a.C., caiu outra vez a Antíoco, o Grande, da Síria. Durante o período romano, pertencia à província da Ásia, mas nunca mais recuperou o seu prestígio. Era uma cidade com um passado glorioso e um presente de pouca importância em termos políticos e comerciais.
              Aquele que tem os sete Espíritos de Deus: Sete representa a totalidade e a perfeição divina (veja comentários sobre 1:4). Diante do trono de Deus, “ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus” (4:5). Os sete olhos do Cordeiro “são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra” (5:6). Deus sabe tudo e vê tudo (veja 2 Crônicas 16:9). Nada em Sardes seria escondido de Jesus.
As sete estrelas: Jesus não somente vê, ele também controla. Ele segura os mensageiros das igrejas, na sua mão direita (1:16,20). Pode ver, julgar e até castigar conforme a sua infinita sabedoria. Conheço as tuas obras: Como nas outras cartas, aquele que estava no meio dos candeeiros conhecia perfeitamente as obras e os corações das igrejas. Tens nome de que vives, e estás morto: Esta frase ilustra perfeitamente a diferença importante entre reputação e caráter. A reputação é a fama da pessoa, o que os outros acham que ela é. O caráter é a essência real da pessoa, o que ela realmente é. As outras pessoas podem ver somente por fora, mas Jesus vê o homem interior e sonda os corações. Ele não pode ser enganado por ninguém. A igreja de Sardes teve a reputação de ser ativa e viva, mas Jesus sabia que estava quase morta. Ele não fala de perseguição romana, nem de conflitos com falsos judeus. Não cita nenhum caso de falsos mestres seduzindo o povo ao pecado. Ele fala de uma igreja aparentemente em paz e tomada por indiferença e apatia. A boa fama não ocultou a verdadeira natureza desta congregação dos olhos do Senhor.
                 Lição 9: A Carta à Igreja em Sardes (3:1-6) 3 3:2 – Sê vigilante: Por falta de cuidado, Sardes caiu aos seus inimigos em guerra. Espiritualmente, discípulos e igrejas caem por falta de vigilância. Muitas passagens no Novo Testamento frisam a importância da vigilância, pois o pecado nos ameaça (Mateus 26:41; 1 Pedro 5:8). Falsos mestres procuram devorar os fiéis 2 Sê vigilante e consolida o (Atos 20:29-31). Não devemos descuidar, porque não sabemos resto que estava para  a hora que o Senhor vem (Mateus 24:42-43; 25:13; Lucas 12:27- morrer, porque não tenho 39; 1 Coríntios 16:13; 1 Tessalonicenses 5:6). O bom soldado achado íntegras as tuas toma a armadura de Deus e vigia constantemente com obras na presença do meu perseverança e oração (Efésios 6:18; Colossenses 4:2). Deus. Consolida o resto que estava para morrer: Uma última tentativa de resgate (veja Judas 22-23). A igreja em Sarde  estava quase morta, mas ainda houve uma esperança de salvar alguns, ou talvez até de reavivar a congregação. Não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus: Para ter a reputação de ser uma igreja viva, parece que ainda havia alguma atividade em Sardes. O problema não foi a ausência total de obras, mas a falta de integridade delas. É possível defender a doutrina de Deus sem amar ao Senhor (2:2-4). É possível obedecer mandamentos de Deus sem inteireza de coração (2 Crônicas 25:2). É possível fazer coisas certas com motivos errados. Os homens podem ver as obras; Deus vê, também, os corações. 3:3 – Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te: Como a cidade de Sardes olhava para seu passado glorioso, a igreja precisava lembrar das grandes bênçãos recebidas e voltar a valorizar a sua comunhão especial com Deus. Se esquecermos da palavra de Deus e da salvação do pecado, 3 Lembra-te, pois, do que facilmente cairemos no pecado (veja 2 Pedro 1:8-9). Para nos tens recebido e ouvido, firmarmos na fé, temos de lembrar do que temos recebido. Não guarda-o e arrepende-te. é por acaso que a Ceia do Senhor foi dada como a celebração Porquanto, se não vigiares,  central das reuniões de cristãos. Quando lembramos da morte de virei como ladrão, e não Jesus, do sacrifício que ele fez por nós, ficamos mais firmes em conhecerás de modo algum nossos passos rumo ao céu (1 Coríntios 11:24-26). Mas não é em que hora virei contra ti. suficiente lembrar das coisas que ouvimos; precisamos guardar.
O evangelho não é apenas para ouvir; é para ser obedecido (2 Tessalonicenses 1:8; 1 Pedro 4:17). No caso do povo desobediente de Sardes, eles teriam que se arrepender para voltar às boas obras de obediência. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti: A figura de um ladrão encontrando pessoas despreparadas é comum nas Escrituras. Jesus empregou esta idéia várias vezes no seu trabalho entre os judeus (veja Mateus 24:43; Lucas 12:39) e os apóstolos imitaram este exemplo nas suas cartas (1 Tessalonicenses 5:2-4; 2 Pedro 3:10). No Apocalipse, Jesus prometeu vir como ladrão para pegar despreparadas as pessoas que não vigiavam (16:15).  4 Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas. 34 3:4 –Poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras: No meio de uma igreja quase morta, Jesus encontrou algumas pessoas fiéis! Este fato nos lembra de que o julgamento final será individual (veja 2:23; 22:12). Cada um receberá “segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2 Coríntios 5:10). Embora as cartas fossem Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo destinadas às sete igrejas, as mensagens precisavam ser aplicadas na vida de cada discípulo. A salvação não é coletiva; é individual. Ao mesmo tempo, não devemos interpretar este versículo para  justificar tolerância de pecado público numa igreja. Pessoas que sabem do pecado e não agem para corrigí-lo não podem alegar ter vestiduras brancas, pois desobedecem a palavra de Deus (Gálatas 6:1- 2; Mateus 18:15-17; Tiago 5:19-20; etc.). Não devemos ser participantes nem cúmplices nas obras das trevas (Efésios 5:7,11). Andarão de branco junto comigo: Já andavam de vestidura branca, sem as manchas do pecado. Esperavam andar com Jesus de roupas brancas representando a vitória final sobre o pecado. “Linho finíssimo, resplandecente e puro...são os atos de justiça dos santos” (19:8). É Deus quem nos aperfeiçoa e nos equipa para toda boa obra (2 Timóteo 3:16-17). Pois são dignos: Estes fiéis são dignos, não por mérito próprio, mas por serem pessoas salvas pela graça que andam nas boas obras determinadas por Deus (Efésios 2:8-10). 3:5-6 – O vencedor ... vestiduras brancas: A mesma promessa feita aos puros em Sardes se aplica geralmente ao vencedor. Ele terá vestiduras brancas de pureza e vitória. As pessoas de vestiduras brancas participam da grande festa de louvor ao Cordeiro em 7:9.
                  De modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida: O "Livro da Vida" é mencionado várias vezes na Bíblia (veja 3:5;13:8; 17:8; 20:12,15; 21:27; Filipenses 4:3). Paulo disse que as pessoas que cooperavam com ele no evangelho tinham seus nomes escritos no Livro da Vida (Filipenses 4:3). Jesus disse que os nomes dos vencedores que se mantêm puros não seriam apagados deste livro (3:5). Em contraste, os que rejeitam a palavra de Deus e servem falsos mestres não têm seus nomes escritos no Livro da Vida (13:7-8; 17:8). No julgamento descrito em 20:11-15, esses são condenados ao lago de fogo. Por outro lado, na cidade iluminada pela glória de Deus, somente entram aqueles cujos nomes são inscritos no Livro da Vida (21:27). 5 O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. 6 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
                 Confessarei o seu nome diante de meu Pai: Jesus prometeu confessar diante do Pai todo aquele que confessa o nome dele diante dos homens. Prometeu, também, negar os nomes daqueles que se envergonharem dele (Mateus 10:32-33; Marcos 8:38). Quem tem ouvidos, ouça: Todos devem prestar atenção!


Conclusão:

O processo de morte de uma igreja pode acontecer lentamente, passando quase despercebido. As próprias pessoas na congregação, assim como outras olhando de fora, podem achar que tudo está bem. Jesus, porém, julga os corações e conhece o estado verdadeiro de cada igreja e cada discípulo. Quando ele nos chama para ouvir, devemos prestar atenção!



Apocalipse: Lição 10
A Carta à Igreja em Filadélfia
(Apocalipse 3:7-13)

Entre as sete cartas às igrejas no Apocalipse, encontramos duas que não contêm nenhuma crítica: A carta à igreja em Esmirna, uma congregação pobre que enfrentava perseguição, e a carta à igreja em Filadélfia, uma congregação fraca e limitada, mas que dependia de Deus. Os homens tendem a medir força e qualidade em termos de tamanho, poder e riqueza. Jesus vê as igrejas de forma diferente. Independente de sucesso em termos mundanos, Jesus olha para o caráter e o coração de cada discípulo e de cada igreja. Ele anda no meio dos candeeiros e sabe muito bem quem pertence a ele. Ao Anjo da Igreja em Filadélfia (3:7-13) 3:7 – 7 Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o
verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá: A igreja em Filadélfia: As únicas referências bíblicas a Filadélfia se encontram no Apocalipse (1:11; 3:7). A cidade de Filadélfia gozava de uma localização estratégica d e acesso entre os países antigos de Frígia, Lídia e Mísia. Foi fundada pelo rei de Pérgamo, Atalo, cerca de 140 a.C. Ele foi conhecido por sua lealdade ao seu irmão, dando assim origem ao nome da cidade (Filadélfia significa “amor fraternal”). A região produzia uvas, e o povo especialmente honrava a Dionísio, o deus grego do vinho. A cidade servia como base para a di ulgação do helenismo às regiões de Lídia e Frígia. Localizava-se num vale no caminho entre Pérgamo e Laodicéia. Filadélfia foi destruída por um terremoto em 17 d.C. e reconstruída pelo imperador Tibério. Em alguns momentos de sua história, a cidade recebeu nomes  mostrando uma relação especial ao governo romano. Depois de ser reconstruída, foi chamada brevemente de Neocesaréia. Durante o reinado de Vespasiano, foi também chamada de Flávia (nome da mulher del e, e a forma feminina de um dos nomes dele). Atualmente, a cidade de Alasehir fica no mesmo lugar, construída sobre as ruínas de Filadélfia.
                      Estas coisas diz o santo, o verdadeiro: Nesta carta, Jesus não empregou as descrições usadas no capítulo 1 para se identificar. Ele afirma ser o santo e o verdadeiro. As mesmas palavras descrevem o Soberano Senhor em 6:10. São características divinas. A santidade é uma das qualidades principais de Deus (veja 4:8; Isaías 6:3). Ninguém é igual ao Santo Deus (Isaías 40:25). A palavra “verdadeiro” é usada freqüentemente no Novo Testamento, e especialmente nos livros de João, referindo-se a Deus – Pai e Filho – veja João 3:33; 7:28; 8:26; 17:3; 1 João 5:20; Apocalipse 3:7; 6:10;
19:11; Romanos 3:4; 1 Tessalonicenses 1:9. Enfatiza a sinceridade dele, em contraste com a falsidade dos judeus em Filadélfia.
                          Aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém
abrirá: Esta linguagem vem de Isaías 22:20-24, onde a autoridade sobre Jerusalém e sobre Judá é transferida a Eliaquim. A chave representa autoridade e poder. Jesus, como descendente real de Davi, controla o acesso ao 8 Conheço as tuas reino de Deus. Ele abre, e ninguém é capaz de fechar. Ele fecha, obras—eis que tenho posto e ninguém consegue abrir. diante de ti uma porta 3:8 – aberta, a qual ninguém pode fechar—que tens pouca Conheço as tuas obras: Como afirmam todas as cartas, Jesus força, entretanto, guardaste conhece em primeira mão as obras dos cristãos em Filadélfia.  minha palavra e não negaste o meu nome.
Lição 10: A Carta à Igreja em Filadélfia (3:7-13) 37 Tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar: Antes de falar sobre as obras deles, Jesus já oferece encorajamento a esses discípulos. Mesmo sendo servos fiéis, eles se sentiram fracos e, talvez, incapazes de cumprir bem seus deveres ao Senhor. Antes de falar sobre a circunstância deles ou sobre os desafios que viriam, Jesus queria assegurá-los de sua fidelidade para com os seus servos. Portas abertas representam acesso e oportunidades. Deus abre a porta da fé quando oferece o evangelho aos homens (Atos 14:27), dando-lhes assim acesso à comunhão com Deus. Ele abre portas de trabalho para seus servos divulgarem a palavra (1 Coríntios 16:9; 2 Coríntios 2:12; Colossenses 4:3). Aqui ele não fala especificamente da natureza das oportunidades dadas aos discípulos em Filadélfia, mas garante que as portas ficariam abertas. Hoje, quando Deus abre portas de oportunidade para nós, devemos aproveitá-las (Tiago 4:17).
Que tens pouca força: Fraqueza nem sempre sugere pecado. Jesus não condena esta igreja por nenhum erro, mas diz que ela tinha pouca força. Pode ser que fossem poucos em número, ou, de outra maneira, limitados em capacidade. Quando reconhecemos as nossas próprias limitações e fraquezas, devemos confiar mais em Deus e depender de sua força (2 Coríntios 12:9-10). Como Eliseu venceu os siros pelo poder de Deus (veja 2 Reis 6:16-17), os fiéis em Filadélfia teriam sua vitória pela força de Jesus. Entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome: Apesar de suas limitações, a igreja em Filadélfia se mantinha fiel. Guardava a palavra de Jesus. Ele veio ao mundo e revelou a sua palavra, que nos julgará no último dia (João 12:48-50). Esta nova aliança entrou em vigor após a morte de Jesus (Hebreus 9:15-17; 8:6-13). Devemos obedecer a perfeita lei da liberdade que Jesus nos deu (Tiago 1:25). Eles defendiam o nome de Jesus e não o negavam. 3:9 – A sinagoga de Satanás: Havia uma sinagoga de Satanás, uma congregação de falsos judeus, também em Esmirna (2:9). Sabemos, através do livro de Atos, que as primeiras perseguições à igreja foram feitas por judeus. Tanto em Jerusalém como na Ásia, alguns judeus tentaram destruir a fé dos cristãos. A igreja em 9 Eis farei que alguns dos Filadélfia evidentemente sofreu por causa desses falsos judeus. que são da sinagoga de Eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer Satanás, desses que a si que eu te amei: Apesar de serem fracos, os discípulos em mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis Filadélfia ficariam do lado do vencedor. Seriam exaltados acima que os farei vir e prostrar-se dos seus inimigos. Os inimigos se prostrarão em submissão aos aos teus pés e conhecer que vitoriosos (veja Isaías 60:14). Os servos fiéis e vitoriosos podem eu te amei. reinar com Cristo (20:4) e exercer autoridade sobre as nações (2:26-27), mas a glória e a adoração ainda pertencem totalmente ao Senhor. Esta honra cedida aos discípulos serviria como prova do amor de Jesus para com os seus seguidores. Os falsos judeus os odiavam, mas o Senhor Cristo os amava!  3:10 – 10 Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra. Porque guardaste a palavra da minha perseverança: Permaneceram fiéis a Cristo. Não desistiram  Eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra: Os discípulos em Filadélfia seriam guardados num período de provação que afligiria o mundo. Pode ser uma referência à perseguição que começou no reinado de Domiciano e que causou terrível sofrimento e a morte de centenas de milhares de pessoas. Independente da natureza específica desta provação, Jesus prometeu proteger 38 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo os fiéis em Filadélfia. Observamos que ele não prometeu isenção de sofrimento. Ainda precisariam conservar o que tinham (3:11). 3:11– Venho sem demora: Jesus viria para julgar os malfeitores e para proteger os fiéis. Seria um dia de alívio para os servos que sofriam pelo nome dele, e de castigo terrível para os perseguidores e imundos que não se submetiam ao Senhor. Para a maioria em Sardes, seria um dia de angústia (3:3). Para os cristãos em Filadélfia, seria um dia de alívio. 11 Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua  coroa. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa: Depois de tudo que Jesus fez e prometeu, os cristãos em Filadélfia ainda teriam que fazer a sua parte. Eles ainda enfrentariam tentações e correriam o risco de perder tudo que haviam alcançado. Mesmo os servos mais fiéis precisam vigiar para permanecerem fiéis até o fim. 3:12-13 – Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus: As colunas de Filadélfia racharam e caíram em um terremoto
algumas décadas antes, mas as colunas no verdadeiro templo de Deus jamais seriam destruídas. As colunas não são de pedra; são colunas vivas e firmes. Jesus não fala somente de líderes nas igrejas (veja Gálatas 2:9), mas de todos os fiéis que vencem com ele. Os discípulos do Senhor são, ao mesmo tempo, pedras vivas e sacerdotes (1 Pedro 2:5-9).
                     Daí jamais sairá: Os vencedores permanecerão no templo para sempre. Gozarão comunhão eterna com Deus. 12 Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo 13 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
                              Gravarei...sobre ele: Várias descrições mostram a posição privilegiada do vencedor. Nomes gravados sugerem posse. O vencedor pertence a Deus. Ele faz parte do “povo de propriedade exclusiva de Deus” (1 Pedro 2:9). Ele também pertence à cidade de Deus, a nova Jerusalém. A nova Jerusalém é a noiva de Cristo (21:2). O vencedor faz parte da noiva, da igreja que pertence somente a Jesus. Ele recebe, também, o nome de Cristo. Jesus confessará abertamente os nomes dos seus servos (Mateus 10:32).  Quem tem ouvidos...ouça: Jesus viria logo para castigar e salvar. É importante ouvir a sua mensagem e estar preparado.

Conclusão:

Como identificar uma igreja boa? A maior? A mais ativa? A mais conhecida? A mais rica? Certamente Jesus julga por critério diferente do nosso. Ele pode ver uma igreja pobre ou fraca como uma congregação fiel, dedicada e perseverante. Ao invés de tentar impressionar os homens, devemos nos dedicar ao desenvolvimento do caráter que agrada a Deus.


Apocalipse: Lição 11
A Carta à Igreja em Laodicéia
(Apocalipse 3:14-22)

O vale de Lico, na Ásia Menor, tinha três cidades principais: Colossos, conhecida por suas fontes de água fria, Hierápolis, conhecida por suas fontes de águas termais, e Laodicéia, conhecida nesta carta por sua igreja morna, que causou enjôo no seu Senhor, Jesus Cristo. Ao Anjo da Igreja em Laodicéia (3:14-22) 3:14 – A igreja em Laodicéia: A igreja em Laodicéia é citada no Apocalipse (aqui e em 1:11) e na carta de Paulo aos colossenses (Colossenses 4:13-16). As cidades de Laodicéia, Colossos e Hierápolis (veja Colossenses 4:13) ficavam no vale do rio Lico. Laodicéia situava-se no local da cidade moderna de Denizli, Turquia, no cruzamento de estradas principais da Ásia Menor. Antigamente, a água da cidade vinha, via aquedutos, das 14 Ao anjo da igreja em fontes termais ao sul da cidade. Até chegar em Laodicéia, a água Laodicéia escreve: Estas ficava morna. A qualidade dela não era boa, e a cidade ganhou coisas diz o Amém, a a reputação de ter água não potável. Ao engolir esta água, muitas testemunha fiel e verdadeira, pessoas vomitavam. Semelhantemente, Jesus foi provocado a o princípio da criação de vomitar de sua boca a igreja de Laodicéia (3:15-16). Deus: Outras características de Laodicéia servem como base para a linguagem desta carta, na qual Jesus faz uma série de contrastes implícitos entre os produtos da região e as necessidades espirituais da igreja (3:18): Laodicéia foi conhecida como um centro bancário e a região produzia lã preta e um tipo de colírio para os olhos. O Amém: Esta palavra vem de origem hebraica. No começo de uma afirmação, significa “certamente”  ou “verdadeiramente”. No fim, pode ser entendida como “que seja assim”. Jesus é a palavra final, a autoridade absoluta. A testemunha fiel e verdadeira: Quase a mesma descrição encontrada em 1:5. Jesus traz o verdadeiro testemunho sobre seu Pai e a vontade dele para com os homens. Ele fala a verdade em
cada promessa e cada advertência que vem da sua boca. O princípio da criação de Deus: Esta expressão admite duas interpretações. Dependemos de informações de outros trechos bíblicos para escolher o sentido correto. A frase em si pode ser entendida no sentido passivo (o primeiro criado por Deus), ou no sentido ativo (a origem ou a fonte da criação). A diferença é óbvia, e enorme. Jesus é uma criatura, ou o eterno Criador? Ele foi feito por Deus, ou é Deus? A resposta vem de outras passagens. Jesus é eterno (João 1:1; Apocalipse 1:18), o primeiro e o último (Apocalipse 1:17). Ele é Deus conosco (Mateus 1:23), o verdadeiro Deus que se fez carne (João 1:14). Ele é o “Eu Sou” (João 8:24,58; veja Êxodo 3:14), o soberano “Senhor dos senhores e o Rei dos reis” (Apocalipse 17:14). Jesus não foi criado. Ele não veio a existir. Ele é eterno. Ele é Deus. Quem não aceitar este fato morrerá no seu pecado (João 8:24). 3:15 –Conheço as tuas obras: Como fez com todas as igrejas destes dois capítulos, Jesus expressa o seu conhecimento íntimo sobre a igreja em Laodicéia. Ele anda no meio dos candeeiros (1:13,20; 2:1).
                      Lição 11: A Carta à Igreja em Laodicéia (3:14-22) 15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! 41 Que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!: As águas termais de Hierápolis ajudavam no tratamento de alguns problemas de saúde. As águas frias de Colossos eram boas para beber. Mas as águas mornas de Laodicéia basicamente não serviam para nada; só davam ânsia de vómito! 16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; 3:16 – Assim...estou a ponto de vomitar-te da minha boca. Jesus olhou para a igreja de Laodicéia, contente no seu estado de auto- suficiência e falsa confiança, e sentiu vontade de expulsá-la de sua presença. 3:17– Pois dizes: As afirmações da própria igreja de Laodicéia não refletiam o verdadeiro estado dela. É fácil dizer que está tudo bem na vida espiritual de uma igreja ou de uma pessoa, mas Jesus sabe a verdade. Ele vê as obras e sonda os corações. A igreja de Laodicéia mentia para si mesma, mas Jesus não foi enganado! 17 pois dizes: Estou rico e Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e  abastado e não preciso de nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego coisa alguma, e nem sabes e nu: O orgulho dos discípulos de Laodicéia os cegou ao ponto que tu és infeliz, sim, de não enxergarem os seus problemas. Eles se achavam fortes e miserável, pobre, cego e nu. independentes, mas Jesus viu o estado real de uma igreja fraca, cega e infrutífera. A cidade de Laodicéia sofreu um terremoto em 60 d.C. e foi reedificada com recursos próprios, sem auxílio do governo romano. Parece que a igreja sentia a mesma atitude de auto-suficiência, perigosíssima num rebanho de ovelhas que precisa seguir o seu Bom Pastor! Numa cidade conhecida por tratamentos de olhos, a igreja se tornou cega e não procurou o tratamento do Grande Médico. Precisavam da humildade dos publicanos e pecadores (Lucas 5:31-32). Numa cidade que produzia roupas de lã, a igreja andava nua, sem a vestimenta de justiça oferecida por seu Senhor (2 Coríntios 5:3; Colossenses 3:9-10). 3:18 –Aconselho-te: Jesus não elogiou a igreja em Laodicéia, mas ofereceu conselho para guiá-la de volta à comunhão íntima com ele. Sugeriu três coisas necessárias para a igreja:  Comprar de Cristo ouro refinado. A verdadeira riqueza é espiritual, e vem exclusivamente de Deus. Ele oferece o ouro puro, refinado pelo fogo.  Comprar do Senhor vestiduras brancas. É Deus 18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. quem lava os nossos pecados e nos veste de pureza e de atos de justiça (3:4; 19:8).  Comprar de Jesus colírio para os olhos. Somente Jesus pode curar a cegueira espiritual que aflige os orgulhosos e auto-suficientes. Foi exatamente o mesmo problema que Jesus criticou nos fariseus (Mateus 15:14; 23:25-26). É o mesmo problema de qualquer um que esquece da importância do sacrifício de Jesus e começa a confiar em si mesmo (2 Pedro 1:9). 3:19 – Eu repreendo e disciplino a quantos amo: A correção que vem de Deus é uma manifestação do seu amor (Hebreus 12:4-11). Quando Deus nos corrige, devemos aceitar a disciplina, como ele deseja, para o nosso próprio bem. Ele quer nos conduzir ao arrependimento e à plena comunhão com ele.
                        A disciplina aplicada pelos servos de Deus deve, também, ser motivada pelo amor (Hebreus 12:12-13). 42 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo Esta atitude deve guiar os pais que corrigem os seus filhos (Provérbios 13:24), e os cristãos que corrigem os seus irmãos na fé (Tiago 5:19-20; 2 Coríntios 2:5-8). 19 Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. Sê, pois, zeloso e arrepende-te: A solução ao problema dos discípulos em Laodicéia não seria meramente algumas mudanças externas. Precisavam do zelo para com Deus para se arrependerem. 3:20 – Eis que estou à porta e bato: Jesus pôs uma porta aberta diante da igreja de Filadélfia (3:7), mas a igreja de Laodicéia colocou uma porta fechada diante de Jesus! Ele bate, mas não força ninguém a abrir a porta. Ele chama, mas depende dos ouvintes atender à voz dele. Este versículo reforça o entendimento do livre arbítrio do 20 Eis que estou à porta e homem. Jesus oferece a salvação a todos, mas cada pessoa bato; se alguém ouvir a toma a sua própria decisão. minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e Entrarei ... e cearei: Ambas as figuras, aqui, representam a cearei com ele, e ele, comunhão com Cristo. Ele entra na casa e habita naqueles que comigo. obedecem a palavra dele (João 14:23). Cear com alguém sugere uma relação especial de estar de acordo ou em comunhão (1 Coríntios 10:21; 5:11). É um privilégio especial comer à mesa do rei (2 Samuel 19:28). Não há privilégio maior do que a bênção de cear com o Rei dos reis! 3:21-22 – Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono: Os vencedores terão o privilégio de reinar com Cristo (veja 2:26- 27; 20:4). Tal honra não seria para os orgulhosos e auto- suficientes, mas para os humildes e obedientes. Jesus foi obediente ao Pai aqui na terra para ser exaltado ao lado dele no céu (Filipenses 2:8-9). Somente os obedientes serão exaltados com Cristo. Quem tem ouvidos...: Jesus bate e chama. Cabe ao homem ouvir e atender a sua voz! 21 Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com
meu Pai no seu trono. 22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.


Conclusão:

                 Na carta à igreja em Laodicéia, Jesus não citou nenhuma doutrina errada e nenhum pecado de imoralidade. Ele não condenou a igreja por práticas idólatras. Esta igreja, que se achava rica e forte, foi criticada por seu orgulho e auto-suficiência. Exaltou-se, ao invés de se humilhar diante do Senhor dos senhores.




Apocalipse: Lição 12
A Visão do Trono de Deus
(Apocalipse 4:1-11)
              Depois de terminar as cartas aos anjos das sete igrejas, João passa para uma nova parte da revelação. Os capítulos 4 e 5 mostram a glória de Deus, apresentando primeiro o Pai no seu trono e, depois, o Filho glorificado ao lado dele. A cena nestes dois capítulos pode ser comparada especialmente com a de Daniel 7:9-14. 4:1 – Depois destas coisas, olhei: Chegamos a uma transição na mensagem do Apocalipse. Jesus já ditou as suas cartas a cada uma das sete igrejas. O resto do livro pertence a todas elas e, obviamente, serve para a instrução de outros discípulos em outros lugares e em outras épocas. João olhou e viu, frisando novamente a natureza desta revelação. Deus continuou mostrando visões ao apóstolo. 1 Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas. Uma porta aberta no céu: Que privilégio! João viu uma porta aberta dando-lhe acesso ao céu! Aqui a ênfase não está no acesso ao céu em termos da salvação final e eterna dele, nem no sentido de entrar em comunhão com Deus (sentidos encontrados em trechos como João 1:51; Atos 7:55-56; veja também Efésios 2:6; Filipenses 3:20). João viu o céu aberto porque Deus queria lhe mostrar as coisas que estavam acontecendo lá (compare Ezequiel 1:1). Jesus já falou, transmitindo-lhe mensagens importantes para as igrejas. Agora, João subirá ao céu, nestas visões, para buscar outras mensagens para os servos do Senhor na terra. A primeira voz que ouvi, como de trombeta: A mesma voz de 1:10. Naquele trecho, João virou para ver quem falava e viu Jesus no meio dos candeeiros. Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas: O Filho de Deus convida João para ver, no céu, as coisas que iam acontecer. Em 1:19, ele falou para João escrever o que ele viu, o que estava acontecendo naquele momento, e o que ia acontecer depois. Tudo isso ainda
está dentro dos limites de tempo de “em breve” e “próximo” (veja comentários na segunda lição sobre limites de tempo). Jesus já falou sobre o estado das igrejas naquele momento (capítulos 2 e 3), e agora começa a falar sobre as coisas que estes discípulos ainda teriam de enfrentar. Interpretações que procuram inserir milhares de anos entre os capítulos 3 e 4 não têm nenhuma base aqui. “Depois” simplesmente sugere uma seqüência de transição entre o que já passou e o que ia acontecer. 4:2 – Imediatamente, eu me achei em espírito: A mesma expressão que João usou em 1:10, frisando seu estado de receber revelações por meio de visões. Armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado: 2 Imediatamente, eu me Um trono no céu. Muitos vizinhos dos cristãos da Ásia achavam achei em espírito, e eis que o trono principal do universo estivesse em Roma, e que o imperador sentado nele fosse o deus supremo. Outros vizinhos no trono, alguém sentado; adoravam outros diversos deuses e deusas. Mas João convida todos os seus leitores a enxergarem, por meio desta visão, o trono no céu e o verdadeiro Deus sentado nele. O trono de Deus é mencionado 38 vezes no Apocalipse, repetidamente frisando o tema da soberania de Deus e do seu domínio sobre os reinos
                    Lição 12: A Visão do Trono de Deus (4:1-11) 45 da terra. A descrição da pessoa sentada no trono e do seu ambiente no céu vem nos versículos seguintes. 4:3 – E esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto: João jamais acharia palavras adequadas para descrever perfeitamente a aparência de Deus. Ele começa a explicar, usando comparações com coisas conhecidas, a visão que ele teve do Soberano no seu trono celestial. 3 e esse que se acha Pedra de jaspe e de sardônio...arco-íris semelhante...a assentado é semelhante, no esmeralda: Duas pedras brilhantes refletem sua luz e produzem aspecto, a pedra de jaspe e o efeito de um arco-iris ao redor do trono. Como é o caso de de sardônio, e, ao redor do muitas pedras precisosas, as cores de jaspe e sardônio não são trono, há um arco-íris únicas e absolutas. Alguns comentaristas sugerem jaspe branco semelhante, no aspecto, a esmeralda. (veja 21:11, que fala de “jaspe cristalina”) e sardônio vermelho (possivelmente sárdonix), assim sugerindo, respectivamente, a santidade e a justiça de Deus. O salmista disse que “justiça e juízo” ou “justiça e direito são o fundamento” do trono de Deus (Salmo 89:14; 97:2). Outros sugerem que o jaspe fosse verde, a cor mais comum desta pedra, uma explicação que combina com a cor de esmeralda do arco-íris. Independente das cores refletidas, certamente a luz da glória de Deus e o fogo de seu poder saem do seu trono (veja Isaías 60:1-2; Daniel 7:9-10; Ezequiel 1:26-28; 10:1; Salmo 97:2-3). Esta luz mostra seu poder para julgar e castigar. O arco-íris nos lembra, também, da benevolência de um Deus que faz aliança com as suas criaturas (Gênesis 9:12-13; Ezequiel 1:28). 4:4 –
Ao redor do trono: João começa com a figura central, aquele sentado no trono, e começa a olhar ao redor. Tudo começa com Deus. Vinte e quatro tronos ... vinte e quatro anciãos: Vinte e quatro tronos representam aqueles que reinam com Deus, uma descrição da igreja, dos vencedores vestidos de branco que recebem suas coroas e reinam com o Senhor (2:10,26-27; 3:4- 5,11,21). Qual o significado do número 24? Duas explicações diferentes chegam à mesma conclusão. Alguns entendem 12 tribos, representando o povo de Deus no Velho Testamento, mais 12 apóstolos, representando o povo dele no Novo Testamento, dando um total de 24. Outros sugerem 24 como o número de turnos de sacerdotes no Velho Testamento (veja 1 Crônicas 24:1,7-19). Assim entendemos o reino de sacerdotes (1:6) ou sacerdócio real (1 Pedro 2:9) composto de pessoas que entram “na Casa do Senhor” (1 Crônicas 24:19). No final, estas duas interpretações do significado dos 24 anciãos chegam ao mesmo entendimento prático – representam o povo de Deus. São nobres nos seus tronos sujeitos ao Soberano Rei no trono principal. 4 Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro. Vestidos de branco: A santidade e a pureza dos servos fiéis. As únicas vestimentas adequadas aos vencedores. Coroas de ouro: Coroa, aqui, vem da palavra grega stephanos, usada no Apocalipse para identificar as coroas dos vencedores (2:10; 3:11; 4:4; 4:10; 6:2; 12:1; 14:14). Encontraremos uma outra palavra, diadema, usada tanto para falar dos falsos líderes (12:3; 13:1) como para descrever o verdadeiro Rei (19:12). Uma vez, stephanos se encontra na descrição dos inimigos de Deus, mas o próprio versículo sugere a falsidade da nobreza deles: “havendo como que coroas parecendo de ouro” (9:7). Os anciãos sentados nos 24 tronos têm todo direito de usar coroas verdadeiras. 46 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo 4:5 – Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões: Sai do trono de Deus o poder para falar, julgar e castigar (veja Salmo 18:13- 14; 144:6; Êxodo 19:16-19). Estas manifestações do poder de Deus são características da última fase das séries de sete selos (8:5), sete trombetas (11:19) e sete taças (16:18). 5 Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de
Deus. Sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus: As tochas diante do trono são identificadas como os sete Espíritos de Deus, o Espírito Santo (veja 1:4). Ele ilumina ao homem e vai para onde Deus o envia. As sete tochas mostram a onisciência e a onipresença de Deus (5:6). 4:6 – Mar de vidro, semelhante ao cristal: O Deus imortal “habita em luz inacessível” (1 Timóteo 6:16), separado dos outros por um mar de vidro. No Velho Testamento, os sacerdotes tinham de se lavar no mar de fundição antes de chegar perto de Deus com os sacrifícios (2 Crônicas 4:1-6), assim sugerindo a importância da santificação. Deus é santo, separado de suas criaturas. Mas, na imagem de comunhão perfeita com os vitoriosos no final do livro, “o mar já não existe” (21:1). 6 Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás. Quatro seres viventes cheios de olhos: Veremos melhor as características dos quatro seres viventes nos versículos 7 e 8. Aqui observamos o fato de estarem cheios de olhos, novamente enfatizando a capacidade de ver tudo. Ao redor de Deus estão servos capazes de ver tudo o que acontece. Nada escapa ao conhecimento do Soberano Deus. 4:7-8a –
Os quatro seres viventes nos lembram de outras passagens que descrevem a presença do Deus glorioso. As visões de Ezequiel são especialmente relevantes, pois falam de quatro seres viventes com quatro rostos diferentes, rostos que correspondem às quatro criaturas vistas aqui (Ezequiel 1:5-14). Ele chama os seres 7 O primeiro ser vivente é viventes de querubins (Ezequiel 10:9-17) e mostra o papel deles semelhante a leão, o em defender e levar o trono de Deus conforme a vontade do segundo, semelhante a Soberano. Entendendo que os seres viventes são os querubins , novilho, o terceiro tem o lembramos também dos querubins que ficavam acima da arca da rosto como de homem, e o aliança. Na visão de João, os seres viventes são semelhantes a quarto ser vivente é quatro criaturas: semelhante à águia quando está voando.
                     Leão: O forte predador, o símbolo de realeza. 8 E os quatro seres viventes, Novilho: Em Ezequiel, o boi. Animais conhecidos por sua força. tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, Homem: A figura do homem acrescenta uma outra estão cheios de olhos, ao característica, juntando à força a inteligência. redor e por dentro; Águia: Um predador rápido, capaz de localizar e atacar a sua vítima. João continua sua descrição de outras características dos seres viventes: Seis asas: Capazes de se locomover, e de transportar o trono de Deus (Ezequiel 1:20). Também usavam as asas para cobrir a arca da aliança (1 Crônicas 28:18). Os serafins de Isaías 6:2-3, como os seres viventes do Apocalipse, tinham seis asas, enquanto os querubins de Ezequiel tinham quatro. Devemos evitar a tendência de forçar os textos para achar alguma igualdade perfeita nos símbolos Lição 12: A Visão do Trono de Deus (4:1-11) 47 destas visões proféticas. Independente de pequenas diferenças, todas mostram servos de alta posição servindo a Deus, fazendo tudo que ele manda. Estão cheios de olhos: Como as rodas que acompanhavam os querubins em Ezequiel, estes seres estavam cheios de olhos e capazes de ver em todas as direções. 4:8b – Não tem descanso: Servem e adoram a Deus em todo momento. Deus descansou, no sétimo dia, de seu trabalho da criação, mas continuou agindo para manter o universo que ele domina. Os judeus descansavam, no sábado, de seus trabalhos, mas se dedicavam naquele dia ao serviço de Deus. Nós aguardamos o descanso 8b - não têm descanso, nem eterno no céu (Hebreus 4:1,11), mas entendemos que serviremos de dia nem de noite, e adoraremos a Deus eternamente. Não nos surpreende, então, proclamando: Santo, Santo, achar estes seres viventes servindo constantemente, sem Santo é o Senhor Deus, o descansar. Todo-Poderoso, aquele que Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus: Esta expressão de louvor se encontra somente aqui e em Isaías 6:3. A mesma palavra repetida três vezes dá grande ênfase, especialmente no hebraico (Velho Testamento). Ele está acima, e separado, de todas as suas criaturas. era, que é e que há de vir. O Todo-Poderoso: Deus recebe louvor, também, como o Onipotente. A descrição “Todo-Poderoso” se encontra em quase 60 versículos na Bíblia, de Gênesis ao Apocalipse. Ele dá vida (Jó 33:4) e sabedoria (Jó 32:8). Ele abençoa os homens (Gênesis 48:3; 49:25). Nos profetas e nos evangelhos, esta descrição de Deus aparece freqüentemente em passagens que falam do castigo divino (veja Isaías 13:6; Joel 1:5; Marcos 14:62). Para os fiéis, é uma garantia confortante de proteção (2 Coríntios 6:18). Os exércitos humanos podem mostrar algum poder, mas Deus tem poder absoluto. Este fato traz grande conforto aos fiéis que são protegidos por ele, e aterroriza os seus inimigos. Aquele que era, que é e que há de vir: Deus eterno (1:4). 4:9-11 – Glória, honra e ações de graças...: Os seres viventes adoram a Deus, pois ele merece toda a honra e glória. 9 Quando esses seres viventes derem glória, honra e ações de graças ao que se encontra sentado no trono,
ao que vive pelos séculos dos séculos, 10 os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando: 11 Tu és digno, Senhor e  Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas. 48 Os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão: Os 24 anciãos, representando o povo de Deus, participam entusiasticamente do louvor a Deus.
                                 Depositarão as suas coroas diante do trono: Mesmo as coroas que receberam de Deus servem para a glória do Criador, não das criaturas. Eles livremente entregam toda a sua glória a Deus. Sem Deus, eles seriam nada. Sem Deus, nós seríamos nada! Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber...: Deus merece: A glória: Esplendor, majestade, exaltação. A honra: Reverência devida à posição. O poder: Força, habilidade. Obviamente, Deus é o Todo- Poderoso, mas os seus servos voluntariamente lhe cedem poder sobre as suas vidas. Porque todas as coisas tu criaste...: Neste capítulo, que  focaliza a posição de Deus Pai, o principal motivo de louvor é a criação. É o motivo citado muitas vezes no Antigo Testamento. Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo


Conclusão:

                  Não pode haver dúvida. Deus está no controle. Ele é a personagem principal no céu, e é o Soberano absoluto que criou e domina o universo. Ele merece a adoração e a obediência absoluta de todas as suas criaturas, até dos mais exaltados seres viventes no céu. É o Deus Santo e Todo-Poderoso. Sem dúvida alguma, ele é eterno. Da presença dele saem trovões, vozes, relâmpagos, e a luz resplandecente que reflete no mar de sua santidade. Que privilégio Deus concedeu a João quando o convidou ao céu numa visão! Que privilégio ele nos deu quando relatou toda a cena aos seus servos!



Apocalipse: Lição 13
Digno É o Cordeiro
(Apocalipse 5:1-14)

O Senhor, sentado no seu trono, é digno de louvor. Mas quem é digno de abrir o livro que revela os planos dele? Não há homem, nem anjo, que possa chegar à presença de Deus para receber o livro. Esta descoberta triste encontra sua solução em Jesus, o Leão de Judá e Cordeiro de Deus. Ele, também, é digno de adoração. Como observamos na lição 12, este texto é parecido com Daniel 7:9-4. Leia, novamente, esta parte do sonho de Daniel antes de começar o estudo do Apocalipse 5.5:1 – Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono: A mão direita sugere a posição de grande importância. Representava a bênção do primogênito (Gênesis 48:13-18), a posição de honra na presença do rei (1 Reis 2:19) e a força vitoriosa (Jó 40:14; Isaías 63:11-14). A Sabedoria retém, na sua mão direita, o poder para alongar a vida (Provérbios 3:16). A mão direita de Deus representa, freqüentemente, seu poder para 1 Vi, na mão direita daquele estabelecer, proteger e resgatar o seu povo (veja especialmente
que estava sentado no trono, as citações em Salmo 80:14-15; Isaías 62:8). Por outro lado, é da um livro escrito por dentro e mão direita de Deus que vêm os castigos para os inimigos dele por fora, de todo selado com (Habacuque 2:16). O rei escolhido para governar o seu povo é sete selos. descrito como “o anel do selo da minha mão direita” (Jeremias 22:24). É a mão do juramento imutável de Deus a favor dos fiéis (Isaías 62:8; compare Hebreus 6:13-20). Reis seguravam o cetro de autoridade na mão direita (Mateus 27:29). Foi na mão direita que Jesus segurava as sete estrelas (1:16; 2:1). Foi a mão da marca de posse dos servos da besta (13:16-17). Podemos concluir que Deus segurava na mão direita uma demonstração de sua autoridade pela qual daria poder ao seu Ungido para proteger o povo fiel e castigar os inimigos. É exatamente isso que encontraremos nos próximos capítulos. Um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos: O livro seria um rolo, provavelmente de pergaminho, com palavras escritas nos dois lados, e selado com sete selos. O “rolo do livro” representa a vontade de Deus para ser executada por seu servo (Salmo 40:7-8). Jeremias escreveu em “um rolo, um livro” tudo que Deus pretendia fazer para castigar Israel, Judá e as nações, com intuito de incentivar o povo a se arrepender (Jeremias 36:2-3). Um dos trechos mais importantes para podermos entender a imagem do livro aqui se encontra em Ezequiel 2:8-3:15. O profeta Ezequiel recebeu e comeu “o rolo de um livro...escrito por dentro e por fora” que continha “lamentações, suspiros e ais” (2:10). Este livro representava a sua comissão para pregar ao povo sobre os castigos determinadaos por Deus. Abrindo os selos, um por um, revelaria aos poucos a vontade de Deus, para proteger os fiéis e castigar os ímpios, que seria executada pela pessoa que tomaria o rolo. O fato de ter sete selos enfatiza a fonte desta revelação – é a vontade de Deus. 5:2 – 2 Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos? Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz: Três vezes no Apocalipse, um “anjo forte” aparece como servo de Deus. Aqui, o papel deste mensageiro é perguntar em voz forte, deixando bem clara a vontade de Deus de achar a pessoa certa para a tarefa importante de abrir o livro.
                         Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos?: O foco do versículo 2 não é o mensageiro, mas sim a mensagem. Quem é digno de revelar e executar a vontade de Deus? Chamadas de líderes e profetas em todas as épocas da história bíblica destacam 50 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo a indignidade dos homens escolhidos. Moisés precisou tirar as sandálias e escondeu o rosto, temendo olhar para Deus (Êxodo 3:5-6). Arão e seus filhos precisavam de rituais de purificação antes de começar seu serviço como sacerdotes e cada vez que entravam na presença de Deus. Isaías se viu como homem perdido e pecador, e achou que ia morrer por ter visto o Senhor; foi qualificado pela missão dada por Deus somente depois de ser purificado dos seus pecados (Isaías 6:5-7). Ezequiel caiu “com o rosto em terra” e só levantou quando Deus lhe mandou que assim fizesse (Ezequiel 1:28-2:2).João caiu “como morto” na presença de Jesus (1:17). Nenhum destes homens se achou digno de cumprir alguma missão como servo de Deus. Todos, manchados pelos próprios pecados, reconheceram a sua incapacidade de fazer as grandes obras de Deus. Cumpriram suas missões somente pela graça de um Deus misericordioso. Quem, então, seria digno de abrir a revelação da vontade de Deus? :3 Nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém...: Sabemos que Deus poderia ter apresentado a resposta imediatamente, mas ele primeiro deixa João e os leitores verem a situação desesperada do homem. Se dependesse dos homens ou até dos anjos no céu, a vontade de Deus não seria cumprida. Não acharam ninguém digno de olhar para o livro, muito menos abri-lo! 3 Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo Este trecho nos ajuda a entender o propósito do Velho da terra, ninguém podia abrir Testamento. Quando Adão e Eva pecaram, Deus, obviamente, o livro, nem mesmo olhar poderia ter enviado Jesus para já oferecer perdão pelos pecados para ele; e restaurar a comunhão com ele. Mas Deus não fez isso. O 4 e eu chorava muito, Senhor deixou o homem procurar uma solução. Os patriarcas porque ninguém foi achado não conseguiram a perfeição nas suas próprias obras. Mesmo o digno de abrir o livro, nem povo de Israel, privilegiado com uma lei mais detalhada, não mesmo de olhar para ele. conseguiu se qualificar diante de Deus. Depois de milhares de anos de fracassos humanos, ninguém teria como discordar de Paulo quando diz: “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3:23). Ele se viu na mesma situação de todos os outros, e gritou no desespero: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” A resposta de Paulo é a mesma do Apocalipse 5: “Graças a Deus por Jesus Cristo” (Romanos 7:24-25). 5:4 –Eu chorava muito: João se achou sem esperança. Confiava tanto em Deus que queria ver a vontade divina executada, mesmo sem saber o conteúdo do livro. Mas, se não tivesse ninguém para abrir o livro, os servos do Senhor não receberiam o benefício do propósito de Deus. E nós, quando percebemos que a vontade de Deus não é cumprida, ou na nossa própria vida ou na vida de pessoas próximas, sentimos o mesmo desespero, a mesma tristeza, que João sentiu? 5:5 – Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá: Esta vez é um dos anciãos que fala com João. Ele o consola, não com palavras vazias, mas com a verdadeira esperança que vem somente em Jesus. O homem busca uma resposta à sua necessidade e à sua tristeza. Muitos oferecem soluções vazias. Procuram consolar com promessas de alegria e auto-realização, mas quaisquer promessas que não se baseiam em Jesus são totalmente vãs. Jesus é o Leaõ da tribo de Judá. O leão é um animal forte e dominador, que representa o poder real (Provérbios 30:30). É citado muitas vezes na Bíblia para representar o poder destrutivo Lição 13: Digno É o Cordeiro (5:1-14) 5 Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. 51 que despedaça o inimigo (Salmo 7:2; 22:13; Jeremias 4:7; etc.). Representa a coragem daquele que não desiste quando ameaçado (Provérbios 28:1). Não há dúvida de que Jesus, descendente legítimo de Davi, seja o Leão de Judá. A Raiz de Davi: As imagens de poder e realeza envolvem a linhagem real de Davi. Isaías 11 profetiza sobre o renovo, ou rebento, que surge das raízes de Jessé, pai de Davi. É uma profecia importante sobre o rei messiânico, cumprida em Jesus e confirmada por esta citação no Apocalipse. Paulo aplica a mesma profecia de Isaías a Jesus (Romanos 15:8-13). No Apocalipse, Jesus mesmo afirma ser esta Raiz (22:16). Venceu para abrir o livro e os seus sete selos: O que destaca Jesus de todos os outros, no céu e na terra, é a sua vitória. Ele é digno porque ele venceu. Seria impossível exagerar o valor do sacrifício de Jesus ou o tamanho da vitória na sua vida, morte e ressurreição (João 16:33; 1 Coríntios 15:57). O fato de Jesus ter sido o único que, na carne, já venceu o inimigo por sua própria justiça o deixa exclusivamente qualificado – digno – de abrir o livro. 5:6 – Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro: A posição do Leão já demonstra a sua superioridade. Ele está no meio do trono, no meio dos seres viventes, junto ao Pai, entre os anciãos. Assim os anciãos estariam entre João e o Leão, explicando por que um 6 Então, vi, no meio do trono deles lhe falou. Agora, João olha para ver o Leão e vê um e dos quatro seres viventes Cordeiro! Esta é a primeira de 30 vezes no Apocalipse que Jesus e entre os anciãos, de pé, é chamado de Cordeiro. Numa visão em que Deus revela os seus um Cordeiro como tendo mistérios, ele tem todo direito de misturar símbolos para  sido morto. Ele tinha sete comunicar fatos importantes sobre Jesus e sua missão. Jesus é, chifres, bem como sete ao mesmo tempo, o Leão de Judá e “o Cordeiro de Deus, que olhos, que são os sete tira o pecado do mundo” (João 1:29). Cordeiros foram usados Espíritos de Deus enviados em rituais de alianças e nos sacrifícios a Deus desde a época dos por toda a terra.
                          Patriarcas (Gênesis 15:9; 22:7-8). O significado mais importante do Velho Testamento vem do cordeiro pascal que serviu para livrar os israelitas da morte e permitir a saída deles do Egito (Êxodo 12:1-28). No Novo Testamento, Jesus se tornou nosso Cordeiro pascal (1 Coríntios 5:7), pois seu sangue nos salvou da morte e nos livrou da escravidão no pecado (1 Pedro 1:19). Enquanto o Leão ruge e despedaça os seus inimigos, o Cordeiro foi levado mudo ao matadouro (Atos 8:32; Isaías 53:7). Mas, como veremos no resto do livro, este Cordeiro é o principal Vencedor! Como tendo sido morto: João não explica precisamente como, mas diz que o Cordeiro tinha aparência de ter sido morto. Sabemos que Jesus esteve morto e está vivo, assim retendo a autoridade sobre a morte (1:18). Este fato é fundamental à posição do Cordeiro, servindo como base de louvor (5:9). Sete chifres: As outras vezes no livro que encontraremos figuras com chifres serão os inimigos de Deus. Mas aqui, o Cordeiro tem sete chifres. Como já observamos, este Cordeiro é o grande Vencedor. Ele tem poder para resistir e derrotar os inimigos. Os cristãos não foram deixados sem defesa. O seu Cordeiro pascal tem chifres. É o Leão! Sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus: Mais uma vez, refere-se aos sete Espíritos, esta vez como olhos enviados por Deus “por toda a terra”, enfatizando a onisciência do Espírito Santo (veja 1:4; 3:1; 4:5). 5:7 – 7 Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono; 52 Tomou o livro: Jesus, completa e exclusivamente qualificado, toma o livro da mão de Deus. Agora ele tem poder para revelar e executar a vontade do Pai contida no livro. Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo 5:8 – Quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro: Por ser achado digno de tomar o livro, Jesus se mostra digno de adoração. A adoração aprovada na Bíblia pertence exclusivamente a Deus, como o próprio Jesus afirmou (Mateus 4:10). Jesus recebe adoração diversas vezes nas Escrituras, não somente no céu, mas também durante sua jornada na terra 8 e, quando tomou o livro, (Mateus 15:25; 28:17; João 9:38). De fato, o Pai mandou que os os quatro seres viventes e os anjos adorassem Jesus (Hebreus 1:6). O divino Cordeiro vinte e quatro anciãos vencedor merece o nosso louvor. prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um Tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de deles uma harpa e taças de incenso, que são as orações dos santos: Num trecho cheio ouro cheias de incenso, que de símbolos baseados no Velho Testamento, encontramos mais são as orações dos santos, dois. Harpas foram usadas no louvor dos judeus no templo (Salmo 43:4; 81:2), e o incenso fazia parte integral do serviço a
Deus no tabernáculo (Êxodo 30:1-9) e no templo (1 Reis 7:48- 50). Nesta cena, em que os anciãos se prostram diante do Santo dos Santos celestial, eles vêm com suas harpas e taças de incenso. O significado do incenso é explicado: são as orações dos santos. Embora o altar do incenso tenha ficado do lado de fora do véu, ele pertencia ao Santo dos Santos (Hebreus 9:3-4) porque o aroma passava pelo véu e chegava à presença de Deus. Aqui entendemos que o incenso representava as orações dos santos chegando a Deus (veja Salmo 141:2). 5:9 – Entoavam novo cântico: Novos cânticos foram preparados para marcar ocasiões especiais (Salmo 33:3), especialmente para celebrar a salvação pela mão do Senhor (Salmo 40:3; 144:9-10). O motivo deste louvor especial é dado nas linhas seguintes. Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos: O louvor no capítulo 4 foi dirigido ao Pai. No capítulo 5, é o Cordeiro que recebe a adoração, pois ele se mostrou digno de abrir os selos do livro. Uma mensagem selada por um rei deveria chegar ao destinatário designado por ele sem ser aberta. Aqui, Deus entrega diretamente na mão da única pessoa digna de abrir os selos. 9 e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação Porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação: Jesus recebe louvor por ser o Salvador ressuscitado que se sacrificou para oferecer salvação a todos. Uma das principais controvérsias na igreja do primeiro século foi a igualdade de judeus e gentios diante de Deus. Judaizantes atrapalharam o trabalho de Paulo e outros durante vários anos. Alguns dos próprios apóstolos demoraram para compreender a intenção de Deus de oferecer a mesma salvação para todos (1 Timóteo 2:3-4; Tito 2:11). Por este motivo, ele chama todos ao arrependimento (Atos 17:30-31), e pessoas de todas as nações são
atraídas ao Senhor (Isaías 2:2-4; João 12:32; Romanos 1:16). Doutrinas como o Calvinismo que alegam que Deus, no seu capricho, escolheu alguns para a salvação e recusou outros, contradizem as afirmações do Novo Testamento e negam este motivo de adoração a Jesus. Ele morreu pelos pecados de todos, porque Deus amou ao mundo, não somente algumas pessoas (João 3:16). 5:10 – E para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes: Jesus estabeleceu o seu reino e fez sacerdotes de todos os seus verdadeiros discípulos (1:6). O reino de Cristo existe atualmente, e os salvos fazem parte dele (Colossenses 1:13). Quando nós
               Lição 13: Digno É o Cordeiro (5:1-14) 10 e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra. 53 somos convertidos a Cristo, tornamo-nos o sacerdócio santo dele, com o privilégio de lhe oferecer sacrifícios (1 Pedro 2:5,9). E reinarão sobre a terra: Os vencedores serão exaltados para participar do reino de Cristo (2:26-27; 3:9,21; veja 20:4). 11 Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, 5:11 – Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares: Os anciãos evidentemente iniciaram o louvor, mas João percebeu logo que  as hostes do céu participaram. Anjos, seres viventes, anciãos! Milhões deles deram honra ao Cordeiro! Se já ficamos emocionados quando participamos do louvor sincero no meio de dezenas ou centenas de pessoas, imagine como seria o louvor de milhões ao redor do trono adorando o Cordeiro que nos resgatou! 12 proclamando em grande 5:12 – voz: Digno é o Cordeiro que  foi morto de receber o poder,  e riqueza, e sabedoria, e  força, e honra, e glória, e    louvor. 13 Então, ouvi que toda 5:13 –  criatura que há no céu e    sobre a terra, debaixo da    terra e sobre o mar, e tudo o    que neles há, estava     dizendo: Àquele que está       sentado no trono e ao       Cordeiro, seja o louvor, e a       honra, e a glória, e o domínio         pelos séculos dos séculos. Digno é o Cordeiro: Já foi declarado digno, diante do Pai, de abrir o livro. Agora é declarado digno de receber a adoração da multidão. O poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor: A linguagem aqui nos lembra do louvor oferecido por Davi em 1 Crônicas 29:10-13. As mesmas palavras usadas para adorar ao Senhor (Jeová) no Velho Testamento são empregadas na adoração do Filho no Novo Testamento. Então, ouvi que toda criatura que há...estava dizendo: Ainda tem mais! Depois de ver a glória do Cordeiro, João viu os anciãos louvando, depois os milhões no céu. Agora ele abre mais ainda a cena e percebe que toda a criação, do alto do céu até o fundo do mar, está participando do louvor dirigido ao Pai e ao Cordeiro! As mesmas palavras de adoração aplicam igualmente aos dois. 5:14 – E os quatro seres viventes respondiam: Amém!: A atenção de João volta das extremidades da imensa multidão em direção ao trono, onde os quatro seres viventes, os mesmos que adoram sem descansar (4:8) falam Amém! 14 E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram. Também os anciãos prostraram-se e adoraram: Esta cena
de louvor começa e termina com os anciãos. Obviamente, a adoração nunca pára. É como se estivesse começando uma nova onda na maré de louvor incessante que vai dos anciãos às hostes celestiais, à toda a criação, aos seres viventes, aos anciãos....

Conclusão:

Ainda acontecerão muitas coisas no Apocalipse, mas a cena apresentada nos capítulos 4 e 5 nos mostra a realidade eterna da soberania e dignidade do Pai e do Filho. As vozes dos servos de Deus na terra se juntam às vozes dos servos no céu na adoração constante, que continuará para toda a eternidade. O nosso Criador merece esta honra. O nosso Redentor também! 54 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo



Apocalipse: Lição 14
O Cordeiro Abre os Primeiros Seis Selos
(Apocalipse 6:1-17)
Acharam a pessoa digna para abrir os selos. A vontade de Deus será revelada! Depois da impressionante cena de adoração ao Pai e ao Cordeiro nos capítulos 4 e 5, chegamos ao momento esperado. O Cordeiro começa a abrir os selos, revelando cada vez mais do plano de Deus. Neste capítulo, os primeiros seis selos são abertos. Vamos ver o que Deus revelou ao seu servo João. O Primeiro Selo (6:1-2) 6:1 – Vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos: No final do capítulo 5, João seguia as ondas de louvor envolvendo todos os seres no céu. Agora, a atenção dele volta-se ao Cordeiro. Depois de tanta expectativa, Jesus começará a abrir os selos do livro que recebera do Pai. 1 Vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos e ouvi um dos quatro seres viventes dizendo, como se fosse voz de trovão: Vem! 2 Vi, então, e eis um cavalo branco e o seu cavaleiro com um arco; e foi-lhe dada uma coroa; e ele saiu vencendo e para vencer. Ouvi um dos quatro seres viventes dizendo, como se fosse voz de trovão: Vem!: Aquela voz forte de um dos servos mais próximos a Deus diz: Vem! Parece que ele chama o cavaleiro a aparecer para fazer a vontade do Senhor. 6:2 – Um cavalo branco: Cavalos, na Bíblia, são ligados à duas classes de homens que têm importância aqui: ì Nobres e Governantes (Ester 6:8-11; Eclesiastes 10:7; Ezequiel 23:6,12,23). í Soldados (Salmo 33:17; 147:10; Provérbios 21:31; Isaías 43:17; Jeremias 8:6). Muitas das referências bíblicas a cavalos e cavaleiros os citam no contexto de guerra. Várias descrições de guerra incluem referências aos cavalos, que deram uma vantagem militar aos exércitos antigos (Êxodo 15:1,21; 2 Samuel 10:18). Os símbolos proféticos do Antigo Testamento usavam cavalos e cavaleiros nas descrições dos inimigos de Deus, como Gogue e seu exército (Ezequiel 38:14-15), e para representar os servos enviados para fazer a vontade de Deus (Zacarias 1:7-11). Este trecho de Zacarias ajuda a entender o significado dos cavaleiros citados aqui por João. Branco normalmente representa pureza ou santidade. Aqui temos a figura de um guerreiro real e santo. Cavaleiro com um arco: O cavaleiro no cavalo branco em 19:11 é Jesus. Naquela cena de vitória,
ele é seguido por servos, também montados em cavalos brancos (19:14). Aqui, também, parece que o cavaleiro que abre a cena seja o próprio Jesus. Ele abre os selos, mas ele também faz parte integral da mensagem revelada no livro. O arco, obviamente, é arma de guerra (1 Crônicas 5:18; 2 Crônicas 14:8; 17:17; Jó 20:24; Salmo 78:9). Em referências especialmente relevantes ao nosso estudo aqui, é arma de guerra na mão de Deus (Salmos 7:12; 21:12). Isaías profetizou de um redentor enviado pelo Senhor que transformaria as nações em palha (Isaías 41:2). A imagem mais próxima no Velho Testamento, juntando as figuras de cavaleiro e arco, se encontra em Zacarias 10:3-5 – “... mas o SENHOR dos Exércitos tomará a seu cuidado o rebanho, a casa de Judá, e fará desta o seu cavalo de glória na batalha. De Judá sairá a pedra angular; dele, a estaca da tenda; dele, o arco de guerra; dele sairão todos os chefes juntos. E serão como valentes que, na 56 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo batalha, pisam aos pés os seus inimigos na lama das ruas; pelejarão, porque o SENHOR está com eles, e envergonharão os que andam montados em cavalos”. Foi-lhe dada uma coroa: Jesus recebe uma coroa. Já encontramos esta palavra (grego, stephanos) em outros trechos que prometeram a recompensa aos vencedores (2:10; 3:11). É a mesma palavra que identifica as coroas dos 24 anciãos (4:4; 4:10). Veja mais informações nos comentários sobre 4:4.
                 Lição 12 Ele saiu vencendo e para vencer: Estas palavras confirmam o sentido do cavaleiro armado e coroado. Ele se apresenta como vencedor executando, obviamente, a vontade de Deus. Qualquer coisa que vem na abertura dos próximos selos deve ser entendida como algum aspecto da vitória divina sobre os seus inimigos. Pode trazer sofrimento, até para os fiéis, mas é boa notícia da vitória divina! O Segundo Selo (6:3-4) 6:3 –Quando abriu o segundo selo, ouvi o segundo ser vivente dizendo: Vem!: Da mesma maneira que um ser convidou o primeiro cavaleiro, o segundo convida o próximo a cumprir a sua tarefa. 6:4 – E saiu outro cavalo, vermelho: Vermelho normalmente sugere sangue ou guerra. Aqui, as duas idéias são válidas, pois este é o cavalo de guerra que causaria a morte.
3 Quando abriu o segundo selo, ouvi o segundo ser vivente dizendo: Vem! 4 E saiu outro cavalo, vermelho; e ao seu cavaleiro, foi-lhe dado tirar a paz da terra para que os homens se matassem uns aos outros; também lhe foi dada uma grande espada. Foi-lhe dado tirar a paz da terra: A missão deste segundo cavaleiro é claramente revelada. Ele causaria guerra. Homens matariam uns aos outros. Enquanto estas imagens não identificam nenhuma guerra específica, fica evidente que guerra seria usada, mais uma vez, como castigo divino. Depois da derrota do exército egípcio no mar Vermelho, Moisés disse: “O SENHOR é homem de guerra” (Êxodo 15:3). Guerras entre povos foram usadas por Deus diversas vezes no Antigo Testamento como meio de castigo (Jeremias 28:8). Ele usou os israelitas para castigar os povos que ocupavam a terra de Canaã, expulsando-os por sua iniqüidade (Gênesis 15:16-21; Josué 11:20). Ele trouxe inimigos para oprimir os israelitas infiéis na época dos juízes. Usou a Assíria para castigar Israel, a Babilônia para castigar Judá, a Pérsia para castigar a Babilônia, etc.Já que observamos paralelos entre os quatro cavaleiros do Apocalipse e a visão de Zacarias 1:7-17, devemos observar, também, o significado da paz da terra. O relatório dos cavaleiros de Zacarias, que acharam a terra “repousada e tranqüila” (1:11), não foi uma boa notícia para os servos fiéis de Deus.
                    Quatro meses antes desta profecia, Ageu havia profetizado que Deus iria fazer “abalar todas as nações” (Ageu 2:7; veja as datas em Ageu 2:1 e Zacarias 1:7). Quatro meses passaram, e Deus ainda não havia começado a castigar as nações que perseguiam os servos de Deus e dificultaram seu serviço em Jerusalém. A terra em paz significava falta de movimento de Deus contra o inimigo. No Apocalipse, temos uma situação diferente mas paralela. Se deixasse a terra em paz, o cavaleiro estaria deixando os povos ímpios sem castigo, e os servos de Deus não teriam alívio. Do ponto de vista dos santos, o segundo selo traz boas notícias. Do ponto de vista dos inimigos de Deus, serve como aviso de castigo merecido.
                   Uma grande espada: Como esperaríamos de uma figura que representa guerra, esta cavaleiro recebe uma grande espada. Espadas foram usadas para matar os fiéis servos de Deus (Hebreus 11:37), e foram dadas por Deus aos governantes para castigar malfeitores (Romanos 13:4). Mas no final de contas, a espada de dois gumes, a palavra de Deus, julga os homens (Hebreus 4:12) e traz o castigo contra os inimigos do Senhor. A espada aqui reforça o símbolo de castigo divino.
Lição 14: O Cordeiro Abre os Primeiros Seis Selos (6:1-17) 57 O Terceiro Selo (6:5-6) 6:5 –Quando abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente: O terceiro ser vivente chama o terceiro cavaleiro à sua missão. 5 Quando abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizendo: Vem! Então, vi, e eis um cavalo preto e o seu cavaleiro com uma balança na mão. 6 E ouvi uma como que voz no meio dos quatro seres viventes dizendo: Uma medida de trigo por um denário; três medidas de cevada por um denário; e não danifiques o azeite e o vinho.
                           Um cavalo preto e o seu cavaleiro: Preto é a cor da angústia e desespero. Jeremias profetizou de um castigo divino que traria tristeza profunda sobre a terra, deixando as cidades desamparadas. Ele disse: “Por isso, a terra pranteará, e os céus acima se enegrecerão” (Jeremias 4:28). Devido à repreensão de Deus, os céus se tornam escuros (Isaías 50:2). Uma balança na mão: A balança é usada para pesar. O versículo 6 mostrará o sentido de pesar comida para vender. A idéia de pesar a comida já sugere escassez e sofrimento (Ezequiel 4:10,16). 6:6 – Voz no meio dos quatro seres viventes: Os quatro seres viventes ficam ao redor do trono de Deus. A voz no meio deles é a voz de Deus. O que segue vem do Senhor.
                              Uma medida de trigo por um denário; três medidas de cevada por um denário: Grãos básicos usados na alimentação diária são vendidos aqui por preços altíssimos. O Dicionário Vine diz que esta medida seria “de capacidade para secos de cerca de um litro” e que seria suficiente para sustentar uma pessoa por um dia. Diz, também, que o preço aqui seria 8 vezes o normal (pág. 778). Um denário era o valor da diária de um trabalhador na parábola dos trabalhadores na vinha (Mateus 20:2). Aqui, então, um homem teria que trabalhar o dia todo para ter comida para uma pessoa, sem falar de sustentar uma família ou pagar outras despesas. Não danifiques o azeite e o vinho: Pelo fato que o trigo e a cevada seriam alimentos mais básicos e essenciais, a disponibilidade do azeite e do vinho pode mostrar que os ricos não sofreriam tanto como os pobres. Pode sugerir, também, que o sofrimento que o terceiro cavaleiro trouxe não seria resultado de uma fome geral.
                               O Quarto Selo (6:7-8) 6:7 – Quando o Cordeiro abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser vivente: O quarto selo, o último cavaleiro, e o último dos quatro seres viventes. Os primeiros quatro selos formam uma subsérie. 6:8 –Um cavalo amarelo e o seu cavaleiro, sendo este chamado Morte: A cor deste cavalo é incerto, mas o significado, não. É a mesma palavra usada para descrever erva verde (8:7), qualquer coisa verde (9:4) e relva verde (Marcos 6:39). Alguns explicam a idéia de amarelo/verde ou de pálido. Independente do tom exato, o significado é bem definido. Este cavalo e seu cavaleiro 7 Quando o Cordeiro abriu o representam a morte. quarto selo, ouvi a voz do quarto ser vivente dizendo: O Inferno o estava seguindo: O Inferno (grego, hades), a Vem! região dos mortos, é o companheiro da Morte. Andam juntos 8 E olhei, e eis um cavalo aqui, e serão vencidos em 20:14. Os dois juntos reforçam o amarelo e o seu cavaleiro, significado deste selo. Ele causa a morte. Mas, não é uma sendo este chamado Morte; 58 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo destruição total. A Morte e o Inferno recebem autoridade sobre 25% da terra. Matarão muitos, mas não todos. A Morte usa quatro castigos comuns na história bíblica: a espada, a fome, a mortandade (pragas – NVI) e as feras da terra. Em Ezequiel 14:21, Deus fala dos seus “quatro maus juízos: a espada, a fome, as bestas-feras e a peste”. Esta linguagem deixa claro que o próprio Deus envia estes castigos. 8b e o Inferno o estava seguindo, e foi-lhes dada autoridade sobre a quarta parte da terra para matar à espada, pela fome, com a
mortandade e por meio das feras da terra.
                           O Quinto Selo (6:9-11) 6:9 – Debaixo do altar: A palavra “altar”, na Bíblia e no Apocalipse, refere-se tanto ao altar de incenso (8:3,5; 9:13; 11:1; 14:18) como ao altar de holocaustos ou sacrifícios. Tudo aqui sugere o altar de sacrifício, pois a cena é dos sacrifícios feitos pelos mártires que deram suas vidas pela palavra do Senhor. 9 Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as
almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam.  Debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos: Quando os sacerdotes realizavam os sacrifícios pelo pecado, derramavam o sangue do animal à base do altar (Levítico 4:7,18,30). A imagem aqui é de sacrifícios feitos no altar, e as almas dos mártires debaixo do altar. Como o sangue das vítimas de violência clamava a Deus pedindo justiça (Gênesis 4:10; Isaías 26:21; Números 35:33), aqui as almas destes mártires farão seu pedido a Deus.
                                Por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam: Não há dúvida sobre o motivo destas mortes. Foram mortos por causa da palavra e do testemunho. Foi pelo mesmo motivo que João estava na ilha de Patmos (1:9). Jesus pediu que os seus servos fossem fiéis até a morte (2:10), e alguns, como Antipas (2:13) já foram mortos por causa do testemunho. Este selo mostra que outros morreram, e que as mortes de mártires ainda não haviam acabado. 6:10 –Clamaram em grande voz: Não um sussurro tímido e duvidoso, mas um pedido feito em alta voz, a voz de um grande número de mártires pedindo a vingança divina. 10 Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Até quando: Esta pergunta aparece dezenas de vezes na Bíblia, sempre pedindo uma decisão ativa. Às vezes, Deus perguntava para o povo dele, chamando-o à obediência. Especialmente nos Salmos e nos profetas, a pergunta foi feita pelo homem a Deus, freqüentemente para pedir que o Senhor lembrasse dos fiéis, para pôr um fim no seu sofrimento, e  que trouxesse a justiça divina contra opressores e malfeitores (Salmos 13:1-2; 90:13; 94:3). Alguns trechos apresentam os mesmos pensamentos que encontramos aqui: “Até quando, Senhor, ficarás olhando? Livra-me a alma das violências deles; dos leões, a minha predileta” (Salmo 35:17). “Até quando, ó Deus, o adversário nos afrontará? Acaso, blasfemará o inimigo incessantemente o teu nome?” (Salmo 74:10). “Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás?” (Habacuque 1:2). Ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro: Como fizeram Davi, Asafe, Habacuque e outros, os mártires fazem a sua pergunta com toda reverência. No estão discutindo com homens. Estão apelando a Deus, o Soberano Senhor. Aquele que está no trono, digno da adoração de todos, decide até quando vai continuar o sofrimento dos fiéis.
Lição 14: O Cordeiro Abre os Primeiros Seis Selos (6:1-17) 59 Não julgas, nem vingas os nosso sangue: Eles pedem a justiça e a vingança. Esta não é uma atitude egoísta, mas uma que reflete a justiça e a santidade de Deus. É o caráter de Deus que exige o castigo daqueles malfeitores que mataram os fiéis. É o poder de Deus que traria alívio aos outros fiéis que ainda sofriam perseguições na terra. “Louvai, ó nações, o seu povo, porque o SENHOR vingará o sangue dos seus servos, tomará vingança dos seus adversários e fará expiação pela terra do seu povo” (Deuteronômio 32:43). Dos que habitam sobre a terra: A resposta à súplica dos mártires teria que trazer castigo sobre os perseguidores na terra, as pessoas responsáveis pelo sofrimento dos fiéis. 11 Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram.
                         6:11 – Uma vestidura branca: São vencedores, e recebem a recompensa prometida aos vencedores (3:5). Que repousassem ainda por pouco tempo: Esperem! O Deus Soberano está no controle, mas ainda não satisfaria o pedido dos mártires. Como nós precisamos aprender a lição desta resposta. Muitas vezes, as orações oferecidas são por coisas materiais, freqüentemente são pedidos egoístas, e mesmo assim queremos respostas favoráveis e imediatas! Aqui, os mártires já deram tudo, até as suas próprias vidas. Pedem a vingança para honrar o nome de Deus e poupar os outros servos que ainda  sofriam na terra. E a resposta de Deus? Esperem! Paciência. Ele ouviu o pedido, mas ainda não enviaria o alívio que solicitaram. Mas todo este sofrimento teriam um fim. Esperem, mas por pouco
tempo! Até que também se completasse o número dos . . . seus irmãos que iam ser mortos: O sofrimento não acabou. Outros teriam de morrer antes de Deus trazer a justiça.  Quinto Selo: Uma Chave para Entender o Apocalipse Este quinto selo é im portantíssim o no estudo do Apocalipse. Cristãos perseguidos, especialm ente aqueles que sacrificaram suas vidas ao serviço do Senhor, pedem justiça. O resto do livro m ostra a resposta de Deus ao apelo deles. Foram suas m ortes em vão? Certam ente que não. Eles haviam m orrido na confiança de que Deus é justo, e agora perguntam por quanto tem po sua justiça seria adiada. Deus os assegura de que responderá com punição aos m alfeitores, m as que ele perm itiria que a perseguição continuasse por pouco tem po, antes de exercer sua vingança. Palavras chaves deste texto se relacionam com o desdobram ento do plano de Deus através de todo o livro. Num erosas passagens no Apocalipse ilustram com o Deus respondeu ao apelo destes santos m artirizados. Note especialm ente estas respostas divinas às orações dos santos m ártires: ! Deus vingou seu sangue. O anjo vingador de Deus derram ou o sangue dos inim igos dos santos (14:20). A terceira taça representa a m erecida vingança contra aqueles que tinham m atado os profetas (16:4-7). Deus vingou a causa dos santos no julgam ento contra Babilônia (18:20,24; 19:2). ! Deus ressuscitou os mártires. Apocalipse 20:4-6 m ostra a resposta final de Deus às orações dos mártires. Há um a clara ligação entre este texto e a oração do capítulo 6. Eles tinham sido decapitados por causa da sua fé (com pare a linguagem de 20:5 e 6:9), m as seriam ressuscitados para reinar com Cristo! A vitória de Satanás foi som ente tem porária. A causa dos fiéis seria vingada! Estas referências nos ajudam a ver que a vingança do sangue daqueles que foram m artirizados pela causa de Cristo é um tem a central deste livro. Jesus está dizendo aos seus seguidores perseguidos: "Tenham paciência e suportem a dureza da perseguição ainda m ais um pouco. No final da batalha, eu lhes garanto que m eus servos fiéis serão vitoriosos. Não desistam !" 60
                                    Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo O Sexto Selo (6:12-17) 6:12-14 – Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo: Os primeiros quatro selos anunciaram castigos e sofrimento, mas não destruição total. O quinto relatou o pedido dos mártires que queriam a justiça. Já sabemos que o Cordeiro está abrindo, um por um, cada selo de uma série de sete. Podemos esperar calamidades maiores, e é isso que encontramos no sexto selo. Não esqueçamos que este selo, também, trata-se de castigos divinos. É a ira do Cordeiro que se revela aqui (16). Sobreveio grande terremoto: O que mais poderíamos esperar? Os servos pediram justiça, e Deus responde no terremoto! “Tu, sim, tu és terrível; se te iras, quem pode subsistir à tua vista? Desde os céus fizeste ouvir o teu juízo; tremeu a terra e se aquietou, ao levantar-se Deus para julgar e salvar 12 Vi quando o Cordeiro todos os humildes da terra” (Salmo 76:7-9). Terremotos abriu o sexto selo, e servem, às vezes, como instrumentos da ira divina. Isaías sobreveio grande terremoto. profetizou sobre o castigo de Jerusalém: “Do SENHOR dos O sol se tornou negro como Exércitos vem o castigo com trovões, com terremotos, saco de crina, a lua toda, grande estrondo, tufão de vento, tempestade e chamas como sangue, devoradoras” (Isaías 29:6). Representam, também, a força de 13 as estrelas do céu Deus em responder aos pedidos de seus servos oprimidos: “Ao caíram pela terra, como a saíres, ó Deus, à frente do teu povo, ao avançares pelo figueira, quando abalada por deserto, tremeu a terra; também os céus gotejaram à vento forte, deixa cair os presença de Deus, o próprio Sinai se abalou na presença seus figos verdes, de Deus” (Salmo 68:7-8; veja Salmo 18:6-16). Este selo prediz 14 e o céu recolheu-se um ou mais terremotos literais? Pode ser, como instrumento da como um pergaminho ira de Deus, pois ele tem usado, freqüentemente, calamidades da quando se enrola. Então, natureza para castigar os ímpios. Mas não precisamos procurar
todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar. algum terremoto na terra para entender que Deus falou aqui, e que ele prometeu castigo aos opressores.
                          O sol ..., a lua ..., as estrelas..., o céu: Junto com o terremto, a escuridão, também, é uma figura comum de castigo divino. O sol enegrece, a lua se torna em sangue, as estrelas caem, o ceu se recolhe! É a linguagem empregada por Isaías para anunciar o castigo da Babilônia (13:10,13) e de Edom (34:4-5). É a linguagem usada por Joel, quando fala de eventos importantes que iam acontecer na época da igreja primitiva (Joel 2:31). É a linguagem de Jesus quando prediz a destruição de Jerusalém pelos romanos (Mateus 24:29). Quando o Cordeiro abre o selo e vem um terremoto e a escuridão, temos certeza que representa um castigo divino contra os seus inimigos. Da mesma forma que as profecias de Isaías, Joel e Jesus usaram linguagem figurada de terremotos e escuridão das luminárias celestes, o sexto selo fala do castigo daqueles que perseguiam os servos fiéis. Todos os montes e ilhas foram movidos: Nesta continuação da figura do terremoto, ele frisa mais uma vez a força de Deus. Somente um castigo divino teria força suficiente para mover todos os montes e todas as ilhas. Deus sacode o mundo dos perversos! 6:15 –15 Os reis da terra, os Reis, grandes, comandantes, ricos, poderosos, escravos,grandes, os comandantes, livres: A ira do Cordeiro atinge todos os seus inimigos, de cima os ricos, os poderosos e para baixo. Enquanto a ênfase está nos poderosos, até escravos todo escravo e todo livre se participam deste castigo. Em circunstâncias normais, teriam seus esconderam nas cavernas e lugares distintos – de luxo para os poderosos e de simplicidade nos penhascos dos montespara os escravos e pobres. Mas na calamidade, todos procuram refúgio nos mesmos lugares. Qualquer caverna ou abertura numa rocha serviria para tentar fugir do terrível terremoto da ira do Cordeiro.
                                     Lição 14: O Cordeiro Abre os Primeiros Seis Selos (6:1-17) 6 6:16 – E disseram aos montes...: Caí sobre nós: Na sua total angústia, a morte súbita de serem esmagados por um monte seria melhor do que continuar sofrendo a ira de Deus. Veja a linguagem semelhante em Isaías 2:10-11,19-22. Escondei-nos daquele que assenta no trono e da ira do Cordeiro: Mesmo num mundo cheio de todo tipo de sofrimento, 16 e disseram aos montes e “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hebreus aos rochedos: Caí sobre nós 10:31). O sexto selo claramente representa um castigo divino, e escondei-nos da face identificado aqui com o poder do Pai que se assenta no trono daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, (4:2-3) e com a ira do Cordeiro que recebe e abre o livro (5:6-7). Há uma certa ironia em pensar na ira do Cordeiro, um animal manso e inofensivo. Para aqueles que se submetem ao Cordeiro, ele é o Salvador “que tira o pecado do mundo” (João 1:29). Mas para os inimigos que o perseguem e que matam os seus servos, ele mostra ira e poder irresistível. Ele é, ao mesmo tempo, o Cordeiro e o Leão. 6:17 –.
                                       Porque chegou o grande Dia da ira deles: O dia aqui é identificado claramente como um dia de castigo divino. Encontramos várias referências bíblicas a tais dias, sugerindo que podem ser calamidades pessoais, castigos nacionais, ou até o juízo final. Zofar entendeu que o perverso perderia as suas riquezas “no dia 17 porque chegou o grande da ira de Deus” (Jó 20:28-29). O paralelismo de Provérbios Dia da ira deles; e quem é 11:4 sugere que o dia da ira traz a morte. Jeremias chamou a que pode suster-se? destruição de Jerusalém, que ocorreu em 586 a.C., de “dia da ira do SENHOR” (Lamentações 2:22). Sofonias chamou o povo ao arrependimento para poderem evitar o castigo do “dia da ira do SENHOR” (Sofonias 2:2-3). Paulo usou a mesma expressão para identificar o dia “do justo juízo de Deus” em que ele fará separação entre os justos e os perversos (Romanos 2:4-8). O sexto selo não identifica um dia específico de castigo, mas promete a justiça de Deus que traria o devido castigo sobre os perversos.
                                    Quem é que pode suster-se?: Pensando na distinção feita por Paulo em Romanos 2, as únicas pessoas que têm esperança de ficar em pé no dia da ira são os justos e fiéis que confiam no Senhor. Os injustos e cruéis não teriam chance de resistir ao poder de Deus naquele dia. Olhando para o que vem, esta pergunta se torna especialmente importante. Depois de ver os primeiros seis selos abertos, chegando ao sofrimento terrível do sexto, só pode se esperar que o sétimo seja pior ainda.


Conclusão

Se não fosse pela graça de Deus, ninguém teria como sobreviver o dia da ira de Deus. Mas, Jesus já ofereceu consolo aos fiéis, aos vencedores. Antes de abrir o sétimo selo, ele confortará, novamente, os discípulos verdadeiros. Veremos este conforto na próxima lição.




Apocalipse: Lição 15
Os Servos que Pertencem a Deus
(Apocalipse 7:1-17)

Os primeiros seis selos já passaram. O sexto mostrou o desespero total das pessoas castigadas – dos poderosos e ricos até os pobres e escravos. A pergunta no final do capítulo 6 salienta ainda mais a circunstância difícil dos habitantes da terra – “porque chegou o grande Dia daira deles; e quem é que pode suster-se?” (6:17). Se o sexto selo revelou coisas tão terríveis, imagine o que o sétimo traria! Quem é que pode sobreviver a ira do Senhor?O capítulo 7 responde a esta pergunta. Este intervalo entre o sexto e o sétimo selos consola os fiéis.Deus não esqueceu deles, e não abandonaria os seus servos. Ele já providenciou uma maneira de proteger aqueles que lhe pertencem.
                                  Os 144.000 Selados (7:1-8) 7:1 – Quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra: Os anjos não são identificados, mas a tarefa deles fica evidente. Têm poder para danificar a terra (2), mas ainda não receberam a ordem para fazer isso. O trabalho desses anjos claramente se refere à terra. Qualquer interpretação que procura aqui um número fixo de pessoas no céu desrespeita a linguagem óbvia do texto. Além das referências à terra, ao mar, às árvores, 1 Depois disto, vi quatro etc., o número quatro (quatro anjos, quatro cantos, quatro anjos em pé nos quatro ventos) sugere algo relacionado à terra. Os quatro cantos e cantos da terra, conservando quatro ventos representam os quatro pontos cardeais (1 Crônicas seguros os quatro ventos da 9:24; Isaías 11:12; Jeremias 49:36; Ezequiel 7:2; Zacarias 2:6; terra, para que nenhum Mateus 24:31). vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem Conservando seguros os quatro ventos da terra: Neste sobre árvore alguma. intervalo, os quatro anjos estão parados. Estão segurando os ventos, aguardando a ordem. Agir precipitadamente, sem a autorização divina, não caracteriza os servos fiéis do Senhor. Agir sem primeiro ouvir a palavra de Deus traz conseqüências negativas (1 Crônicas 15:13). Não devemos ultrapassar a doutrina de Cristo, escrita para nos guiar (1 Coríntios 4:6; 2 João 9).
                                 Para que nenhum vento soprasse: Ventos aparecem na Bíblia com poder para aliviar o sofrimento dos homens, ou para trazer castigo (Êxodo 10:13,19; 14:21; 15:10; Salmo 11:6; 78:26; Isaías 29:6). Independente da natureza do vento, é algo que demonstra o poder de Deus – “um vento do Senhor” (Números 11:31; Salmo 107:24-25; 135:5-7). Neste contexto, os ventos trarão destruição. Mas, por enquanto, os anjos seguram o poder destrutivo do vento. Ainda não chegou a hora. Deus pretende resolver uma outra questão antes de liberar esta força contra a terra.
Terra, mar, árvore: Estas referências reforçam o fato de esta visão tratar de acontecimentos aqui na terra. Os homens são avisados, mas a natureza vai sofrer, também. Como foi o caso das pragas e das calamidades naturais usadas por Deus para castigar os rebeldes da antiguidade, estes castigos atingirão a terra, o mar e as árvores.7:2 – Vi outro anjo que subiu do nascente do sol: O nascente do sol, a direção de onde vem a luz, representa a habitação de Deus. O tabernáculo abria para o oriente, com Moisés e Arão e seus filhos campados na frente (Números 3:38), e a tribo de Judá acampada ao lado oriental (Números 2:3). 64 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo Assim do ponto de vista do tabernáculo, o Senhor guiava o seu povo do oriente, por meio dos líderes escolhidos (reis de Judá e sacerdotes de Levi). O templo em Jerusalém, também, abria para o lado oriental (Ezequiel 8:16; 10:19; 11:1). Quando Deus abandonou o templo cheio de imundícia, ele foi para o oriente (Ezequiel 11:23). Quando voltou, a glória de Deus veio do oriente (Ezequiel 43:2-4). Este anjo vem de Deus. Do ponto de vista do santuário (o povo de Deus – 1 Coríntios 3:16-17; 1 Timóteo 3:15), o anjo traz alívio: “Mas para vós outros que temeis o justiça, trazendo salvação nas suas asas” (Malaquias 4:2). 2 Vi outro anjo que subia do nascente do sol, tendo o selo do Deus vivo, e clamou em grande voz aos quatro anjos, aqueles aos quais fora dado fazer dano à terra e ao mar, meu nome nascerá o sol da Tendo o selo do Deus vivo: O selo de Deus, mais uma prova que este anjo veio do Senhor. O selo pertencia exclusivamente ao seu dono, e servia para o identificar (Gênesis 38:18,25). A pessoa que segurava o anel de um rei retinha a autoridade para selar decretos e agir como seu representante autorizado (Gênesis 41:42; Ester 3:10; 8:2). O selo também indica posse, que algo ou alguém pertence exclusivamente ao dono do selo (Cântico dos Cânticos 8:6). No Novo Testamento, os discípulos fiéis têm o selo de Deus (2 Coríntios 1:21-23; Efésios 1:13-14; 4:30). Talvez o trecho mais confortante para os que fazem parte do santuário de Deus seja 2 Timóteo 2:19 – “Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem”. Os quatro anjos seguram os ventos da ira de Deus, mas o Senhor jamais esqueceria do seu povo fiel! Clamou...aos quatro anjos, aqueles aos quais fora dado fazer dano à terra e ao mar: O anjo que chega do Senhor traz uma ordem importante para os quatro anjos. Aqui ele confirma o propósito dos ventos que eles seguravam. O poder dos ventos, uma vez liberado, faria dano à terra e ao mar. 7:3 – Não danifiqueis... até selarmos na fronte os servos do nosso Deus: O que detinha o castigo pelos quatro ventos foi a determinação divina de identificar os fiéis para a proteção deles. O verbo plural aqui indica que outros iam ajudar o anjo que veio do oriente. Mais uma vez, Ezequiel nos fornece uma cena parecida, 3 dizendo: Não danifiqueis na sua profecia sobre a destruição de Jerusalém em 586 a.C. nem a terra, nem o mar, nem Quando os executores chegaram para matar as pessoas em as árvores, até selarmos na Jerusalém, Deus mandou na frente um homem que marcou fronte os servos do nosso com um sinal a testa dos fiéis. Os executores seguiam matando Deus. as pessoas que não receberam o sinal (Ezequiel 9:1-8). Aqui também, antes de mandar os ventos executores, Deus manda alguém na frente para marcar, com um selo na testa, os fiéis. Quando chegamos ao capítulo 13, vamos encontrar uma marca da besta, mas somente depois de ver que Deus deu sua marca aos seus servos. O contraste é entre a marca do Deus vivo que viverá para sempre e a marca da besta que seria lançada ao lago de fogo. 7:4 – Foram selados...cento e quarenta e quatro mil de todas as tribos de Israel: Literalmente 144.000? Literalmente de Israel? Precisamente 12.000 de cada
uma das 12 tribos citadas? Poderíamos fazer ainda mais uma 4 Então, ouvi o número dos lista de perguntas para ilustrar o problema com interpretações que foram selados, que era literais deste trecho. Em um livro cheio de símbolos, seria uma cento e quarenta e quatro abordagem errada tentar forçar uma interpretação literal dos mil, de todas as tribos dos detalhes aqui. 144.000 representa o povo de Deus. Doze já é filhos de Israel: conhecido como o número do povo do Senhor, como observamos em 4:4 – doze tribos, doze apóstolos, etc. 12 x 12 x 1.000 enfatiza mais ainda a totalidade dos servos de Deus. Para evitar qualquer dúvida, ele fala de Israel. Desde os comentários de Jesus em João 8:39 em diante, o significado de judeu e israelita Lição 15: Os Servos que Pertencem a Deus (7:1-17) 65 mudou entre os seus discípulos. Enquanto estas palavras ainda podem significar os descendentes, pela carne, de Abraão, freqüentemente identificam os descendentes espirituais desse grande patriarca da fé. Paulo bem disse: “Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus” (Romanos 2:28-29). Em um livro de símbolos, não nos surpreende achar uma referência a Israel espiritual, o povo de Deus. De todas as tribos de Israel? Literalmente, não! A lista que se segue omite uma ou duas tribos. Devemos ver aqui a totalidade do povo de Deus, e não tentar forçar uma interpretação literal, nem da nacionalidade, nem das tribos, nem do número. 7:5-8 – Foram selados doze mil: De cada tribo, doze mil receberam o selo de Deus. As tribos citadas são:
Judá
Naftali
Issacar
Rúben
Manassés
Zebulom
Gade
Simeão
José
Aser
Levi
Benjamim
Quando lemos esta lista, diversas perguntas surgem.
Por que esta ordem? Judá está em primeiro lugar, talvez por ter a primazia e por ser a tribo do Messias. Benjamim, a última, foi a tribo do caçula de Jacó. Mas esta lista não segue a ordem do nascimento dos patriarcas (Gênesis 29:31-35; 30:1-24; 35:16- 18), nem se apresenta segundo as quatro mães dos filhos de 5 da tribo de Judá foram Jacó (Gênesis 35:23-26). selados doze mil; da tribo de Rúben, doze mil; da tribo de Gade, doze mil; 6 da tribo de Aser, doze mil; da tribo de Naftali, doze mil; da tribo de Manassés, doze mil; 7 da tribo de Simeão, doze mil; da tribo de Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil; 8 da tribo de Zebulom, doze mil; da tribo de José, doze mil; da tribo de Benjamim foram selados doze mil. Por que estas tribos? Sabemos que as doze tribos, normalmente, foram vistas como treze. Jacó teve doze filhos homens. Doze receberam herança de terra, excluindo a tribo de Levi, que recebeu 48 cidades e teve Deus como sua herança. Para manter o número de doze na divisão da terra, José foi dividida em duas, Efraim e Manassés. Na lista do Apocalipse 7, Levi está incluída, e o nome de José aparece. Os nomes omitidos são Efraim (um dos filhos de José) e Dã. Nenhuma explicação é dada aqui, mas a história do Velho Testamento sugere um possível motivo. De todas as tribos, Dã e Efraim foram as duas mais ligadas à idolatria. Um dos apêndices do livro de Juízes relata a história de Mica e os danitas, mostrando como a idolatria se tornou comum nesta tribo (Juízes 17-18). No início do reino dividido, Jeroboão, o rei efraimita de Israel, introduziu a idolatria, erigindo bezerros de ouro em Dã e Betel (1 Reis 12:29).
                                  Betel ficava na divisa entre os territórios de Efraim e Benjamim, mas foram os efraimitas que tomaram controle desta cidade no início do período dos juízes (Juízes 1:22-25). Durante o resto da história de Israel, “Efraim” praticamente se tornou sinônimo de “idolatra” (Oséias 4:17; 5:11; 8:11; 13:12). O filho de uma mulher de Dã, também, foi morto por sua blasfêmia na época de Moisés (Levítico 24:10-14). A omissão destas duas tribos pode ser uma maneira de mostrar que Deus expulsaria qualquer tribo manchada com o pecado, especialmente com a idolatria.
                                   É 144.000 o número fixo de pessoas que estarão no céu? Há pessoas que ensinam que este número identifica, literalmente, o número exato de pessoas que estarão no céu. Há muitos problemas com esta interpretação. Observe alguns fatos: ì A visão de 7:1-8 fala dos fiéis na terra, e nada diz sobre o céu até voltar ao trono, a partir de 7:9. Ironicamente, os 144.000 estão na terra e a grande multidão diante do trono celestial, exatamente ao contrário da doutrina que alega 144.000 no céu e a grande multidão na terra. í As pessoas que defendem essa interpretação decidem, por capricho próprio, tratar o 66 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo número como um valor literal, mas consideram os outros aspectos como figuras. Não dizem que os 144.000 são literalmente judeus, ou que a tribo de Dã é literalmente excluída, ou que todos são literalmente homens virgens (veja 14:4). Ou tratemos todos os detalhes como descrições literais, ou reconheçamos a natureza simbólica desta visão, a única maneira coerente de interpretá-la no seu contexto. Os 144.000 são os servos de Deus selados na terra antes de começar os grandes castigos dos quatro ventos. Estes, permanecendo fiéis, iam se encontrar no céu entre os vencedores. A Grande Multidão (7:9-17) 7:9 –Vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar: Algumas interpretações tratam a grande multidão como um grupo distinto dos 144.000. Para alguns, os 144.000 habitam no céu enquanto a grande multidão herda a terra. Para outros, os 144.000 são judeus e a grande multidão, gentios. Parece mais coerente, porém, ver aqui uma progressão que passa dos fiéis na terra aguardando a tribulação aos fiéis no céu depois de passar pela tribulação. Nas próximas linhas, vamos ver as evidências apoiando esta interpretação. De todas as nações, tribos, povos e línguas: Esta grande multidão não consiste em anjos ou outros seres celestiais. São pessoas redimidas de todas as nações – pessoas abençoadas por meio do descendente de Abraão (Gênesis 12:3; Gálatas 3:28-29). Em pé diante do trono e diante do Cordeiro: Somente os vencedores, aqueles justificados pelo sangue do Cordeiro, teriam como se susterem no Dia da ira de Deus para ficar em pé diante do trono (6:17; 7:14). Vestidos de vestiduras brancas: A vestimenta dos vencedores (3:4-5; 6:11). Descobriremos mais sobre essas pessoas nos versículos 13-15. 9 Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; 10 e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação. Com palmas nas mãos: As palmas, ou ramos de palmeiras, identificam para nós o pano de fundo desta cena. Levítico 23:33- 43 descreve a Festa dos Tabernáculos. Nesta festa anual, o povo se alegrava perante o Senhor em lembrar da libertação do Egito e do seu tempo com Deus, habitando em tendas, no deserto. Esta festa era comemorada logo após o Dia da Expiação (Levítico 23:26-32). Foi numa Festa dos Tabernáculos que Jesus ofereceu a água da vida ao povo (João 7:37-39). Lembramos, também, das festividades e dos ramos de palmeiras quando Jesus entrou em Jerusalém (João 12:13). 7:10 – Clamavam em grande voz: A voz da multidão de vencedores. Ao nosso Deus ... e ao Cordeiro pertencem a salvação: O louvor é direcionado ao Pai que se assenta no trono, e ao Cordeiro, que se mostrou digno. A salvação é possível somente por intervenção divina, somente pelo plano de Deus e o sacrifício do Cordeiro. 11 Todos os anjos estavam 7:11 – de pé rodeando o trono, os anciãos e os quatro seres viventes, e ante o trono se prostraram sobre o seu rosto, e adoraram a Deus, Todos os anjos ... os anciãos e os quatro seres viventes... adoraram a Deus: As cenas anteriores de louvor iniciaram com os seres viventes e irradiaram pelos anciãos aos anjos e às multidões (4:8-11; 5:8-13,14). Esta vez, a seqüência é invertida. Começa com a grande multidão dos redimidos da terra, passa pelos anjos e chega aos anciãos e seres viventes. É interessante observar que a vinda de Jesus ao Lição 15: Os Servos que Pertencem a Deus (7:1-17) 67 mundo e a nossa redenção são motivos de louvor, não somente entre nós, mas entre os seres celestiais (Hebreus 1:6; Efésios 3:9-11; Lucas 15:7,10). 7:12 – 12 dizendo: Amém! O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graças, e a honra, e o poder, e a força sejam ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém! Amém! O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graças, e a honra, e o poder, e a força...: O Deus perfeito merece toda a honra e adoração. Aqui, como em 5:12, encontramos sete palavras de expressão de louvor. A única diferença é a inclusão de “ações de graças” no lugar de “riqueza”. Certamente, a riqueza das bênçãos espirituais recebidas de Deus são motivo para oferecer ações de graças. 7:13 – Um dos anciãos tomou a palavra: A impressão é que João ainda estava no mesmo lugar onde se encontrou em 5:5, quando um dos anciãos o consolou. Agora, um deles inicia novamente a conversa com ele, esta vez usando uma pergunta para ajudar o apóstolo a se focalizar no  significado da visão.13 Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que
se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram?
                                    Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram?: Baseado nas mensagens às igrejas, João já poderia ter uma noção. Ele certamente teria lembrado das almas debaixo do altar no quinto selo (6:9-11). Mas a pergunta do ancião dá ocasião para ele tirar as suas dúvidas. 7:14 – Respondi-lhe, meu Senhor, tu o sabes: João mostra, ao mesmo tempo, humildade e curiosidade. Ele chama o ancião de Senhor, não para alegar sua divindade (pois obviamente não é Deus), mas como expressão de respeito. É semelhante ao uso comum da palavra “senhor” para identificar um homem mais velho ou, por outro motivo, merecedor de respeito e educação especial. João não ousava responder à pergunta. Ele aguardou a orientação do seu professor. São estes os que vêm da grande tribulação: O ancião já sabia a resposta, e não demora em ajudar João a entender a visão. A palavra vêm mostra que pessoas ainda estavam chegando ao céu da grande tribulação. Que grande tribulação? O sexto selo falou de sofrimento terrível, e a primeira visão deste intervalo falou de selar os servos de Deus. Aqui, percebemos que os selados não seriam protegidos do sofrimento na terra, até enfrentariam horríveis perseguições. Poderiam até sofrer a morte física, mas seriam protegidos da segunda morte (2:11). Novamente, somos obrigados a respeitar os limites de tempo que estudamos nas primeiras lições. Interpretações que dizem que esta grande tribulação começará em algum momento futuro destorcem o sentido do trecho, e usam o livro para apoiar doutrinas humanas. Alguns, devido, em parte, à linguagem similar, pensam na profecia de Mateus 24:21. Aquela profecia falou da destruição de Jerusalém, que ocorreu no ano 70 d.C. Alguns outros detalhes sobre a data do Apocalipse serão tratados em outras lições. Por enquanto, basta lembrar cada leitor de alguns fatos: ì Esta mensagem foi enviada primeiramente às igrejas na Ásia, não aos santos em Jerusalém; í Jesus já falou de tribulação na carta à igreja de Esmirna (2:10); î Os selos anteriores falaram de castigos que atingiriam a terra com seus reis e poderosos, figuras que vão além de Jerusalém; ï A primeira visão deste intervalo falou dos quatro cantos e quatro ventos, sugerindo um castigo abrangente. 14 Respondi-lhe: meu Lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Senhor, tu o sabes. Ele, cordeiro: Sangue causa manchas que, às vezes, são difíceis de então, me disse: São estes tirar de uma roupa. Nenhum processo humano usaria sangue os que vêm da grande para alvejar uma roupa. É só Deus que consegue fazer isso. O tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro justifica, lava, purifica e deixa a roupa branca sangue do Cordeiro, como a neve. 68 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
7:15 – Razão por que se acham diante do trono de Deus: Jesus chegou ao trono de Deus por sua própria dignidade. Venceu a morte na sua própria justiça. Esses vencedores chegam ao trono pelo sangue de Jesus. A dignidade do homem não vem de si mesmo, mas da justiça do sacrifício perfeito e eficaz – o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! 15 razão por que se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo. E o servem de dia e de noite no seu santuário: Não somente os quatro seres viventes (4:8), mas todos os vencedores servem a Deus de dia e de noite. O ponto aqui não é somente o fato de eles o servirem, mas o motivo e o lugar. Servem a Deus porque o sangue de Jesus os salvou. Ele é digno de adoração porque foi morto e comprou para Deus um povo santo. Este povo adora eternamente por causa do sacrifício dele. Este serviço é oferecido no santuário de Deus. Os vencedores, como sacerdotes de Deus, têm o privilégio de entrar no santuário para oferecer sacrifícios por intermédio de Jesus Cristo (1:6; 5:10; 20:6; 1 Pedro 2:5). Aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo: A presença do tabernáculo do Senhor significa a sua aceitação do povo (Levítico 26:11). Quando o tabernáculo foi erguido no deserto, a glória de Deus o encheu (Êxodo 40:34-35). Deus faz o seu tabernáculo com os homens quando estes estão em comunhão com ele (21:3; veja João 1:14; 14:23). Ele estende a sua tenda para acolher e proteger os fiéis. 7:16 – Jamais terão fome, nunca mais terão sede: Na proteção de Deus, todas as necessidades dos vencedores serão supridas. Os perseguidos, que sofriam na terra, seriam sustentados por Deus no tabernáculo dele. A fome é citada no Velho Testamento, muitas vezes, junto com a peste e a espada, como castigo divino 16 Jamais terão fome, (Jeremias 21:9; 24:10; Ezequiel 6:11). A fome e a sede foram nunca mais terão sede, não características do cativeiro do povo rebelde (Isaías 5:13). Os cairá sobre eles o sol, nem vencedores, na tenda de Deus, seriam isentos desse sofrimento. ardor algum, Não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum: A luz do sol, freqüentemente, representa a presença de Deus e da verdade. Aqui o sentido é outro. O sol queima, e o homem precisa de proteção dele. Qualquer pessoa que morava ou viajava pelos desertos do Oriente Médio entenderia perfeitamente esta necessidade de se protegerem do sol ardente. A tenda de proteção dos fiéis é o próprio Senhor (veja Salmo 121:3-8; Isaías 49:10). Os vencedores não são destruídos pela ira ardente do Senhor (Malaquias 4:1). 7:17 – O Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará: Jesus, que está no Santo dos Santos, à destra do Pai. Ele que é digno de revelar e executar a vontade de Deus é o mesmo Pastor que cuida dos vencedores. A Bíblia usa vários termos interessantes, quase contraditórios para os homens, para 17 pois o Cordeiro que se descrever Jesus e seu trabalho. Ele é Leão e Cordeiro, Sacerdote encontra no meio do trono e Sacrifício, Cordeiro e Pastor. O sangue dele tira manchas e os apascentará e os guiará alveja as roupas sujas dos homens. para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará Este versículo, como o anterior, vem da linguagem de Isaías dos olhos toda lágrima. 49:10, que profetiza sobre o papel do Servo do Senhor na salvação dos homens: “Não terão fome nem sede, a calma nem o sol os afligirá; porque o que deles se compadece os guiará e os conduzirá aos mananciais das águas.” Jesus se compadece do homem, e o leva aos mananciais da água da vida (Marcos 1:41; Mateus 11:28-30; João 4:14). Lição 15: Os Servos que Pertencem a Deus (7:1-17) 69 E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima: Deus enxuga as lágrimas pela vitória sobre a morte (Isaías 25:8). Jesus, na sua vitória na cruz, nos livrou dos laços da morte (Hebreus 2:15; 1 Coríntios 15:54-55; Romanos 8:2). Os servos fiéis esperam a vitória final sobre a morte (21:4).


Conclusão
Os primeiros seis selos estavam cheios de morte e sofrimento. Mas o intervalo do capítulo 7 é uma mensagem de vida e esperança. Deus protege os fiéis e dá a vida eterna para aqueles que vencem o inimigo. Ainda sem saber o que vem pela frente, os discípulos do Senhor podem confiar totalmente nele. Ele é a fonte da vida que cuida do seu povo e o protege na sua tenda.



Apocalipse: Lição 16
As Primeiras Quatro Trombetas
(Apocalipse 8:1-13)

Ainda aguardamos o sétimo selo. Os primeiros seis foram abertos no capítulo 6, e o sexto foi especialmente severo. O intervalo do capítulo 7 nos assegurou da proteção dos fiéis. Chegamos ao capítulo 8, esperando a abertura do sétimo selo. Ao invés de nos trazer, de uma vez, ao fim da revelação do plano de Deus, o sétimo selo abre uma outra série de sete. Este capítulo relata os acontecimentos resultantes quando os anjos tocam as primeiras quatro de sete trombetas. O Cordeiro Abre o Sétimo Selo (8:1-6) 8:1  O Cordeiro abriu o sétimo selo: Depois do intervalo do capítulo 7, o Cordeiro volta ao último selo. Houve silêncio no céu cerca de meia hora: Aumentando ainda mais a expectativa dos ouvintes, este selo abre com silêncio. Nenhum ser vivente fala. Não se ouve o clamor das almas dos mártires. Não há nenhum terremoto – por enquanto. Silêncio. Novamente, a apresentação dramática destaca a importância da revelação e da reverência devida a Deus. Moisés, em um de seus discursos 1 Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio finais a Israel, disse: “Guarda silêncio e ouve, ó Israel! Hoje, no céu cerca de meia hora. vieste a ser povo do SENHOR, teu Deus. Portanto, obedecerás à voz do SENHOR, teu Deus, e lhe cumprirás os mandamentos e os estatutos que hoje te ordeno” (Deuteronômio 27:9-10). Quando Habacuque questionou a execução da justiça de Deus e ouviu as advertências dirigidas aos malfeitores, ele ouviu a proclamação que “O SENHOR ... está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra” (Habacuque 2:20). O silêncio diante de sofrimento reflete a confiança em Deus: “Bom é aguardar a salvação do Senhor, e isso, em silêncio” (Lamentações 3:26). 8:2 – 2 Então, vi os sete anjos que se acham em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas.
                    Então, vi os sete anjos que se acham em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas: De novo, fica claro que Deus manda e que as revelações das trombetas vêm do Senhor. Sete anjos em pé diante do trono do Senhor recebem as trombetas. Trombetas tinham diversas funções no Antigo Testamento (Números 10:1-10). Dois usos têm significado relevante aqui. Serviam para soar o alarme no caso de guerra, e para convocar a multidão ao santuário de Deus. As sete trombetas vão anunciar guerras divinas contra os ímpios. 8:3 – Outro anjo ... ficou de pé junto ao altar: O altar de incenso, que ficava diante do trono de Deus. Incensário de ouro, ... muito incenso ... orações de todos os santos: Este anjo age como se fosse um sacerdote levando o incenso e as orações ao trono do Senhor. Foi uma das responsabilidades importantes dos sacerdotes levitas no Velho Testamento (Êxodo 30:7-9). O sangue sacrificial e o incenso aromático serviam para evitar a morte dos servos de Deus (Levítico 16:11-14; Números 16:46). Lição 16: As Primeiras Quatro Trombetas (8:1-13) 3 Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono; 71 4 e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos. 8:4 – Subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos: Davi falou para o Senhor: “Suba à tua presença a minha oração, como incenso” (Salmo 141:2). As taças de incenso representam as orações dos santos (5:8). O anjo entrega as orações, que sobem à presença de Deus. 8:5 – O anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra: O incensário servia para levar as petições dos santos ao Senhor. Agora, serve também para trazer uma resposta divina! Se os santos pedem justiça (6:10), é justiça que verão! O anjo enche o incensário do fogo do altar e o atira à terra. Encontramos uma cena semelhante em Isaías 6, onde um serafim tira uma brasa do altar para purificar o profeta (Isaías 6:6-7). A purificação que segue no Apocalipse vem por meio do castigo dos ímpios. Fogo do céu tem duas funções na Bíblia: ì Consumir os sacrifícios 5 E o anjo tomou o oferecidos ao Senhor (1 Crônicas 21:26; 2 Crônicas 7:1), e incensário, encheu-o do fogo í Castigar os inimigos de Deus (2 Reis 1:10,12; Lucas 9:54). do altar e o atirou à terra.
                   E Podemos ver aqui os dois sentidos, pois a morte dos inimigos de houve trovões, vozes, Deus apazigua a ira divina. relâmpagos e terremoto. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto: Os servos aguardam em silêncio, e Deus responde com trovões, vozes, relâmpagos e terremoto! Asafe escreveu: “Vem o nosso Deus e não guarda silêncio; perante ele arde um fogo devorador, ao seu redor esbraveja grande tormenta. Intima os céus lá em cima e a terra, para julgar.... Os céus anunciam a sua justiça, porque é o próprio Deus que julga. Escuta, povo meu, e eu falarei.... Eu sou Deus” (Salmo 50:3-7). 6 Então, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar. 8:6 – Então, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar: O sétimo selo revela as sete trombetas. Este versículo é a transição que introduz a próxima série de sete. Os sete selos foram divididos em quatro (anunciados pelos quatro seres viventes) e três, com um intervalo entre o sexto e o sétimo que mostrou a proteção divina para os fiéis. De modo semelhante, as trombetas podem ser divididas em quatro e três (estas últimas chamadas de ais). Depois do anjo tocar a sexta trombeta, encontramos cenas diferentes que tratam da missão de João, da proteção dos fiéis, e da vitória das testemunhas do Senhor. Sete Selos: o n 144.000; Grande Multidãoa ò Sete Trombetas: (Três Ais): ð ñ ©Livrinho, Santuário, Testem unhas a  ò A Primeira Trombeta (8:7) 8:7 – O primeiro anjo tocou a trombeta: Cada uma das sete trombetas será tocada por um dos anjos apresentados no versículo 2. 72 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo Houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados à terra: A primeira trombeta nos lembra das pragas usadas para castigar os egípcios. Na sétima praga, caiu “chuva de pedras e fogo misturado com a chuva de pedras” (Êxodo 9:24). Na primeira, as águas se tornaram em sangue (Êxodo 7:17). 7 O primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados à terra. Foi, então, queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde. Foi, então, queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde: Ainda não chegamos ao castigo total ou final, pois esta trombeta fala da destruição da terça parte da terra, especificamente das plantas. A terça parte é citada em outros castigos desta série (veja 8:8,9,10,11,12; 9:15,18). A Segunda Trombeta (8:8-9) 8:8 – 8 O segundo anjo tocou a trombeta, e uma como que grande montanha ardendo em chamas foi atirada ao mar, cuja terça parte se tornou em sangue, Uma como que grande montanha ardendo em chamas foi atirada ao mar: Observamos aqui o poder de Deus. Somente o Senhor tem tal poder sobre montanhas. Deus cria os montes e pode pisar os altos (Amós 4:13). É Deus que pode queimar uma montanha em julgamento (Miquéias 1:3-5), ou até atirá-la no mar para cuidar dos seus servos (Mateus 21:21). Deus deu a Zorobabel a vitória sobre o grande monte (Zacarias 4:7). Quando Deus revelou as suas intenções de castigar a Babilônia, ele usou linguagem semelhante à da segunda trombeta: “Eis que sou contra ti, ó monte que destróis, diz o SENHOR, que destróis toda a terra; estenderei a mão contra ti, e te revolverei das rochas, e farei de ti um monte em chamas. De ti não se tirarão pedras, nem para o ângulo nem para fundamentos, porque
te tornarás em desolação perpétua, diz o SENHOR” (Jeremias 51:25-26).
                     Montanhas freqüentemente representam autoridades ou reinos (Isaías 2:2). O mar servia como um dos principais meios de comércio (Isaías 23:2; Ezequiel 27:3). Neste sentido, a segunda trombeta pode sugerir um castigo que atinge a economia. O mar, também, pode representar os povos do mundo (Salmo 98:7; Isaías 23:11; 41:5; Ezequiel 26:16-18; Daniel 7:2-3). O castigo aqui seria a derrota de uma grande autoridade, atingindo os povos da terra. Cuja terça parte se tornou em sangue: Novamente, ele usa linguagem da primeira praga no Egito (Êxodo 7:17). É um castigo grave, mas não total. 8:9 – 9 e morreu a terça parte da criação que tinha vida, existente no mar, e foi destruída a terça parte das embarcações. E morreu a terça parte da criação que tinha vida,...e foi destruída a terça parte das embarcações: O mar está cheio de vida, mas esta trombeta destrói um terço das criaturas do mar. Também afeta o comércio, destruindo um terço das embarcações. Na época do Novo Testamento, os romanos dominavam um império construído pelo controle do Mar Mediterrâneo. A expansão do poder romano durante quase quatro séculos havia garantido domínio sobre as principais rotas comerciais entre três continentes – a Europa, a Ásia e a África. Uma praga que destrói a terça parte das embarcações deixaria o império aleijado e enfraquecido.
                             A Terceira Trombeta (8:10-11) 8:10 – Caiu do céu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas uma grande estrela: A terceira desta série de castigos usa uma estrela para atingir as águas doces que os homens precisam para beber. As estrelas, como parte da criação.
                                Lição 16: As Primeiras Quatro Trombetas (8:1-13) 10 O terceiro anjo tocou a trombeta, e caiu do céu sobre a terça parte dos rios,  e sobre as fontes das águas uma grande estrela, ardendo como tocha. 73 de Deus, lhe servem (Salmo 148:3). Ele tem poder para usar as estrelas nas suas batalhas a favor dos fiéis (Juízes 5:20) e como instrumentos de castigo (Mateus 24:29; Apocalipse 6:13). O efeito desta estrela é a poluição da terça parte dos rios e das fontes de água. 11 O nome da estrela é Absinto; e a terça parte das águas se tornou em absinto, e muitos dos homens morreram por causa dessas águas, porque se tornaram amargosas. 8:11 – O nome da estrela é Absinto: A erva absinto representa amargura (Lamentações 3:15,19), especialmente o veneno de castigo divino (Provérbios 5:4; Jeremias 9:15; 23:15). Aqui, Deus ataca as águas potáveis, nos lembrando do efeito da primeira praga no Egito (Êxodo 7:20-21). Quando Deus abençoou o seu povo, ele tornou doces as águas amargas (Êxodo 15:25-26). Aqui, ele faz ao contrário para castigar os ímpios. A Quarta Trombeta (8:12) 8:12 –
Foi ferida a terça parte do sol, da lua e das estrelas, para que a terça parte deles ... não brilhasse: A linguagem usada para descrever o efeito da quarta trombeta é típica de profecias de visitações divinas, pois Deus controla os corpos celestes (Isaías 40:26; Jeremias 31:35). Isaías transmitiu a profecia contra a 12 O quarto anjo tocou a Babilônia: “Porque as estrelas e constelações dos céus trombeta, e foi ferida a terça não darão a sua luz; o sol, logo ao nascer, se escurecerá, parte do sol, da lua e das e a lua não fará resplandecer a sua luz” (Isaías 13:10). estrelas, para que a terça Ezequiel usou a mesma linguagem na profecia contra Faraó, rei parte deles escurecesse e, do Egito (Ezequiel 32:7). Joel a empregou nas suas descrições de na sua terça parte, não castigos divinos (Joel 2:10; 3:12). Como nos cumprimentos das brilhasse, tanto o dia como profecias do Velho Testamento, a profecia da quarta trombeta também a noite. não é do fim do mundo. Descreve um castigo de pessoas aqui na terra. O fato de envolver a terça parte do sol, da lua e das estrelas confirma a interpretação de um castigo parcial. O Aviso da Vinda das Últimas Três Trombetas (8:13) 8:13 – Então, vi e ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu: Os sete selos foram divididos, com uma série de quatro seguida por outra série de três. As trombetas são divididas da mesma maneira. Já passaram quatro. Agora, 13 Então, vi e ouvi uma uma águia anuncia a vinda das últimas três, evidentemente mais águia que, voando pelo meio severas do que as primeiras. A águia é conhecida universalmente do céu, dizia em grande voz: como um forte predador, aqui voando pronta para descer e Ai! Ai! Ai dos que moram na tomar a sua presa. terra, por causa das restantes vozes da trombeta Ai! Ai! Ai dos que moram na terra, por causa das restantes dos três anjos que ainda têm vozes da trombeta dos três anjos que ainda têm de tocar!: de tocar! A palavra “ai” demonstra dor ou lamento. Repetida três vezes, sugere dor extrema, um pré-anuncio dos castigos mais severos por vir. Novamente, a mensagem se aplica às pessoas na terra.

Conclusão:

As primeiras quatro trombetas anunciaram terríveis castigos divinos sobre a terra. O que virá nas últimas três trombetas (nos capítulos 9, 10 e 11), será ainda mais aterrorizante do que as aflições que já passaram. Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo






Apocalipse: Lição 17
A Quinta e a Sexta Trombetas
(Apocalipse 9:1-21)

Depois do quarto anjo tocar a sua trombeta e os corpos celestes escurecerem, passou uma águia avisando sobre as últimas três trombetas. Ela clamou: “Ai! Ai! Ai dos que moram na terra....” As últimas três trombetas são os três ais. Esta lição fala sobre os primeiros dois deles. A Quinta Trombeta: O Primeiro Ai (9:1-12) 9:1 – Vi uma estrela caída do céu na terra: João já viu uma estrela caindo do céu (8:10), mas agora ele vê uma que já caiu. Esta estrela representa uma pessoa, pois recebe a chave do poço do abismo. Estrelas são usadas na Bíblia, às vezes, para representar autoridades (Números 24:17; Daniel 8:10; Mateus 24:29). Uma 1 O quinto anjo tocou a estrela caída seria uma pessoa de autoridade punida ou trombeta, e vi uma estrela derrotada, como aconteceu com o rei da Babilônia (Isaías 14:12). caída do céu na terra. E Quando Jesus demonstrou seu poder sobre os demônios, os  foi-lhe dada a chave do poço servos do diabo, ele disse: “Eu via Satanás caindo do céu do abismo.como um relâmpago” (Lucas 10:18). Em Apocalipse 12, presenciaremos a derrota de Satanás na batalha no céu,
resultando na expulsão do diabo (12:7-9). Tudo sugere que a estrela caída aqui seja o próprio Satanás.
Observamos o contraste entre o diabo, a estrela caída que traz trevas, e Jesus, a “brilhante Estrela da manhã” (22:16). Satanás recebe a chave do poço do abismo, mas Jesus segura a chave da morte e do inferno (1:18). Não há dúvida sobre a superioridade do poder do Cordeiro! E foi-lhe dada a chave do poço do abismo: A chave representa autoridade, e aqui Satanás recebe autoridade sobre o poço do abismo. O diabo age dentro dos limites estabelecidos por Deus (Jó 1:12; 2:6). Aqui, ele tem autoridade sobre as criaturas da região infernal, a região dos demônios (Lucas 8:31). O Destruidor é o rei do abismo (9:11). É do abismo que subirá a besta para perseguir e matar os servos de Deus (11:7; 17:8). Mais tarde, o abismo servirá como a prisão de Satanás (20:1-3,7). 9:2 – Subiu fumaça ... escureceu-se o sol e o ar: Esta estrela traz trevas, não luz. Quando ela abre o poço do abismo, sobe tanta fumaça que escurece a terra. As trevas são a ausência da luz. “Deus é luz, e não há nele treva nenhuma” (1 João 1:5). O trabalho do diabo sempre tem sido de ocultar a luz de Deus, tentando manter o mundo nas trevas (2 Coríntios 4:3-4; Mateus 4:16; João 3:19; Atos 26:18; Efésios 5:8,11; Colossenses 1:13; 1 Pedro 2:9). Aqui, ele abre o poço do abismo 2 Ela abriu o poço do e o mundo se escurece. Ele traz as trevas do erro e da iniqüidade abismo, e subiu fumaça do para enganar os homens e os manter longe de Deus. No sentido poço como fumaça de que Deus permite este trabalho de Satanás, que ele lhe deu a grande fornalha, e, com a chave, percebemos que Deus permite os homens a serem fumaceira saída do poço, castigados com o engano e as mentiras, conseqüências do escureceu-se o sol e o ar. próprio pecado. Paulo disse que “Deus entregou tais homens à imundícia ... pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira.... E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável” (Romanos 1:24-28). A ignorância que vem como resultado do pecado é, de certa forma, um castigo divino! 76 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo 9:3 – 3 Também da fumaça saíram gafanhotos para a terra; e foi-lhes dado poder como o que têm os escorpiões da terra, Saíram gafanhotos para a terra: Leitores do Antigo Testamento entendem bem que gafanhotos são usados em pragas divinas. A oitava praga no Egito foi a invasão pelos gafanhotos (Êxodo 10:1-20). Gafanhotos aparecem entre as pragas citadas na oração de Salomão na dedicação do templo (1 Reis 8:37) e como exemplo de praga na aliança de Deus com o filho de Davi (2 Crônicas 7:13). Veja outros exemplos em Amós 7:1-3 e Joel 1:4. Foi-lhes dado poder como ... escorpiões: Os gafanhotos da quinta trombeta, porém, não são insetos que devoram plantações. Eles recebem veneno como o de escorpiões para atacar homens. Serpentes e escorpiões representam o poder do diabo (Lucas 10:19). 9:4 – Foi-lhes dito que não causassem dano à erva da terra, nem a qualquer coisa verde, nem a árvore alguma: Esta praga de gafanhotos, com seus ferrões venenosos, atingiria homens, não plantas! Os gafanhotos são instruídos a não prejudicar nenhum tipo de planta. 4 e foi-lhes dito que não causassem dano à erva da terra, nem a qualquer coisa verde, nem a árvore alguma e tão-somente aos homens que não têm o selo de Deus sobre a fronte. Tão-somente aos homens que não têm o selo de Deus: As vítimas deles são homens, mas somente os homens que não pertencem a Deus (7:3-8). Os homens atingidos por esta praga são aqueles que vivem nas trevas, que seguem o Diabo e suas mentiras, que perseguem os fiéis. Os servos de Deus são protegidos. O fato que esta praga afeta os homens na terra (9:3) serve como mais uma prova de que os 144.000 são servos de Deus na terra, não no céu. 9:5 – Não que os matassem, e sim que os atormentassem durante cinco meses: O efeito deste castigo não é a morte, e sim o tormento. Dura cinco meses, mostrando que o período do castigo seria determinado e limitado por Deus. Esta praga não é fatal nem final. Não causa a morte, mas traz grande sofrimento aos ímpios. 5 Foi-lhes também dado, não que os matassem, e sim que os atormentassem durante cinco meses. E o seu tormento era como tormento de escorpião quando fere alguém. O seu tormento era como tormento de escorpião quando fere alguém: O escorpião raramente mata o homem, mas o seu veneno causa dor intensa e ataca o sistema nervoso. Os opressores do povo de Deus sofreriam muita dor, mas não seriam mortos – por enquanto. 9:6 – Os homens buscarão a morte e não a acharão: Esta frase frisa a intensidade do sofrimento. A morte seria considerada um alívio da dor infligida pelos escorpiões. Jó expressou o mesmo sentimento durante a sua aflição (Jó 3:20-22), e Jeremias usou linguagem semelhante para descrever o sofrimento de Judá (Jeremias 8:3). 6 Naqueles dias, os homens buscarão a morte e não a acharão; também terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá deles. Terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá deles: Novamente, ele enfatiza a natureza desta praga. Os gafanhotos do abismo não receberam autoridade para matar, mas causam sofrimento terrível. Mesmo procurando a morte, os homens não conseguem escapar desta praga (veja 6:16). Lição 17: A Quinta e a Sexta Trombetas (9:1-21) 77 9:7 – O aspecto dos gafanhotos era semelhante a...: A descrição da aparência dos gafanhotos nos lembra de Joel 1:4,6; 2:4-10. São opressores terríveis, inimigos fortes que vêm com uma força quase irresistível contra os homens. Cavalos preparados para a peleja: A cavalaria deu uma vantagem enorme aos exércitos antigos (1 Reis 20:1; 2 Reis 6:15). Salomão importava cavalos do Egito para fortalecer a defesa de Israel (2 Crônicas 9:28). Os homens sempre enfrentavam a tentação de confiar na sua força militar, representada por cavalos, ao invés de confiar em Deus (Salmo 20:7; Isaías 31:1). Cavalos aparecem freqüentemente nas figuras proféticas de castigo e destruição: “Eis aí que sobe o destruidor como nuvens; os seus carros, como tempestade; os seus cavalos são mais ligeiros do que as águias. Ai de nós! Estamos arruinados!” (Jeremias 4:13; veja 6:23; 8:16; 47:3; 50:42; 51:27; Ezequiel 26:11; Naum 3:2; Habacuque 1:8). 7 O aspecto dos gafanhotos era semelhante a cavalos preparados para a peleja; na sua cabeça havia como que coroas parecendo de ouro; e o seu rosto era como rosto de homem; Como que coroas parecendo de ouro: Esta é a única vez que a palavra stephanos, a coroa da vitória, aparece em relação aos ímpios. Em todos os outros casos, mostra a vitória de Cristo ou dos santos. Aqui, os servos do diabo dão a impressão de ser vitoriosos, mas a própria linguagem sugere uma falsa vitória: “como que coroas parecendo de ouro”. Os servos do inimigo podem imitar a vitória dos santos, mas jamais terão a vitória final.
                                 O seu rosto era como rosto de homem: Figuras de animais ou insetos com características humanas normalmente sugerem a inteligência. Estes servos do diabo são seres inteligentes, capazes de agir conforme as instruções do seu líder. 9:8 – Cabelos, como cabelos de mulher: Qualquer explicação reconhece uma criatura estranha. Não são gafanhotos comuns! Os cabelos da mulher representam sua submissão (1 Coríntios 11:15). Pode significar a submissão dos gafanhotos a Satanás. Cabelos femininos sugerem, também, a beleza, um aspecto mais suave 8 tinham também cabelos, do que a aparência das outras características. O diabo usa coisas como cabelos de mulher; os que parecem boas, inofensivas e atraentes para conquistar sua seus dentes, como dentes presa, e depois ataca com a astúcia (rosto de homem) e força de leão;  (dentes de leão). Dentes, como dentes de leão: Mais uma figura do poder destrutivo desses gafanhotos do abismo. Podem usar a inteligência e a beleza para seduzir, mas mordem com a ferocidade de um leão (1 Pedro 5:8). 9:9 – Couraças, como couraças de ferro: Estes guerreiros do diabo estão preparados para a guerra. Eles têm condições de se defenderem na batalha contra os homens. Mesmo quando os homens resistem, os servos do diabo lutam para vencê-los. Satanás sempre tem mais um argumento, mais uma tentação, mais um ângulo de ataque (considere os exemplos de Eva em Gênesis 3 e de Jesus em Mateus 4). Nunca devemos subestimar o poder do inimigo na batalha espiritual (Gênesis 4:7). 9 tinham couraças, como couraças de ferro; o barulho Por outro lado, não precisamos nos render ao inimigo. A que as suas asas faziam era armadura de Deus é mais forte, garantindo aos fiéis a vitória como o barulho de carros de sobre o pecado e sobre o diabo (Efésios 6:10-17; 2 Coríntios 10: muitos cavalos, quando 3-6; Romanos 8:31-39; lembre-se das promessas aos vencedores correm à peleja; nas cartas às sete igrejas). 78 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo O barulho que as suas asas faziam era como o barulho de carros de muitos cavalos: Aumentando ainda mais a imagem de poder destrutivo quase irresistível, ele descreve o barulho da chegada dos gafanhotos. 9:10 – Cauda, como escorpiões, e ferrão...poder para causar dano aos homens, por cinco meses: Este versículo repete as informações dadas nos versículos 3 a 5. Os gafanhotos com ferrões de escorpiões causariam sofrimento entre os homens durante cinco meses. 10 tinham ainda cauda, como escorpiões, e ferrão; na cauda tinham poder para causar dano aos homens, por cinco meses; 9:11 – Seu rei, o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom: Parece que o anjo do abismo e a estrela caída que recebeu a chave do poço do abismo são a mesma pessoa, Satanás. Se não for o próprio diabo, certamente seria um servo dele com poder sobre outros servos. O nome é dado em dois 11 e tinham sobre eles, idiomas, e o sentido é o mesmo – Destruição ou Destruidor. Este como seu rei, o anjo do versículo é o único no Novo Testamento que usa estas palavras. abismo, cujo nome em A palavra hebraica aparece algumas vezes no Antigo Testamento hebraico é Abadom, e em em referência à morte e à destruição (veja Jó 26:6; 28:22; 31:12; grego, Apoliom. Salmo 88:11; Provérbios 15:11; 27:20). Deus cria, dá vida, edifica, causa crescimento, etc. O diabo destrói e provoca o sofrimento e a morte. “Ele foi homicida desde o princípio” (João 8:44). 9:12 –
12 O primeiro ai passou. Eis O primeiro ai passou....vêm ainda dois ais: As últimas três que, depois destas coisas, trombetas são os três ais anunciados pela águia (8:13). O vêm ainda dois ais. primeiro ai – a quinta trombeta – passou. Neste ai percebemos o poder destrutivo do pecado, a arma principal do anjo do poço do abismo. O pecado provoca sofrimento e tormento, mesmo antes dos homens chegarem à morte. Entendendo a quinta trombeta desta maneira, podemos ver aqui os efeitos de decadência, perversão e corrupção que vêm de dentro – uma sociedade pecaminosa se destruindo na iniqüidade. Ainda aguardamos mais dois ais – as sexta e sétima trombetas (veja 11:14). A Sexta Trombeta: O Segundo Ai (9:13-21) 9:13 – O sexto anjo tocou a trombeta: Ele anuncia a mensagem da sexta trombeta. 13 O sexto anjo tocou a trombeta, e ouvi uma voz procedente dos quatro ângulos do altar de ouro que se encontra na presença de Deus, Ouvi uma voz procedente dos quatro ângulos do altar de ouro: É o mesmo altar que encontramos no sétimo selo (8:3-5), o altar do incenso que pertence ao Santo dos Santos (Hebreus 9:3-4). As trombetas são respostas divinas às orações dos santos. A voz procede dos ângulos ou chifres do altar (veja a descrição do altar do incenso, em Êxodo 37:25- 28). 9:14 – O sexto anjo, o mesmo que tem a trombeta: A voz do altar manda o anjo que acabou de tocar a trombeta agir.
                         Lição 17: A Quinta e a Sexta Trombetas (9:1-21) 14 dizendo ao sexto anjo, o mesmo que tem a trombeta: Solta os quatro anjos que se encontram atados junto ao grande rio Eufrates.
79 Solta os quatro anjos que se encontram atados junto ao grande rio Eufrates: A destruição da quinta trombeta veio de dentro. A sexta anuncia castigo que vem de fora. O rio Eufrates, de onde vieram antigos inimigos de Israel e Judá, representa a força militar de um poder invasor usado por Deus como instrumento de castigo: “Eis que o Senhor fará vir sobre eles as águas do Eufrates, fortes e impetuosas, isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória; águas que encherão o  leito dos rios e transbordarão por todas as suas ribanceiras. Penetrarão em Judá, inundando-o, e, passando por ele, chegarão até ao pescoço” (Isaías 8:7-8). Os versículos subseqüentes apóiam esta interpretação, mostrando a idéia de um ataque militar. Se o poder perseguidor que afligia os cristãos na Ásia foi o império romano, o castigo aqui seria um ataque contra o mesmo império. Deus tem poder para usar a força militar de uma nação para castigar outra, como ele tem feito muitas vezes ao longo da história. Alguns comentaristas procuram identificar aqui um exército ou uma nação específica, especialmente olhando para países na região do Eufrates. Parece mais coerente entender o significado simbólico do Eufrates em relação à força militar e o castigo divino, sem tentar identificar um certo país invasor. 9:15 – Foram, então, soltos os quatro anjos: O sexto anjo obedeceu a ordem da voz e soltou os quatro anjos. Que se achavam preparados: Como instrumentos de Deus, os 15 Foram, então, soltos os anjos estavam preparados para o momento exato determinado quatro anjos que se pelo Senhor. Esta trombeta responde às orações dos santos, mas achavam preparados para a somente quando Deus manda. “Não vos compete conhecer hora, o dia, o mês e o ano, tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva para que matassem a terça autoridade” (Atos 1:7). Os anjos são soltos para castigar os parte dos homens. perseguidores quando Deus determina. Para que matassem a terça parte dos homens: Pragas que afetam a terça parte são típicas das trombetas. A primeira afetou a terça parte da terra e das plantas (8:7). A segunda atingiu a terça parte do mar, da vida marinha e das embarcações (8:8-9). A terceira prejudicou a terça parte das águas doces (8:10-11). A quarta escureceu a terça parte dos céus (8:12). Agora, a sexta traz a morte da terça parte dos homens. A quinta trombeta causou dor, mas não matou. A sexta traz a morte para alguns, mas não para todos. 9:16 – 16 O número dos exércitos da cavalaria era de vinte mil vezes dez milhares; eu ouvi o seu número. O número dos exércitos da cavalaria: Já temos observado que os números no Apocalipse são, geralmente, simbólicos. Aqui o número de soldados (da cavalaria) é enorme – 200 milhões! O poder do perseguidor pode causar medo, mas não compara ao poder do Deus que protege seus servos selados. O diabo pode tormentar os seus próprios servos com gafanhotos que parecem com cavalos, mas Deus envia sua cavalaria enorme para esmagar o inimigo! A mesma idéia do poder irresistível de Deus se encontra em Ezequiel, avisando os inimigos e confortando os protegidos: “Assim diz o SENHOR: Eis que eu sou contra ti. . . . e saberão que eu sou o SENHOR. Farei conhecido o meu santo nome no meio do meu povo de Israel e nunca mais deixarei profanar o meu santo nome, e as nações saberão que eu sou o SENHOR, o Santo em Israel” (Ezequiel 39:1-7). 9:17 – Os cavalos e os seus cavaleiros tinham couraças cor de fogo, de jacinto e de enxofre: As cores das couraças são, provavelmente, vermelho (fogo), azul (jacinto) e amarelo (enxofre), e apresentam a imagem aterrorizante do exército usado como instrumento de Deus para castigar os malfeitores. Enxofre, na Bíblia, é sempre ligado ao castigo divino (veja alguns exemplos: Gênesis 19:24; 80 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo Deuteronômio 29:23; Salmo 11:6; Isaías 30:33; Ezequiel 38:22; Apocalipse 14:10; 19:20; 20:10; 21:8). A cabeça dos cavalos era como cabeça de leão, e de sua boca saía fogo, fumaça e enxofre: A imagem do forte exército vencedor enviado por Deus. Estes cavalos têm cabeças de leões e fogo saindo de suas bocas! Não servem apenas para levar os soldados à batalha. Os próprios cavalos são ferozes com o poder para trazer julgamento divino contra os opressores. 9:18 – Por meio destes três flagelos: O que sai das bocas dos cavalos é, certamente, um castigo de Deus. O fogo, a fumaça e o enxofre são pragas usadas para castigar. Foi morta a terça parte dos homens: Ele já disse, no versículo 15, que esta trombeta causaria a morte de um terço dos homens. Aqui, ele diz que estas mortes vêm por causa dos flagelos das bocas dos cavalos. 9:19 – A força dos cavalos estava na sua boca e na sua cauda: Já falou sobre as pragas que saem da boca. Agora destaca as caudas bem diferentes destes cavalos. O mais que procuramos visualizar os cavalos desta visão, o mais que percebemos a impossibilidade de serem literalmente cavalos. As imagens fortes comunicam, simbolicamente, uma mensagem do poder do exército enviado por Deus para castigar e matar. 17 Assim, nesta visão,  contemplei que os cavalos e os seus cavaleiros tinham couraças cor de fogo, de jacinto e de enxofre. A cabeça dos cavalos era como cabeça de leão, e de sua boca saía fogo, fumaça e enxofre. 18 Por meio destes três flagelos, a saber, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre que saíam da sua boca, foi morta a terça parte dos homens; 19 pois a força dos cavalos estava na sua boca e na sua cauda, porquanto a sua cauda se parecia com serpentes, e tinha cabeça, e com ela causavam dano.  sua cauda se parecia com serpentes: Os cavalos chegaram com suas couraças e suas cabeças de leões, soprando as pragas de fogo, fumaça e enxofre. Deixaram para trás o sofrimento causado pelo veneno de suas caudas, que pareciam serpentes causando dano. 9:20 – 20 Os outros homens, aqueles que não foram Os outros homens ... não se arrependeram: Incrível! Depois mortos por esses flagelos, de vários outros castigos, Deus mandou um exército para matar não se arrependeram das um terço dos homens, e os sobreviventes não se arrependeram obras das suas mãos, dos seus pecados! Mas não é isso a tendência dos homens, até deixando de adorar os hoje? Mesmo quando a pessoa sofre conseqüências diretamente demônios e os ídolos de  ligadas ao seu próprio pecado, recusa aprender a lição. Procura ouro, de prata, de cobre, de qualquer outra explicação, mas não admite a possibilidade de um pedra e de pau, que nem castigo divino. E quando outros sofrem por seus erros, parece podem ver, nem ouvir, nem tão fácil virar os olhos e dizer que isso nunca acontecerá andar; conosco. Podemos ver o estrago na vida dos outros, causado por imoralidade, ou abuso de álcool, ou uso de drogas e, ainda assim, conseguimos nos enganar. Podemos fazer as mesmas coisas sem sofrer a mesma conseqüência! Os cemitérios ao nosso redor estão cheios dos corpos de pessoas que pensaram assim, e morreram cedo demais. Certamente, o inferno estará cheio de homens, mulheres e jovens que compartilharam o mesmo pensamento errado. Deixando de adorar os demônios e os ídolos: Tanto no Velho como no Novo Testamento, a idolatria é associada à adoração de demônios (Levítico 17:7; Deuteronômio 32:17; Salmo 106:37; 1 Coríntios 10:20-21). A idolatria era um dos problemas graves na Ásia e no império romano em geral, e aparece aqui como o principal motivo deste castigo. A perseguição dos cristãos pelo governo Lição 17: A Quinta e a Sexta Trombetas (9:1-21) 81 romano veio principalmente por causa da insistência dos santos em adorarem o único Deus verdadeiro, recusando os falsos deuses dos romanos, sejam os antigos ídolos, sejam os próprios imperadores representados por seus templos e imagens. Que nem podem ver, nem ouvir, nem andar: Os ídolos, feitos por mãos humanas, são totalmente impotentes. Isaías fala da loucura de fabricar e adorar seus próprios deuses. Antes de descrever esse processo ridículo, ele relata o desafio e a afirmação de Deus: “Há outro Deus além de mim? Não, não há outra Rocha que eu conheça” (Isaías 44:8). Ele termina a sua descrição com estas palavras sobre os homens que adoram ídolos: “Nenhum deles cai em si.... o seu coração enganado o iludiu, de maneira que não pode livrar a sua alma, nem dizer: Não é mentira em que eu confio?” (Isaías 44:19-20). 9:21 – Nem ainda se arrependeram dos seus assassínios, ...feitiçarias, ...prostituição, ...furtos: A lista dos erros do povo começou com a idolatria, uma atitude errada contra Deus, mas incluiu outros erros, pecados contra 21 nem ainda se outras pessoas. Uma vez que desprezaram o conhecimento do arrependeram dos seus Senhor, ele “os entregou a uma disposição mental assassínios, nem das suas reprovável, para praticarem coisas inconvenientes” e feitiçarias, nem da sua “conhecendo eles a sentença de Deus, de que são prostituição, nem dos seus passíveis de morte os que tais coisas praticam, não furtos. somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem” (Romanos 1:28-32). Os pecados condenados aqui são: ì Homicídio: Desrespeito para com a vida santificada pelo Criador, um crime que merece a morte (Gênesis 9:6). í Feitiçarias: A palavra grega usada aqui, pharmakeia, aparece somente três vezes no Novo Testamento (aqui, 18:23 e Gálatas 5:20). Nossa palavra farmácia vem desta palavra, sugerindo o uso de drogas, especialmente nos encantamentos de bruxaria. î Prostituição: Relações sexuais ilícitas são, freqüentemente, ligadas à prática de idolatria (2:14,20; 1 Coríntios 10:7-8). ï Furtos: A pessoa que não honra Deus, nem respeita as pessoas criadas na imagem de Deus, não tem motivo para respeitar as coisas dos outros. Quando decidimos servir a Cristo, deixamos tais práticas (Efésios 4:28; Tito 2:10).


Conclusão

Estas duas trombetas avisaram os perversos de alguns dos castigos que viriam. Os servos do diabo atormentam os homens durante 5 meses, e os servos de Deus matam a terça parte dos perversos e idólatras. Ainda aguardamos a última trombeta, o terceiro ai. Mas antes de ouvir o sétimo anjo tocar a sua trombeta (11:15), veremos as visões do intervalo.





Apocalipse: Lição 18
Os Sete Trovões e o Livrinho
(Apocalipse 10:1-11)

Novamente, uma série de sete é interrompida por um intervalo. Entre o sexto e o sétimo selos, houve um intervalo para assegurar os fiéis da proteção divina (capítulo 7). Agora, entre a sexta e a sétima trombetas, Deus oferece outras mensagens de consolação aos seus servos numa série de cenas no intervalo nos capítulos 10 e 11. 10:1 – Vi outro anjo forte descendo do céu: Três anjos fortes aparecem no Apocalipse. O primeiro procurou alguém para abrir o livro que estava na mão direita de Deus (5:2). O terceiro anunciará, com um gesto dramático, a queda da Babilônia (18:21). O segundo, aqui no capítulo 10, desce com a glória do céu trazendo um livrinho aberto e as vozes dos sete trovões. Alguns comentaristas acreditam que este anjo forte seja o próprio Jesus, pois algumas características nos lembram a descrição de Jesus no capítulo 1. Embora não haja provas desta interpretação, claramente o anjo forte vem do 1 Vi outro anjo forte céu com a glória celestial e traz a revelação de Deus. descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco-íris Envolto em nuvem: Desde a primeira vez que nuvens aparecem por cima de sua cabeça; o na Bíblia (Gênesis 9:13-16), há uma forte ligação entre elas e as rosto era como o sol, e as demonstrações da glória e poder de Deus. Nuvens são citadas pernas, como colunas de mais de cem vezes no Velho Testamento, freqüentemente em fogo; relação à aparições de Deus ou demonstrações do poder de Deus. Considere alguns exemplos: “O SENHOR ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho” (Êxodo 13:21). “Disse o SENHOR a Moisés: Eis que virei a ti numa nuvem escura, para que o povo ouça quando eu falar contigo.... Ao amanhecer do terceiro dia, houve trovões, e relâmpagos, e uma espessa nuvem sobre o monte, e mui forte clangor de trombeta, de maneira que todo o povo que estava no arraial se estremeceu” (Êxodo 19:9,16). “E a glória do SENHOR pousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias; ao sétimo dia, do meio da nuvem chamou o SENHOR a Moisés” (Êxodo 24:16). “Então, disse Salomão: O SENHOR declarou que habitaria em nuvem espessa!” (2 Crônicas 6:1). Nuvens representam a justiça de Deus e a sua vinda para julgar: “Nuvens e escuridão o rodeiam, justiça e juízo são a base do seu trono” (Salmo 97:2). “Sentença contra o Egito. Eis que o SENHOR, cavalgando uma nuvem ligeira, vem ao Egito...” (Isaías 19:1). “Eis o nome do SENHOR vem de longe, ardendo na sua ira, no meio de espessas nuvens; os seus lábios estão cheios de indignação, e a sua língua é como fogo devorador” (Isaías 30:27). Podemos ver a semelhança entre a descrição da vinda do anjo forte neste texto e a aparição da glória do Senhor em Ezequiel 1:4-5,26-28. Daniel descreveu uma das suas visões desta maneira: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem” (Daniel 7:13). Naum fala sobre a soberania de Deus: “O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta o culpado; o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés” (Naum 1:3). A grande maioria dos mais de 20 versículos no Novo Testamento que usam esta palavra se refere, também, a Deus ou à manifestação de sua glória ou poder. No monte da transfiguração, “Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (Mateus 17:5). Quando Jesus profetizou a destruição de Jerusalém pelos romanos, ele disse: “Então, aparecerá no céu o 84 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória” (Mateus 24:30).
                        Quando Jesus avisou o Sinédrio sobre o iminente julgamento dos judeus rebeldes, ele usou linguagem semelhante: “Eu vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (Mateus 26:64). Os fiéis encontrarão Jesus nas nuvens (1 Tessalonicenses 4:17). O Apocalipse abre com a aparição divina nas nuvens: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!” (1:7).
                           Os outros aspectos da aparição deste anjo forte reforçam a origem celestial da sua mensagem: Com o arco-íris por cima de sua cabeça: Deus usou o arco-íris para selar a sua aliança com os homens depois do dilúvio (Gênesis 9:12-13,16). Na visão de João do trono de Deus, houve um arco-
íris ao redor do trono (4:3). O rosto era como o sol: A luz brilhante da glória de Deus. A luz da presença de Deus é mais forte do que o próprio sol (Isaías 60:19-20). Malaquias mistura os temas de castigo e consolação quando nasce o sol da justiça: “Pois eis que vem o dia e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz
o SENHOR dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo. Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas” (Malaquias 4:1-2). O brilho do sol é refletido nos servos do Senhor. “Então, os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai” (Mateus 13:43; veja 2 Coríntios 3:18). E as pernas, como colunas de fogo: A perna ou pé na descrição dos quatro seres viventes, ou querubins, na visão de Ezequiel, “luzia como o brilho de bronze polido” (Ezequiel 1:7; veja a descrição dos pés de Jesus – Apocalipse 1:15). 10:2 –E tinha na mão um livrinho aberto: Vamos ver o significado deste livrinho nos versículos 9-11.
                           Aqui, observamos algumas diferenças entre este livrinho e o livro do capítulo 5: ì Este é um livrinho, mas Jesus recebeu um livro (maior) da mão de Deus. í O livrinho está na mão do anjo que desceu do céu, não na mão de 2 e tinha na mão um livrinho Deus no trono. î O livrinho está aberto e, assim, não precisa de aberto. Pôs o pé direito uma pessoa “digna” para abri-lo; o livro estava selado com sete sobre o mar e o esquerdo, selos e podia ser aberto somente pelo Leão/Cordeiro. sobre a terra, Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra: Imagine o tamanho e o poder deste anjo forte! Pode colocar os pés sobre a terra e o mar, assim mostrando domínio sobre o mundo inteiro. Daqui a pouco, bestas vão subir do mar e da terra (13:1,11). Antes de ver esses servos do diabo emergirem, Deus nos lembra que o anjo dele tem poder superior a toda a força de Satanás e de seus servos. 10:3 –
E bradou em grande voz, como ruge um leão: O anjo forte em 5:2 fez sua proclamação em grande voz. O segundo anjo forte, também, tem voz forte, como a de leão. O leão claramente representa a força da voz deste anjo. “O leão, o mais forte entre os animais, que por ninguém torna atrás” (Provérbios 30:30; veja Isaías 21:8; Jeremias 25:30; Oséias 11:10). 3 e bradou em grande voz, como ruge um leão, e, quando bradou, desferiram os sete trovões as suas próprias vozes. Desferiram os sete trovões as suas próprias vozes: Agora chegamos a mais uma série de sete – os sete trovões. Com toda a força da voz que vem do céu, eles proclamam mais uma parte da vontade de Deus. Por diversas vezes nas Escrituras, trovões acompanham os castigos enviados por Lição 18: Os Sete Trovões e o Livrinho (10:1-11) 85 Deus. A sétima praga no Egito incluiu trovões, chuva de pedras e fogo (Êxodo 9:23-34). Deus pelejou contra os filisteus com seus trovões (1 Samuel 7:10). 10:4 – Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever: Obediente às instruções recebidas no início do livro (1:19), João prepara-se para relatar as mensagens dos sete trovões. Mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram: A instrução geral de 1:19 é suplantada pela ordem mais específica dada aqui. A voz vem do céu, e João é obrigado a obedecê-la – Não escreva as coisas que os trovões falaram. Num livro com o propósito de revelar, por que 4 Logo que falaram os sete guardar em segredo as mensagens que Deus enviou nos trovões? trovões, eu ia escrever, mas Devemos observar, pelo menos, dois motivos: ì Em geral, ouvi uma voz do céu, Deus não revela tudo aos homens, e não teríamos a dizendo: Guarda em segredo capacidade de compreender todos os pensamentos sublimes de as coisas que os sete
Deus (Isaías 55:8-9). Moisés disse que Deus revela o que trovões falaram e não as precisamos para saber como servi-lo (Deuteronômio 29:29). escrevas. João disse que o registro da vida de Cristo inclui uma pequena parte de tudo que Jesus fez, mas que foram relatadas as coisas necessárias para criar fé nos leitores (João 21:24-25; 20:30-31). í Quando se trata da proteção dos fiéis, Deus faz muito mais do que ele mostra ao homem. De vez em quando, ele abre a cortina para revelar alguma batalha nas regiões celestiais, para nos confortar com o fato de ele estar constantemente lutando a favor dos servos. Antes da batalha de Jericó, o príncipe do exército do Senhor apareceu a Josué (Josué 5:13-15). Eliseu pediu que Deus mostrasse ao seu ajudante o exército do céu que os protegia dos siros (2 Reis 6:15-16). Daniel foi consolado por um mensageiro que explicou que estava ocupado com a guerra contra o príncipe da Pérsia (Daniel 10:12-21). Os cristãos primitivos enfrentaram perseguições, mas recebiam, às vezes, confirmações do poder ativo de Deus lutando a favor deles (Atos 4:23-31). Romanos 8 enfatiza o papel ativo do Pai, do Filho e do Espírito Santo a nosso favor. E não é isso o que o Apocalipse ensina? O homem na terra pode ver o que acontece aqui, mas Deus e seus servos fazem muito mais, nas regiões celestiais, para ajudá-lo (Efésios 6:12). 10:5-6 – O anjo ... levantou a mão direita ... e jurou...: Se precisa guardar em segredo as palavras dos trovões, será que o cumprimento será adiado? O juramento do anjo responde imediatamente a esta possível dúvida. Ele levanta a mão direita (veja Daniel 12:7) e jura pelo eterno Deus. Não há dúvida! Mesmo sem revelar todos os 5 Então, o anjo que vi em pormenores, a palavra de Deus será cumprida. pé sobre o mar e sobre a Já não haverá demora: Novamente, encontramos uma terra levantou a mão direita para o céu referência ao tempo de cumprimento que promete que as coisas 6 e jurou por aquele que profetizadas aqui aconteceriam em breve (veja, também, 1:1-3; vive pelos séculos dos 22:6-7,10,12,20). As muitas interpretações que sugerem que séculos, o mesmo que criou quase tudo no Apocalipse ainda acontecerá, mais de 1.900 anos o céu, a terra, o mar e tudo depois de João, simplesmente contradizem a palavra do Senhor. quanto neles existe: Já não 10:7 – haverá demora, 7 mas, nos dias da voz do Nos dias da voz do sétimo anjo: Reforçando ainda mais a sétimo anjo, quando ele iminência do cumprimento do mistério de Deus, este anjo que estiver para tocar a domina a terra e o mar olha para a sétima trombeta. As primeiras trombeta, cumprir-se-á, seis já passaram. Não será necessário esperar muito, porque a então, o mistério de Deus, sétima já trará o cumprimento esperado pelos santos segundo ele anunciou aos perseguidos. seus servos, os profetas. 86 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo O mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas: A palavra mistério, na Bíblia, refere-se a coisas ocultas, freqüentemente à palavra de Deus outrora oculta e agora revelada. No Velho Testamento, o único livro que usa a palavra mistério é Daniel. A revelação do sonho de Nabucodonosor, no qual o servo de Deus profetizou sobre a missão do Cristo em estabelecer o reino do céu durante o período romano, usa a palavra “mistério” várias vezes (Daniel 2:18-19,27-30,47). A palavra aparece mais uma vez, em Daniel 4:9. A grande maioria das ocorrências desta palavra no Novo Testamento fala do evangelho de Jesus Cristo. Paulo disse: “Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos” (Romanos 16:25). Ele descreveu seu papel de apóstolo aos gentios: “...da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus: o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória; o qual nós anunciamos” (Colossenses 1:25-28). Veja outros exemplos em Mateus 13:11; 1 Coríntios 2:7; 4:1; Efésios 1:9; 3:3,4,9; 6:19; Colossenses 2:2; 4:3; 1 Timóteo 3:9,16. No Apocalipse, “mistério” refere-se a aspectos das visões explicados a João (1:20; 17:5,7). Somente aqui tem o sentido mais amplo do “mistério de Deus”. O cumprimento do mistério de Deus, então, seria relacionado à divulgação do evangelho para salvar judeus e gentios, e ao estabelecimento do domínio de Cristo sobre as nações. Deus já anunciou estes planos aos profetas. Quais profetas? Alguns comentaristas citam apenas profetas do Novo Testamento, como o próprio João. Mas, a Bíblia fala sobre os “servos, os profetas” 13 vezes no Velho Testamento antes de usar esta expressão duas vezes no Apocalipse (aqui e em 11:18). Não devemos descontar a importância de profecias do Velho Testamento na interpretação do mistério revelado no Apocalipse. No Antigo Testamento, os “servos, os profetas” foram enviados para avisar o povo do perigo da desobediência (Esdras 9:10-12; Jeremias 7:25-28; 25:4-7) e dos castigos que Deus traria sobre os infiéis (2 Reis 17:23; Jeremias 26:4-6; 44:4-6).
                   De especial interesse são algumas profecias do Velho Testamento que olharam para o estabelecimento do reino de Jesus e a sua soberania sobre as nações. Ezequiel 36 e 37 profetizam da restauração de  Israel, ou seja, do estabelecimento do reino de Cristo, Israel espiritual. Uma vez estabelecido, o reino seria ameaçado pelas nações, representadas pela multidão liderada por Gogue de Magogue. Mas Gogue não prevaleceria, pois o Senhor chamaria “contra Gogue a espada em todos os meus montes” e contenderia “com ele por meio da peste e do sangue; chuva inundante, grandes pedras de saraiva, fogo e enxofre....” (Ezequiel 38:21-22). O resultado destes castigos divinos: “Assim, eu me engrandecerei, vindicarei a minha santidade e me darei a conhecer aos olhos de muitas nações; e saberão que eu sou o SENHOR” (38:23). Davi disse que o estabelecimento do reino do Messias seria acompanhado por desafios e rebeliões dos gentios, povos, reis e príncipes, mas que o Rei os despedaçaria com sua vara de ferro (Salmo 2). Joel profetizou da vinda do Espírito (Joel 2:28-32), profecia esta cumprida a partir do Dia de Pentecostes (Atos 2:16-21). Logo em seguida, ele disse que as nações ameaçariam o povo de Deus (Israel espiritual) e seriam  julgados por Deus no vale de Josafá ou vale da Decisão (Joel 3). Desta maneira, Deus venceria os inimigos e estabeleceria, em segurança, a sua habitação em Jerusalém (Joel 3:18-21). As comparações entre Joel 3 e vários temas do Apocalipse são inegáveis. Ainda mais óbvias são algumas  comparações entre Daniel e o Apocalipse. O reino de Deus seria estabelecido durante o período do império romano e teria domínio eterno sobre todas as nações (Daniel 2:44). Daniel até profetiza sobre vários reis ou imperadores romanos, e especialmente sobre a derrota de um destes reis (7:7-11).
                             Veremos mais sobre as ligações entre Daniel 7 e o Apocalipse em outras lições, especialmente quando chegamos ao capítulo 17. Lição 18: Os Sete Trovões e o Livrinho (10:1-11) 87 O que podemos esperar, então, na sétima trombeta? Que será cumprida a missão de Jesus de se estabelecer como o soberano Rei, dominando as nações com a vara de ferro e despedaçando os inimigos rebeldes. Mas, antes de ouvir a sétima trombeta, ainda precisamos ver o resto das coisas que João viu no intervalo.
                              10:8 –A voz que ouvi ... estava de novo falando comigo: A mesma voz do versículo 4. A primeira vez, esta voz proibiu que João escrevesse sobre os sete trovões. Esta vez, ela lhe dará outra instrução. 8 A voz que ouvi, vinda do céu, estava de novo falando comigo e dizendo: Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo em pé sobre o mar e sobre a terra. Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo: Já observamos vários pontos de contraste entre este livrinho e o livro do capítulo 5 (veja comentários sobre 10:2). Agora a voz manda João a tomar o livro da mão do anjo. Anjo em pé sobre o mar e sobre a terra: Novamente, o narrativo destaca a posição deste anjo (cf. 10:2). Muito diferente do anjo caído do céu que abriu o poço do abismo, este anjo tem seus pés firmemente plantados sobre a terra e o mar. A estrela caída do céu dominou os gafanhotos durante cinco meses. O anjo forte no capítulo 10 pode garantir o cumprimento do plano de Deus. Que consolo saber que João recebe as suas ordens da mão deste anjo forte. 10:9 – Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho: João foi obediente à voz do céu e foi pedir o livrinho. 9 Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como mel. 10 Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo. Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o: Esta cena é semelhante à de Ezequiel 2:8 - 3:6. No início do sexto século a.C., Ezequiel foi enviado como profeta à casa de Israel. O rolo do livro que ele comeu representou a sua incumbência como profeta. O sabor era doce, mas a tarefa difícil. O anjo avisou João que este livrinho seria doce na boca, mas amargo no estômago. João recebeu uma tarefa desagradável. 10:10 – Tomei o livrinho ... e o devorei: João foi obediente. Ele não fez desculpas e não fugiu da sua missão. Comeu o livrinho. Na minha boca, era doce como mel; quando, porém. O comi, o meu estômago ficou amargo: O livrinho foi exatamente como o anjo dissera. Veremos a amargura da missão de João no próximo versículo. O trabalho no reino do Senhor envolve esses dois aspectos. Traz uma grande alegria quando presenciamos as transformações de vidas que o evangelho causa. Por outro lado, o servo fiel tem a obrigação de avisar sobre as conseqüências da rejeição da palavra e sobre a punição preparada para os desobedientes. João não fugiu da sua responsabilidade, mas muitos pregadores hoje negligenciam o lado severo do evangelho e divulgam uma mensagem incompleta e desequilibrada. É muito mais agradável falar da bondade do que da severidade (Romanos 11:22). É bom falar sobre o perdão e a salvação (Hebreus 9:28), mas não devemos excluir a mensagem de  vingança e castigo (Hebreus 10:26-31). Deus é santo, e assim não pode manter comunhão com o pecado. Ele é, também, amor, e quer salvar todos dos seus pecados. A tendência do homem é de exagerar um lado do caráter de Deus e diminuir a importância do outro, esquecendo que o mesmo Deus que oferece alívio tomará vingança e banirá de sua face os que não o conhecem ou que não o obedecem (2 Tessalonicenses 1:6-10). 88 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo 10:11 – É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis: Este versículo reforça o significado do livrinho. João é obrigado a profetizar sobre nações e reis. Já falou sobre pragas e castigos atingindo um número cada vez maior de pessoas, até causando a morte de grandes multidões. Mas tem mais pela frente. A difícil missão de João incluirá profecias sobre muitos povos. 11 Então, me disseram: É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis.


Conclusão

O intervalo entre a sexta e a sétima trombetas enfatiza vários fatos importantes. Entre eles: ì Deus e seus servos sempre são mais fortes do que o diabo e seus seguidores. O anjo forte do Senhor tem poder sobre a terra e o mar, enquanto o Destruidor recebeu autoridade por alguns meses sobre os gafanhotos. í Deus faz muito mais do que ele revela aos seus servos. Os sete trovões servem como exemplo. î A sétima trombeta anunciaria o cumprimento do mistério de Deus. ï A missão do servo de Deus tem seu lado doce, mas inclui, também, a amargura de pregar a pessoas condenadas por sua rebeldia. No próximo capítulo, veremos mais duas cenas do intervalo antes de ouvir a sétima trombeta.


Apocalipse: Lição 19
O Santuário e as Duas Testemunhas
(Apocalipse 11:1-13)

O intervalo entre as sexta e sétima trombetas continua no capítulo 11 com mais duas cenas que mostram a proteção divina para os fiéis. O povo é protegido, mas não totalmente. Ainda sofrerão as agressões dos inimigos e podem até morrer, mas a vitória final pertence aos santos de Deus. A Ordem para Medir o Santuário (11:1-2) 11:1 – Foi-me dado um caniço semelhante a uma vara: João continua a sua participação ativa, recebendo um caniço para medir. Dispõe-te e mede o santuário de Deus, o seu altar e os que naquele adoram: O relato de João aqui não oferece detalhes, mas nos lembra da medição do templo em Ezequiel 40-42. Observamos, na lição 18, a importância das mensagens dos profetas em relação ao cumprimento do mistério de Deus, notando que o contexto de Ezequiel 37-39 mostra o domínio do Messias sobre 1 Foi-me dado um caniço as nações. Em Ezequiel 40-42, o profeta assiste enquanto um semelhante a uma vara, e também me foi dito: homem mede o templo. A visão de Ezequiel mostra o povo de Dispõe-te e mede o Deus restaurado à glória e à proteção de Deus, o qual volta ao santuário de Deus, o seu templo no capítulo 43. altar e os que naquele Zacarias 2:1-5 apresenta outra visão de medição, esta vez de adoram; Jerusalém. Como nos intevalos do Apocalipse, o propósito da visão de Zacarias é assegurar os fiéis da proteção divina: “Pois eu lhe serei, diz o SENHOR, um muro de fogo em redor e eu mesmo serei, no meio dela, a sua glória” (Zacarias 2:5). Ao ouvir a ordem para medir o santuário, João e seus leitores, sem dúvida, lembrariam dessas passagens proféticas e do consolo que oferecem aos servos do Senhor. O santuário de Deus, no Novo Testamento, é o povo do Senhor. Num texto que fala sobre a edificação da igreja, Paulo diz que os discípulos de Cristo são o santuário de Deus (1 Coríntios 3:16-17; cf. 2 Coríntios 6:16). A família de Deus, edificada sobre a pedra angular, é o “santuário dedicado ao Senhor” (Efésios 2:19-22). O templo não é um edifício feito com mãos, e sim uma casa espiritual (1 Timóteo 3:15). Esta casa espiritual é feita de pedras que vivem (1 Pedro 2:5-6). João tira qualquer dúvida sobre o significado do santuário quando diz que a medição incluiria “os que naquele adoram”. Não se trata de medir uma estrutura física. Este templo é composto por adoradores, pessoas, os verdadeiros sacerdotes de Deus que adoram dentro do templo. 11:2 – 2 mas deixa de parte o átrio exterior do santuário e não o meças, porque foi ele dado aos gentios; estes, por quarenta e dois meses, calcarão aos pés a cidade santa. 90 Deixa de parte o átrio exterior..., porque foi ele dado aos gentios: A ordem para medir não somente oferece consolo, fala também de santificação. Os adoradores dentro do santuário são separados dos gentios no átrio. A palavra traduzida “gentios” aparece 22 vezes no Apocalipse, normalmente traduzida “nações” ou “povos”. Várias vezes, refere-se aos gentios na carne ou às nações em geral, como pessoas que ouvem o evangelho Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo e recebem a oportunidade de serem salvas (5:9; 7:9; 14:6; 21:24-26; 22:2). Da mesma forma que palavras como judeu, circuncisão e Israel, no Novo Testamento, passam a identificar os servos de Cristo (Romanos 2:28-29), a palavra gentios, às vezes, representa os que não conhecem a Deus (1 Tessalonicenses 4:5; 3 João 7). Assim, vivemos “no meio dos gentios” (1 Pedro 2:12), mas não andamos como eles andam (Efésios 4:17; 1 Pedro 4:3). Neste sentido, a palavra gentios ou nações, em algumas das citações no Apocalipse, refere-se aos ímpios. São as nações seduzidas por Satanás para pelejarem contra o povo de Deus (20:7-9). São as mesmas que impedem o sepultamento das duas testemunhas (11:9-10) e que se enfurecem contra os servos de Deus (11:18). As nações apóiam a meretriz, Babilônia (17:15), são seduzidas pela feitiçaria dela (18:23) e se prostituem com ela (18:3). Jesus, porém, domina as nações com o cetro de ferro (12:5; 19:15). Os vencedores participam do reinado dele sobre os povos (2:26-27; 20:4,6). Quarenta e dois meses: Este período sempre representa um tempo relativamente breve de tribulação ou sofrimento. É o mesmo período de “tempo, tempos e a metade de um tempo” (12:14; Daniel 7:25), de 1.260 dias (11:3; 12:6) ou de “três anos e seis meses” (Tiago 5:17). É a metade de sete anos, que representaria um período completo. Calcarão aos pés a cidade santa: Há diversas interpretações da cidade santa. Pré-milenaristas geralmente explicam que a cidade santa é Jerusalém (terrestre) e que o templo será reconstruído naquela cidade para o cumprimento desta profecia. Enfrentam inúmeras dificuldades com esta interpretação, que descarta totalmente os limites de tempo encontrados do começo ao fim do Apocalipse. Outros acreditam que o Apocalipse foi escrito antes de 70 d.C. e que fala da destruição do templo e da cidade de Jerusalém pelos romanos. Citam Lucas 21:24, onde Jesus usou linguagem semelhante para falar sobre a destruição de Jerusalém. Uma vez que entendem a cidade literal, procuram uma explicação literal do tempo de 42 meses. Aqui a situação se complica. Freqüentemente citam a duração da guerra entre os romanos e os judeus, dizendo que Nero enviou Vespasiano no início de 67 (fevereiro? – há dúvida sobre esta data) para vencer os judeus rebeldes e que o período de 42 meses termina com a destruição da cidade de Jerusalém em setembro de 70. Mas o exército romano não entrou em Jerusalém em 67. Vespasiano começou na direção de Jerusalém em 68, mas desistiu devido à morte de Nero. Tito cercou Jerusalém nos primeiros meses de 70, invadiu os muros por volta de abril ou maio, e destruiu a cidade em setembro. Assim, para dizer literalmente que calcaram aos pés a cidade literal de Jerusalém por 42 meses exige algumas explicações mais complicadas. Para defender esta posição é necessário, também, manter uma data para o Apocalipse antes de 70 d.C., contra outras evidências que ainda encontraremos.
O que é a cidade santa? Consideremos as evidências bíblicas. As expressões “cidade santa” ou “santa
cidade”, em si, aparecem onze vezes na Bíblia. Neemias 11:1 e 18 identificam a cidade física de Jerusalém. Daniel chamou Jerusalém de “santa cidade” (9:24). Isaías repreende o povo de Israel que profanaram o nome da “santa cidade” (48:2). Mais tarde ele fala de “Jerusalém, cidade santa” (52:1). Lendo o capítulo todo, percebemos a ênfase na restauração espiritual do reino de Cristo sobre seu povo, da salvação que vem pela pregação do evangelho. Mateus usa esta expressão duas vezes (4:5; 27:53) para identificar a cidade literal de Jerusalém. As outras ocorrências se encontram no Apocalipse – aqui em 11:3, e algumas outras vezes no final do livro. Em 21:2, 10 e 22:19, ele claramente descreve o povo espiritual de Deus, a nova Jerusalém que desce do céu. Outras expressões semelhantes ajudam a entender este sentido espiritual. Apocalipse 3:12 fala da presença eterna do vencedor no “santuário do meu Deus” e na “cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu”. Paulo disse que a nossa mãe é a Jerusalém livre lá de cima e não a “Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos” (Gálatas 4:25-26). O autor de Hebreus disse: “Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial... e igreja dos primogênitos arrolados nos céus” (Hebreus 12:22-23). Lição 19: O Santuário e as Duas Testemunhas (11:1-13) 91  Entendendo este sentido de Jerusalém espiritual ou celestial, como podemos entender estes primeiros versículos do capítulo 11? João mede o santuário de Deus, mostrando a intenção do Senhor de proteger o seu povo, mas ainda diz que a cidade santa será pisada pelos gentios durante três anos e meio. O povo fiel seria protegido, mesmo deixando a igreja ser perseguida por um período. Podem afligir a igreja, e até matar os corpos dos fiéis, mas não atingiriam os espíritos dos verdadeiros adoradores. “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma” (Mateus 10:28). A igreja pode ser calcada aos pés pelos perseguidores, mas eles nunca chegarão a destruir o santuário em si onde os sacerdotes adoram a Deus. O Trabalho, a Morte e a Ressurreição das Duas Testemunhas (11:3-13) 11:3 – Darei às minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias: A ordem vem de cima. As testemunhas profetizam pela autoridade de Deus. Quem são as duas testemunhas? Comentaristas têm oferecido diversas respostas a esta pergunta. Alguns procuram
personagens específicas, até sugerindo a volta à terra de pessoas do Velho Testamento (por exemplo, Moisés e Elias ou Enoque e Elias). Outros sugerem o Antigo e o Novo Testamentos. Alguns dizem que são a Lei (de Moisés) e os Profetas (veja Lucas 16:29,31; 24:27; Atos 13:15; 24:14; Romanos 3:21 e outras passagens que falam sobre a Lei e os Profetas, mas considere também comentários de Jesus mostrando que estas revelações do Antigo Testamento já seriam ultrapassadas pelo evangelho – Mateus 11:13; Lucas 16:16). Outras possibilidades incluem profetas e apóstolos (Lucas 11:49) ou o Espírito Santo e os apóstolos (João 15:26-27; Atos 5:32). 3 Darei às minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco. Por não ter uma identificação específica neste trecho, talvez a resposta melhor se encontra no próprio contexto. Os primeiros versículos do capítulo falaram sobre a igreja, o povo de Deus. Cristãos fiéis são descritos como testemunhas ou pessoas que dão testemunho em outros versículos do livro (2:13; 6:9; 12:11,17; 17:6; 19:10; 20:4). Veremos um pouco mais sobre as testemunhas no versículo 4. O tempo do trabalho deles, 1.260 dias, é igual a 42 meses (11:2) ou três anos e meio (usando o calendário de 12 meses de 30 dias). Este período, a metade de sete anos, normalmente descreve um período de tribulação e sofrimento. Seria um trabalho difícil, cheio de angústia (veja o significado de pano de saco abaixo), mas seria temporário. Vestidas de pano de saco: Pano de saco é a roupa de lamentação e angústia, sentimentos opostos à alegria (Salmo 30:11; 35:13; 69:11; Ezequiel 27:31; Joel 1:8). Jacó se vestiu de pano de saco quando lamentou a suposta morte de José (Gênesis 37:34). Quando Acabe ouviu a condenação de sua casa, ele se lamentou em pano de saco, um gesto de angústia e humildade (1 Reis 21:27-29). Pano de saco acompanha o arrependimento em várias outras citações bíblicas (Neemias 9:1-2; Jonas 3:6-8; Mateus 11:21; Lucas 10:13). Ezequias se vestiu de pano de saco quando buscou a libertação e Jerusalém diante da ameaça assíria (2 Reis 19:1-3). O pano de saco das duas testemunhas sugere a mensagem difícil e a lamentação delas em pronunciar a mensagem do Senhor, uma mensagem que certamente condenava os perversos. 4 São estas as duas oliveiras e os dois candeeiros que se acham em pé diante do Senhor da
terra. 11:4 – São estas as duas oliveiras e os dois candeeiros que se acham em pé diante do Senhor da terra: Esta linguagem nos lembra da visão de Zacarias 4 (leia o capítulo). As duas oliveiras que alimentavam de azeite o candelabro são identificados como “os dois ungidos, que assistem junto ao Senhor de toda a terra” (4:14). No Velho Testamento, sacerdotes e reis foram ungidos (Levítico 8:12,30; 1 Samuel  92 Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo   10:1; 16:1,13). No Novo Testamento, os cristãos são o “reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai” (1:6), o “sacerdócio real” (1 Pedro 2:9). Apoiando a interpretação das duas testemunhas como a    igreja é a expressão acrescentada aqui, “os dois candeeiros”. No Apocalipse, os candeeiros  representam as igrejas (1:20). Os candeeiros no templo sempre ficavam acesos diante de Deus, como  os cristãos brilham diante do Senhor como a luz do mundo (Mateus 5:14-16; Efésios 5:8;1  Tessalonicenses 5:5).  11:5 – Se alguém pretende causar-lhes dano: Agora entram os perseguidores, aqueles que queriam  causar danos aos servos de Deus. Sai fogo da sua boca e devora os inimigos: É uma visão num livro que emprega uma grande variedade de símbolos. O fogo da boca das testemunhas não é literal, mas representa o poder dos  servos de Deus de persistir no seu trabalho, apesar da oposição dos inimigos. A figura nos lembra de vários profetas do Velho  5 Se alguém pretende Testamento. Moisés e Arão enfrentaram seus adversários no causar-lhes dano, sai fogo Egito com uma série de pragas devastadoras (Êxodo 7-12). da sua boca e devora os
Quando Acazias, rei de Israel, tentou prender Elias, fogo desceu inimigos; sim, se alguém do céu e consumiu os soldados do rei (2 Reis 1:1-14). Os servos pretender causar-lhes dano, de Nabucodonosor que tentaram matar os amigos de Daniel certamente, deve morrer.   foram consumidos pelo fogo da fornalha (Daniel 3:19-22). Deus está com as testemunhas e lhes dará a vitória. Os adversários devem morrer. Sabemos que a perseguição começou pouco tempo depois do início da igreja. Alguns  discípulos foram presos, e alguns morreram (Estêvão – Atos 7; Tiago – Atos 12; etc.). Mas o trabalho  da divulgação do evangelho continuou praticamente sem empecilho, e a palavra circulou pelo mundo inteiro nas primeiras três décadas (veja Colossenses 1:23).  11:6 –  Elas têm autoridade para fechar o céu: Como fez Elias durante o reinado de Acabe (1 Reis 17:1;  Tiago 5:17-18).  Têm autoridade também sobre as águas, para convertê-las em sangue, bem como para ferir  a terra com toda sorte de flagelos: Como fizeram Moisés e Arão no Egito (Êxodo 7-12).  Deus equipa seus servos com poder para vencer os inimigos.  Deus agiu durante o ministério dos apóstolos através de milagres  6 Elas têm autoridade para  que demonstraram o poder divino e confundiram os inimigos  fechar o céu, para que não  (Atos 5:17-21; 12:6-24; 16:23-26; 19:13-17). Paulo cegou  chova durante os dias em  Elimas, um “inimigo de toda a justiça” (Atos 13:9-11) e  que profetizarem. Têm   expulsou o espírito adivinhador da jovem em Filipos (Atos 16:16-  autoridade também sobre as  18). O período apostólico foi caracterizado pelo crescimento do  águas, para convertê-las em  sangue, bem como para ferir  evangelho: “Com grande poder, os apóstolos davam  a terra com toda sorte de  testemunho da ressurreição do Senhor Jesus” (Atos 4:33).  flagelos, tantas vezes  “Crescia a palavra de Deus” (Atos 6:7). “Assim, a palavra  quantas quiserem.  do Senhor crescia e prevaleceu poderosamente” (Atos  19:20). O maior poder dado aos discípulos vem da própria   palavra pregada. O evangelho “é o poder de Deus para a  salvação” (Romanos 1:16). As armas espirituais são “poderosas em Deus, para destruir
fortalezas...e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus” (2 Coríntios 10:3-  6). A palavra de Deus é “a espada do Espírito”, usada “contra as forças espirituais do mal”  (Efésios 6:10-17). Esta espada é “mais cortante do que qualquer espada de dois gumes”  (Hebreus 4:12).  Lição 19: O Santuário e as Duas Testemunhas (11:1-13)  93  11:7 – Quando tiverem, então, concluído o testemunho que devem dar: Este trecho obviamente não  fala do término final da missão da igreja, pois já usou a figura de um período curto (1.260 dias).  Chegando ao ponto determinado por Deus, e tendo cumprido a  sua responsabilidade de testemunhar, Deus permitiria que a cena  continuasse. Embora tenhamos sempre trabalho para fazer, é  7 Quando tiverem, então,  possível encerrar uma determinada missão (Lucas 10:10-12; Atos   concluído o testemunho que   13:46-47). Deus determinou uma missão de tempo limitado para  devem dar, a besta que   os seus servos, e deixou o inimigo mostrar seu poder limitado  surge do abismo pelejará  somente quando a missão fosse encerrada.  contra elas, e as vencerá, e   matará,  A besta que surge do abismo pelejará contra elas, e as  vencerá e matará: Esta besta se tornará importante nos   próximos capítulos. Ela sobe do mar (13:1) ou do abismo (11:7; 17:8) e peleja contra os santos e os  vence (13:7). Mas a sua vitória não é final nem completa, pois será vencida pelo Cordeiro e seus servos  (17:12-14). Aqui, porém, a besta aparece e, por enquanto, vence as testemunhas do Senhor.  11:8 –  E o seu cadáver ficará estirado na praça: O cadáver (cadáveres – 11:9) das testemunhas não é  tratado com nenhum respeito pela besta e seus servos. Os corpos ficam na rua como troféus da vitória  sobre os fiéis (veja o desrespeito mostrado pelos filisteus quando  mataram Saul – 1 Samuel 31:8-10).  8 e o seu cadáver ficará  estirado na praça da grande  cidade que, espiritualmente,  se chama Sodoma e Egito,  onde também o seu Senhor  foi crucificado.  Da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma  e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado: Este  versículo é um dos mais polêmicos do livro. Qual cidade? É uma  cidade específica, ou linguagem que representa algo maior?  Claramente a descrição usa linguagem simbólica, pois qualquer  interpretação literal cairia em diversas contradições. Sodoma foi  destruída há milhares de anos. Egito é um país, não apenas uma cidade. Jesus foi crucificado em  Jerusalém, nem em Sodoma e nem no Egito. O que estes símbolos representam?  Sodoma e Egito aparecem somente neste versículo no livro do Apocalipse, mas são citados  freqüentemente em outros livros da Bíblia. Vamos ver o significado destes lugares.  Sodoma: Depois de sua destruição (Gênesis 19), Sodoma serve como exemplo de destruição e   castigo divino, ou de pecado aberto e perversidade exagerada. “...como Sodoma, publicam o seu   pecado e não o encobrem. Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos” (Isaías 3:9).  “Porque maior é a maldade da filha do meu povo do que o pecado de Sodoma, que foi  subvertida como num momento, sem o emprego de mãos nenhumas” (Lamentações 4:6).  “...como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregado à  prostituição como aqueles, seguindo após outra carne, são postas para exemplo do fogo  eterno, sofrendo punição” (Judas 7). Veja também: Deuteronômio 32:32-33; Isaías 1:9-10.  Sodoma seguramente representa pecadores que merecem castigo.  Egito: Muitas citações bíblicas referem-se à nação ou à terra do Egito. Quando usado simbolicamente,  o Egito sugere pecado, idolatria, imundícia, escravidão e rejeição de Deus. Quando o povo de Israel  chegou à terra prometida e fez a circuncisão dos homens, Deus disse: “Hoje, removi o opróbrio  do Egito” (Josué 5:9). A terra do Egito foi conhecida como a casa da servidão (Josué 24:17; Judas  5), uma figura empregada no Novo Testamento para descrever a escravidão ao pecado (Atos 7:39-40;  Hebreus 3:16 e, implicitamente, em 1 Coríntios 10:1). O Egito oprimiu o povo de Deus, e serve como    uma figura apropriada dos perversos que oprimiam e perseguiam os cristãos na época de João.  Sodoma e Egito, então, representam as idéias de pecado, perversidade, rejeição de Deus e opressão  dos fiéis. Resumindo, representam a sociedade ímpia que se colocou em oposição ao povo do Senhor,  94
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo  perseguindo os servos de Jesus. E a terceira descrição? O que quer dizer “onde também o Senhor  foi crucificado”? Algumas pessoas, mesmo aceitando o significado simbólico de Sodoma e Egito,  sugerem uma interpretação literal desta frase e concluem que Jerusalém fosse um dos principais  objetos da ira de Deus no Apocalipse. É claro que Jesus foi crucificado em (ou perto de) Jerusalém.  Mas, num sentido maior, ele foi crucificado pelo mundo – pelo povo ímpio – que não o aceitou. O  relato do evangelho do mesmo autor destaca esta rejeição pelo mundo, não somente por Jerusalém:  “O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o  conheceu” (João 1:10). É interessante observar que mais de um terço das ocorrências da palavra  “mundo” na Bíblia toda se encontram nos livros de João. A vitória aparente do mal sobre Jesus trouxe  tristeza aos discípulos e alegria ao mundo (João 16:19-20). O lugar onde o Senhor foi crucificado foi  no mundo, no meio de uma sociedade rebelde que o rejeitou porque preferia permanecer nas trevas.  A mesma sociedade que odiava o Mestre, também odiaria os discípulos: “Se o mundo vos odeia,  sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim” (João 15:18). Regozijaram-se na   vitória aparente sobre Jesus, e fariam uma grande festa quando vencerem, aparentemente, as  testemunhas dele. Mas nenhuma das duas vitórias foi real.  11:9 –  Muitos dentre os povos, tribos, línguas e nações contemplam os cadáveres das duas  testemunhas: Pessoas de todas as nações, ou seja, pessoas do mundo em geral, contemplam os   corpos mortos das testemunhas do Senhor. A descrição usada aqui é quase a mesma encontrada algumas outras vezes no livro  9 Então, muitos dentre os  para identificar a sociedade em geral, ou as pessoas de diversas  povos, tribos, línguas e  nações. A grande multidão que adora a Deus diante do trono nações contemplam os  vem de “todas as nações, tribos, povos e línguas” (7:9). cadáveres das duas João foi encarregado de profetizar “a respeito de muitos   testemunhas, por três dias e povos, nações, línguas e reis” (10:11). A meretriz Babilônia meio, e não permitem que se assenta sobre “povos, multidões, nações e línguas” esses cadáveres sejam (17:15). Esta linguagem denomina as pessoas do mundo ou da sepultados. sociedade em geral. Algumas dessas pessoas aceitam as bênçãos que vêm pelo descendente de Abraão e, assim, fazem parte da   multidão de adoradores diante do trono. Outras seguem a meretriz e se regozijam com as vitórias passageiras sobre os servos do Senhor. Muitos (mas não todos – 7:9) dentre os povos olham para os  corpos dos servos mortos.  Por três dias e meio: Não há dúvida. Estão mortas. Os corpos já estariam com o mal cheiro da decomposição. Mas há mais aqui. Três dias e meio, a metade de sete dias, novamente representa um período curto, um tempo de angústia para os fiéis que sofrem das perseguições. Mas, a “vitória” da  besta não dura por muito tempo. Somente as pessoas com miopia espiritual serão enganadas por esta  falsa vitória. E não permitem que esses cadáveres sejam sepultados: Os ímpios querem o proveito máximo  desta “vitória” sobre os servos de Deus. Deixam os corpos expostos para mostrar o seu poder sobre os justos. O que eles não entendem, ainda, é que a morte não é o fim para os servos de Deus. Os  vencedores não sofrem “dano da segunda morte” (2:11). Também não entendem como o orgulho  da festa desta falsa vitória ajudará a salientar a vitória verdadeira dos servos do Senhor. O que   acontecerá nos versículos 11 e 12 será visível a todos!  11:10 –  Os que habitam sobre a terra se alegram por causa deles:  Quando a besta mata os servos do Senhor, os ímpios fazem a  festa. A prática de enviar presentes é uma maneira de expressar  alegria em ocasiões especiais (veja Neemias 8:9-10). Aqui, os  perversos fazem uma festa de vitória. Há uma verdadeira guerra,  Lição 19: O Santuário e as Duas Testemunhas (11:1-13)  10 Os que habitam sobre a  terra se alegram por causa  deles, realizarão festas e  enviarão presentes uns aos  outros, porquanto esses dois  profetas atormentaram os  que moram sobre a terra.  95   uma luta entre o bem e o mal, e os malfeitores se regozijam com qualquer vitória, mesmo de pouca  duração, sobre o bem. Freqüentemente, os ímpios acham que suas “vitórias” sirvam para libertar  pessoas oprimidas por regras desnecessárias de religiões ultrapassadas. Oferecem a liberdade para  satisfazer qualquer desejo sexual, ou a liberdade para tirar a vida de crianças antes de elas nascerem,  ou a liberdade para exigir o respeito de outros mesmo quando praticam coisas que desprezam os  princípios de decência daqueles que seguem a Deus. Prometem liberdade, mas são escravos da corrupção (2 Pedro 2:19).  Porquanto esses dois profetas atormentaram os que moram sobre a terra: Aqui revela o  motivo do assassinato. Os dois profetas atormentaram os ímpios. Como? Eles pregaram a verdade! A palavra de Deus atormenta os malfeitores, tirando o sossego daqueles que recusam se submeterem  ao Senhor. Este é o lado amargo da pregação do evangelho. Por isso, os pregadores fiéis são odiados  pelo mundo (Mateus 10:22). Paulo sofreu perseguições e avisou que os piedosos seriam perseguidos  por homens perversos (2 Timóteo 3:10-13).
11:11 –  Depois dos três dias e meio, um espírito de vida, vindo da parte de Deus: Foram três anos  e meio de profecia e três dias e meio de falsa vitória dos ímpios antes da vitória real das testemunhas  de Deus. O Senhor manda um espírito de vida, pois ele é a verdadeira e única fonte de vida. Um tema  constante nas Escrituras é o contraste entre a vida e a morte (Deuteronômio 30:15; Mateus 7:13-14;  etc.). A vida é sempre ligada a Deus, e a morte sempre ligada ao  pecado. A palavra vida aparece mais nos livros de João do que  11 Mas, depois dos três dias  nos escritos de qualquer outro autor no Novo Testamento. João  e meio, um espírito de vida,  emprega esta palavra com um rico significado espiritual, a partir  vindo da parte de Deus,  do prólogo de seu evangelho: “A vida estava nele e a vida  neles penetrou, e eles se  era a luz dos homens” (João 1:4). A vida própria é uma  ergueram sobre os pés, e
qualidade divina: “Porque assim como o Pai tem vida em si  àqueles que os viram  mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si  sobreveio grande medo;  mesmo” (João 5:26). Jesus oferece a vida aos homens, dizendo:  “Eu sou o pão da vida” (João 6:48) e oferecendo a água viva  (João 4:10-11). Acrescenta: “Eu lhes dou a vida eterna” (João 10:28) e “Eu sou a ressurreição  e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (João 11:25). Resumindo o seu papel  essencial para a salvação dos homens, ele diz: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;  ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6). “E a vida eterna é esta: que te conheçam  a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3). Na sua primeira  carta, João descreve Jesus como o “Verbo da vida” (1:1) e o identifica como “a vida eterna, a  qual estava com o Pai e nos foi manifestada” (1:2). Sem o Pai e o Filho, a vida se torna  impossível: “E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu  Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a
vida” (5:11-12).  Paulo desenvolveu o mesmo tema em diversos comentários nas suas cartas: “...a vossa vida está  oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar,  então, vós também sereis manifestados com ele, em glória” (Colossenses 3:3-4). Ele disse que  Jesus “...não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho” (2 Timóteo 1:10).  A vida vem de Deus.  Neles penetrou, e eles se ergueram sobre os pés: O espírito de vida enviado por Deus  ressuscitou as testemunhas. A vitória da besta e dos perversos acabou! Que conforto aos discípulos  do Senhor na Ásia ou em outros lugares onde a perseguição ameaçava matá-los! Poderiam até morrer,  mas a morte não teria a vitória final sobre os fiéis. Eles são os vencedores (2:11). Este versículo serve  96  Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo  para encorajar os servos de Deus em qualquer época, enfrentando qualquer ameaça do inimigo.  Podem sofrer; podem até morrer. Mas, no final, ficarão de pé, vitoriosos!  E àqueles que os viram, sobreveio grande medo: A festa acabou! A vitória dos ímpios não durou,  era falsa. Agora os perversos percebem que seu adversário é realmente invencível. Nem a morte segura  os servos de Jesus! “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu  aguilhão?.... Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus  Cristo” (1 Coríntios 15:55-57). Os perseguidores têm todo motivo para sentir medo. Perderão!  11:12 –  As duas testemunhas ouviram grande voz vinda do céu, dizendo-lhes: Subi para aqui: Mais  uma grande voz. As testemunhas ouviram esta voz, mas não sabemos se os adversários a ouviram.  A voz chamou os servos vitoriosos a subirem para o céu. Missão cumprida!  E subiram ao céu numa nuvem: Sobre o significado de  nuvens, veja os comentários na lição 18 sobre 10:1. As  testemunhas, depois de sua ressurreição, subiram como Jesus  subiu (Atos 1:9). Na segunda vinda de Jesus, os fiéis subirão  “entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares” (1  Tessalonicenses 4:17).  12 e as duas testemunhas  ouviram grande voz vinda do  céu, dizendo-lhes: Subi para  aqui. E subiram ao céu  numa nuvem, e os seus  inimigos as contemplaram.  E os seus inimigos as contemplaram: Que cena triste para
os inimigos de Deus. As testemunhas, não contidas pela morte, agora somem de vez. A besta que  surgiu do abismo e parecia tão forte se mostra incapaz de vencer os servos de Deus. O resto do livro  mostrará, com mais detalhes, esta certeza da vitória dos fiéis sobre seus adversários ímpios. “Porque  todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a  nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?”  (1 João 5:4-5).  11:13 –  Houve grande terremoto, e ruiu a décima parte da cidade, e morreram, nesse terremoto,  sete mil pessoas: Já encontramos terremotos como símbolos do castigo divino. Este terremoto afeta  a décima parte da cidade e causa a morte de 7.000 pessoas.    Como as primeiras trombetas, este castigo também não é final  13 Naquela hora, houve  e total, mas a retirada das testemunhas de Deus traz  grande terremoto, e ruiu a  conseqüências graves para a cidade mundana, a sociedade dos  décima parte da cidade, e  ímpios.   morreram, nesse terremoto,  As outras ficaram sobremodo aterrorizadas e deram glória  sete mil pessoas, ao passo  que as outras ficaram  ao Deus do céu: Ficaram com medo, mas o texto não diz que  sobremodo aterrorizadas e  se converteram. Nabucodonosor, impressionado com a
deram glória ao Deus do  interpretação do seu sonho por Daniel, reconheceu o Senhor  céu.  como “o Deus dos deuses, e o Senhor dos reis” (Daniel  2:47) mas ainda fez a sua imagem de ouro e exigiu que os  homens a adorassem (Daniel 3) e se exaltou ao ponto de ser  humilhado por Deus (Daniel 4). É possível dar glória a Deus sem se converter a ele.


Conclusão

Antes de completar a série de sete trombetas, Deus frisou vários fatos importantes nas cenas do  intervalo. Além dos pontos observados na lição 18 (capítulo 10), observamos mais estes fatos: ì  Deus identifica (mede) e protege o seu povo mas, ao mesmo tempo, í Ele deixa os ímpios pisar,  perseguir e até matar os seus servos. î No final, os fiéis terão a vitória e os perversos serão totalmente  derrotados. Na próxima lição, ouviremos a sétima trombeta. Se as primeiras seis já demonstraram o  poder de Deus por meio de castigos severos, podemos imaginar o que vem pela frente.  Lição 19: O Santuário e as Duas Testemunhas (11:1-13)



Apocalipse: Lição 20
A Sétima Trombeta
(Apocalipse 11:14-19)

Chegamos à sétima trombeta com grandes expectativas. As primeiras seis já anunciaram flagelos  severos, chegando até a morte da terça parte dos homens na sexta. As últimas três trombetas  são chamadas de “ais”, sugerindo notícias de castigos mais fortes do que as primeiras quatro.  Para aumentar mais ainda a nossa expectativa, o anjo que domina a terra e o mar jurou que o mistério  de Deus, anunciado aos servos, os profetas, seria cumprido na sétima trombeta (10:6-7). Temos  motivos para ficar ansiosos ao chegarmos à última trombeta.  A Sétima Trombeta (11:14-19)  11:14 –  Passou o segundo ai: A águia anunciou os três ais, que  correspondem às últimas três trombetas (8:13). Já passaram dois  dos ais (a quinta e a sexta trombetas).  14 Passou o segundo ai. Eis  que, sem demora, vem o   terceiro ai.  Eis que, sem demora, vem o terceiro ai: O intervalo acabou. Voltamos às trombetas, prontos para a última das sete trombetas a tocar. Vem sem demora, como prometeu o anjo forte (10:6-7).  11:15 – O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes: O último dos sete anjos (8:2)  toca a sua trombeta. João ouve grandes vozes no céu, mas não identifica as pessoas que falam. Pela  ligação entre estas vozes e os 24 anciãos no louvor que se segue (11:16), é possível que as vozes sejam  dos quatro seres viventes. Em outras ocasiões, eles participaram da adoração junto com os 24 anciãos  (4:8-11; 5:8,14; 7:11). Mas, não precisamos saber, pois já sabemos que todas as criaturas no céu  adoram a Deus.  O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo: Vitória! Os inimigos perseguem,  machucam e até matam os servos do Senhor, mas conseguem apenas vitórias transitórias e falsas  (veja os comentários sobre as coroas dos gafanhotos em 9:7 e os  sobre a vitória aparente sobre as duas testemunhas em 11:7-13).  15 O sétimo anjo tocou a  Pelo fato de este texto dizer que o reino “se tornou de nosso  trombeta, e houve no céu  Senhor”, algumas pessoas ensinam que o reino estava (ou que  grandes vozes, dizendo: O  ainda está) sob o domínio do diabo, e que Deus não mantinha  reino do mundo se tornou de  controle dos reinos do mundo. Para evitar uma conclusão errada  nosso Senhor e do seu  que diminua a posição do Todo-Poderoso, devemos observar  Cristo, e ele reinará pelos  alguns fatos importantes. O livro de Daniel ajudará, pois fala  séculos dos séculos.  sobre o domínio de Deus no futuro e no presente. Nos dias de  Nabucodonosor, rei da Babilônia, Deus revelou o futuro, falou de  quatro reinos humanos, e disse que, “nos dias destes reis [os  do quarto reino], o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este  reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo  subsistirá para sempre” (Daniel 2:44). Então, do ponto de vista de Daniel e Nabocodonosor, o  reino de Deus seria estabelecido no período romano, e seria vitorioso sobre os reinos humanos. Um  reino futuro, do ponto de vista deles. Quer dizer que Deus não dominava na época de Nabucodonosor,  certo? Errado! Foi durante o reinado do mesmo rei que Deus humilhou o arrogante líder, para que este  aprendesse “que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer”  Lição 20: A Sétima Trombeta (11:14-19)  99
(Daniel 4:17,25,32). Domínio atual, na época de Daniel e Nabucodonosor, mais de 600 anos antes  de cumprir a profecia do reino eterno revelada em Daniel 2!  Quando chegamos ao Apocalipse, seria errado deduzir que Deus passou a dominar o reino do mundo  somente quando a sétima trombeta tocou. A mensagem consistente do Novo Testamento, revelada  já décadas antes do Apocalipse, é da posição atual de Jesus como Soberano Rei (Atos 2:30-36; cf.  1 Timóteo 1:17; 6:15-16; 1 Pedro 4:11). Judas incluiu o passado, o presente e o futuro quando falou  da soberania de Deus (Judas 25). Desde a introdução desta profecia de João, Jesus já é “o Soberano  dos reis da terra” (1:5). No intervalo antes da sétima trombeta, as duas testemunhas se achavam   “em pé diante do Senhor da terra” (11:4). Esta trombeta, como vários outros trechos do  Apocalipse, revela para nós de forma seqüencial fatos já estabelecidos. É uma apresentação dramática  para o nosso benefício. Jamais devemos aceitar qualquer interpretação que tira o Senhor do seu trono.  Deus (Pai e Filho) não precisou da sétima trombeta para se tornar Rei. Ele já é o Senhor de senhores  e Rei dos reis, mas achou importante mostrar para nós, depois de todos os desafios à sua autoridade,  a sua posição exaltada como Rei vitorioso.  E ele reinará pelos séculos dos séculos: Ele é o eterno rei (1:6; 5:13; Salmo 145:13; 1 Pedro 4:11;  5:11; Judas 25). Daniel profetizou que o reino de Deus subsistiria para sempre (Daniel 2:44 ).  16 E os vinte e quatro
anciãos que se encontram   sentados no seu trono,  diante de Deus,  prostraram-se sobre o seu  rosto e adoraram a Deus,  11:16 –  Os vinte e quatro anciãos: Como nas outras cenas de louvor  no céu, os 24 anciãos, representando o povo de Deus,  participam da adoração.  Prostraram-se sobre o seu rosto e adoraram a Deus: Mais  uma vez, os anciãos se humilham diante de Deus para lhe dar o  merecido louvor.  11:17 –  Graças te damos: O louvor oferecido a Deus é baseado na gratidão dos anciãos (cf 4:9; 7:12). O  motivo específico da gratidão, nesta ocasião, já será explicado.  17 dizendo: Graças te  damos, Senhor Deus,  Todo-Poderoso, que és e  que eras, porque assumiste  o teu grande poder e  passaste a reinar.  Senhor Deus, Todo-Poderoso, que és e que eras: Deus é  onipotente e eterno.  Porque assumiste o teu grande poder e passaste a reinar:  Ele sempre tinha poder absoluto sobre todos. Em relação à   circunstância dos servos que sofriam tanto na terra, ele assumiu  o poder no sentido da vitória sobre os inimigos. Sempre reinou,  mas passou a reinar de uma maneira mais evidente, não  deixando os ímpios imunes na sua opressão dos fiéis. Ele  cumpriu as profecias de Daniel 2:44 e 7:13-14. Ele veio sem demora para aliviar o sofrimento dos  perseguidos, como prometeu à igreja em Filadélfia (3:11). Ele veio para cumprir suas promessas aos  seus servos (22:7,12,20). Ele fez “abalar não só a terra, mas também o céu” e as coisas que não  foram abaladas permaneceram (Hebreus 12:26-27).  11:18 –  Na verdade, as nações se enfureceram: Agora vem a explicação mais ampla do sentido em que  Deus assumira o poder e o reino. De fato, as nações se levantaram contra o reino de Deus. Vários  textos já profetizaram tais tentativas de vencer o reino de Deus. A linguagem empregada aqui vem de  uma profecia feita por Davi 1.000 anos antes do nascimento de Jesus: “Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes  conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido...” (Salmo 2:1-2). 100  Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo  Chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado para  serem julgados os mortos: A ira de Deus chegou. Este fato  nos ajuda na interpretação do resto do livro. Como o anjo  prometeu, a sétima trombeta cumpre o mistério de Deus (10:7).  O que vem pela frente é uma explicação mais ampla desta
trombeta, incluindo o derramamento das sete taças da ira de  Deus (capítulo 16). Mas esta trombeta resume o mistério como  já cumprido. A ira já chegou. O resto do livro – o aparecimento  dos grandes inimigos, as taças de ira, Armagedom, a queda da  Babilônia e dos outros inimigos de Deus, a vitória e a exaltação  dos santos – está tudo resumido e comprimido nesta trombeta.  A ira já chegou.   18 Na verdade, as nações  se enfureceram; chegou,  porém, a tua ira, e o tempo  determinado para serem  julgados os mortos, para se  dar o galardão aos teus  servos, os profetas, aos  santos e aos que temem o
teu nome, tanto aos  pequenos como aos  grandes, e para destruíres  os que destroem a terra.  O ponto aqui não é sobre a força do adversário, e sim sobre a  soberania do Messias e o julgamento das nações: “Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu  santo monte Sião” (Salmo 2:6). O Pai fala para o Filho: “Pede-me, e eu te darei as nações por  herança e as extremidades da terra por tua possessão. Com vara de ferro as regerás e as  despedaçarás como um vaso de oleiro” (Salmo 2:8-9). É esta imagem do poder de Jesus que dá  motivo de adoração no céu. Outras passagens do Antigo Testamento desenvolvem o mesmo tema.  Deus restaura seu povo, Gogue lidera as nações na invasão de Israel, e Deus destrói os exércitos dos  gentios (Ezequiel 37-38). Logo em seguida, encontramos a visão do templo glorificado e da cidade  santa (Ezequiel 40-48). Joel profetizou sobre eventos ligados ao estabelecimento do reino messiânico  (Joel 2:28-32; cf. Atos 2:16-21) e, logo em seguida, da oposição das nações e do julgamento delas  por Deus no vale da Decisão levando à conclusão inevitável: “Sabereis, assim, que eu sou o  SENHOR, vosso Deus, que habito em Sião, meu santo monte” (Joel 3:17).  A figura do julgamento nos lembra, também, de Daniel 7. Depois de receber domínio e o reino do  Ancião de Dias, o Filho e seus santos servos enfrentam os reis da terra. Os santos são entregues nas  mãos do inimigo “por um tempo, dois tempos e metade de um tempo” (Daniel 7:25; compare  Apocalipse 11:2,9). “Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o  destruir e o consumir até ao fim. O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo  de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno,  e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão” (Daniel 7:26-27). Baseado nestes trechos e  nos acontecimentos até este momento no Apocalipse, parece que os mortos aqui são aqueles que  estão mortos no pecado, mortos espiritualmente (cf. Efésios 2:1,5; 5:14; Colossenses 2:13), aqueles  que não têm o “espírito de vida, vindo da parte de Deus” (11:11). O julgamento dos mortos é  o julgamento das nações ímpias, dos opressores que se opuseram aos santos.
Para se dar o galardão aos teus servos: O julgamento dos opressores traz um benefício óbvio para  os fiéis. Os servos recebem a recompensa pela sua fidelidade. Observemos as descrições dos fiéis aqui:  ! Teus servos: A função principal de qualquer criatura é de servir ao Criador. Nós lhe  devemos o nosso serviço mais ainda quando pensamos no valor da redenção que  recebemos por meio dele.  ! Os profetas: Servos fiéis que revelaram os planos de Deus, tanto para salvar os pecadores  como para castigar os rebeldes.  ! Os santos: Os santificados, purificados e justificados pelo sangue do Cordeiro.  ! Os que temem o teu nome: Todo servo fiel respeita profundamente o Senhor, e age no  nome dele.  ! Tanto aos pequenos como aos grandes: A promessa da recompensa é para todos os  fiéis, dos maiores aos menores.  Lição 20: A Sétima Trombeta (11:14-19)  101  Para destruíres os que destroem a terra: A palavra traduzida “destruíres” e “destroem”, neste  versículo, não significa a aniquilação. O significado principal da palavra grega é “corromper, mudar  para pior”. Aqueles que corrompem a terra – os servos de Apoliom, o destruidor (9:11) – são  corrompidos, arruinados, consumidos como por vermes ou traça (veja as definições no léxico de  Strong).  Resumindo este versículo importante, chegou a hora determinada por Deus para:  ì Julgar os mortos (ímpios).  í Dar a recompensa aos fiéis.  î Arruinar aqueles que corrompem a terra.  Que vindicação e vitória! Que motivo de alegria e adoração no céu!  11:19 –  Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu: Esta parte do livro começou no  capítulo 4, quando o céu foi aberto e João subiu para descrever as coisas que ele viu. Termina com  uma vista do santuário aberto no céu. Sabemos que o verdadeiro  santuário é celestial, e que o tabernáculo e o templo eram meras  19 Abriu-se, então, o  cópias do real (Hebreus 9:1-2,11-12,23-24). A vitória de Jesus na  santuário de Deus, que se  morte rasgou o véu do templo (Marcos 15:38), mostrando que  acha no céu, e foi vista a  ele abriu o acesso ao Pai (Hebreus 10:20) e se tornou o único
 santuário, e sobrevieram  10:12). Ele intercede por nós como o nosso “Advogado junto  relâmpagos, vozes, trovões,  ao Pai” (Romanos 8:34; 1 João 2:1).  terremoto e grande  saraivada.  Foi vista a arca da Aliança: Melhor, a arca da Aliança dele.  Não é a arca da Aliança limitada dada aos judeus no Velho Testamento. Esta arca representa a presença de Deus na Aliança  feita em Jesus, a aliança que traz remissão dos pecados pelo sangue dele (Mateus 26:28; veja  Apocalipse 5:9; 7:14; 12:11).  E sobrevieram relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada: Mesmo neste  momento da vista gloriosa do céu, não podemos esquecer da batalha travada contra os inimigos.  Como esta trombeta resume tudo que vem pela frente, assim cumprindo o mistério de Deus  anunciado aos profetas (10:7), há um elemento forte do poder de Deus para castigar e destruir. Mais  uma vez, encontramos estes símbolos deste poder de Deus. A voz dele será ouvida e o poder dele  demonstrado nas explicações mais detalhadas nos capítulos subseqüentes.

Conclusão

Depois de tanta expectativa, encontramos na sétima trombeta a visão da vitória. Enquanto  claramente inclui elementos de castigo e destruição dos inimigos, a ênfase está, obviamente, na  vitória do Senhor e dos seus santos. Deus fez o que prometeu. Os adversários fizeram o possível  para destruir o reino dele, mas jamais conseguirão fazer isso. O vitorioso Senhor dos senhores julga e  destrói os inimigos e salva e exalta os fiéis. Por isso, ele merece a adoração de todos os seus servos,  começando com as vozes no céu.  É importante frisar o significado desta trombeta em relação ao resto do livro. Sete selos foram abertos,  e o último revelou as sete trombetas. As sete trombetas nos levam até o fim, o cumprimento do mistério  revelado por Deus aos profetas. Mas a sétima não termina aqui. Ela inclui o que vem depois, as  explicações mais detalhadas no resto do livro. Deus dará a vitória aos santos e arruinará os inimigos. O  resto do livro mostrará mais informações sobre as características destes inimigos, e a natureza da vitória  de Deus e do povo santo.. “Graças te damos, Senhor Deus, Todo-Poderoso”!  102
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo


Apocalipse: Lição 21
A Derrota do Dragão
(Apocalipse 12:1-17)

O capítulo 12 inicia uma nova parte do Apocalipse. Antes de começar esta lição, devemos  relembrar, resumidamente, o que já passou. O primeiro capítulo serve de introdução ao livro,  apresentando Jesus Cristo como a fonte desta revelação e como o Senhor eterno e poderoso.  Os capítulos 2 e 3 contêm as cartas às sete igrejas da Ásia. Capítulos 4 a 11 mostram a revelação, por  etapas, do plano de Deus para com os povos. Especialmente apresentam o Pai e o Filho no céu,  recebendo a adoração de todas as suas criaturas (capítulos 4 e 5), os sete selos (capítulos 6 a 8, com  o intervalo de consolo no capítulo 7), e as sete trombetas (capítulos 8 a 11, com o intervalo nos  capítulos 10 e 11). A sétima trombeta encerra a revelação do mistério de Deus (10:7) com a grande  celebração da vitória dos servos do Senhor. O resto do livro é uma apresentação ampliada dos  detalhes dessa vitória. Não apresenta uma nova seqüência de acontecimentos, e sim uma vista mais  próxima do que já fora revelado nos capítulos anteriores. O capítulo 12 mostra o poder dos servos de  Deus sobre o diabo. Ele tenta de várias maneiras derrotar os fiéis, mas não consegue.  O Dragão Tenta Destruir o Filho (12:1-5)  12:1 –  Viu-se grande sinal no céu: Entramos agora nesta nova parte do livro, e ainda encontramos visões  das batalhas espirituais ou celestiais. O que acontece na Terra é resultado das batalhas espirituais.  Uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e  uma coroa de doze estrelas na cabeça: Quem é esta mulher?
Pelo fato que ela dará à luz o filho que se torna rei (12:5), ou seja,  Jesus, alguns sugerem que esta figura representa a própria Maria,  mãe de Jesus. Mas é uma visão celestial, e a figura aqui é maior  do que Maria. Esta mulher representa o povo de Deus, como  podemos perceber pela descrição dela. Ela é vestida do sol e  tem a lua debaixo dos pés. O sol e a lua são os dois luzeiros   principais dados por Deus para iluminar a Terra. O povo de Deus serve como luz no mundo de trevas  (Mateus 5:14-16), revelando ao mundo a luz da revelação divina.  1 Viu-se grande sinal no céu,  a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos  pés e uma coroa de doze  estrelas na cabeça,  Vários outros fatos apóiam esse entendimento. A coroa de doze estrelas junta um símbolo de vitória  (a coroa, ou stephanos) com um número (doze) simbólico do povo de Deus. É totalmente consistente  com a linguagem do Velho Testamento pensar no povo de Deus dando à luz. Miquéias disse:  “Apoderou-se de ti a dor como da que está para dar à luz? Sofre dores e esforça-te, ó filha  de Sião, como a que está para dar à luz, porque, agora, sairás da cidade, e habitarás no  campo, e virás até à Babilônia; ali, porém, serás libertada; ali, te remirá o SENHOR das  mãos dos teus inimigos.... E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo  de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde  os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Miquéias 4:9-10; 5:2; veja Isaías 54:1). Não  é apenas o povo físico de Israel, nem apenas o remanescente israelita do cativeiro, pois os  descendentes desta mulher são as pessoas obedientes em Jesus (Apocalipse 12:17).
2 que, achando-se grávida,  grita com as dores de parto,  sofrendo tormentos para dar  à luz.  104  12:2 –  Achando-se grávida, grita com as dores de parto, sofrendo  tormentos para dar à luz: O povo fiel esperou durante muito  tempo, ansioso para a vinda do Messias. Da primeira promessa  Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo  messiânica, em Gênesis 3:15, às promessas a Abraão, Isaque e Jacó, às profecias nos últimos anos  do Antigo Testamento, até a expectativa de fiéis como Simeão e Ana (Lucas 2:25-38), a esperança da  chegada do Cristo crescia em Israel.  12:3 –  Eis um dragão: O segundo sinal desta cena é de um dragão.  Esta é a primeira de doze vezes que a palavra dragão aparece no  Apocalipse. Não há dúvida sobre a identidade do dragão (12:9).  Observemos o significado de suas características.  Sete cabeças e dez chifres  A representação do dragão com  sete cabeças e dez chifres
 zterra (17:18). Todas essas  imagens levam o leitor a  entender que o diabo se  manifestava, na época de João,  usando a força de Roma. Veremos mais sobre estes símbolos nas próximas lições.  3 Viu-se, também, outro   sinal no céu, e eis um   dragão, grande, vermelho,  com sete cabeças, dez  chifres e, nas cabeças, sete   diademas.  Grande: Ele é poderoso.  Não tem poder absoluto,  igual ao poder de Deus, como ficará evidente ainda neste  capítulo. Mas, não devemos subestimar a força do Adversário.  Vermelho: Tem a cor de sangue, porque é o original  homicida (João 8:44).  Com sete cabeças: Com a cabeça associamos a inteligência.  O diabo é inteligente, capaz de seduzir e enganar. A primeira  vez que aparece na Bíblia, é representada como uma serpente  “mais sagaz que todos os animais selváticos” (Gênesis  3:1). A mesma astúcia continua ameaçando os servos de Deus   no Novo Testamento (2 Coríntios 11:3).  Dez chifres: Os chifres reforçam a idéia de sua força. Animais  usam seus chifres para lutar, e os chifres representam o poder  militar de homens e nações (Daniel 8:3-8).  Nas cabeças, sete diademas: Diademas são adornos de  realeza. A palavra aparece apenas três vezes no Novo  Testamento, todas no Apocalipse. Aqui, são os diademas do  dragão. Em 13:1, são os diademas da besta do mar. Em  19:12, são os muitos diademas do verdadeiro Rei dos reis e  Senhor dos senhores, Jesus.  12:4 –  A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra: O  Destruidor mostra o seu poder, lançando para a terra um terço das estrelas do céu. Certamente  enfatiza o poder do dragão; possivelmente sugere seu poder para afligir e perseguir os fiéis. Uma  profecia de Daniel emprega linguagem semelhante para mostrar o poder de um inimigo sobre os  servos de Deus (Daniel 8:10,24). O dragão neste contexto  perseguirá os fiéis. Mas, no momento, o interesse dele é  direcionado ao filho que nascerá.  4 A sua cauda arrastava a  terça parte das estrelas do  O dragão se deteve em frente da mulher...a fim de lhe  céu, as quais lançou para a  devorar o filho quando nascesse: João nos apresenta com a  terra; e o dragão se deteve  imagem do dragão forte e faminto, olhando para a mulher  em frente da mulher que  grávida com um desejo enorme de matar e devorar o filho.  estava para dar à luz, a fim  Jeremias descreveu o rei da Babilônia como um monstro que  de lhe devorar o filho quando  devorou o povo santo (Jeremias 51:33-35). Mas aqui,  nascesse.   encontramos algo mais profundo ainda. O diabo espera o  nascimento de Jesus para devorá-lo. A encarnação de Jesus  trouxe a batalha à Terra. Jesus assumiu a forma humana, com as suas fraquezas, para enfrentar o  Adversário. Este fato torna Jesus unicamente qualificado para servir como nosso sumo sacerdote:  Lição 21: A Derrota do Dragão (12:1-17)  105   “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas;  antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hebreus  4:15). Ele voluntariamente se submeteu à vontade do Pai, e “a si mesmo se esvaziou, assumindo  a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura  humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz”  (Filipenses 2:7-8). O diabo fez de tudo para derrotar Jesus durante este período de vulnerabilidade.  Não somente durante 40 dias de provação no deserto, mas durante toda a vida terrestre de Jesus, até  à morte na cruz, Satanás tentou vencer o Filho de Deus. Ele viu a sua chance quando Jesus se fez  carne, e esperava a chegada do Cristo com a vontade de devorá-lo. Ele não queria somente ferir o  calcanhar (Gênesis 3:15). Ele queria dominar e destruir Deus na carne.  12:5 –  Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro: O filho  é Jesus. Conforme diversas profecias do Velho Testamento, ele veio para reinar sobre as nações com  o cetro de ferro. Salmo 2 é a passagem mais específica que  fornece a linguagem deste versículo. É a profecia que confortou  5 Nasceu-lhe, pois, um filho  os cristãos perseguidos em Jerusalém (Atos 4:23-31). É uma das  varão, que há de reger todas  grandes profecias que alimentavam a esperança de Israel durante  as nações com cetro de  séculos antes do nascimento de Jesus. O propósito da vinda de  ferro. E o seu filho foi  Jesus focaliza o ponto de conflito com o diabo. Satanás aparece  arrebatado para Deus até ao  com suas cabeças, chifres e diademas, querendo se mostrar o  seu trono.  verdadeiro rei do mundo. Mas ele sabe que a sua posição como  rei nunca será estabelecida se ele não vencer o Messias. Toda a  esperança diabólica de uma vitória do mal depende desta luta contra o filho que nasceu. Se ele  conseguir devorar o Messias, o dragão se estabelecerá como o monarca dos reinos da terra.  E o seu filho foi arrebatado para Deus até ao seu trono: Quem espera os detalhes do drama,  com cada estratégia dos adversários e cada movimento de tropas, terá que procurar em outros  lugares. Aqui, toda a vida terrestre de Jesus é resumida em um versículo que afirma a sua vitória  absoluta. Do nascimento até à coroação no céu, onde Jesus atualmente senta à destra do Pai no  Santo dos Santos, a missão bem-sucedida de Jesus é resumida neste versículo (veja Atos 2:22-36;  Hebreus 9:12). Sem entrar em pormenores, este versículo se torna um dos mais poderosos da Bíblia.  Pela sua vida perfeita, a sua morte sacrificial e a sua ressurreição de entre os mortos, Jesus é  totalmente vitorioso sobre o diabo! Antes de entrar em mais detalhes sobre o dragão e seus servos,  ele quer nos lembrar que o verdadeiro Rei e Vencedor é o Senhor Jesus Cristo.  O Dragão Tenta Destruir a Mulher (12:6)  12:6 –  A mulher, porém, fugiu para o deserto: Ela se encontra diante do dragão furioso e frustrado. Não  conseguiu destruir o filho. Agora, pode apenas tentar destruir a mulher. Mas esta tentativa, também,  leva à frustração do dragão. A mulher – o povo de Deus, os  servos de Jesus – foge para o deserto por um período.  6 A mulher, porém, fugiu  para o deserto, onde lhe  havia Deus preparado lugar  para que nele a sustentem  durante mil duzentos e  sessenta dias.  O deserto! Moisés fugiu para o deserto quando o rei do Egito  queria matá-lo (Êxodo 2:15-22). O povo de Israel saiu da  opressão egípcia e foi para o mesmo deserto (Êxodo 13:17-18).  Elias fugiu da ira de Jezabel, foi ao deserto, e foi conduzido até  Horebe (1 Reis 19:1-8).  Aqui, a mulher fugiu para o deserto para escapar da ira do  dragão.  Onde lhe havia Deus preparado lugar para que nele a sustentem: Deus providenciou a  proteção da mulher. Deus protegeu Agar e Ismael no deserto (Gênesis 21:17-20) e sustentou Elias  106  Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
O Povo de Deus  Protegido do Monstro  A figura do povo de Deus (a m ulher)  fugindo para o deserto para ser  sustentado por Deus vem de um a im agem  bem estabelecida no Velho Testam ento.  Reis opressores são descritos com o  m onstros, crocodilos ou dragões (da  m esm a palavra hebraica), e Deus liberta  o povo da m ão deles. Jerem ias fala assim  de Nabucodonosor (Jeremias 51:33-41). A  im agem m ais im portante ainda é a do  Faraó do Egito. O “braço do SENHOR ...  abateu o Egito e feriu o monstro  marinho” (Isaías 51:9; cf. Salm o 74:13).  “Assim diz o SENHOR Deus: Eis-m e  contra ti, ó Faraó, rei do Egito,  crocodilo enorme” (Ezequiel 29:3).  Quando Deus libertou o povo da m ão do  Faraó, ele o levou ao deserto, onde os  israelitas foram sustentados com o m aná  do céu.  Certam ente, os fiéis achariam consolo nas  palavras de Isaías 27:1-3 –  “Naquele dia, o SENHOR castigará com  a sua dura espada, grande e forte, o  dragão, serpente veloz, e o dragão,  serpente sinuosa, e matará o monstro  que está no m ar. N aquele dia, dirá o  SENHOR: Cantai a vinha deliciosa! Eu,  o SENHOR, a vigio e a cada momento a  regarei; para que ninguém lhe faça  dano, de noite e de dia eu cuidarei  dela.”  O dragão do Apocalipse usa o poder de  um rei sem elhante a Faraó para afligir o  povo de Deus. A besta do abism o m ata os  servos de Deus na cidade que se cham a  Egito (11:8). Mas, no fim , o m onstro será  derrotado e o povo de Deus protegido.  durante o seu conflito com Acabe e Jezabel (1 Reis 17)  e na sua fuga ao deserto (1 Reis 19). Aqui, Deus sustenta  a mulher. Observe que o verbo está no plural, (“a  sustentem”), dando para entender que o Pai e o Filho   providenciam as necessidades da mulher.  Durante mil duzentos e sessenta dias: De novo, o  período de três anos e meio (360 dias por ano). Um tempo curto de tribulação, mas em que o povo de Deus  se beneficia da proteção especial do Senhor.  O dragão não conseguiu destruir a mulher. A sua  frustração aumenta.  O Dragão Peleja contra Miguel (12:7-12)  12:7 –  Houve peleja no céu: Deus abre, mais ainda, a cortina  para mostrar a batalha espiritual que garante a vitória  dos fiéis. Esta vitória dos servos de Deus no céu reforça  o resultado da vitória de Jesus sobre o pecado e a morte  (versículo 5), como veremos no versículo 11.  Miguel e os seus anjos: Miguel (seu nome significa  “Quem é semelhante a Deus?) é citado por nome cinco  vezes na Bíblia, sempre como representante de Deus nas  batalhas contra os inimigos do Senhor:  ! Contra os príncipes dos persas e dos gregos (Daniel  10:13,20-21).  ! Como defensor do povo de Deus (Daniel 12:1).  ! Como arcanjo de Deus lutando pelo corpo de Moisés  (Judas 9).  ! Aqui, como líder do exército celestial contra o diabo e  seus anjos.  Apesar das doutrinas de alguns grupos religiosos, a  Bíblia não diz que Miguel é Jesus. Jesus aparece neste  capítulo como o filho varão (5), Deus (cf. o comentário  sobre o verbo plural acima – 6), o Cristo de Deus (10), o Cordeiro (11) e Jesus (17). Nem aqui, nem  em outro lugar, encontramos alguma prova que identifica Miguel  como Jesus. Quando chegamos à vitória de Miguel e os seus   7 Houve peleja no céu.  anjos nos próximos versículos, lembramos que é um Miguel e os seus anjos  representante de Deus que vence o diabo. Se os servos do
pelejaram contra o dragão.  Senhor têm poder para derrotar Satanás, muito mais o próprio  Também pelejaram o dragão  Senhor será vitorioso.  e seus anjos;  Pelejaram contra o dragão...e seus anjos: O diabo não  conseguiu devorar o filho. A mulher escapou dele, sob a proteção  divina. Agora enfrenta o exército de Miguel. Tem todo o apoio de seus anjos. Como entender esta  batalha? Há diversas explicações, incluindo:  ì Uma batalha literal em que o diabo tentou invadir o céu, depois da ascensão de Cristo, para vencer  o filho varão. Se fosse literal, além de desviar da natureza figurada do livro, apresentaria uma nova  Lição 21: A Derrota do Dragão (12:1-17)  107  doutrina sobre a derrota de Satanás. A vitória sobre o diabo seria pela força de Miguel e seus anjos,  e não pela eficácia do sangue de Jesus. Qualquer interpretação que nega a vitória total de Jesus deve  ser rejeitada.  í Uma batalha primeva em que Satanás e seus anjos fossem derrotados e expulsos do céu. Mas o  contexto liga esta derrota do diabo à vitória de Jesus na cruz.  î Uma batalha simbólica, da mesma forma de outras cenas simbólicas, dando aos fiéis a confiança  da vitória sobre o adversário. Esta explicação se enquadra melhor no contexto do livro. A batalha aqui  seria parecida com as de Daniel 10, símbolos espirituais para consolar os fiéis.  12:8 –  Não prevaleceram: Mais uma derrota para o diabo. Não devorou o filho varão. Não alcançou a  mulher quando fugiu para o deserto. E agora, perdeu a sua batalha contra Miguel.  Nem mais se achou no céu o lugar deles: O resultado desta  batalha é importante. O diabo perdeu e saiu enfraquecido. O poder dele depois da vitória de Jesus na cruz é menor do que o  poder que tinha anteriormente. Qualquer aspiração de Satanás  de dominar os servos de Deus, ou até de vencer o próprio Cristo,  foi negada pela vitória de Jesus e a vitória resultante de Miguel. Os versículos seguintes frisarão alguns  aspectos importantes desta derrota do diabo.  8 todavia, não  prevaleceram; nem mais se  achou no céu o lugar deles.  12 :9 –  Foi expulso o grande dragão...sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos: Tentou se exaltar. Desafiou as forças do céu. Mas o dragão perdeu e foi lançado fora. Os seus anjos, também,  perderam e foram expulsos. Qualquer sofrimento que eles infligem aos homens na terra será na  capacidade de perdedores, limitados pelo poder superior dos servos de Deus.  9 E foi expulso o grande  dragão, a antiga serpente,  que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o  mundo, sim, foi atirado para  a terra, e, com ele, os seus  anjos.  A antiga serpente: Desde a primeira vez que Satanás aparece  na Bíblia, ele é descrito como uma serpente, destacando a sua  sagacidade (Gênesis 3:1). É o mesmo que tentou Eva e continua  lutando contra e seduzindo os homens desde o princípio.  Diabo: Do grego diabolos, significa acusador, difamador,  caluniador. A palavra bem descreve o caráter e o procedimento  do dragão  Satanás: Este nome quer dizer adversário. O dragão é o inimigo  que procura derrotar e destruir os homens e se opõe a Deus e a todas as coisas boas e santas.  O sedutor de todo o mundo: Satanás seduz as pessoas ao erro. Desde a primeira vez que ele  aparece na Bíblia (Gênesis 3), tem enganado os homens para os induzir ao pecado (1 Timóteo 2:14).  Ele procura seduzir todas as pessoas. O mundo, aqui, se refere ao mundo habitado, às pessoas do  mundo.  Foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos: Devido à vitória de Jesus na morte e  ressurreição, o diabo não tem o mesmo poder de antes. Quando chegou em Jerusalém na semana  da Páscoa para ser crucificado, Jesus disse: “Chegou o momento de ser julgado este mundo, e   agora o seu príncipe será expulso” (João 12:31) e “o príncipe deste mundo já está julgado”  (João 16:11). Frustrados pelas derrotas já sofridas, ele e seus anjos tentarão derrotar os habitantes da  terra.  Este trecho esclarece o significado de outras passagens que falam sobre a vitória de Jesus sobre o  diabo. Na sua morte e ressurreição, Jesus venceu Satanás. O autor de Hebreus diz de Jesus: “para  que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e  livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida”  108  Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
(Hebreus 2:14-15). Jesus triunfou dos principados e potestades na cruz (Colossenses 2:15). “Para  isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo” (1 João 3:8). Jesus já  venceu. O diabo já perdeu. Ele não tem mais o mesmo poder de antes. Quando foi derrotado por  Miguel, como resultado da vitória de Jesus, restou somente a possibilidade de afligir as pessoas na  terra. Como um exército que perde e se retira do campo da batalha, atacando com raiva as pessoas  desprotegidas que encontram no caminho para casa, o diabo e seus anjos são expulsos do céu e  conseguem apenas afligir os que habitam na terra (versículo 12). O fato de o diabo ainda agir na terra  não nega a vitória total de Jesus. Satanás foi derrotado, e jamais terá a vitória.  12:10 –  Ouvi grande voz do céu: O anúncio da vitória ressoa pelo céu.  Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo: Como  observamos no 11:15, não devemos distorcer versículos como este para sugerir que Deus não possuía  a salvação, o poder, o reino ou a autoridade. As pelejas apresentadas neste capítulo representam as  lutas entre os fiéis e os servos do diabo que vêm acontecendo  desde o princípio. A vitória de Jesus é absoluta e eterna. Deus  10 Então, ouvi grande voz  revelou estas coisas a João, e ele as transmitiu a nós, para do céu, proclamando: Agora,  oferecer o consolo que os servos na Terra precisam.  veio a salvação, o poder, o  reino do nosso Deus e a  Pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo  autoridade do seu Cristo,  que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus: O  pois foi expulso o acusador  diabo e seus servos – sejam reis ou sejam nações inteiras –  de nossos irmãos, o mesmo  podem atacar, afligir e até matar os discípulos do Senhor, mas  que os acusa de dia e de nunca podem vencer as pessoas que realmente confiam em  noite, diante do nosso Deus.  Deus. Jesus vence. A mulher é protegida. Miguel e seus anjos  vencem. O diabo não possui autoridade, pois todo o poder  pertence a Deus. Satanás foi expulso do céu. O ponto aqui não  é de explicar ou desenvolver alguma doutrina elaborada sobre o diabo, o que ele fazia no céu,  exatamente quando ou como foi expulso, etc. O ponto é que os servos de Deus têm a vitória sobre  o Adversário! Devido à vitória de Jesus sobre o pecado e a morte, o poder do diabo ficou mais restrito.  Ele acusava os irmãos diante de Deus (cf. Jó 1:1 - 2:7). As vitórias sobre os demônios durante o  ministério de Jesus e dos seus discípulos demonstravam o poder divino para vencer o próprio diabo  (Lucas 11:20-23; 10:17-18). Como profetizado milhares de anos antes, Jesus pisou na cabeça da  serpente (Gênesis 3:15).  12:11 –
Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro: A salvação vem pela graça mediante  a fé (Efésios 2:8), mostrando a obra divina e a resposta humana. A vitória sobre o diabo e seus anjos  também depende da obra divina e da resposta dos servos. O sangue do Cordeiro é absolutamente  fundamental à vitória. Nenhuma doutrina que omite a cruz nos leva ao galardão preparado por Deus.  O único caminho é Jesus (João 14:6), o único evangelho é a mensagem de “Jesus Cristo e este  crucificado” (1 Coríntios 2:2), e o único meio pelo qual obtemos a redenção é o sangue do Filho  Amado (Efésios 1:6-7).  E por causa da palavra do testemunho que deram e,  mesmo em face da morte, não amaram a própria vida: A  resposta dos servos, os irmãos (versículo 10), envolve uma  dedicação total ao Senhor. Nesta descrição da obediência dos  fiéis, encontramos as exigências básicas do discipulado dadas  por Jesus em Marcos 8:34:  ì “A si mesmo se negue” – “não amaram a própria vida”.  í “Tome a sua cruz” – “mesmo em face da morte”.  Lição 21: A Derrota do Dragão (12:1-17)  11 Eles, pois, o venceram  por causa do sangue do  Cordeiro e por causa da  palavra do testemunho que
deram e, mesmo em face da  morte, não amaram a própria  vida.  109  î “E siga-me” – “por causa da palavra do testemunho que deram”.  Nas batalhas espirituais, a vitória exige sacrifícios – o sacrifício de Jesus e os sacrifícios feitos pelos  seguidores dele. Como Jesus acrescentou em Marcos 8:35, “Quem quiser, pois, salvar a sua vida  perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á.” Os  vencedores no Apocalipse 12 são aqueles que mantinham a sua fé e confessaram o seu Senhor  independente de perigos, perseguições e ameaças de morte. Não procuraram a morte. Não amaram  a morte. Mas não amaram as suas vidas. Entregaram-se totalmente ao Senhor, e deixaram Deus usá-  los – na vida ou na morte – conforme seu propósito. Nesta atitude encontramos verdadeira fé e plena  confiança no Senhor. “Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato,  guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos” (Hebreus 3:14;  cf. 10:23). Esta é a confiança que supera o fogo de provações sem vacilar, e recebe a salvação  preparada (1 Pedro 1:3-9).  Este trecho oferece confiança a todos os fiéis, e deve nos ajudar nas nossas batalhas contra o pecado.   Jesus venceu! O diabo perdeu. Nós podemos e devemos ter confiança da nossa salvação: “Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em  o nome do Filho de Deus” (1 João 5:13). Se não temos esta confiança, devemos olhar bem para  os nossos próprios corações e responder algumas perguntas críticas: Realmente cremos em o nome  do Filho de Deus? Negamos a nós mesmos? Seguimos Jesus conforme a palavra dele, até a morte?  Ele é fiel para cumprir as suas promessas e nos guardar até o fim. Somos fiéis em seguí-lo?  12:12 –  Por isso, festejai, ó céus: Outra festa, bem diferente da festa no intervalo do capítulo 11. Quando  a besta “venceu” as testemunhas, todos os povos da terra fizeram sua festa. Mas a sua vitória durou  apenas três dias e meio, e a sua festa acabou. Na batalha eterna, os servos do Senhor vencem e  participam de uma festa no céu. Esta vitória é eterna, e a festa, também.  12 Por isso, festejai, ó céus,  e vós, os que neles habitais.  Ai da terra e do mar, pois o  diabo desceu até vós, cheio  de grande cólera, sabendo  que pouco tempo lhe resta.  A festa no capítulo 11 acabou porque as testemunhas subiram.  A festa aqui começa porque o diabo desce – ele foi lançado para  a terra. Depois da subida das testemunhas, houve alegria no céu.  Mas a descida de Satanás não traz alegria aos que habitam na  terra. Ele só traz dor e sofrimento.  Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de  grande cólera: A terra e o mar representam a sociedade  humana, a esfera de ação do diabo. É do mar e da terra que  subirão as bestas, os principais servos de Satanás, no próximo capítulo. Os homens que vivem na terra  sofrerão devido à grande ira do diabo derrotado. Já encontramos uma cena da dor infligida pelo diabo  e seus servos na quinta trombeta (9:1-12). Como naquele caso, os homens na terra sofrem dano.  Sabendo que pouco tempo lhe resta: Ele já perdeu a batalha principal, e agora vai perdendo as  batalhas conseqüentes. Qualquer poder que o diabo possui é limitado. O tempo para exercer seu  poder é, também, limitado. Tudo está chegando ao fim, quando não terá mais condições de derramar a sua cólera sobre os homens na terra.   Antes de prosseguir, vamos observar o placar até este ponto no capítulo 12. O diabo foi contra o filho  varão e perdeu. Queria pegar a mulher, e não conseguiu. Pelejou contra Miguel e perdeu. Já perdeu  três vezes, e o capítulo não acabou ainda!  O Dragão Persegue a Mulher (12:13-16)  13 Quando, pois, o dragão se viu atirado para a terra,   perseguiu a mulher que dera  à luz o filho varão
110  12:13 –  Quando, pois, o dragão se viu atirado para a terra,  perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão: Pode ser  Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo  uma nova fase de perseguição da igreja, ou pode ser que João continua o relato do aspecto terrestre  da batalha onde parou no versículo 6. De qualquer forma, a mensagem é a mesma. Ele persegue a mulher, o povo de Deus.   12:14 –  14 e foram dadas à mulher  as duas asas da grande  águia, para que voasse até  ao deserto, ao seu lugar, aí  onde é sustentada durante  um tempo, tempos e metade  de um tempo, fora da vista  da serpente.  Foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para  que voasse até ao deserto: Esta figura da proteção do povo da  perseguição pelo diabo vem diretamente de Êxodo 19:4, onde  Deus falou com Moisés sobre a libertação dos israelitas: “Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de  águia e vos cheguei a mim”. Isaías empregou a mesma figura   para consolar os fiéis de Judá: “mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como  águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” (Isaías 40:31).  Onde é sustentada durante um tempo, tempos e metade de um tempo, fora da vista da  serpente: O deserto representa o lugar onde o povo encontra proteção. Os israelitas foram  protegidos, longe do alcance dos egípcios, no deserto de Sinai. Deus os sustentou, e aqui promete  sustentar a mulher quando esta foge do diabo. O período é da mesma duração citada no versículo 6,  um tempo limitado de angústia. Confiando no Senhor, estes servos fiéis se escondem em Deus: “...a  vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus” (Colossenses 3:3).  12:15 – 15 Então, a serpente arrojou A serpente arrojou da sua boca, atrás da mulher, água  da sua boca, atrás da  como um rio: O diabo não alcança a mulher e, em desespero,  mulher, água como um rio, a  ele lança água da sua boca atrás dela. A figura de enchentes para  fim de fazer com que ela representar ameaças, perseguições e castigos é comum no Velho  fosse arrebatada pelo rio.  Testamento. Isaías falou sobre “o dilúvio do açoite”  (28:15,18). Ele descreveu a ameaça da Assíria inundando Judá  (8:7-8). Jeremias 47:2 emprega a mesma figura para descrever o castigo da Filístia. Daniel profetizou sobre a destruição de Jerusalém, dizendo que “o seu fim será num dilúvio” (9:26). Naum usou a  mesma linguagem quando falou da destruição de Nínive (1:8).  A imagem deste rio de água saindo da boca da serpente reforça a idéia da destruição que vem como  resultado das mentiras, acusações e falsas doutrinas que o diabo profere. O que sai da boca de Satanás, desde a primeira vez que nós o encontramos nas Escrituras, tem o propósito de destruir as  pessoas que o ouvem.  Muitas passagens falam da segurança dos fiéis, mesmo quando os rios transbordam e os ameaçam.  Davi bem expressou o sentido desta confiança quando disse: “Sendo assim, todo homem piedoso  te fará súplicas em tempo de poder encontrar-te. Com efeito, quando transbordarem  muitas águas, não o atingirão. Tu és o meu esconderijo; tu me preservas da tribulação e  me cercas de alegres cantos de livramento” (Salmo 32:6-7). Jesus fez um contraste entre a casa   dos insensatos e a dos prudentes. As duas enfrentam a mesma ameaça de rios transbordantes, mas  somente as casas dos prudentes resistem (Mateus 7:24-27).  A fim de fazer como que ela fosse arrebatada pelo rio: O diabo arroja as águas de um rio atrás do povo de Deus, tentando destruí-lo.  12:16 –  A terra, porém, socorreu a mulher, e a terra abriu a boca  e engoliu o rio que o dragão tinha arrojado de sua boca:  Da mesma maneira que terra seca absorve a água de um rio (Jó  6:15-20), a terra absorve a ira e o engano da serpente, lançados  Lição 21: A Derrota do Dragão (12:1-17)  16 A terra, porém, socorreu a mulher; e a terra abriu a   boca e engoliu o rio que o dragão tinha arrojado de sua  boca.   111  atrás da mulher. Entendendo a terra como o mundo, ou seja, os ímpios, encontramos aqui uma figura  interessante e realista. O diabo tenta atingir a igreja com a água da sua boca, mas acaba prejudicando  os perversos, os incrédulos que não servem a Deus. Ele gostaria de enganar os servos de Deus, mas  são os servos do próprio diabo que engolem as suas mentiras. Os servos de Deus podem sofrer diante  da ira da serpente, mas recebem a proteção e as bênçãos do Senhor. Os servos do diabo podem achar  algum prazer passageiro no pecado, mas absorvem a ira dele e acabam sem nenhum benefício real.  Todos nós devemos refletir bem nesse contraste. Satanás pode oferecer “prazeres transitórios do  pecado”, mas Deus oferece o verdadeiro galardão (Hebreus 11:25-26).   12:17 –  Irou-se o dragão contra a mulher: A frustração do diabo aumenta! Não conseguiu devorar Jesus.  Perdeu na batalha contra Miguel e foi expulso do céu. Não conseguiu destruir o povo de Deus como  um todo. Que frustração!   17 Irou-se o dragão contra a  mulher e foi pelejar com os  restantes da sua  descendência, os que guardam os mandamentos   de Deus e têm o testemunho  de Jesus; e se pôs em pé  sobre a areia do mar.  Foi pelejar com os restantes da sua descendência: Agora, resta somente a possibilidade de vencer, individualmente, os  descendentes dela. Jesus é “o primogênito entre muitos irmãos”  (Romanos 8:29; cf. Hebreus 2:11). Estes descendentes são bem  identificados nas descrições dadas aqui:  ì Os que guardam os mandamentos de Deus: Os servos  fiéis e obedientes. Para ter comunhão com o Senhor, é  necessário ser obediente (João 14:15,23-24; 1 João 2:3-6).   í E têm o testemunho de Jesus: Os verdadeiros   descendentes da mulher e irmãos de Jesus são aqueles que mantêm a palavra do Senhor, mesmo  diante das perseguições (2:13). Jesus chamou os apóstolos para servirem de testemunho no meio de  suas perseguições: “...por minha causa sereis  levados à presença de governadores e de reis,   para lhes servir de testemunho, a eles e aos  Os Mandamentos de Deus  Pessoas que defendem a necessidade de   gentios” (Mateus 10:18; cf. Lucas 21:12-13; Atos   guardar leis do Antigo Testam ento, com o   23:11). Os fiéis não se envergonham do testemunho de   o sábado e o dízim o, freqüentem ente  Jesus (2 Timóteo 1:8). A mensagem é simples mas    citam as referências aos “mandamentos   essencial para a salvação dos homens: “E o de Deus” em Apocalipse 12:17 e 14:12  testemunho é este: que Deus nos deu a vida   para apoiar a sua doutrina. Certam ente,  eterna; e esta vida está no seu Filho” (1 João 5:11).  expressões com o “os mandamentos” ou  Este versículo não revela a conclusão da batalha. O dragão   é um perdedor em todas as batalhas anteriores – contra o  Filho, contra Miguel e contra o povo coletivo de Deus.  Agora ele vai contra os indivíduos. Cada cristão pode resistir   e vencer (1 Pedro 5:8-9; Tiago 4:7-8), mas o resultado  destas batalhas individuais não é garantido. Cada servo  enfrenta sua própria batalha, com todo o apoio de Deus  (Romanos 8:31,37), mas a vitória de cada um depende de  sua própria obediência e fidelidade. Que desafio!   Como seria a batalha contra os cristãos daquela época?  É isso que os próximos capítulos revelam. O dragão   lutará com toda a sua força, contando com a ajuda dos seus aliados. Somente aqueles que continuarem fiéis até  a morte terão a vitória (2:10-11).  112  “os m andam entos do SENHO R”  aparecem m uitas vezes na Bíblia, e   especialm ente no Velho Testam ento, em  referência às leis dadas por Deus, por   m eio de Moisés, aos israelitas. Mas o  significado m uda em m uitas das  referências aos “m andam entos” no Novo   Testam ento, especialm ente nos livros de João. Ele usa a palavra para falar sobre  os m andam entos dados pelo Pai por m eio de Jesus (João 14:15,21; 15:10). João  tam bém em prega esta palavra nas  epístolas quando fala das instruções que  nos governam na Nova Aliança (1 João 2:3-4; 3:22,24; 5:2-3; 2 João 6). Os m andam entos aqui não são os dez  m andam entos dados aos judeus, e sim a  palavra de Jesus que guia os cristãos.  Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo   E se pôs em pé sobre a areia do mar: Este comentário prepara o palco para a próxima etapa do trabalho do dragão. Na peleja com os fiéis, ele vai trazer os seus servos maus, o primeiro sendo a besta  do mar que emerge no início do capítulo 13. Ele está pronto, posicionando-se na beira do mar para  receber a besta.
Conclusão

capítulo 12 inicia a parte do livro que explica o cumprimento do mistério de Deus, que encerrou-se na sua forma resumida com a sétima trombeta. O diabo aparece, ansioso para vencer Jesus e  todos os seus discípulos, tanto no céu como na terra. Mas, batalha após batalha, ele sofre  derrotas. Não vence o Filho de Deus; não destrói o povo de Deus; perde na peleja com Miguel e é  lançado à terra frustrado e irado. Resta somente a possibilidade de ele vencer, individualmente, alguns  dos discípulos de Cristo. Nos   capítulos seguintes, ele chamará os seus aliados para tentar destruir os cristãos, mas estes têm o consolo da presença do Senhor dando-lhes força para vencer.



Apocalipse: Lição 22
A Besta Emerge do Mar
(Apocalipse 13:1-10)

No capítulo 13, conhecemos os dois principais aliados do dragão. No estudo deste capítulo (esta lição e a próxima), devemos lembrar que a mensagem foi revelada aos cristãos do primeiro
século, especificamente aos discípulos na Ásia que viviam sob o domínio romano. Ligando esta
personagem com as profecias de Daniel, podemos ver o poder do governo romano para perseguir os
santos. Na identificação desta besta e dos demais aliados, percebemos que o poder do diabo contra
os cristãos que receberam o Apocalipse foi exercido por meio de forças humanas.
13:1 –
Vi emergir do mar: O mar, aqui, traz o mesmo significado de várias passagens do Velho Testamento.
Ele representa as nações ou a sociedade humana. Em Salmo 65:7, o “rugir dos mares” é igual ao
“tumulto das gentes”. Outras passagens usam a mesma
linguagem: “Ai do bramido dos grandes povos que bramam
1 Vi emergir do mar uma
como bramam os mares, e do rugido das nações que
besta que tinha dez chifres e
rugem como rugem as impetuosas águas!” (Isaías 17:12).
sete cabeças e, sobre os
“Mas os perversos são como o mar agitado, que não se
chifres, dez diademas e,
pode aquietar, cujas águas lançam de si lama e lodo”
sobre as cabeças, nomes de
(Isaías 57:20). “...a abundância do mar se tornará a ti, e as
blasfêmia.
riquezas das nações virão a ter contigo” (Isaías 60:5).
Jeremias falou do castigo da Babilônia, o poder imperial de sua
época que dependia das nações que ela dominava: “Ó tu que habitas sobre muitas águas, rica
de tesouros! Chegou o teu fim, a medida da tua avareza” (Jeremias 51:13). Quando povos
sujeitos se rebelaram contra o império, a Babilônia foi inundada pelo mar: “Como se tornou
Babilônia objeto de espanto entre as nações! O mar é vindo sobre Babilônia, coberta está
com o tumulto das suas ondas.... porque o SENHOR destrói Babilônia e faz perecer nela
a sua grande voz; bramarão as ondas do inimigo como muitas águas, ouvir-se-á o tumulto
da sua voz” (Jeremias 51:41-42,55). Esta besta surge do mar. Ela acha sua base de poder nas
nações, na sociedade dos ímpios. Observe o contraste entre este servo do diabo que sobe do mar, e
o anjo forte de Deus que desceu do céu e ficou em pé sobre a terra e o mar (10:1-2).
Esse entendimento é apoiado pelo trecho do Antigo Testamento mais importante na interpretação da
besta do mar – Daniel 7. A visão de Daniel começa com esta descrição: “Eu estava olhando,
durante a minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar Grande.
Quatro animais, grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar” (Daniel 7:2-3). Veremos
mais sobre os quatro animais nos comentários sobre os próximos versículos. Por enquanto,
precisamos observar que o mar, mais uma vez, representa as nações ou os povos, especialmente o
mundo dos ímpios.
Uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças: O significado dos chifres e das cabeças será
explicado em mais detalhes no capítulo 17. Podemos ver a força ou o poder da besta nos chifres, e
a sua inteligência ou astúcia nas cabeças. Nesta descrição, já notamos a semelhança da besta com
o dragão (12:3). O poder desta besta depende do diabo, o Adversário do povo de Deus.
Sobre os chifres, dez diademas: O dragão tem diademas sobre as sete cabeças. A besta tem
diademas sobre os chifres, que serão identificados como reis que reinariam com a besta por pouco
tempo (17:12).
114
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
Sobre as cabeças, nomes de blasfêmia: A besta é inimiga de Deus e do povo do Senhor. Exalta-se
contra Deus com arrogância, mostrando nomes de blasfêmia e irreverência. Como as cabeças serão
identificadas como reis (17:9), entendemos a arrogância de reis que se exaltam contra Deus, até
aceitando a adoração como deuses. Veremos neste e nos próximos capítulos mais evidências que
estes reis sejam imperadores romanos.
13:2 –
A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão: Este
versículo ajuda a entender a aplicação principal do livro para os leitores originais. Esta descrição da
besta do mar tem uma forte ligação, obviamente, com Daniel 7. Antes de continuar aqui, voltemos
a observar alguns fatos importantes nessa profecia de Daniel,
uma visão que o profeta teve no sexto século a.C., perto do final
2 A besta que vi era
do império babilônico. Como na profecia anterior relatada em
semelhante a leopardo, com
Daniel 2, esta falou de quatro reinos. Três destes reinos são
pés como de urso e boca
identificados por nome em Daniel (comparando capítulos 2, 7 e
como de leão. E deu-lhe o
8): ì Babilônia, í Medo-Pérsia, î Grécia. O quarto reino não é
dragão o seu poder, o seu
chamado por seu nome, mas os outros detalhes das profecias e
trono e grande autoridade.
da história nos levam a conclusão de que seja ï Roma.
Daniel viu quatro animais subirem do mar. Entre outras características, ele descreveu traços de ì leão,
í urso, î leopardo e ï um animal diferente, terrível e feroz com 10 chifres. Os quatro animais se
levantaram numa sucessão, representando os quatro impérios já citados.
Eu acredito que Daniel e João viram os mesmos monstros, mas de pontos de vista bem diferentes.
Quando João teve sua visão, a boa parte da mensagem de Daniel já havia sido cumprida. Os primeiros
três reinos já haviam caído, e o quarto, Roma, dominava o mundo. Da perspectiva de João, uma única
besta tinha características de todos os animais que Daniel viu mais de 600 anos antes. É como se o
urso tivesse devorado o leão, assim incorporando alguns traços deste. Quando o leopardo devorou
o urso, assumiu algumas características dos dois. Por último, o animal terrível e diferente devorou o
leopardo, e passou a refletir algumas qualidades de todos os predecessores. Daniel viu os quatro
animais como indivíduos. Ele disse que perderiam o seu domínio, mas que ainda viveriam por algum
tempo (Daniel 7:12). João viu uma só besta com algumas características dos impérios anteriores.
Continuam vivos porque fazem parte do quarto. Assim, João cita os mesmos animais do mais recente
(o reino atual quando ele escreveu) ao mais antigo.
ì
Daniel o
Leão
(Babilônia)
í
Urso
(Pérsia)
î ï
Leopardo Animal Terrível
(Grécia) (Rom a)
» João
Daniel profetizou sobre os quatro reinos, mas enfatizou o estabelecimento do domínio do Senhor na
época do quarto. Disse que o quarto reino, e especificamente o seu décimo rei, seria um reino
blasfemador que perseguiria os santos “por um tempo, dois tempos e a metade de um tempo”,
antes da vitória total dos “santos do Altíssimo” (Daniel 7:23-27).
A mensagem de João nos próximos capítulos é uma atualização e ampliação da profecia de Daniel.
Ele não precisa falar sobre os primeiros três reinos, pois já passaram. Ele escreveu aos santos que
viviam na época do quarto animal, a besta do mar, o império romano. Os cristãos que receberam o
Apocalipse veriam logo o décimo rei se levantar contra os fiéis. Eles precisavam do consolo de saber
que a profecia de Daniel não havia falhado, e que a vitória final viria logo depois da angústia iminente.
E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade: Há uma ligação fundamental
entre o poder do império romano e o diabo. O poder do grande e irreverente perseguidor na terra vem
de Satanás. O governo romano se tornou um instrumento na mão do dragão quando este foi pelejar
Lição 22: A Besta Emerge do Mar (13:1-10)
115
com os descendentes da mulher (12:17). Nos aspectos espirituais de sua batalha, ele teve o apoio de
seus gafanhotos e anjos. Na batalha terrestre, ele conta com o apoio do poder governante, o próprio
império romano. Em qualquer situação, ele age na esfera limitada pelo domínio absoluto de Deus.
13:3 –
Vi uma de suas cabeças como golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi curada: As
cabeças são reis (17:9). Um dos reis foi golpeado de morte. Este golpe mortal atinge a besta (13:12)
e seu poder de perseguir e destruir os santos. Considerando as cabeças como reis da besta ou império
perseguidor, a morte de uma cabeça seria o fim da perseguição
daquele rei, talvez pela morte do próprio imperador. Quando
3 Então, vi uma de suas
surgir um outro rei perseguidor, seria como a cura da ferida da
cabeças como golpeada de
besta. Como já comentamos que esta visão é explicada melhor
morte, mas essa ferida
no capítulo 17, veremos que cinco reis já caíram, e que João
mortal foi curada; e toda a
escreveu antes de emergir um oitavo rei “que procede dos
terra se maravilhou,
sete” (17:11). A força perseguidora diminuiu, temporariamente,
seguindo a besta;
mas ainda surgiria com grande intensidade, como se fosse a
ressurreição da cabeça opressora.
E toda a terra se maravilhou, seguindo a besta: Demonstrações de poder ganham a admiração
do mundo. As pessoas podem ser persuadidas pela autoridade de líderes, governos, etc., ou podem
simplesmente seguir por intimidação, por causa do medo do poder dos dominadores. O poder de
realmente ressuscitar os mortos pertence a Deus, não ao diabo. Mas, ele pode enganar pessoas “com
todo poder, e sinais, e prodígios de mentira” (2 Tessalonicenses 2:9-10). Neste caso, não precisa
ressuscitar uma pessoa; ele apenas dá nova vida à causa do governo maligno na perseguição dos
santos. O mundo acha que a besta ganhará, e se maravilha. Foi isso que aconteceu no intervalo antes
da sétima trombeta. A besta mostrou seu poder e o mundo participou da festa. Infelizmente para eles,
a festa não durou (11:7-13).
13:4 –
E adoraram o dragão porque deu a sua autoridade à besta: Para o mundo, demonstrações de
poder são provas do favor de um deus e, por isso, motivos para louvá-lo (Juízes 16:23-24). Qualquer
vitória pode ser interpretada como evidência da impotência do
“deus” do inimigo (Isaías 36:18-20). A besta recebeu seu poder
do dragão, até dando nova vida ao poder perseguidor. O mundo
4 e adoraram o dragão
porque deu a sua autoridade
admira tal poder e adora o dragão.
à besta; também adoraram a
Também adoraram a besta: A própria besta, o governo
besta, dizendo: Quem é
romano, recebe a adoração do povo.
semelhante à besta? Quem
pode pelejar contra ela?
Quem é semelhante à besta?: Que blasfêmia! O salmista
disse ao Senhor: “Ora, a tua justiça, ó Deus, se eleva até
aos céus. Grandes coisas tem feito, ó Deus; quem é
semelhante a ti?” (Salmo 71:19). São palavras de exaltação devidamente oferecidas a Deus. Mas
as mesmas palavras, aplicadas à besta, são blasfêmia inegável.
O contraste nos conflitos no Apocalipse é claro. Na batalha no céu, o exército dos fiéis é liderado por
Miguel, cujo nome quer dizer “Quem é semelhante a Deus?” (12:7). Mas os povos do mundo, tão
impressionados com o poder imperial, negam o poder de Deus e perguntam: “Quem é semelhante
à besta?”.
Quem pode pelejar contra ela?: Para os cristãos que receberam este livro, a resposta seria fácil.
A besta recebe seu poder do dragão, e o dragão foi claramente derrotado nas batalhas do capítulo 12.
Os vencedores daquele capítulo podem não somente pelejar, mas certamente podem vencer!
116
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
Mas os povos que admiram a besta não enxergam a luz da revelação dada aos servos do Senhor. Para
eles, não há poder superior ao do diabo. Suas palavras arrogantes são um desafio que será respondido
nos próximos capítulos, da mesma maneira que o desafio de Rabsaqué foi respondido pelo poder de
Deus (2 Reis 18-19).
13:5 –
Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e
blasfêmias: Novamente, o texto mostra a arrogância da besta.
Ela tem nomes de blasfêmia nas cabeças (13:1) e recebe a
adoração dos povos (13:4). Aqui, ela tem condições de se exaltar
e de falar blasfêmias.
5 Foi-lhe dada uma boca
que proferia arrogâncias e
blasfêmias e autoridade para
agir quarenta e dois meses;
E autoridade para agir quarenta e dois meses: A imagem da besta é assustadora. O poder dela
é tão grande que a terra toda vai atrás, dando-lhe honra. O mundo pode ser enganado, mas os leitores
do Apocalipse sabem que o poder dela é limitado pelo mesmo Senhor que já venceu o dragão. Ela
terá autoridade para agir por um tempo limitado (42 meses – veja 11:2).
13:6 –
E abriu a boca em blasfêmias contra Deus: A ousadia da
besta não tem limites. Ela abre a boca para falar contra o próprio
Senhor. O décimo primeiro rei de Daniel 7:24-25 faria isso.
Vamos ver ainda a relação entre aquele rei e a besta do mar.
Para lhe difamar o nome: O nome representa a pessoa. O
nome de Jesus salva no sentido que o próprio Jesus salva (Atos
4:12; 13:23). Difamar o nome de Deus é atacar o próprio Senhor.
Onde Habita?
Os que habitam no céu (13:6) são os
servos de Deus. Tem a sua pátria nos
céus (Filipenses 3:20). Assentam “nos
lugares celestiais em Cristo Jesus”
(Efésios 2:6). Buscam e pensam nas
“coisas lá do alto, onde Cristo vive” e
fazem m orrer a natureza terrena
(Colossenses 3:1-5). São os discípulos de
Jesus que têm chegado “à cidade do
Deus vivo, a Jerusalém celestial”
(Hebreus 12:22).
Os que habitam sobre a terra (13:8) são
os pecadores, aqueles que não confiam
em Deus e não aceitam a salvação
oferecida pelo Cordeiro de Deus. São
descritos na Bíblia com o im undos,
perversos, nações, gentios, o m undo, etc.
São as pessoas que adoram a besta, e
cujos nom es não se encontram no Livro
da Vida. Veja 6:10; 11:9-10; 12:12; 13:14;
17:8.
Onde você habita?
6 e abriu a boca em
blasfêmias contra Deus,
para lhe difamar o nome e
difamar o tabernáculo, a
saber, os que habitam no
céu.
E difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam
no céu: Difama, também, o povo de Deus. O
tabernáculo aqui não é uma estrutura material (nem o
tabernáculo, nem o templo). É o povo de Deus, os que
habitam no céu. [Veja o comentário ao lado sobre os
que habitam no céu e os que habitam na terra.]
13:7 –
Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os
santos e os vencesse: Já tivemos uma previsão disso
no vislumbre do
trabalho da besta
7 Foi-lhe dado, também,
em 11:7. Ainda
que pelejasse contra os
teremos descrições
santos e os vencesse.
mais completas
Deu-se-lhe ainda autoridade
destas pelejas nos
sobre cada tribo, povo,
próximos capítulos.
língua e nação;
Aqui o comentário
é rápido. A besta
luta contra os santos e é vitoriosa. Da mesma maneira
que o capítulo 11 nos avisou do ataque e até da vitória
da besta, o mesmo capítulo nos assegura que a história
não termina aqui. A besta vence . . . por enquanto!
Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação: Como sempre, a
autoridade do diabo e dos seus servos é limitada pelo poder superior de Deus. A besta recebeu
Lição 22: A Besta Emerge do Mar (13:1-10)
117
permissão para dominar os povos ímpios. Mas a autoridade da besta, como a do próprio dragão, é
definida pelo Soberano Deus (Daniel 4:32).
13:8 –
E adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra: Quando a besta matou as duas testemunhas,
os povos fizeram sua festa de vitória (11:7-10). Aqui ela se pôs contra Deus e contra o povo do Senhor,
e o mundo dá louvor à besta.
8 e adorá-la-ão todos os
que habitam sobre a terra,
aqueles cujos nomes não
foram escritos no Livro da
Vida do Cordeiro que foi
morto desde a fundação do
mundo.
Aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida:
Como observamos acima, os habitantes da terra, aqui, são os
ímpios. O contraste entre esta categoria e “os que habitam no
céu” é evidente. Sobre o significado do “Livro da Vida”, veja os
comentários em 3:5.
Do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo:
A besta pode exercer autoridade sobre tribos, povos e nações. Ela
pode ser adorada pelos ímpios. Pode pelejar contra os santos e
os vencer. Mas o Livro da Vida está no poder do Cordeiro (veja comentário sobre o Cordeiro em 5:6).
Como foi frisado na visão das duas testemunhas no intervalo no capítulo 11, o poder do diabo e de
seus aliados não vai além da morte. Podem pelejar, vencer e matar. Mas o Livro da Vida e o poder para
garantir a ressurreição e a vida eterna pertencem exclusivamente ao Senhor. O Cordeiro tira pecados
e salva os fiéis das conseqüências do pecado. Ele foi morto, conforme o plano eterno de Deus (Efésios
A Adoração dos Imperadores Romanos
A adoração dos líderes rom anos já se tornou com um nas décadas antes de João receber a m ensagem
do Apocalipse. Júlio César tinha um a estátua de si m esm o com a inscrição “ao deus invencível”. César
Augusto, sobrinho e filho adotivo de Júlio, continuou a adoração de seu predecessor com a construção
em Rom a de um tem plo ao “Divino Júlio”.
Durante o reino de Augusto, o prim eiro im perador rom ano, o culto im perial ganhou força e foi largam ente
difundido nas províncias, inclusive na Ásia. Augusto prom oveu a adoração do rei m orto, Júlio César. A
própria Rom a foi adorada, e a honra do im perador aumentou cada vez
m ais, chegando ao ponto de reconhecê-lo com o um deus. Um tem plo
para Augusto foi erigido em Pérgam o. Seu sucessor, Tibério, tinha seu
Os Primeiros Imperadores
tem plo em Esm irna.
Augusto (27 a.C. - 14 d.C.)
Tibério (14 - 37)
A adoração dos im peradores ganhou m ais im portância durante os
Gáio Calígula (37 - 41)
reinados sucessivos. Cláudio (41-54 d.C.) foi cham ado de “senhor” e
Cláudio (41 - 54)
“salvador do m undo”. Nero (54-68) foi citado em inscrições do seu
Nero (54 - 68)
reinado com o “o bom deus” e “o senhor do m undo inteiro”. Vespasiano
Galba (68 - 69)
(69-79) foi deificado depois de sua m orte. Tito (79-81) foi conhecido
Otão (69)
com o “salvador do m undo” e foi deificado após a m orte.
Vitélio (69)
Vespasiano (69 - 79)
Dom iciano (81-96) foi o m ais ousado, até então, exaltando-se com o a
Tito Flávio (79 - 81)
aparição de um deus oculto e cham ando-se de “senhor e deus”. Sob
Dom iciano (81 - 96)
seu dom ínio, a deificação de im peradores se tornou obrigatória. Um
Nerva (96 - 98)
tem plo foi construído em Pérgam o para honrar Trajano (98-117).
Trajano (98 - 117)
No desenvolvim ento do culto im perial, os prim eiros gestos foram feitos
nas províncias, onde os líderes não encontrariam tanta oposição
política. Por esse m otivo, o problem a foi m ais evidente em lugares com o a Ásia do que na própria cidade
de Rom a. Os cristãos, que obviam ente recusavam adorar os im peradores, sofriam discrim inação e, em
algum as épocas, perseguição m ais violenta.
Os habitantes da terra, aqueles que não pertenciam ao Cordeiro, adoravam a besta. Os habitantes do
céu, os santos, sofriam quando a besta os difam ava e pelejava contra eles.
118
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
1:3-8), para a salvação dos homens. Ele foi morto, mas está vivo (1:18; 5:6). Mostrou seu poder sobre
a morte e garante a vida eterna aos santos fiéis.
13:9 –
9 Se alguém tem ouvidos,
ouça.
Se alguém tem ouvidos, ouça: Preste atenção. É importante!
Esta frase aparece oito vezes no livro – em cada uma das cartas
às sete igrejas e aqui. Sempre tem o propósito de chamar atenção à mensagem do Senhor, e
incentivar os ouvintes a tomarem a decisão certa em resposta à palavra. O versículo que segue contém
uma mensagem que oferece consolo para os santos, conforme a conduta deles. É importante prestar
atenção.
13:10 –
Se alguém leva para cativeiro, para cativeiro vai. Se alguém matar à espada, necessário
é que seja morto à espada: Há diversas interpretações deste versículo, mas parece mais provável
que o Senhor esteja falando aqui sobre os perseguidores – aqueles que prendem ou até matam os
santos. Entendido desta maneira, seria uma promessa de
vingança contra os opressores. Aqueles que levam os outros ao
10 Se alguém leva para
cativeiro ou que usam a espada para matar, sofrerão os mesmos
cativeiro, para cativeiro vai.
castigos. Quando a besta se levantou no capítulo 11 para matar
Se alguém matar à espada,
as duas testemunhas, a sua vitória durou pouco tempo e a cena
necessário é que seja morto
se encerra com o sofrimento dos inimigos que se regozijavam
à espada. Aqui está a
com a morte dos servos fiéis. Aqui, também, a besta se levanta
perseverança e a fidelidade
para pelejar contra os santos, e conta com a ajuda dos ímpios.
dos santos.
Mas quem participar desta perseguição, prendendo e matando os
santos, enfrentará a vingança justa.
Aqui está a perseverança e a fidelidade dos santos: A promessa da justiça divina traz conforto
aos fiéis. Em termos gerais, os fiéis são perturbados pela injustiça do mundo, e aguardam o dia de
acerto quando a justiça de Deus prevalecerá. Assim Ló achou livramento na destruição de Sodoma
(2 Pedro 2:7), e as águas do dilúvio serviam de instrumento de salvação para Noé (1 Pedro 3:20).
Homens justos, no Velho Testamento, pediam a justiça de Deus sobre os ímpios: “Até quando,
SENHOR, ficarás olhando? Livra-me a alma das violências deles...” (Salmo 35:17); “Até
quando, ó Deus, o adversário nos afrontará? Acaso, blasfemará o inimigo incessantemente
o teu nome?” (Salmo 74:10); “Até quando, SENHOR, os perversos, até quando exultarão os
perversos? ... Esmagam o teu povo, SENHOR, e oprimem a tua herança” (Salmo 94:3-5);
“Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não
salvarás?” (Habacuque 1:2). Veja outros exemplos em Salmos 6:3-8,10; 13:1-6. Esta mesma
preocupação estava nas mentes dos servos de Deus no Apocalipse: “Até quando, ó Soberano
Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre
a terra?” (6:10). As promessas no Apocalipse de sofrimento por tempo limitado seguido por vitória
total servem para confortar os santos e ajudá-los a perseverarem. A besta emergirá do mar, mas a
vitória é dos servos do Senhor.
Conclusão
O
diabo não desiste. Depois da série de derrotas no capítulo 12, ele esperou na praia para a
chegada da besta do mar, um dos aliados dele. Quando ouviram a descrição da besta do mar,
os conhecedores do Velho Testamento perceberiam a gravidade de sua situação. O dragão
conta com o apoio de uma besta que junta toda a maldade e ferocidade dos impérios dos últimos seis
séculos! O mundo pode ser enganado, achando a besta invencível e incomparável. Mas os fiéis sabem
que ela não se compara a Deus, e acham consolo na confiança da vitória final sobre a besta, sobre o
dragão e sobre quaisquer outros aliados deles. “Aqui está a perseverança e a fidelidade dos
santos.”
Lição 22: A Besta Emerge do Mar (13:1-10)




Apocalipse: Lição 23
A Besta Emerge da Terra
(Apocalipse 13:11-18)
N
a lição 22, encontramos a besta do mar. Nesta lição sobre a segunda metade do capítulo 13,
conhecemos o segundo dos principais aliados do dragão, a besta da terra. Já concluímos que
a besta do mar representa o poder perseguidor do governo romano – o império e seus
imperadores. Esta segunda besta está diretamente ligada à primeira, é causa das pessoas adorarem
a primeira. Tem o papel de promover, até por força e ameaça, a submissão religiosa ao governo
romano.
13:11 –
Vi ainda outra besta emergir da terra: Lembramos que o dragão estava na praia esperando os
seus aliados (12:17). De um lado (o mar) apareceu a primeira besta. Do outro lado (a terra) aparece
a segunda. Estas bestas não vêm de cima; não foram enviadas
por Deus. Vêm dos homens, do mar (sociedade) e da terra
11 Vi ainda outra besta
(mundo dos homens). Especificamente, este poder se levanta
emergir da terra; possuía
daqueles que absorveram as mentiras da boca do dragão
dois chifres, parecendo
(12:16).
cordeiro, mas falava como
dragão.
Alguns sugerem que a terra, aqui, seja a Palestina, pois a palavra
terra freqüentemente se refere ao território ocupado pelos
israelitas. Como em outros casos de dúvida sobre o significado
de palavras, devemos começar com exemplos no próprio Apocalipse, e depois olhar para outros livros
da Bíblia. Em diversos exemplos no Apocalipse, a palavra terra significa o mundo todo ou os homens
ímpios: Jesus é “o Soberano dos reis da terra” (1:5). A provação viria “sobre o mundo inteiro,
para experimentar os que habitam sobre a terra” (3:10). Quando o sexto selo foi aberto, as
estrelas caíram do céu à terra, e os reis e povos tentaram se esconder (6:13-15). O Pai e Filho recebem
louvor de todas as criaturas do mundo (5:13). Deus criou o céu e a terra (14:7). Os reis da terra se
prostituíram com a grande meretriz, e ela dominava sobre eles (17:2,18; 18:3,9,23). Os reis e exércitos
da terra apóiam a besta do mar (19:19). Satanás seduz as nações da terra (20:7-8). As nações e os reis
da terra glorificam o Senhor (21:24). Veja, também, 5:3,6,10; 6:10; 7:1-3.
Em outros livros da Bíblia, a palavra “terra” se refere, muitas vezes, à terra da Palestina (Números
32:11; Deuteronômio 32:47; Josué 1:15; 2 Crônicas 8:8; etc.). Muitas outras vezes, porém, refere-se
ao mundo em termos mais gerais (Daniel 8:5; Atos 3:25; 4:24; 17:24,26; Romanos 9:17; Colossenses
1:16,20; 3:2; Hebreus 1:10; 2 Pedro 3:5).
Nossa interpretação da origem da segunda besta precisa concordar com a mensagem do livro,
também. O Apocalipse foi escrito principalmente para os cristãos na Ásia, não para habitantes da
Palestina. Uma interpretação limitada à Palestina poderia oferecer alguma coisa de importância aos
habitantes da Ásia, mas não seria uma resposta direcionada especificamente à sua necessidade diante
de suas próprias tribulações.
Já notamos o significado da profecia de Daniel 7, que fala de grandes impérios que se levantariam.
Os animais subiram do mar (a sociedade humana), e representaram os impérios da Babilônia, Medo-
Pérsia, Grécia e Roma. No mesmo capítulo, ele diz que os grandes animais “são quatro reis que se
levantarão da terra” (Daniel 7:17). Os grandes impérios representados nesta profecia não se
levantaram da terra da Palestina, e sim do mundo, das nações. Obviamente, o sentido é o mesmo
quando chegamos à profecia ampliada no Apocalipse. A segunda besta de Apocalipse 13 vem do
mundo, e serve ao dragão.
Lição 23: A Besta Emerge da Terra (13:11-18)
121
Possuía dois chifres, parecendo cordeiro: Esta besta não é nada igual, em aparência, à primeira.
A besta do mar é assustadora, com sete cabeças, dez chifres e características de leão, urso, leopardo,
etc. A besta da terra tem a aparência de inocência e mansidão; parece um cordeiro.
Mas falava como dragão: Aparências enganam. Esta besta não é um cordeirinho inocente. As suas
palavras vêm do próprio dragão, o sedutor dos homens. Apesar de sua aparência inofensiva, esta besta
tem o mesmo alvo que o dragão tem. Ambos querem destruir os homens.
13:12 –
Exerce toda a autoridade da primeira besta na sua presença: A besta da terra pode ter
aparência menos assustadora, mas ela tem o mesmo poder da besta do mar. Ela domina com a
autoridade de reis. Tem poder, como veremos já, para tirar a vida
daqueles que não a obedecem e não se submetem à autoridade
12 Exerce toda a autoridade
da besta.
da primeira besta na sua
Faz com que a terra e os seus habitantes adorem a
presença. Faz com que a
primeira besta: A função da segunda besta é induzir os homens
terra e os seus habitantes
à adoração à autoridade imperial. Ela promove o culto imperial,
adorem a primeira besta,
obrigando as pessoas a adorarem Roma e seus imperadores.
cuja ferida mortal fora
curada.
Assim entendemos que a primeira besta representa o poder do
governo e a força militar de Roma, e a segunda representa a sua
autoridade religiosa de promover a idolatria oficial. Por isso, a
besta da terra é conhecida, também, como o falso profeta (16:13; 19:20; 20:10). No final do primeiro
e início do segundo século, a idolatria oficial de Roma cresceu por todos os lados. Vários templos e
imagens foram construídos nas províncias, e representantes do governo conhecidos como a “concília
romana” promoveram a adoração de Roma e dos seus imperadores. Quem recusava participar desta
religião oficial seria punido, até sofrendo a pena de morte.
Cuja ferida mortal fora curada: Novamente, ele menciona a ferida mortal curada. A força
perseguidora foi ferida mortalmente, mas voltou. Veremos no capítulo 17 que isso se refere a um rei
morto, seguido um tempo depois por outro que continuava a sua política de perseguição aos fiéis.
13 Também opera grandes
sinais, de maneira que até
fogo do céu faz descer à
terra, diante dos homens.
13:13 –
Também opera grandes sinais, de maneira que até fogo
do céu faz descer à terra, diante dos homens: Paulo falou
do homem da iniqüidade, que demonstraria poder “segundo a
eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios
da mentira” (2 Tessalonicenses 2:9). A única defesa é “o amor
da verdade” (2 Tessalonicenses 2:10-12).
13:14 –
Seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar diante
da besta: O dragão é enganador, e seus aliados, também. No Egito, os magos imitaram os sinais de
Moisés para enganar o Faraó e o povo, para que estes
continuassem resistindo à verdade (Êxodo 7:11-13,22-23; 8:7).
14 Seduz os que habitam
Devemos lembrar que o poder de Deus e da sua verdade é
sobre a terra por causa dos
sempre superior ao poder enganador do Maligno e dos seus
sinais que lhe foi dado
servos. O Senhor se identificou a Israel como o Deus que desfaz
executar diante da besta,
“os sinais dos profetizadores de mentiras” e que confirma
dizendo aos que habitam
a palavra e o conselho de seus mensageiros (Isaías 44:25-26).
sobre a terra que façam uma
Assim, o poder dos magos egípcios não foi igual ao poder dos
imagem à besta, àquela que,
servos de Deus (Êxodo 8:18-19). O dedo de Deus é maior do que
ferida à espada, sobreviveu;
a mão do diabo!
122
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
Mas aqueles que não amam a verdade são facilmente seduzidos pela besta, e aceitam suas mentiras.
O trabalho desta segunda besta seria de convencer as pessoas a participarem da falsa religião,
submetendo-se ao poder do governo romano. Obviamente, o verdadeiro cristão não aceitaria tal
atitude idólatra, e sofreria as conseqüências de sua desobediência aos oficiais romanos.
Dizendo aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta: Os que habitam no
céu (veja comentário em 13:6) jamais fariam uma imagem à besta. Imagens feitas para adoração
foram proibidas na Antiga Aliança (Êxodo 20:3-5) e foram sempre tratadas como abominações diante
de Deus (Deuteronômio 7:25). Observamos que tais imagens não foram somente proibidas aos
israelitas. As imagens idólatras dos povos pagãos foram, igualmente, detestáveis para o Deus
verdadeiro (Isaías 21:9; Jeremias 51:47,52; Ezequiel 30:13,19). Deus não aceitou a conduta dos
israelitas que fizeram imagens como objetos de louvor no deserto ou depois de chegar à terra
prometida, e claramente não aceitaria tal prática dos cristãos na Ásia. A tolerância de pessoas na igreja
que apoiavam estas práticas foi motivo de fortes repreensões (2:14,20). É impossível “ser
participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios” (1 Coríntios 10:21).
A besta da terra promoveria a idolatria oficial, incentivando as pessoas a fazerem uma imagem idólatra
para a honra das autoridades romanas. Como já observamos, a idolatria imperial ficava cada vez mais
forte, especialmente a partir das últimas décadas do primeiro século. As províncias, especialmente a
Ásia, aceitavam algumas dessas práticas com mais facilidade do que a própria cidade de Roma, onde
brigas ciumentas entre autoridades impediam, por algum tempo, as afirmações da divindade dos
Césares vivos. Templos foram erigidos nas cidades da Ásia, inclusive em algumas citadas nas cartas
nos capítulos 2 e 3. A pressão sobre os cristãos para se conformarem aumentava, especialmente nos
reinados de Nero, Domiciano e alguns imperadores posteriores.
Àquela que, ferida à espada, sobreviveu: Já passou uma onda de perseguição (veja 2:13), mas
viria outra (2:10). Se algum discípulo respirasse mais livre, achando que a batalha já terminou, estaria
despreparado para as perseguições vindouras. Estes comentários sobre a ferida curada mostram que
a besta já havia perseguido os cristãos, mas que a opressão ainda não acabou. Veremos evidências
mais fortes nos próximos capítulos, mas acredito que estas referências já estejam sugerindo uma data
depois da perseguição feita por Nero, que reinou de 54 a 68. Ele seria a cabeça golpeada de morte,
e a cura sugere a vinda de outro rei que ressuscitaria as suas práticas de perseguição dos servos de
Deus. O próximo perseguidor notável, na história romana, foi Domiciano, imperador de 81 a 96. Os
sujeitos romanos e os povos conquistados foram obrigados a dar homenagem aos símbolos romanos.
Às vezes, foram forçados a encararem imagens dos imperadores e confessarem: “César é o Senhor”.
13:15 –
E lhe foi dado comunicar fôlego à imagem da besta: A besta da terra, o falso profeta, não deu
vida à besta, mas transmitiu uma aparência de vida e poder. Até hoje, falsos profetas usam falsos
milagres para enganar seus seguidores. Muitas pessoas acham
fascinante a possibilidade de algum sinal. Simão enganava os
15 e lhe foi dado comunicar
samaritanos (Atos 8:9-11). Muitos dos efésios praticavam artes
fôlego à imagem da besta,
mágicas (Atos 19:18-19). Não nos surpreende saber que as
para que não só a imagem
autoridades romanas usariam tais meios para iludir o povo e
falasse, como ainda fizesse
engrandecer os seus falsos deuses.
morrer quantos não
Para que não só a imagem falasse: A história romana mostra
que os mágicos da época realizaram sinais impressionantes para
conquistar o povo, e atribuíram aos imperadores poderes
milagrosos, até o poder para ressuscitar os mortos.
adorassem a imagem da
besta.
Como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta: Além dos sinais, as
autoridades religiosas de Roma possuíam autoridade para castigar – até para matar – os sujeitos que
não participavam da idolatria oficial. Neste fato podemos ver o desafio difícil que enfrentavam os servos
do Senhor. Se participar da religião romana, poderia proteger a vida e viver mais alguns anos. Se
Lição 23: A Besta Emerge da Terra (13:11-18)
123
rejeitasse a religião idólatra, seria morto. A diferença maior, como Jesus disse à igreja em Esmirna
(2:10-11), viria depois. Somente Deus oferece a recompensa eterna aos seus servos fiéis.
13:16 –
A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos: A
autoridade da besta da terra é abrangente. Ela exerce poder sobre todas as classes, dos mais
poderosos cidadãos até os pobres e os escravos.
Faz que lhes seja dada certa marca sobre a mão direita ou
sobre a fronte: Ouvimos, hoje em dia, muitas especulações e
acirrados debates sobre a marca da besta. Pessoas falam de
códigos de barras, de tatuagens, de implantação de microchips,
etc., dizendo que tais coisas são a marca da besta. Mas essas
interpretações sensacionais fogem do sentido do Apocalipse.
Novamente, devemos lembrar de dois fatos importantes: ì Estas
profecias falam de coisas que aconteceriam em breve, logo
depois de João escrever o livro (1:1,3; 22:6,10). Interpretações
que procuram cumprimentos destas profecias no século XXI devem ser rejeitadas, pois contradizem
o próprio livro. í As visões de João empregam linguagem simbólica. Jesus não é, literalmente, um
leão ou um cordeiro com uma espada de dois gumes saindo da boca. Não havia gafanhotos com
dentes de leões e caudas de escorpiões, nem cavalos com cabeças de leões ou caudas de serpentes.
Semelhantemente, não entendemos que os servos do Senhor tenham recebido uma marca literal na
testa (7:3; 9:4; 14:1).
16 A todos, os pequenos e
os grandes, os ricos e os
pobres, os livres e os
escravos, faz que lhes seja
dada certa marca sobre a
mão direita ou sobre a
fronte,
A marca selando os fiéis era uma maneira simbólica de dizer que eles pertenciam ao Senhor. Da
mesma maneira, a marca da besta é uma forma simbólica de dizer que os ímpios foram identificados
como servos de seu senhor, a besta romana.
13:17 –
Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca: Os que são
selados por Deus (cf. Efésios 1:13) recebem as bênçãos dadas pelo Senhor. Os que foram selados pela
besta recebem os benefícios oferecidos pelo governo,
especificamente, privilégios econômicos. Podemos entender este
17 para que ninguém possa
problema com uma ilustração prática. Segundo as leis atuais do
comprar ou vender, senão
Brasil, o cidadão que não comprova a sua participação nas
aquele que tem a marca, o
eleições perde certos privilégios, entre eles alguns direitos
nome da besta ou o número
econômicos. É possível que o governo romano tenha exigido
do seu nome.
algum tipo de comprovante de participação nos sacrifícios aos
ídolos oficiais para os cidadãos manterem ou adquirirem
determinados privilégios econômicos. Sabemos, também, de associações ou sindicatos profissionais
ligados à idolatria (cf. Os comentários sobre a carta à igreja em Tiatira – 2:18). Os cristãos fiéis,
obviamente, seriam discriminados por não cederem a tais exigências. Mesmo se não tivesse algum
comprovante oficial, os discípulos de Jesus certamente seriam identificados como pessoas que
recusavam participar destas falsas religiões.
O nome da besta: Os selados de Deus recebem a marca do “nome de seu Pai” (14:1). Os servos
da besta recebem uma marca do nome dela.
Ou o número do seu nome: O nome pode ser comunicado por meio de um número que representa
a besta. Este número se encontra no próximo versículo.
13:18 –
Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta: Apesar de
qualquer dificuldade que tenhamos em compreender este símbolo, Deus o revelou para comunicar
124
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
uma mensagem aos leitores originais do Apocalipse. Mais uma
vez, devemos lembrar que este livro é uma revelação, não um
mistério oculto. O número da besta pôde ser calculado ou
decifrado para que o leitor entendesse o sentido. Este comentário
sugere que os primeiros leitores teriam condições de
compreender a mensagem.
18 Aqui está a sabedoria.
Aquele que tem
entendimento calcule o
número da besta, pois é
número de homem. Ora,
esse número é seiscentos e
sessenta e seis.
Pois é número de homem: A explicação pode ser tão simples,
e assim não estaria falando de um determinado homem. O
número pode simplesmente representar o homem em termos
gerais, sem tentar identificar uma pessoa específica. Da mesma maneira que a besta surge da terra,
recebe sua força da sociedade ímpia, esta figura estaria frisando o fato deste inimigo ser de origem
humana.
Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis: A explicação mais simples, e que se enquadra
bem com o comentário acima sobre o número de homem, é de entender que sete é o número da
perfeição divina, e seis seria o número da imperfeição e do fracasso humano. Desta maneira, 666
enfatizaria a qualidade humana e imperfeita da besta. Pode ser um inimigo violento, um terrível
enganador, um assassino dos cristãos, mas seu poder não passa de poder humano. Antes de ficarem
aterrorizados pela besta da terra, ou até pela besta do mar (“Quem é semelhante à besta?” – 13:4),
os fiéis devem lembrar de Miguel (Quem é semelhante a Deus? – 12:7). A besta fracassará!
Devemos observar, porém, uma outra maneira de explicar o número da besta. Desde o segundo
século a.C., diversos autores têm baseado suas interpretações deste número num sistema de cálculo,
usado especialmente pelos judeus da época, chamado gematria, no qual cada letra recebe um valor
numérico. Como se pode imaginar, as possibilidades são várias, e diversos valores atribuídos às letras
podem ser manipulados para aplicar este método aos nomes de diversas personagens históricas ou
atuais. Pode encontrar explicações de como chegar a nomes como George W. Bush (eleito presidente
dos EUA em 2000 e 2004), Al Gore (vice presidente dos EUA de 1993 a 2001), Príncipe Charles (da
Grã Bretanha), Saddam (Hussein, ex-ditador de Iraque), Hitler (ditador alemão durante a segunda
guerra mundial) e até Barney, o dinossauro de um programa infantil na televisão! Tem tantas línguas
(alguns até usam “línguas” de computadores, como código ASCII) e tantas maneiras de fazer os
cálculos que parece que alguém poderia tornar praticamente qualquer nome em 666!
Mas, isso não nega a possibilidade de alguma interpretação relevante à mensagem do Apocalipse.
Qualquer interpretação plausível teria que se adequar ao contexto de perseguição e poder nas últimas
décadas do primeiro século. Uma sugestão oferecida no segundo século foi Lateinos, interpretada
como referência a um rei latino para representar o poder romano.
Uma outra sugestão, também baseada na gematria, envolve a tradução do nome de Nero César do
grego ao hebraico, depois aplicando o sistema de gematria. Desta maneira, chega ao número 666.
(Mas, se fizer a mesma coisa com o nome grego dele, o cálculo daria 1.005!) Se o número for de Nero,
poderia se relacionar a um mito da época relatado por alguns historiadores. Depois da morte de Nero,
correram rumores durante décadas de que ele estava voltando. Historiadores como Tácito e Suetônio
se referem a estas idéias de que Nero ressurgiria de algum modo. Isto é muito semelhante às
tendências modernas de pensar que qualquer mau ditador seja um outro Adolfo Hitler.
Entendendo o número 666 como o fracasso do poder humano, em termos gerais, ou como a
identificação de um líder com as características de Nero, ainda chegamos ao mesmo ponto
importante. A besta tem poder humano, e mais nada. Não merece adoração. Não deve ser honrada
como Deus. Não pode fazer nada que o homem não seja capaz de fazer. Colocando este poder ao lado
do poder daquele que segura sete estrelas na mão direita, o discípulo de Cristo não precisa temer!
Conclusão
A
primeira besta pode ser feia, mas é poderosa e tem o apóio da segunda, que induz os homens
a adorá-la. Os fiéis, porém, perseveram na sua confiança em Deus, e serão vencedores eternos!
Lição 23: A Besta Emerge da Terra (13:11-18)




Apocalipse: Lição 24
O Cordeiro e os Remidos no Monte Sião
(Apocalipse 14:1-5)
O
s capítulos 12 e 13 (lições 21-23) são assustadores. Um dragão terrível peleja contra os servos
de Deus, e continua perseguindo os cristãos. Ele recebe a ajuda de duas bestas, uma feia e
assustadora que escapa até a morte, e a outra bem suave e enganadora que mata as pessoas
que não se submetem à força do mal. O dragão e seus aliados dominam as pessoas da terra. Diante
de tanto poder, que esperança têm os servos do Senhor? Embora Jesus já tenha respondido a esta
dúvida várias vezes no livro, ele quer confortar e fortalecer os fiéis. Antes de mostrar a outra aliada do
diabo, a Babilônia (capítulo 17), ele reforça mais uma vez o tema principal do livro. Deus domina,
julgando os perversos e salvando os fiéis. Assim, ele assegura os discípulos que, independente da
ferocidade dos perseguidores, não ficarão desamparados. A primeira cena de conforto, neste trecho,
mostra o Cordeiro com os 144.000.
14:1 –
Olhei, e eis o Cordeiro em pé: Apareceu numa hora boa! Depois de ver o dragão, a besta do mar
e a besta da terra (parecendo cordeiro), agora João vê o verdadeiro Cordeiro, o mesmo que foi achado
digno de receber o livro da mão direita do Pai (capítulo 5). Ele
não esqueceu de seus servos, e não os deixou sozinhos. O
1 Olhei, e eis o Cordeiro em
Cordeiro está em pé, vivo e poderoso. Não se deitou, e não foi
pé sobre o monte Sião, e
derrotado. Serve como exemplo para os seus seguidores. Não
com ele cento e quarenta e
devem desistir ou se render ao inimigo.
quatro mil, tendo na fronte
escrito o seu nome e o nome
Sobre o monte Sião: Sião aparece somente neste versículo no
de seu Pai.
Apocalipse, mas já traz um significado rico pelo seu uso em
vários outros trechos. Literalmente, Sião é o monte onde o
templo foi construído, e freqüentemente representa a cidade de
Jerusalém. Mas a palavra ganha um sentido maior no Antigo e Novo Testamentos. Davi esperava que
a salvação viesse de Sião (Salmo 14:7). O Libertador veio de Sião para tirar pecados (Romanos 11:26-
27; cf. Isaías 59:20). Este Redentor é o mesmo Rei que despedaçaria as nações com sua vara de ferro
(Salmo 2:6-9). Jesus Cristo, a pedra angular do reino de Deus, foi posto em Sião (Romanos 9:33; 1
Pedro 2:6). O texto do Novo Testamento que mais ajuda é Hebreus 12:22-24 – “Mas tendes
chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis
hostes de anjos, e à universal assembléia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus,
e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e a Jesus, o Mediador
da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio
Abel.” Jesus, ressuscitado e vitorioso sobre a morte, reina em Sião e demonstra seu domínio sobre
as nações. Como seria confortante para os santos perseguidos ver o Cordeiro em pé no monte!
E com ele cento e quarenta e quatro mil: Já encontramos os 144.000 no intervalo entre o sexto
e o sétimo selos (7:1-8). Foram selados para proteção dos danos causados pelos ventos que os quatro
anjos seguravam. Aqui, estão em pé sobre o monte, com Jesus.
Tendo na fronte escrito o seu nome e o nome de seu Pai: Mais uma vez, o contraste entre os
discípulos do Senhor e aqueles “que habitam sobre a terra” se torna evidente. Os ímpios recebem
a marca da besta, mostrando que lhe pertencem (13:16-18). Os fiéis recebem a marca do Senhor
(7:3), o nome de seu Mestre, porque são dele (14:1; cf. 3:12).
O contraste entre estes dois nomes faz toda a diferença – até a diferença eterna. A marca da besta traz
o nome ou número de homem; a marca dos 144.000 é o nome de Deus. O nome da besta é
Lição 24: O Cordeiro e os Remidos no Monte Sião (14:1-5)
127
imperfeito e temporário; o nome de Deus é permanente, perfeito e eterno. É este nome que salva (Atos
4:12) e que é exaltado acima de todos os outros (Filipenses 2:9-11). Isaías profetizou sobre o Messias:
“O seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da
Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e
sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora
e para sempre. O zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto” (Isaías 9:6-7). Quem está na
sombra do Cordeio, no monte Sião, com este nome na testa, não tem motivo para temer a besta com
seus nomes de blasfêmia e sua autoridade para agir por 42 meses!
14:2 –
Ouvi uma voz do céu como voz de muitas águas, como voz de grande trovão: Uma voz forte,
que nos lembra das vozes de Jesus (1:15) e da grande multidão de seus servos (19:6). Trovões,
sempre no Apocalipse e quase sempre nas outras ocorrências na Bíblia, vêm do céu e comunicam
a autoridade de Deus. Exemplos em outros livros incluem: “Os
que contendem com o SENHOR são quebrantados; dos
2 Ouvi uma voz do céu
céus troveja contra eles” (1 Samuel 2:10); “Trovejou o
como voz de muitas águas,
SENHOR desde os céus; o Altíssimo levantou a sua voz”
como voz de grande trovão;
(2 Samuel 22:14); “Ou tens braço como Deus ou podes
também a voz que ouvi era
trovejar com a voz como ele o faz?” (Jó 40:9). No
como de harpistas quando
Apocalipse, vozes e trovões saem do trono de Deus (4:5) e do
tangem a sua harpa.
santuário dele (11:19; 16:17-18). João ouve a voz de um dos
quatro seres viventes “como se fosse voz de trovão” (6:1). No
sétimo selo, o fogo atirado do altar à terra foi acompanhado por trovões (8:5). No intervalo entre as
sexta e sétima trombetas, o brado do anjo forte soltou as vozes dos sete trovões (10:3). A voz da
grande multidão que adora a Deus é “como de muitas águas e como de fortes trovões” (19:6).
Era como de harpistas quando tangem a sua harpa: Como tantos outros símbolos no
Apocalipse (incenso, altares, arca da aliança, etc.), a idéia dos harpistas vem do louvor dos judeus no
Antigo Testamento (cf. 5:8; 15:2). Harpas e outros instrumentos foram características do louvor no
templo em Jerusalém. Desta referência percebemos que a voz forte vem dos adoradores que honram
ao Senhor.
14:3-5 –
Entoavam novo cântico diante do trono, diante dos quatro seres viventes e dos anciãos:
Um novo cântico celebra a grandeza do Senhor (veja Salmo 33:3 no seu contexto). Especialmente
relevantes são as palavras de Davi: “Esperei confiantemente pelo SENHOR; ele se inclinou para
mim e me ouviu quando clamei por socorro. Tirou-me de
um poço de perdição, de um tremedal de lama;
3 Entoavam novo cântico
colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os
diante do trono, diante dos
passos. E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de
quatro seres viventes e dos
louvor ao nosso Deus; muitos verão essas coisas,
anciãos. E ninguém pôde
temerão e confiarão no SENHOR. Bem-aventurado o
aprender o cântico, senão os
homem que põe no SENHOR a sua confiança” (Salmo 40:1-
cento e quarenta e quatro
4; cf. Salmo 98:1-5). Isaías falou do Servo do Senhor e disse:
mil que foram comprados da
“Cantai ao SENHOR um cântico novo e o seu louvor até
terra.
às extremidades da terra, vós, os que navegais pelo mar
e tudo quanto há nele, vós, terras do mar e seus
moradores.... O SENHOR sairá como valente, despertará o seu zelo como homem de
guerra; clamará, lançará forte grito de guerra e mostrará sua força contra os seus
inimigos” (Isaías 42:10,13). Cânticos novos celebram o poder de Deus para proteger os fiéis e lhes
dar a vitória sobre os inimigos (cf. Apocalipse 5:8-10). O novo cântico do capítulo 5 iniciou-se com
os seres viventes e os anciãos, mas este cântico começa com outros que louvam a Deus na presença
destes seres celestiais.
128
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
E ninguém pôde aprender o cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil: Todas as
criaturas de Deus, tanto os seres celestiais como os homens na terra, podem e devem adorar a Deus
como Criador (4:11) e adorar a Jesus como o Cordeiro vitorioso (5:9-14). Mas aqui somente os
redimidos, resgatados pelo sangue do Cordeiro, conseguem cantar o novo cântico. Os anjos se
regozijam com a salvação de pecadores (Lucas 15:10) e desejam compreender o mistério de Deus
(1 Pedro 1:12), mas são os homens que experimentam a salvação em Jesus (Hebreus 2:16; João 3:16;
Atos 17:30). Os homens redimidos têm uma relação especial com Deus, e uma dívida de gratidão
única. São os salvos, representados pelo número 144.000, que cantam o novo cântico.
O resto deste parágrafo descreve os 144.000, acrescentando algumas informações não contidas no
capítulo 7, e reforçando a figura de eles representarem os redimidos da terra. Estes 144.000:
ì Foram comprados da terra: O Cordeiro comprou com seu sangue “os que procedem de toda
tribo, língua, povo e nação” (5:9). Os resgatados não pertencem mais aos habitantes da terra, pois
se tornaram habitantes do céu (veja comentários sobre 13:6 e 8 na lição 22). A redenção é um aspecto
fundamental da missão de Jesus. Os homens se vendem à escravidão do pecado (Romanos 7:14),
mas não são incapazes de pagar o resgate para se livrarem (Romanos 7:24; Salmo 49:7-12). O resgate
vem do Senhor (Salmo 11:9; 130:7), especificamente por meio do sacrifício de Jesus: “sendo
justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus”
(Romanos 3:24). Em Jesus “temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados,
segundo a riqueza da sua graça” (Efésios 1:7; cf. Colossenses 1:14; Hebreus 9:12).
í Não se macularam com mulheres, porque são castos:
4 São estes os que não se
macularam com mulheres,
Os 144.000 são apresentados como homens virgens, que nunca
porque são castos. São eles
tiveram relações sexuais. As interpretações literais, como a
os seguidores do Cordeiro
doutrina das Testemunhas de Jeová, que dizem que terão
por onde quer que vá. São
somente 144.000 no céu, encontram uma grande dificuldade
os que foram redimidos
com estas descrições. Se o número é literal, o resto da descrição
dentre os homens, primícias
deve ser igualmente literal. Teríamos que concluir que os
para Deus e para o Cordeiro
144.000 são homens virgens, e que não teria nem casado nem
mulher no céu! De repente, o próprio apóstolo Pedro seria
excluído do céu, pois foi casado (Mateus 8:14). Lembrando do capítulo 7, teríamos que excluir,
também, qualquer gentio, e teríamos um número exato e igual de cada uma das 12 tribos citadas.
Somente homens judeus e solteiros no céu? Alguém realmente acredita numa doutrina dessas?
Obviamente, a descrição é simbólica, não literal. Israelitas são as pessoas que pertencem a Deus, o
povo do Senhor. 144.000 é um número simbólico, e a pureza deles é espiritual.
O casamento foi criado por Deus, e relações sexuais entre um homem e sua legítima esposa são puras
e ordenadas por Deus (Hebreus 13:4; 1 Coríntios 7:2-5). O adultério e a prostituição são usados
simbolicamente na Bíblia para representar a infidelidade espiritual, especialmente a idolatria: “Porque
adulteraram, e nas suas mãos há culpa de sangue; com seus ídolos adulteraram, e até os
seus filhos, que me geraram, ofereceram a eles para serem consumidos pelo fogo” (Ezequiel
23:37). Deus disse que Judá “adulterou, adorando pedras e árvores” (Jeremias 3:9). Da mesma
forma, a castidade ou virgindade representa a pureza espiritual e a abstenção da idolatria: “Porque
zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como
virgem pura a um só esposo, que é Cristo. Mas receio que, assim como a serpente
enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se
aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo” (2 Coríntios 11:2-3). Os redimidos não
participam da idolatria – não adoram a besta – porque são fiéis e puros diante de Deus.
î Seguidores do Cordeiro para onde quer que vá: Jesus convida os homens a segui-lo: “Dizia
a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e
siga-me” (Lucas 9:23). Aceitação deste convite é a característica que define os discípulos: “As
minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (João 10:27). A
decisão de seguir a Jesus traz ao discípulo a promessa da comunhão com o Senhor: “Se alguém me
Lição 24: O Cordeiro e os Remidos no Monte Sião (14:1-5)
129
serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir,
o Pai o honrará” (João 12:26). Mas como esta descrição sugere, temos de segui-lo para onde ele
nos guia. Não é suficiente seguir até onde sentimos bem, ou até onde concordamos com ele. A
obediência não é andar até onde enxergamos o caminho, pois “andamos por fé, e não pelo que
vemos” (2 Coríntios 5:7). Quando reconhecemos a soberania e autoridade absoluta de Jesus (veja
Mateus 28:18), devemos ser obedientes em tudo. Jesus é o exemplo perfeito: “Porquanto para isto
mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos
exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se
achou em sua boca” (1 Pedro 2:21-22).
ï Redimidos dentre os homens, primícias para Deus e para o Cordeiro: Ele repete o fato de
serem redimidos mas, desta vez, destaca o propósito ou destino dos salvos – se tornam primícias para
Deus e para Jesus. No Velho Testamento, as primícias pertenciam a Deus e a casa dele: “Honra ao
SENHOR com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda” (Provérbios 3:9; cf. Êxodo
23:19; 34:26; Levítico 2:12; 23:17; Deuteronômio 26:2). Ainda no Antigo Testamento, a idéia das
primícias foi estendida para descrever o povo do Senhor, destacando a sua proteção dos inimigos:
“Então, Israel era consagrado ao SENHOR e era as primícias da sua colheita; todos os que
o devoraram se faziam culpados; o mal vinha sobre eles, diz o SENHOR” (Jeremias 2:3).
Desta maneira, se torna comum no Novo Testamento descrever servos do Senhor como primícias:
“Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos
como que primícias das suas criaturas” (Tiago 1:18; cf. Romanos 16:5; 1 Coríntios 16:5).
ð Não se achou mentira na sua boca; não têm mácula: São pessoas honestas e puras. Estas
palavras nos lembram do exemplo de Jesus em 1 Pedro 2:22 (citado acima). Ele é como um perfeito
“cordeiro, sem defeito e sem mácula” (1 Pedro 1:19). O
diabo e seus servos são mentirosos que induzem os homens ao
5 e não se achou mentira na
erro pela falsidade de suas palavras. Os servos de Jesus falam e
sua boca; não têm mácula.
ensinam a verdade, e vivem pelos mesmos princípios. Assim,
mantêm pureza na palavra e no proceder (1 Timóteo 4:12). A
igreja que pertence a Jesus deve ser “gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante,
porém santa e sem defeito” (Efésios 5:27).
Conclusão
A
s bestas agem para seduzir os homens da terra, e para punir aqueles que não se submetem a suas
falsas doutrinas. Qualquer discípulo, olhando para a situação na terra e os perigos ao seu redor,
poderia facilmente se assustar com as perseguições que viriam se intensificando. Por isso, Deus
pára um pouco e oferece, mais uma vez, conforto para seu povo fiel. Ele está em pé sobre o monte
Sião, e os fiéis selados estão com ele.









Apocalipse: Lição 25
As Grandes Vozes
(Apocalipse 14:6-20)
O
resto do capítulo 14 revela as mensagens de uma série de vozes, anjos que passam no céu com
recados importantes sobre o juízo de Deus sobre as nações. Esta série de revelações não segue
tão claramente como as anteriores um sistema óbvio de organização. Há, pelo menos, duas
possíveis maneiras de ver uma série de sete aqui: ì O trecho menciona seis anjos (versículos
6,8,9,15,17,18) e pode incluir, implicitamente, um outro (13), dando um total de sete. í Uma outra
possibilidade, que segue melhor o padrão das séries de selos e trombetas, é de ver aqui uma série de
sete avisos ou sinais, organizada desta maneira: As primeiras quatro vozes (14:6-7,8,9-12 e 13), as
quinta e sexta vozes (14:14-16; 17-20), um intervalo em que os vencedores adoram a Deus (15:2-4)
e o sétimo sinal, que abre mais uma série de sete (15:1,5-8). Esta segunda abordagem parece mais
coerente com o padrão já estabelecido, e será usada nos comentários desta lição, na qual
consideramos as seis vozes do capítulo 14. Outros comentários agrupam as vozes e sinais desta parte
do livro de maneiras diferentes (por exemplo, três ou quatro vozes seguidas por duas cenas de
julgamento) e, talvez, igualmente válidas. O ponto principal aqui não é a organização, e sim o
conteúdo das vozes e sinais.
O Primeiro Sinal (14:6-7)
14:6 –
Vi outro anjo voando pelo meio do céu: Vários anjos trarão os avisos deste capítulo, começando
com este voando no céu. É um mensageiro de Deus com uma mensagem para os homens.
Tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação,
e tribo, e língua, e povo: “Evangelho” significa boas novas. Esta palavra ou verbos da mesma raiz
(evangelizar, pregar, anunciar, trazer notícias, etc.) aparecem mais de cem vezes no Novo Testamento.
A grande maioria das ocorrências se refere à mensagem de Jesus Cristo.
É uma mensagem eterna e universal. Paulo descreveu o evangelho como “a revelação do mistério
guardado em silêncio nos tempos eternos, e que, agora, se tornou manifesto e foi dado a
conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para
a obediência por fé, entre todas as nações” (Romanos 16:25-26). Aos efésios ele escreveu sobre
seu privilégio de “pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo e
manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos, oculto em Deus, que
criou todas as coisas ... segundo o eterno propósito que
estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Efésios 3:8-
6 Vi outro anjo voando pelo
11).
meio do céu, tendo um
O trabalho deste anjo é semelhante à missão dada a João no
evangelho eterno para
intervalo do capítulo 10. Ele recebeu o livrinho e foi mandado
pregar aos que se assentam
profetizar “a respeito de muitos povos, nações, línguas e
sobre a terra, e a cada
reis” (10:11).
nação, e tribo, e língua, e
povo,
14:7 –
7 dizendo, em grande voz:
Dizendo, em grande voz: Temei a Deus a dai-lhe glória: A
Temei a Deus e dai-lhe
glória, pois é chegada a hora
mensagem do evangelho estabelece a soberania de Deus e exige
do seu juízo; e adorai aquele
uma resposta das suas criaturas. No deserto da Judéia, João
que fez o céu, e a terra, e o
Batista pregou: “Arrependei-vos, porque está próximo o
mar, e as fontes das águas.
reino dos céus” (Mateus 3:1-2). Jesus anunciou a mesma
Lição 25: As Grandes Vozes (14:6-20)
131
mensagem (Mateus 4:17), e os apóstolos pregaram os mesmos temas (Atos 2:30-38; 1
Tessalonicenses 2:12). Deus merece honra pelas grandes obras feitas diante dos homens (Salmo
145:10-11). Ele pode ser glorificado de várias maneiras:
ì Quando o pecador confessa a sua injustiça, a glória e a justiça de Deus são realçadas. “Então,
disse Josué a Acã: Filho meu, dá glória ao SENHOR, Deus de Israel, e a ele rende
louvores; e declara-me, agora, o que fizeste; não mo ocultes” (Josué 7:19).
í Deus é glorificado, também, quando os ímpios sofrem a penalidade merecida por sua iniqüidade.
Anunciando o castigo dos egípcios no mar Vermelho, ele disse: “E os egípcios saberão que eu sou
o SENHOR, quando for glorificado em Faraó, nos seus carros e nos seus cavalarianos”
(Êxodo 14:18). Deus falou que seria glorificado no castigo de Sidom (Ezequiel 28:22) e na destruição
das forças de Gogue de Magogue (Ezequiel 39:11-13).
î Quando a pregação do evangelho é recebida pela fé dos ouvintes, Deus é glorificado. “Os gentios,
ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que
haviam sido destinados para a vida eterna” (Atos 13:48).
ï Quando o povo de Deus lhe obedece, ele recebe a glória. “Porque fostes comprados por preço.
Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (1 Coríntios 6:20; cf. 1 Pedro 2:12; 4:11).
Pois é chegada a hora do seu juízo: Embora o amor seja o motivo maior para servir a Deus, um
motivo que supera o medo (1 João 4:17-18), o medo ainda incentiva o ouvinte a se submeter a Deus
(Atos 24:25; Hebreus 10:27; Tiago 2:13; 3:1; 5:12).
E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas: Deus merece a
adoração de todos, e o anjo convida todas as nações a dar-lhe a devida honra. Paulo falou sobre um
dos resultados da vitória de Jesus sobre a morte: “Pelo que também Deus o exaltou
sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus
se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que
Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Filipenses 2:9-11). O propósito do evangelho
eterno é trazer todos os povos a Deus, dando-lhes motivo para adorar o seu Criador e Redentor. Ao
mesmo tempo, este versículo reforça o fato de Deus ser o Soberano. Ele fez o céu, a terra, etc., e ele
continua os dominando. Ele é capaz, também, de trazer seus castigos sobre todos os aspectos da
criação, como já mostrou nas primeiras quatro trombetas (8:7-13).
O Segundo Sinal (14:8)
14:8 –
Seguiu-se outro anjo, o segundo, dizendo: Um segundo anjo traz a segunda proclamação.
Caiu, caiu a grande Babilônia: A Babilônia é mencionada, por nome, centenas de vezes no Antigo
Testamento, mas apenas doze vezes no Novo. Destas ocorrências, cinco são obviamente referências
históricas à antiga Babilônia (Mateus 1:11,12,17; Atos 7:43) e
uma (1 Pedro 5:13) é interpretada por alguns como uma
8 Seguiu-se outro anjo, o
referência simbólica igual às citações do Apocalipse, e por outros
segundo, dizendo: Caiu, caiu
como uma referência literal à área geográfica da antiga cidade.
a grande Babilônia que tem
Esta referência pelo segundo anjo é a primeira de seis no livro
dado a beber a todas as
(14:8; 16:19; 17:5; 18:2,10,21). A Babilônia, chamada também
nações do vinho da fúria da
de grande meretriz, se torna uma das personagens principais nos
sua prostituição.
capítulos 17 e 18.
Antes de contar os detalhes do destino da Babilônia, Deus já
revela aos fiéis o que será desta cidade. Desde esta primeira citação, sabemos que é uma cidade
condenada: “Caiu, caiu a grande Babilônia”! A descrição da cidade e as questões sobre o
132
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
significado da Babilônia surgem no capítulo 17. Por enquanto, Jesus quer assegurar os leitores que
a Babilônia, apesar de afligir o seu povo com grande sofrimento, será derrotada.
Que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição: A Babilônia
envolveu as nações no seu pecado, e assim as levou a participar do seu castigo. A figura usada aqui,
de beber do vinho da fúria, é comum nas profecias do Velho Testamento e envolve dois aspectos
principais – a tentação e o castigo.
Quanto à tentação, Jeremias disse: “A Babilônia era um copo de ouro na mão do SENHOR, o
qual embriagava a toda a terra; do seu vinho beberam as nações; por isso,
enlouqueceram” (Jeremias 51:7).
O outro aspecto do cálice, o castigo, aparece em diversos trechos do Antigo Testamento. O cálice
representa a ira de Deus contra os perversos: “Deus é o juiz; a um abate, a outro exalta. Porque
na mão do SENHOR há um cálice cujo vinho espuma, cheio de mistura; dele dá a beber;
sorvem-no, até às escórias, todos os ímpios da terra” (Salmo 75:7-8). Ezequiel transmitiu a
palavra de Deus em relação à iniqüidade de Jerusalém: “Andaste no caminho de tua irmã; por isso,
entregarei o seu copo na tua mão. Assim diz o SENHOR Deus: Beberás o copo de tua irmã,
fundo e largo; servirás de riso e escárnio; pois nele cabe muito. Encher-te-ás de embriaguez
e de dor; o copo de tua irmã Samaria é copo de espanto e de desolação. Tu o beberás, e
esgotá-lo-ás, e lhe roerás os cacos, e te rasgarás os peitos, pois eu o falei, diz o SENHOR
Deus” (Ezequiel 23:31-34). Jerusalém bebeu o cálice da ira de Deus, e depois foi resgatada. Deus tirou
o cálice da mão dela e poupou seu povo redimido, repassando o vinho de sua ira aos opressores (Isaías
51:17,22-23). Um dos textos mais importantes para entender o significado desta figura se encontra em
Jeremias 25:15-38. Observemos algumas linhas deste trecho: “Porque assim me disse o SENHOR,
o Deus de Israel: Toma da minha mão este cálice do vinho do meu furor e darás a beber dele
a todas as nações às quais eu te enviar. Para que bebam, e tremam, e enlouqueçam, por
causa da espada que eu enviarei para o meio delas. Recebi o cálice da mão do SENHOR
e dei a beber a todas as nações às quais o SENHOR me tinha enviado: a Jerusalém, às
cidades de Judá, aos seus reis e aos seus príncipes, para fazer deles uma ruína, objeto de
espanto, de assobio e maldição, como hoje se vê; a Faraó, rei do Egito... a todo misto de
gente, a todos os reis da terra de Uz, a todos os reis da terra dos filisteus, a Asquelom, a
Gaza, a Ecrom e ao resto de Asdode; a Edom, a Moabe e aos filhos de Amom; a todos os reis
de Tiro, a todos os reis de Sidom e aos reis das terras dalém do mar; a Dedã, a Tema, a Buz
e a todos os que cortam os cabelos nas têmporas; a todos os reis da Arábia e todos os reis
do misto de gente que habita no deserto; a todos os reis de Zinri, a todos os reis de Elão e
a todos os reis da Média; a todos os reis do Norte, os de perto e os de longe, um após outro,
e a todos os reinos do mundo sobre a face da terra; e, depois de todos eles, ao rei da
Babilônia. Pois lhes dirás: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Bebei,
embebedai-vos e vomitai; caí e não torneis a levantar-vos, por causa da espada que estou
enviando para o vosso meio....Chegará o estrondo até à extremidade da terra, porque o
SENHOR tem contenda com as nações, entrará em juízo contra toda carne; os perversos
entregará à espada, diz o SENHOR” (Jeremias 25:15-31).
Como Apocalipse 14:8, Habacuque 2:15-17 emprega os dois sentidos do cálice. A Babilônia seduziu
os seus companheiros para ganhar vantagem sobre eles, e seria castigada com o cálice da mão direita
do Senhor.
O Terceiro Sinal (14:9-12)
14:9 –
Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo em grande voz: Os avisos continuam com
o terceiro anjo. Novamente, a descrição destaca a sua voz forte. Ele fala com a autoridade que vem
do próprio Senhor.
Lição 25: As Grandes Vozes (14:6-20)
133
Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua
marca na fronte ou sobre a mão: Agora o conflito intensifica.
A besta da terra seduz as pessoas da terra a adorarem a besta, e
faz com que recebam a sua marca (13:12-16). Se não ceder às
demandas dela, não poderá vender ou comprar (13:17) ou, pior
ainda, será morto (13:15). Quem ama a vida não tem chance! Se
não submeter-se à besta, perderá a própria vida. Mas os servos
do Senhor lembram da descrição dos vencedores: “Mesmo em
face da morte, não amaram a própria vida” (12:11). Jesus
disse: “Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa
achá-la-á” (Mateus 10:39). Há uma alternativa. Pode adorar a besta para salvar a vida, ou pode
sacrificar a própria vida pela fé em Jesus.
9 Seguiu-se a estes outro
anjo, o terceiro, dizendo, em
grande voz: Se alguém
adora a besta e a sua
imagem e recebe a sua
marca na fronte ou sobre a
mão
14:10 –
Também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua
ira: A escolha se tornou nítida. Se não adorar a besta do mar, sofrerá a ira da besta da terra. Mas, se
adorar a besta, sofrerá a ira de Deus! Novamente, os fiéis devem
lembrar das palavras de Cristo: “Não temais os que matam o
10 também esse beberá do
corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele
vinho da cólera de Deus,
que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o
preparado, sem mistura, do
corpo” (Mateus 10:28). A pergunta para os cristãos perseguidos
cálice da sua ira, e será
é simples: Quer arriscar a vida por sua fé, ou sofrer a vingança
atormentado com fogo e
divina por sua falta de fé? Se cair nas mãos da besta, pode sofrer
enxofre, diante dos santos
um período de tribulação com a esperança da coroa da vida
anjos e na presença do
(2:10). Mas se negar o Senhor para agradar a besta, deve saber
Cordeiro.
bem as conseqüências: “Horrível coisa é cair nas mãos do
Deus vivo” (Hebreus 10:31).
O vinho da cólera de Deus será sem mistura, ou seja, não diluído. Este vinho vem do cálice da ira de
Deus, ira esta que “permanece” sobre os rebeldes que não crêem em Jesus (João 3:36). A ira de Deus
não é uma explosão de raiva que passa, e sim uma característica permanente da justiça dele. A única
maneira de escapar desta ira é por submissão ao Senhor.
Será atormentado com fogo e enxofre: Fogo e enxofre são meios de castigo divino. Davi ligou
estes castigos à santidade e à justiça de Deus: “O SENHOR está no seu santo templo; nos céus
tem o SENHOR seu trono; os seus olhos estão atentos, as suas pálpebras sondam os filhos
dos homens. O SENHOR põe à prova ao justo e ao ímpio; mas, ao que ama a violência, a
sua alma o abomina. Fará chover sobre os perversos brasas de fogo e enxofre, e vento
abrasador será a parte do seu cálice. Porque o SENHOR é justo, ele ama a justiça; os retos
lhe contemplarão a face” (Salmo 11:4-7).
Diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro: Obviamente, aqueles que permanecem na
sua rebeldia até a morte serão banidos da presença de Deus para sofrimento eterno (2 Tessalonicenses
1:8-9; Mateus 25:46). Mas, neste contexto, parece que outro castigo está em vista. Ao invés de uma
separação entre os santos e os ímpios, este castigo acontece na presença dos anjos e do Cordeiro.
É um vislumbre do castigo final e eterno, mas ainda não chegaram a isso. Os anjos e o próprio Jesus
presenciariam a derrota dos adoradores da besta.
14:11 –
A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos: Mais uma vez, não devemos
esquecer da natureza simbólica deste livro profético. Quando fala de fumaça que sobe pelos séculos,
é fácil pensar no castigo eterno do inferno. Porém, a linguagem aqui é praticamente igual à profecia
do castigo dos edomitas em Isaías 34. Naquele trecho, o profeta fala de enxofre, e diz: “Nem de noite
nem de dia se apagará; subirá para sempre a sua fumaça; de geração em geração será
134
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
assolada, e para todo o sempre ninguém passará por ela”
(Isaías 34:10). Ao mesmo tempo, a terra seria possuída por
animais “para sempre” (Isaías 34:11-17). É linguagem de
castigo e de destruição, mas não necessariamente do castigo
eterno do inferno.
11 A fumaça do seu
tormento sobe pelos séculos
dos séculos, e não têm
descanso algum, nem de dia
nem de noite, os adoradores
da besta e da sua imagem e
quem quer que receba a
marca do seu nome.
E não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os
adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que
receba a marca do seu nome: Que contraste! Os quatro seres
viventes “não têm descanso, nem de dia nem de noite”
porque se dedicam eternamente ao louvor de Deus (4:8). Os que vêm da grande tribulação, também,
“servem de dia e de noite no santuário” ( 7:15). Mas, depois de suportarem as perseguições na
terra, este serviço no tabernáculo, onde são sustentados e protegidos por Deus (7:16-17) é, realmente,
um descanso para os fiéis (Hebreus 4:9-11). Mas aqueles que escolhem o caminho mais fácil,
submetendo-se à besta, não têm descanso. Seu tormento é constante. “Horrível coisa é cair nas
mãos do Deus vivo” (Hebreus 10:31).
14:12 –
Aqui está a perseverança dos santos: Este capítulo inteiro e,
12 Aqui está a perseverança
especificamente, a mensagem do terceiro anjo trazem conforto
dos santos, os que guardam
aos fiéis. Desde as súplicas do quinto selo, os fiéis vêm
os mandamentos de Deus e
aguardando a vingança divina contra seus perseguidores. Ainda
a fé em Jesus.
não chegamos ao fim dos avisos, mas claramente percebemos
que Deus está protegendo e confortando seus servos enquanto
castiga os seus inimigos. Para tranqüilizar seu povo fiel, Deus sacode os povos ímpios (compare Ageu
2:4-7; Zacarias 1:7-17; 14:11-13).
Os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus: Os santos são os fiéis e
obedientes. Como outras passagens demonstram, a fé que agrada a Deus e leva à salvação é a fé ativa
e obediente (Tiago 2:14-26). Sobre os mandamentos de Deus e as tentativas de alguns de inserir os
dez mandamentos no Apocalipse, veja os comentários já feitos sobre a mesma expressão em 12:17.
Os santos de Deus guardam seus mandamentos porque amam ao Senhor (João 14:15). Também
guardam a fé em Jesus. Apesar de todas as tentações e as tentativas dos ímpios de tirar a fé dos
santos, estes confiam no Senhor. A palavra traduzida “guardam” significa “atender cuidadosamente
a, tomar conta de” (Strong). A fé não é meramente algo que acontece, nem simplesmente algo que
temos ou que possuímos. A fé precisa ser guardada cuidadosamente, protegida e cultivada. Temos
de trabalhar constantemente para fortalecer a nossa fé em Jesus. A fé não é uma característica
estática; é uma qualidade que precisa ser desenvolvida, precisa crescer (2 Coríntios 10:15). Paulo viu
este crescimento nos tessalonicenses: “Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus no
tocante a vós outros, como é justo, pois a vossa fé cresce sobremaneira, e o vosso mútuo
amor de uns para com os outros vai aumentando” (2 Tessalonicenses 1:3).
O Quarto Sinal (14:13)
14:13 –
Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Esta voz é do céu, mas
o relato não diz se é de um quarto anjo ou não. Como as
mensagens anteriores, este sinal serve para confortar os fiéis. O
alívio vem, pois o Deus justo julgará os servos do dragão e de
seus aliados.
Escreve: A responsabilidade de João continua. As mensagens
que ele recebe devem ser registradas e transmitidas aos servos do
Senhor (cf. 1:1,19).
Lição 25: As Grandes Vozes (14:6-20)
13 Então, ouvi uma voz do
céu, dizendo: Escreve:
Bem-aventurados os mortos
que, desde agora, morrem
no Senhor. Sim, diz o
Espírito, para que
descansem das suas
fadigas, pois as suas obras
os acompanham.
135
Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor: Esta é a segunda das sete
bem-aventuranças do Apocalipse (veja a lista na lição 3). Em contraste com os adoradores da besta,
que são atormentados, aqueles que morrem no Senhor são abençoados. Esta é uma parte
importantíssima da mensagem do Apocalipse: A morte não traz derrota! O maior poder do adversário
é sua capacidade de matar, de tirar a vida física do homem que recusa se submeter a ele. Mas Jesus
é “o Primogênito dos mortos” (1:5) e segura “as chaves da morte e do inferno” (1:18). Ele
“esteve morto e tornou a viver” (2:8) e promete a coroa da vida àqueles que permanecem fiéis até
à morte (2:10). Não garante proteção da morte física, mas afirma que “o vencedor de nenhum
modo sofrerá dano da segunda morte” (2:11). O Cordeiro que foi morto está vivo e é digno de
ser louvado (5:12), e aqueles que morrem por causa da palavra do Senhor recebem consolo e
vestiduras brancas (6:9-11).
A única dificuldade que surge nesta frase vem das palavras “desde agora”. Aqueles que morreram no
Senhor anteriormente não foram abençoados? Outras passagens mostram, claramente, que os fiéis
do passado também tinham a garantia das eternas bênçãos de Deus. Jesus prometeu a
“ressurreição da vida” para aqueles que praticam o bem (João 5:29) e disse que os justos irão
“para a vida eterna” (Mateus 25:46). Paulo assegurou os coríntios que a ressurreição de Cristo
garantisse a ressurreição dos santos: “ Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo
ele as primícias dos que dormem. Visto que a morte veio por um homem, também por um
homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem,
assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem:
Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda” (1 Coríntios 15:20-23) e
acrescentou: “Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus
Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na
obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1 Coríntios 15:57-58).
Ele usou palavras semelhantes para consolar os tessalonicenses (1 Tessalonicenses 1:13-18). O ponto
não é de sugerir que os santos anteriormente morressem sem esperança, e sim de trazer esta
confiança diretamente à vida dos servos que receberam o Apocalipse, e aos fiéis de gerações
posteriores. Sem negar nada aos santos do passado, ele promete a salvação aos servos do Senhor da
época de João em diante.
Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os
acompanham: Não é João quem afirma, mas o próprio Espírito de Deus que garante aos fiéis
descanso das suas obras. Hebreus 4:10 compara o descanso dos salvos com o descanso de Deus
(Gênesis 2:2). Não é um descanso total de todas as obras, mas um descanso das fadigas e obras
realizadas na terra, onde viviam no meio de opressão e sofrimento.
O Quinto Sinal (14:14-16)
14:14 –
Olhei, e eis uma nuvem branca, e sentado sobre a nuvem um semelhante a filho de
homem: Observamos o significado de nuvens nas Escrituras nos comentários sobre 10:1. Aqui, o filho
do homem está sentado sobre uma nuvem branca – a única vez
na Bíblia que encontramos uma nuvem branca. Sabendo que
14 Olhei, e eis uma nuvem
branco representa pureza (3:4) e vitória (3:5; 6:2), podemos ver
branca, e sentado sobre a
o destaque na pureza do vitorioso filho de homem (cf. 1:7), e
nuvem um semelhante a
daqueles que serão recolhidos nesta ceifa (cf. 11:12).
filho de homem, tendo na
cabeça uma coroa de ouro e
na mão uma foice afiada.
A descrição “filho de homem” aparece apenas duas vezes no
livro, aqui e em 1:13, onde Jesus aparece no meio dos
candeeiros. Veja os comentários sobre esta expressão na lição 4.
Tendo na cabeça uma coroa de ouro: A coroa (grego, stephanos) é a coroa de vitória. Aqui e em
6:2 (conforme a interpretação apresentada na lição 14), o supremo vencedor usa esta coroa. Em
136
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
outros trechos, seus servos vitoriosos têm estas coroas (2:10; 3:11; 4:4,10; 12:1). Os gafanhotos do
abismo trouxeram na cabeça “como que coroas parecendo de ouro”, fingindo ser vitoriosos (9:7).
No texto de 14:14, não há dúvida. O filho de homem é puro, poderoso e vitorioso.
Na mão uma foice afiada: O filho de homem está preparado para a colheita. Está com a foice afiada
e, em breve, ceifará a terra.
14:15 –
Outro anjo saiu do santuário, gritando em grande voz
para aquele que se achava sentado sobre a nuvem: Mais
um anjo vem com sua mensagem. Esta vez, João comenta sobre
a procedência do anjo – ele saiu do santuário, ou seja, da
presença de Deus (3:12; 7:15; 11:19). Não há dúvida sobre a
fonte de sua mensagem; ele vem diretamente da presença de
Deus para transmitir a ordem para o filho do homem. Qualquer
ordem dada a Jesus teria que vir do Pai, pois somente o Pai tem
autoridade sobre o Filho (cf. João 14:28; Mateus 26:39,42;
28:18; 1 Coríntios 11:3; 15:27).
15 Outro anjo saiu do
santuário, gritando em
grande voz para aquele que
se achava sentado sobre a
nuvem: Toma a tua foice e
ceifa, pois chegou a hora de
ceifar, visto que a seara da
terra já amadureceu!
Toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar: A figura da ceifa representa o julgamento
de Deus, com suas duas facetas: (1) o castigo dos ímpios e (2) o resgate dos fiéis. Considere a base
bíblica para este entendimento do símbolo:
No Antigo Testamento, as citações proféticas da ceifa normalmente sugerem castigo. Jeremias
predisse o julgamento da Babilônia: “Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de
Israel: A filha da Babilônia é como a eira quando é aplanada e pisada; ainda um pouco,
e o tempo da ceifa lhe virá” (Jeremias 51:33). Depois de condenar a idolatria de Israel, o reino do
norte, o profeta Oséias olhou para o sul e disse: “Também tu, ó Judá, serás ceifado” (Oséias 6:11;
cf 9:6). Mas, não devemos esquecer do conceito bem desenvolvido de tratar o povo fiel como as
primícias, a melhor parte que pertence a Deus. No meio de uma série de sinais que promete a
proteção divina aos discípulos de Cristo, certamente a figura da ceifa deve nos lembrar deste sentido
positivo e confortante da colheita. Jeremias 2:3 diz: “Então, Israel era consagrado ao SENHOR
e era as primícias da sua colheita; todos os que o devoraram se faziam culpados; o mal
vinha sobre eles, diz o SENHOR.” Com certeza, o Israel de Deus no Apocalipse precisava desta
mensagem de consolação.
No Novo Testamento, observamos claramente os dois lados da colheita. A ceifa, no sentido positivo,
é o resultado natural de semear a semente para produzir frutos, e o agricultor “mete a foice, porque
é chegada a ceifa” (Marcos 4:26-29; cf. Mateus 21:34). Jesus ensinou os apóstolos a verem os
campos brancos e de enxergar a ceifa como momento alegre de realização dos frutos do trabalho feito
pelo semeador (João 4:35-37). Mas a colheita exige uma separação entre trigo e palha ou entre trigo
e joio, e assim se torna em símbolo de julgamento divino. João Batista descreveu este aspecto do
trabalho de Jesus: “A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira;
recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível” (Mateus
3:12). O próprio Cristo usou a ceifa para ensinar sobre a certeza do castigo junto com a promessa da
redenção. Na parábola do joio, ele disse: “Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo
da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser
queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro” (Mateus 13:30). Paulo usou a mesma idéia
para incentivar os discípulos a semearem para o Espírito para colherem a vida eterna (Gálatas 6:8-9).
Visto que a seara da terra já amadureceu: O trigo, ou outro cereal, já está seco, maduro, pronto
para a colheita. Os fiéis passaram por suas provações, e estão preparados para a proteção de Deus.
A figura da ceifa neste sinal no Apocalipse, então, traz à memória dos leitores a idéia de julgamento
e de separação entre os servos de Deus e os rebeldes que não se submetem ao Senhor.
Lição 25: As Grandes Vozes (14:6-20)
137
16 E aquele que estava
sentado sobre a nuvem
passou a sua foice sobre a
terra, e a terra foi ceifada.
14:16 –
E aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua
foice sobre a terra: Sem hesitação, Jesus obedece ao Pai e
passa a foice para colher os frutos da terra.
E a terra foi ceifada: Deus Pai mandou. Jesus fez. Não poderia
ter outro resultado! A terra foi ceifada, a distinção entre os fiéis e os perversos foi feita. Deus não
esqueceu dos seus servos!
O Sexto Sinal (14:17-20)
14:17 –
Então, saiu do santuário, que se encontra no céu, outro anjo: O quinto sinal enfatizou a
distinção feita entre os fiéis e os desobedientes. O sexto, também uma figura de colheita, focaliza o
castigo dos ímpios, daqueles que não serviam ao Senhor. Este
sinal começa com mais um anjo, este também saindo da
17 Então, saiu do santuário,
presença de Deus.
que se encontra no céu,
outro anjo, tendo ele mesmo
Tendo ele mesmo também uma foice afiada: O papel deste
também uma foice afiada.
anjo, porém, é diferente do anterior. Ao invés de trazer a ordem
do Pai, este anjo vem preparado para agir ativamente na colheita.
Está com a foice na mão.
14:18 –
Saiu ainda do altar outro anjo, aquele que tem autoridade sobre o fogo: Este é um anjo de
julgamento, que vem do altar e tem autoridade sobre o fogo. Os executores com suas armas
destruidoras “se puseram junto ao altar de bronze” (Ezequiel
9:1-2). O anjo do sétimo selo levou o incenso e as orações dos
18 Saiu ainda do altar outro
santos a Deus, e pegou “fogo do altar e o atirou à terra”
anjo, aquele que tem
(8:3-5). O fogo representa o julgamento e o castigo dos ímpios,
autoridade sobre o fogo, e
como observamos nas sete trombetas que vieram do sétimo selo
falou em grande voz ao que
(capítulos 8-11).
tinha a foice afiada, dizendo:
Toma a tua foice afiada e
Falou em grande voz ao que tinha a foice afiada: O anjo
ajunta os cachos da videira
com a foice estava pronto, mas precisava da autorização de Deus
da terra, porquanto as suas
para agir. É Deus quem determina o momento para castigar os
uvas estão amadurecidas!
rebeldes. Seus anjos são ministros que executam as ordens dele.
Toma a tua foice afiada e ajunta os cachos da videira da
terra, porquanto as suas uvas estão amadurecidas: Semelhante à ordem dada a Jesus no sinal
anterior, mas esta vez o produto a ser colhido são os cachos de uvas amadurecidas. Com esta figura
de uvas amadurecidas, já vem a idéia do castigo representado pelo cálice da ira do Senhor (veja os
comentários sobre o vinho da fúria e sobre o cálice da ira em 14:8 e 10).
19 Então, o anjo passou a
sua foice na terra, e
vindimou a videira da terra, e
lançou-a no grande lagar da
cólera de Deus.
14:19 –
Então, o anjo passou a sua foice na terra: O anjo foi
obediente, e fez como foi ordenado pela voz do anjo do altar.
E vindimou a videira da terra, e lançou-a no grande lagar
da cólera de Deus: O profeta Joel, olhando para as
conseqüências do estabelecimento do reino de Cristo, falou do
castigo das nações no vale de Josafá: “Lançai a foice, porque está madura a seara; vinde,
pisai, porque o lagar está cheio, os seus compartimentos transbordam, porquanto a sua
malícia é grande” (Joel 3:13). A malícia chegou ao limite e transbordou, trazendo a ira de Deus.
138
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
A figura de castigo, aqui no Apocalipse, é a mesma. A Babilônia e as nações que tomaram o seu vinho
de idolatria e prostituição chegam a encarar as conseqüências. Deus manda ceifar as uvas para serem
lançadas no lagar da cólera dele.
O lagar é usado para espremer as uvas. Como já observamos, as figuras do cálice e do vinho são
símbolos da ira divina e do castigo dos ímpios. Agora as uvas maduras ceifadas são lançadas no lagar
da cólera de Deus. Serão espremidas sob o peso da ira divina.
14:20 –
20 E o lagar foi pisado fora
da cidade, e correu sangue
do lagar até aos freios dos
cavalos, numa extensão de
mil e seiscentos estádios.
E o lagar foi pisado fora da cidade: A primeira questão
levantada neste versículo é o significado da cidade. Parece que o
livro trata-se de duas cidades, apresentadas em contraste (veja o
quadro abaixo). Uma é a cidade mundana, sempre descrita como
a “grande cidade”, e a outra é a cidade santa, nunca chamada de
“grande”. Por vários motivos, parece que a cidade neste versículo é a cidade santa, o povo espiritual
de Deus. Considere: ì A descrição “a cidade” concorda com as outras citações da cidade santa, o
povo redimido por
Deus; í Várias cenas
A Grande Cidade Mundana A Cidade Santa
no livro sugerem a
proteção do povo de
“a grande cidade que, espiritualmente,
“a cidade do meu Deus, a nova
Deus – aqueles que
se chama Sodoma e Egito, onde
Jerusalém que desce do céu, vinda da
também o seu Senhor foi crucificado”
parte do meu Deus” (3:12)
habitam no céu (veja o
(11:8)
“a cidade santa” (11:2)
comentário sobre essa
“Naquela hora, houve grande
expressão em 13:6) –
“sitiaram o acampamento dos santos e
terremoto, e ruiu a décima parte da
a cidade querida; desceu, porém, fogo
diante dos ataques
cidade, e morreram, nesse terremoto,
do céu e os consumiu” (20:9)
dos inimigos (7:1-8,
sete mil pessoas” (11:13)
“Vi também a cidade santa, a nova
15-17; 11:18; 12:6,14-
“E a grande cidade se dividiu em três
Jerusalém, que descia do céu, da
partes, e caíram as cidades das
16; 14:1-5,13; 15:2-4;
parte de Deus, ataviada como noiva
nações. E lembrou-se Deus da grande
adornada para o seu esposo” (21:2)
20:9; etc.). î A
Babilônia para dar-lhe o cálice do
“a santa cidade, Jerusalém, que descia
imundícia do pecado e
vinho do furor da sua ira” (16:19)
do céu, da parte de Deus” (21:10)
dos
pecadores
“A mulher que viste é a grande cidade
“A muralha da cidade tinha doze
que domina sobre os reis da terra”
castigados é levada
fundamentos, e estavam sobre estes
(17:18)
para fora da cidade,
os doze nomes dos doze apóstolos do
“Ai! Ai! Tu, grande cidade, Babilônia,
assim purificando e
Cordeiro. Aquele que falava comigo
tu, poderosa cidade! Pois, em uma só
tinha por medida uma vara de ouro
mantendo a santidade
hora, chegou o teu juízo” (18:10)
para medir a cidade.... A cidade é
da cidade de Deus
“Ai! Ai da grande cidade, que estava
quadrangular....também a cidade é de
(vamos ver mais sobre
vestida de linho finíssimo, de púrpura,
ouro puro, semelhante a vidro límpido.
e de escarlata, adornada de ouro, e de
Os fundamentos da muralha da cidade
este aspecto da figura
pedras preciosas, e de pérolas”
estão adornados de toda espécie de
nos
próximos
(18:16)
pedras preciosas. A praça da cidade é
parágrafos).
de ouro puro, como vidro
“Então, vendo a fumaceira do seu
incêndio, gritavam: Que cidade se
compara à grande cidade? Lançaram
pó sobre a cabeça e, chorando e
pranteando, gritavam: Ai! Ai da grande
cidade, na qual se enriqueceram todos
os que possuíam navios no mar, à
custa da sua opulência, porque, em
uma só hora, foi devastada!” (18:18-
19)
“Assim, com ímpeto, será arrojada
Babilônia, a grande cidade, e nunca
jamais será achada” (18:21)
Lição 25: As Grandes Vozes (14:6-20)
transparente.... A cidade não precisa
nem do sol, nem da lua, para lhe
darem claridade, pois a glória de Deus
a iluminou, e o Cordeiro é a sua
lâmpada” (21:14-23)
“Bem-aventurados aqueles que lavam
as suas vestiduras no sangue do
Cordeiro, para que lhes assista o
direito à árvore da vida, e entrem na
cidade pelas portas” (22:14)
“e, se alguém tirar qualquer coisa das
palavras do livro desta profecia, Deus
tirará a sua parte da árvore da vida, da
cidade santa e das coisas que se
acham escritas neste livro” (22:19)
Fora da cidade: Os
judeus apedrejavam
pessoas consideradas
culpadas de crimes
fora da cidade (1 Reis
21:10-13; Atos 7:58).
As partes dos
sacrifícios pelo pecado
que não foram
queimadas sobre o
altar foram queimadas
fora do acampamento
139
(Deuteronômio 29:10-14), e assim Jesus foi crucificado fora da cidade, e os cristãos sofrem com ele
lá (Hebreus 13:12-13). Leprosos e outros imundos foram mantidos fora do acampamento durante
o período de sua imundícia (Números 5:2-3). O bode emissário levava os pecados do povo para fora
do acampamento (Levítico 16:10,20-22). Com este entendimento geral do conceito de pôr o pecado
e a imundícia para fora do acampamento, agora consideremos três passagens do Antigo Testamento
que fornecem um significado maior para este símbolo. O contexto dos sinais no Apocalipse 14 trata-se
da justiça de Deus em fazer uma distinção entre o povo dele, que está no monte Sinai com o Cordeiro,
e as nações imundas aliadas à Babilônia e que adoram a besta blasfemadora. Quando um homem
blasfemou o nome do Senhor, Deus ordenou: “Tira o que blasfemou para fora do arraial; e
todos os que o ouviram porão as mãos sobre a cabeça dele, e toda a congregação o
apedrejará” (Levítico 24:14,23). O segundo trecho especialmente importante se encontra em Isaías.
Ele fala de Sião redimida esperando o seu Salvador (62:11-12) e depois descreve a chegada do Senhor
de pisar o lagar de Edom: “Quem é este que vem de Edom, de Bozra, com vestes de vivas
cores, que é glorioso em sua vestidura, que marcha na plenitude da sua força? Sou eu que
falo em justiça, poderoso para salvar. Por que está vermelho o traje, e as tuas vestes,
como as daquele que pisa uvas no lagar? O lagar, eu o pisei sozinho, e dos povos nenhum
homem se achava comigo; pisei as uvas na minha ira; no meu furor, as esmaguei, e o seu
sangue me salpicou as vestes e me manchou o traje todo. Porque o dia da vingança me
estava no coração, e o ano dos meus redimidos é chegado. Olhei, e não havia quem me
ajudasse, e admirei-me de não haver quem me sustivesse; pelo que o meu próprio braço
me trouxe a salvação, e o meu furor me susteve. Na minha ira, pisei os povos, no meu
furor, embriaguei-os, derramando por terra o seu sangue” (63:1-6).
E correu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, numa extensão de mil e seiscentos
estádios: Mais uma vez, tentativas de interpretar literalmente os símbolos do Apocalipse enfrentam
uma grande dificuldade. Os pré-milenaristas oferecem várias explicações, ligando este versículo com
suas interpretações de Armagedom (16:16) para descrever uma batalha incrivelmente sangrenta.
Imagine um rio de sangue da altura dos freios dos cavalos fluindo uma distância de quase 300
quilômetros! Mesmo se calcular um riacho de apenas dois metros de largura num lugar plano, daria
um volume incrível de sangue, literalmente de bilhões de mortos! E, se for literal, como explicamos
sangue sendo espremido de uvas? Mais uma vez, interpretações literais forçadas distorcem o sentido
do livro.
O que, então, devemos entender por este rio de sangue? Obviamente, descreve um castigo de
proporções enormes, atingindo um número grande de pessoas ímpias. A melhor explicação que eu
conheço do número 1.600 sugere um número completo representando o mundo. Quatro é o número
do mundo ou da terra (quatro cantos, quatro ventos, quatro pontos cardeais, etc.). Quatro vezes
quatro vezes mil (número completo) representa, provavelmente, a totalidade dos perversos castigados
pelo Senhor, da mesma maneira que doze vezes doze vezes mil (7:4; 14:1) representa a totalidade dos
discípulos fiéis protegidos por Deus.
Conclusão
A
mensagem desta parte do livro tem um propósito bem definido: “Aqui está a perseverança
dos santos” (14:12; 13:10). As bestas podem ser grandes, fortes e capazes de matar, mas os
discípulos fiéis do Senhor – aqueles que não adoram a besta e que habitam nos céus – podem
e devem manter a sua confiança no Senhor. Ele vê tudo que acontece, e castigará os malfeitores que
perseguem seus servos. Cena após cena, os servos de Deus anunciam e demonstram a justiça de
Deus, trazendo o merecido castigo sobre os perversos.
140
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo


Apocalipse: Lição 26
Deus Envia os Sete Flagelos
(Apocalipse 15:1-8)
C
onforme a organização dos capítulos 14 e 15 sugerida na lição 25, este capítulo contém o sétimo
sinal que, por sua vez, revela a próxima série de sete – os flagelos (as taças). Explicando o capítulo
desta maneira, o sétimo sinal é interrompido por um pequeno intervalo, semelhante aos
intervalos que precederam o sétimo selo (capítulo 7) e a sétima trombeta (10:1-11:14). Como os
outros intervalos, este serve para assegurar os fiéis. Deus prepara provações e castigos, mas não
esquece dos seus servos, os vencedores exaltados que adoram a Deus e ao Cordeiro.
O Sétimo Sinal Introduzido (15:1)
15:1 –
Vi no céu outro sinal grande e admirável: Um “outro sinal” no céu sugere uma ligação aos sinais
anteriores. Há dois possíveis significados: ì A primeira possibilidade se baseia na linguagem do
versículo em relação a dois outros versículos no Apocalipse que
usam a mesma expressão (12:1 e 12:3). Nesta interpretação, este
1 Vi no céu outro sinal
seria o terceiro de três grandes sinais no céu. Os primeiros dois
grande e admirável: sete
apresentaram os dois lados da batalha – a mulher (igreja) e o
anjos tendo os sete últimos
dragão (diabo). Agora, o terceiro traz a resposta final de Deus, os
flagelos, pois com estes se
sete últimos flagelos. í A segunda possibilidade explica este
consumou a cólera de Deus.
versículo em relação ao contexto mais imediato, contando os
sinais a partir das quatro vozes no capítulo 14. Desta maneira (o
sistema de organização que tenho seguido nestes comentários), o capítulo 15 encerra uma série de
sete sinais e introduz a próxima série de sete:
ì A primeira voz: o evangelho para as nações, avisando sobre o juízo de Deus
í A segunda voz: a Babilônia caiu
î A terceira voz: os adoradores da besta atormentados
ï A quarta voz: os que morrem no Senhor abençoados
ð O filho do homem ceifa a terra
ñ O anjo do santuário vindima a videira e o lagar é pisado
ò Os sete anjos recebem as taças dos sete flagelos
Sete anjos tendo os sete últimos flagelos: Do mesmo modo que o sétimo selo revelou os sete
anjos com as sete trombetas, o sétimo sinal revela os sete anjos com os sete flagelos. “Flagelo” vem
de uma palavra que significa ferimento (Lucas 10:30), açoite (Atos 16:23; 2 Coríntios 11:23; etc.) ou
praga (diversas vezes na LXX). Os sete flagelos são os açoites enviados por Deus para castigar os
homens dignos de sua reprovação. Da mesma maneira que ele mandou pragas sobre os egípcios, os
israelitas rebeldes, etc., ele agora envia pragas para castigar aqueles que adoram a besta.
Com este se consumou a cólera de Deus: Sobre a cólera de Deus, veja os comentários sobre
11:18 e 14:10. A cólera dele chega ao fim em relação aos malfeitores no Apocalipse. A mesma
linguagem descreve o castigo do povo de Israel (Ezequiel 7:1-10). De fato, o juízo profetizado por
Ezequiel não foi uma destruição total ou absoluta, e muito menos o fim do mundo. No mesmo
sentido, o cumprimento da profecia de João não exige a destruição total dos adoradores da besta,
nem sugere o fim do mundo. A certeza do cumprimento da vontade de Deus é comunicada nesta
frase, quando ele trata do assunto como algo já feito – “se consumou” (compare Salmo 2:6, escrito
1.000 anos antes de Jesus ser estabelecido no seu trono).
142
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
O Intervalo (15:2-4)
15:2 –
Vi como que um mar de vidro, mesclado de fogo: O mar de vidro já apareceu na descrição de
Deus no trono (4:6). Representa a santidade de Deus, separado de suas criaturas. Agora, a figura é
ampliada para mostrar o progresso dos fiéis. Não é apenas o
mar, mas o mar de vidro mesclado de fogo. O fogo representa,
2 Vi como que um mar de
muitas vezes na Bíblia, o castigo divino. Mas desta vez, não está
vidro, mesclado de fogo, e
saindo do altar ou do trono. O fogo está relacionado às pessoas
os vencedores da besta, da
que se aproximam do Senhor. Um outro sentido mais relevante
sua imagem e do número do
é das provações que servem para purificar e santificar os servos
seu nome, que se achavam
do Senhor (Números 31:23; Salmos 17:3; 66:10,12; Zacarias
em pé no mar de vidro,
13:9; 1 Coríntios 3:12-15; 1 Pedro 1:7; Apocalipse 3:18).
tendo harpas de Deus;
Juntando as figuras do mar de vidro e do fogo, esta imagem
destaca a necessidade de ser santificado pelo fogo para se
aproximar de Deus. Este sentido é reforçado no restante do versículo.
E os vencedores da besta, da sua imagem e do número do seu nome: Como as figuras dos
144.000 (7:1-8; 14:1-5) e da grande multidão (7:9-17), esta descrição identifica os fiéis que resistem
a tentação de adorar a besta. Aceitam a tribulação nesta vida e até aceitam a sua própria morte (13:14-
17), mas não negam o Senhor (12:11).
Que se achavam em pé no mar de vidro: A posição dos vencedores apresenta duas possibilidades
pela frase “no mar”. A preposição usada aqui (grego, epi) pode ser traduzida de várias maneiras. Um
sentido é “perante” ou “perto de”. Neste caso, os
vencedores estariam na beira do mar, cantando
O Mar Diante do Trono
o cântico de Moisés, nos lembrando da
celebração de vitória quando os israelitas
“Há diante do trono um como que mar de
chegaram ao lado oriental do Mar Vermelho
vidro, semelhante ao cristal....” (4:6) –
Separação; a santidade de Deus
(Êxodo 14-15). O sentido mais provável, porém,
é a tradução encontrada em muitas versões,
“Vi como que um mar de vidro, mesclado
usando o significado de “em” ou “sobre”. Neste
de fogo, e os vencedores...que se achavam
caso, a imagem é dos vencedores em pé sobre
em pé no mar de vidro....” (15:2) –
o mar de vidro e fogo, passando pelas
Purificação dos servos para aproximarem de
tribulações para chegar perto de Deus.
Deus
Consistente com os símbolos do tabernáculo,
“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro
dos altares, etc. já encontrados no livro, esta
céu e a primeira terra passaram, e o mar já
figura nos lembra do “mar de fundição” (1
não existe.” (21:1) – A comunhão dos
Reis 7:23-26,39) ou “bacia de bronze” (Êxodo
vencedores na presença de Deus
30:17-21) do Antigo Testamento. Esta bacia ou
mar servia para a purificação dos sacerdotes
antes de entrarem na presença de Deus no tabernáculo ou templo. Os vencedores são os fiéis que,
passando pela provação de fogo, são purificados para entrarem na presença de Deus (1 Coríntios
3:12-15; 1 Pedro 1:7).
Tendo harpas de Deus: A figura do louvor no templo se completa com a menção de harpas, que
foram usadas na adoração em Jerusalém desde a época de Davi (2 Samuel 6:5; 1 Crônicas 25:1; etc.).
Veja os comentários sobre 5:8 (lição 13) e 14:2 (lição 24).
15:3-4 –
E entoavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro: As outras vezes que
encontramos harpistas no Apocalipse, eles “entoavam novo cântico diante do trono” (14:2-3;
5:8-9). Duas figuras fortes de vitória se juntam aqui: ì O cântico de Moisés celebrou a vitória que
Lição 26: Deus Envia os Sete Flagelos (15:1-8)
143
Deus deu aos israelitas sobre os egípcios (Êxodo 15). A salvação em Cristo é comparada à passagem
pelo mar Vermelho (1 Coríntios 10:1-2). No Apocalipse, o Egito já apareceu como figura do adversário
mundano que odeia os discípulos do Senhor (11:8). A vitória sobre as forças perseguidoras, sobre a
besta e seus aliados, certamente seria motivo de louvor. í O cântico do Cordeiro, obviamente,
refere-se à vitória dos remidos em Cristo.
3 e entoavam o cântico de
Moisés, servo de Deus, e o
cântico do Cordeiro, dizendo:
Grandes e admiráveis são as
tuas obras, Senhor Deus,
Todo-Poderoso! Justos e
verdadeiros são os teus
caminhos, ó Rei das nações!
4 Quem não temerá e não
glorificará o teu nome, ó
Senhor? Pois só tu és santo;
por isso, todas as nações
virão e adorarão diante de ti,
porque os teus atos de
justiça se fizeram
manifestos.
Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus,
Todo-Poderoso!: Deus é louvado por sua onipotência (cf. 1:8;
4:8; 11:17; 16:7,14; 19:6,15; 21:22).
Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das
nações!: Ele é adorado por sua perfeita justiça (cf. 16:5;
19:2,11), e honrado como o soberano Rei dos reis (cf. 1:5; 6:10;
17:14; 19:16).
Quem não temerá e não glorificará o teu nome, ó
Senhor?: Palavras de desafio. Depois de ver todas as
demonstrações do poder do soberano Rei, quem teria coragem
de adorar a besta? Quem não daria honra e glória ao Senhor?
Pois só tu és santo: Os quatro seres viventes já iniciaram o
louvor no céu com a proclamação da santidade de Deus (4:8).
Agora, todos são convocados a participarem da adoração
merecida por Deus.
Por isso, todas as nações virão e adorarão diante de ti,
porque os teus atos de justiça se fizeram manifestos: Quando completar a sua demonstração
de poder, soberania e santidade, Deus será honrado por todos. Na cena de louvor dos capítulos 4 e
5, “toda criatura” participa da adoração (5:13). Deus exaltou o seu Filho, pois este merece a
adoração de todos: “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que
está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na
terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de
Deus Pai” (Filipenses 2:9-11). Alguns se humilham e honram a Deus voluntariamente (Tiago 4:10;
1 Pedro 5:6). Outros recusam se humilhar e são humilhados pela mão do Senhor (Lucas 14:11;
18:14). De um modo ou do outro, reconheceremos a justiça de Deus.
O Sétimo Sinal Continua (15:5-8)
Este sinal começou no versículo 1, mas foi interrompido pela visão dos vencedores no mar de vidro
louvando a Deus. Agora, continuamos com o sinal dos sete anjos com suas taças.
15:5 –
Depois destas coisas, olhei, e abriu-se no céu o santuário do tabernáculo do Testemunho:
A cena continua com figuras do louvor no Velho Testamento. O santuário no céu, onde Jesus
permanece à destra do Pai (Hebreus 9:11-12; Atos 2:34-36; 7:55-
56), servia como a base da cópia feita por Moisés (Hebreus 9:23-
5 Depois destas coisas,
24). As referências ao santuário no Apocalipse têm, como base,
olhei, e abriu-se no céu o
aquelas citações do tabernáculo e do templo dos judeus, mas
santuário do tabernáculo do
falam do santuário verdadeiro. O Testemunho, ou arca da
Testemunho
aliança, ficava no Santo dos Santos, e representava a presença de
Deus no meio do povo. O que se segue neste sinal vem do trono
de Deus.
15:6 –
E os sete anjos que tinham os sete flagelos saíram do santuário: Os mesmos sete anjos que
João viu no versículo 1 agora saem do santuário com seus flagelos, claramente enviados por Deus.
144
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
Vestidos de linho puro e resplandecente e cingidos ao
6 e os sete anjos que tinham
peito com cintas de ouro: Quando José foi escolhido como
os sete flagelos saíram do
representante do Faraó, ele recebeu roupas de linho e um colar
santuário, vestidos de linho
de ouro (Gênesis 41:42). Mordecai foi honrado pelo rei com
puro e resplandecente e
vestes reais de ouro e linho (Ester 8:15). Ouro e linho faziam
cingidos ao peito com cintas
parte da vestimenta da rainha em Ezequiel 16:13. Linho fino e
de ouro.
ouro foram usados no tabernáculo (Êxodo 25-27), e também nas
vestes sacerdotais (Êxodo 28:4-8). As vestimentas de linho puro
e de ouro mostram a santidade (cf. 19:8) e a autoridade destes anjos como representantes de Deus.
Este significado se torna evidente em Daniel 10:5, onde a oração de Daniel foi respondida por “um
homem vestido de linho, cujos ombros estavam cingidos de ouro puro de Ufaz”. A
mensagem naquele capítulo é da vitória dos servos de Deus sobre os ímpios, a mesma mensagem que
vem com os sete flagelos.
15:7 –
Então, um dos quatro seres viventes deu aos sete anjos sete taças de ouro, cheias da
cólera de Deus: Não pode haver dúvida. O que os sete anjos vão derramar vem de Deus. Anjos com
roupas de sacerdotes reais saem do santuário e recebem as taças
dos quatro seres viventes. As pragas que serão enviadas sobre a
7 Então, um dos quatro
criação vêm do próprio Senhor, pois as taças estão cheias da ira
seres viventes deu aos sete
do Senhor.
anjos sete taças de ouro,
cheias da cólera de Deus,
As referências às taças de ouro ensinam uma coisa importante
que vive pelos séculos dos
sobre a oração. A primeira vez que encontramos taças de ouro no
séculos.
Apocalipse é no 5:8, onde os quatro seres viventes tinham
“taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos
santos”. Agora um dos quatro seres viventes entrega aos sete
anjos as “taças de ouro, cheias da cólera de Deus”. Eles levaram as orações dos santos e
trouxeram a resposta na forma da ira de Deus contra os ímpios. Já encontramos uma figura paralela
no sétimo selo, quando o anjo com um incensário de ouro ofereceu o incenso e as orações dos santos
e, em seguida, usou o incensário para atirar à terra o fogo do altar (8:3-5).
Deus, que vive pelos séculos dos séculos: O dragão, as bestas, a Babilônia e todos os servos
deles podem ser destruídos, mas Deus é eterno. A perseguição pode ser intensa, mas é passageira.
Deus vive eternamente. A vida física do homem dura pouco, mas a vida com Deus é eterna. Esta
perspectiva eterna se torna imprescindível para os discípulos, especialmente diante de tribulações.
15:8 –
O santuário se encheu de fumaça procedente da glória de Deus e do seu poder: Na
destruição de Sodoma e Gomorra, a fumaça subiu do fogo de castigo divino (Gênesis 19:28). Quando
Deus desceu sobre o monte Sinai, o fogo do Senhor criou
espessa fumaça (Êxodo 19:18). Davi juntou estas figuras – fogo,
8 O santuário se encheu de
fumaça e castigo divino – num salmo de louvor ocasionado pelo
fumaça procedente da glória
seu livramento das mãos dos seus inimigos: “Na minha
de Deus e do seu poder, e
angústia, invoquei o SENHOR, clamei a meu Deus; ele,
ninguém podia penetrar no
do seu templo, ouviu a minha voz, e o meu clamor chegou
santuário, enquanto não se
aos seus ouvidos. Então, a terra se abalou e tremeu,
cumprissem os sete flagelos
vacilaram também os fundamentos dos céus e se
dos sete anjos.
estremeceram, porque ele se indignou. Das suas narinas,
subiu fumaça, e, da sua boca, fogo devorador; dele
saíram carvões, em chama” (2 Samuel 22:7-9; cf. Salmo 18:6-8). Estas palavras de Davi se
enquadram perfeitamente na mensagem dos flagelos. Os discípulos angustiados clamaram ao Senhor
Lição 26: Deus Envia os Sete Flagelos (15:1-8)
145
e suas orações foram levadas ao trono (5:8; 8:3-4), de onde veio a resposta do castigo divino para com
os perseguidores (8:5; 15:8).
E ninguém podia penetrar no santuário, enquanto não se cumprissem os sete flagelos dos
sete anjos: O santuário cheio da glória de Deus reflete as imagens da inauguração do tabernáculo
(Êxodo 34:34-35) e do templo (1 Reis 8:10-11). Deus está no santuário, e nem os sacerdotes
conseguem ficar na presença da sua glória. As obras dele na fumaça de glória e poder não são
totalmente manifestas, mas depois de cumprir os seus julgamentos, o seu povo estará livre para
caminhar rumo a terra prometida (Êxodo 40:36). Depois da fumaça dos flagelos e o castigo dos
inimigos, os santos terão a visão clara da nova Jerusalém e da glória de Deus (capítulos 21 e 22).
Conclusão
D
a mesma maneira que o sétimo selo revelou os sete anjos com as sete trombetas, o sétimo sinal
apresentou os sete anjos com os sete flagelos. As orações dos santos foram ouvidas, e serão
respondidas por meio de uma série de castigos derramados das sete taças de ouro. Deus está
no seu santuário fazendo o seu trabalho. Ninguém pode penetrar este santuário até ele cumprir estes
julgamentos.





Apocalipse: Lição 27
Os Anjos Derramam as Suas Taças
(Apocalipse 16:1-21)
N
o capítulo 15, um dos quatro seres viventes deu as sete taças da cólera de Deus aos sete anjos,
e o santuário se encheu com a fumaça da glória e do poder de Deus. Agora, aguardamos o
trabalho dos anjos. Cada um derramará a sua taça, trazendo uma série de sete flagelos para
castigar os adoradores da besta e os servos do dragão. Algumas dessas pragas nos lembram das
pragas que Deus enviou para castigar os egípcios quando Moisés foi libertar o povo de Israel.
Antes de considerar o conteúdo de cada taça, observemos os paralelos entre as sete taças e as sete
trombetas:
As Trombetas As Taças
1a – Terça parte da terra (8:7) 1a – Adoradores da besta na terra (16:1-2)
2a – Terça parte do mar se torna em 2a – O mar se torna em sangue (16:3)
    sangue (8:8-9)
3a – Terça parte dos rios e das fontes se 3a Os rios e as fontes se tornam em sangue
    torna amargosa (8:10-11) (16:4-7)
4a – Terça parte do sol, da lua e das estrelas 4a – O sol queima os homens com fogo
    escurece (8:12) (16:8-9)
5a – O rei dos gafanhotos traz escuridão e 5a – O reino da besta se torna em trevas; os
    tormento aos homens ímpios (9:1-11) homens ímpios sofrem dor (16:10-11)
6a – Os anjos atados junto ao Eufrates 6a – O Eufrates seca para preparar o
   soltam o exército (9:13-19) caminho dos reis para a peleja (16:12-16)
7a – Cumprir-se-á o mistério de Deus (10:7); 7a – Feito está! (16:17); Caíram as cidades
     Chegou a ira de Deus contra as nações das nações; Deus dá o cálice da sua ira;
       para destruir os que destroem a terra; Relâmpagos, vozes, trovões e terremoto
       Relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e (16:18-19)
         grande saraivada (11:15-19)
A Primeira Taça (16:1-2)
16:1 –
Ouvi, vinda do santuário, uma grande voz, dizendo aos sete anjos: Deus está no santuário,
envolto na fumaça impenetrável (15:8). Esta voz, então, é a voz de Deus dando ordem aos sete anjos.
Ide e derramai pela terra as sete taças da cólera de Deus:
Os anjos recebem a ordem de derramar as suas taças, trazendo
a ira de Deus. A cólera ou furor de Deus vem em resposta à
cólera do dragão (12:12) e à fúria da prostituição da grande
Babilônia (14:8). Mas a cólera do dragão dura pouco tempo
(12:12) enquanto esta fúria vem de “Deus, que vive pelos
séculos dos séculos” (15:7).
Lição 27: Os Anjos Derramam as suas Taças (16:1-21)
1 Ouvi, vinda do santuário,
uma grande voz, dizendo
aos sete anjos: Ide e
derramai pela terra as sete
taças da cólera de Deus.
147
16:2 –
Saiu, pois, o primeiro anjo e derramou a sua taça pela terra: A obediência imediata é
característica dos servos fiéis ao Senhor. Deus mandou, e o anjo foi. A sua taça castiga a terra ou, mais
precisamente, os adoradores da besta na terra.
2 Saiu, pois, o primeiro anjo
e derramou a sua taça pela
terra, e, aos homens
portadores da marca da
besta e adoradores da sua
imagem, sobrevieram
úlceras malignas e
perniciosas.
Aos homens portadores da marca da besta e adoradores
da sua imagem: Aqueles que cederam à pressão e participaram
do culto imperial para evitar as conseqüências diante do governo
romano (13:14-17) agora sofrem nas mãos do Soberano Rei dos
reis.
Sobrevieram úlceras malignas e perniciosas: Como a sexta
praga no Egito (Êxodo 9:8-9), os adoradores da besta foram
afligidos por úlceras. Aquela praga atingiu os próprios magos,
aqueles que induziam as pessoas a acreditarem em falsas
religiões. (Êxodo 9:11). Esta afeta os participantes de falsa religião.
A Segunda Taça (16:3)
16:3 –
Derramou o segundo a sua taça no mar: Já observamos que o mar, muitas vezes, simboliza a
sociedade mundana (cf. comentários sobre o mar em 13:1, lição 22). Aqui o castigo vem sobre as
nações rebeldes. O mar Mediterrâneo, também, foi o foco
comercial do império romano. Qualquer praga que ataca o mar
3 Derramou o segundo a
teria grande impacto financeiro (18:17-19).
sua taça no mar, e este se
E este se tornou em sangue como de morto, e morreu
tornou em sangue como de
morto, e morreu todo ser
todo ser vivente que havia no mar: Como na primeira praga
vivente que havia no mar.
no Egito, que causou a morte dos peixes (Êxodo 7:1-25), este
flagelo causa a morte dos seres viventes no mar.
Pelo fato que todos os outros flagelos afligem pessoas, e não a natureza, podemos concluir que os
seres viventes no mar são, também, homens. Este entendimento se torna mais forte com os flagelos
que se seguem.
A Terceira Taça (16:4-7)
16:4 –
Derramou o terceiro a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue:
Rios e fontes são essenciais para sustentar a vida. Esta praga, como a praga no Egito, deixa os
perversos sem água potável. Se não vier algum alívio, a
conseqüência será a morte.
4 Derramou o terceiro a sua
taça nos rios e nas fontes
16:5 –
das águas, e se tornaram
Então, ouvi o anjo das águas dizendo: Além do seu trabalho
em sangue. 5 Então, ouvi o
de derramar sua taça sobre os rios e as fontes das águas, este
anjo das águas dizendo: Tu
anjo tem uma proclamação.
és justo, tu que és e que
eras, o Santo, pois julgaste
Tu és justo, tu que és e que eras, o Santo, pois julgaste
estas coisas;
estas coisas: Em executar uma parte do julgamento dos ímpios,
o anjo percebe a justiça de Deus, e o adora. A justiça divina
sempre foi motivo de louvor: “Levanto-me à meia-noite para
te dar graças, por causa dos teus retos juízos” (Salmo 119:62). Deus é eterno, Santo e justo.
148
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
16:6 –
Porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tens dado a
beber; são dignos disso: A água se torna em sangue porque os habitantes do mundo haviam
derramado sangue inocente. Mais uma vez, observamos a ligação
entre os castigos e a pergunta do quinto selo: “Até quando, ó
6 porquanto derramaram
Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem
sangue de santos e de
vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?”
profetas, também sangue
(6:10). Desde a morte de Abel, Deus ensinara aos homens o
lhes tens dado a beber; são
princípio da vingança de sangue: “Certamente, requererei o
dignos disso.
vosso sangue, o sangue da vossa vida; de todo animal o
requererei, como também da mão do homem” (Gênesis
9:5).
Este motivo é citado freqüentemente em outras profecias do Velho e Novo Testamentos para explicar
o castigo de diversas pessoas – indivíduos, cidades e nações. Considere estes exemplos: Jerusalém
e Judá foram castigados porque o rei Manassés derramou muito sangue inocente e fez Judá pecar
com os seus ídolos (2 Reis 21:10-16); Jeoaquim, um dos últimos reis de Judá, foi condenado pelo
mesmo motivo (Jeremias 22:17-19); o derramamento de sangue inocente foi um dos motivos da
opressão e do cativeiro do povo de Israel (Salmo 106:34-46); os profetas citaram o mesmo motivo
quando falaram das conseqüências dos pecados de Israel e de Judá (Isaías 26:21; 59:3,7; Jeremias
7:6; Ezequiel 22:27). Uma outra passagem importante fala sobre a casa de Acabe, especialmente
Jezabel, que foram castigadas por terem derramado o sangue dos servos, os profetas (2 Reis 9:7).
Todas essas profecias foram cumpridas nos séculos antes da vinda de Jesus. Servem para entender
a linguagem do Apocalipse, mas não para identificar o cumprimento principal destas profecias de
João, feitas depois da morte de Jesus.
Uma profecia relevante ao contexto do Apocalipse se encontra em Joel. Depois de estabelecer
Jerusalém espiritual (2:28 - 3:1), Deus reúne as nações para o julgamento no vale de Josafá (3:2). Os
crimes são ofensas contra o povo do Senhor, inclusive o pecado de terem derramado sangue inocente
em Judá. Esta vingança é ligada ao estabelecimento do reino de Deus e à sua habitação em Sião
(3:17-21), temas principais no Apocalipse.
Quando chegamos aos evangelhos, as figuras mais próximas se encontram nos comentários de Jesus
sobre os pecados dos judeus. Ele condenou os escribas e fariseus por imitar as atitudes dos seus
ancestrais em matar profetas e justos (Mateus 23:29-36) e, logo em seguida, profetizou sobre a
destruição de Jerusalém, uma profecia cumprida em 70 d.C. Comentários semelhantes são relatados
em Lucas 11:45-52.
Observando a semelhança das palavras de Jesus e a condenação da meretriz do Apocalipse (16:6;
17:6; etc.), alguns estudiosos concluem que são profecias do mesmo castigo, e que a meretriz
(Babilônia) do Apocalipse é a cidade de Jerusalém. Existem vários argumentos a favor dessa
interpretação, e outros contra. Ainda comentaremos sobre a questão da data do livro em outros textos
pela frente. Agora, a questão que precisamos abordar é esta: As semelhanças entre os comentários
de Jesus e a linguagem do Apocalipse provam que a meretriz é Jerusalém? Na verdade, é a mesma
questão que surgiu no capítulo 11, quando falou da “grande cidade que, espiritualmente, se
chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado” (11:8).
Existem duas possíveis interpretações destas figuras:
ì As características de Sodoma e Egito aparecem em Jerusalém, que se torna objeto principal da
profecia, ou
í As características de Sodoma, Egito e Jerusalém aparecem em uma outra “grande cidade”, o objeto
desta profecia.
Lição 27: Os Anjos Derramam as suas Taças (16:1-21)
149
Da mesma maneira, as referências ao sangue de santos e profetas podem ser interpretadas de duas
maneiras:
ì Jesus falou da destruição de Jerusalém, e João reforçou a mesma profecia, assim escrevendo o
Apocalipse antes de 70 d.C., ou
í João usou a linguagem de Jesus junto com a linguagem de diversas profecias já cumpridas do
Antigo Testamento para descrever o castigo de uma outra cidade ou povo que matava santos e
profetas. Neste caso, a destruição de Jerusalém, já passada, serviria para enriquecer o pano de fundo
da profecia contra os poderes romanos.
O ponto, por enquanto, é que linguagem semelhante não prova que os assuntos sejam idênticos. Este
fato é importante no estudo de qualquer profecia da Bíblia. O fato de dois livros usarem figuras
semelhantes não quer dizer que necessariamente falam do mesmo assunto. É claro que Jerusalém e
os judeus mataram profetas e santos, mas o governo Romano, também, perseguiu e matou os servos
de Jesus. Em qualquer dos dois casos, a ênfase do Apocalipse está na morte das testemunhas de
Jesus (17:6), não na morte dos fiéis do Velho Testamento.
Teremos mais observações sobre a data do livro e o escopo de suas profecias no decorrer do nosso
estudo.
16:7 –
Ouvi do altar que se dizia: Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso, verdadeiros e
justos são os teus juízos: Novamente, voltamos ao quinto selo (6:9-11). As almas debaixo do altar
pediram vingança, e Deus respondeu que teriam que esperar
mais um pouco. Agora que o Senhor deu sangue para os
7 Ouvi do altar que se dizia:
opressores beberem, o altar proclama a justiça de Deus. A justiça
Certamente, ó Senhor Deus,
divina pode demorar, mas ela vem! Pedro diz que qualquer
Todo-Poderoso, verdadeiros
demora na aplicação da justiça divina deve ser vista como uma
e justos são os teus juízos.
demonstração da misericórdia e longanimidade de Deus (2 Pedro
3:7-10).
A Quarta Taça (16:8-9)
16:8 –
O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com
fogo: Nos primeiros quatro flagelos, como nas primeiras quatro trombetas (8:7-13), as forças da
natureza são os instrumentos de Deus para castigar os homens
perversos. O sol normalmente ilumina, possibilitando a vida. Em
8 O quarto anjo derramou a
outras situações, Deus castigou os homens negando-lhes a luz
sua taça sobre o sol, e
do sol (8:12; Êxodo 10:21-23; Joel 2:32; Mateus 24:29). Esta vez,
foi-lhe dado queimar os
o castigo vem por meio do calor excessivo que queima, e serve
homens com fogo.
para afligir os adversários do Senhor. Deus usa o fogo para
destruir os seus inimigos (Salmo 97:3; 104:4). Da mesma
maneira que algumas das pragas atingiram os egípcios e não os israelitas, as pessoas que sofrem sede
por não terem água potável (16:4-7) são punidas com esta praga de calor insuportável, enquanto os
fiéis que saem da grande tribulação são protegidos do calor e
nunca terão sede (7:16).
9 Com efeito, os homens se
queimaram com o intenso
calor, e blasfemaram o nome
de Deus, que tem autoridade
sobre estes flagelos, e nem
se arrependeram para lhe
darem glória.
150
16:9 –
Com efeito, os homens se queimaram com o intenso
calor, e blasfemaram o nome de Deus: O castigo vem por
causa da injustiça dos homens, mas os ímpios ainda ousam
levantar as suas vozes contra o Senhor. É triste observar como a
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
mesma coisa acontece hoje. O sofrimento entrou no mundo por causa do pecado do homem, mas
muitos usam a dor como motivo de questionar a justiça e negar a bondade de Deus. Alguns até
rejeitam a existência de Deus por causa da injustiça do homem!
Deus, que tem autoridade sobre estes flagelos: Os castigos vêm de Deus. Em vez de buscar
perdão e clemência, os homens blasfemam o nome
do Senhor.
As primeiras quatro taças continham
castigos que envolviam a natureza:
ì Úlceras sobrevêm aos hom ens na terra.
í O m ar se torna em sangue.
î Os rios e as fontes se tornam em sangue.
ï O sol queim a os hom ens.
As outras três atacaram as forças
políticas e religiosas:
ð O trono e o reino da besta.
ñ Os espíritos im undos que saem das
bocas do dragão e seus aliados.
ò A grande cidade se dividiu; caíram as
cidades das nações.
E nem se arrependeram para lhe darem glória:
Da mesma maneira que Faraó endureceu seu
coração depois das pragas no Egito (Êxodo 7:22;
8:15,19,32; 9:7,12,34-35; 10:1,20,27; 13:15), este
povo recusa a se arrepender. Não aceitaram o
castigo como disciplina (3:19; Hebreus 12:5-6), e sim
como motivo para rejeitar o Senhor. Quando pessoas
hoje usam o sofrimento como motivo para negar a
existência de Deus, cometem o mesmo erro fatal.
Independente da fonte do sofrimento, devemos usá-
lo para nos aproximar de Deus (Tiago 1:2-4; 2
Coríntios 12:7-10).
A Quinta Taça (16:10-11)
16:10 –
Derramou o quinto a sua taça sobre o trono da besta: A besta não é o poder superior! O anjo
de Deus derrama sua taça sobre o trono da besta, porque vem de um lugar mais alto. Homens
enganados podem exaltar a besta (13:4), mas ela não é igual a
Deus, nem ao mensageiro usado por Deus para derramar a sua
10 Derramou o quinto a sua
ira.
taça sobre o trono da besta,
A quinta trombeta trouxe escuridão e tormento (9:1-12), como
cujo reino se tornou em
também a quinta taça.
trevas, e os homens
remordiam a língua por
Cujo reino se tornou em trevas: Os egípcios adoraram o sol,
causa da dor que sentiam
e Deus causou três dias de escuridão (Êxodo 10:21-23). Aqui o
reino da besta se torna em trevas, provavelmente referindo-se ao
engano das mentiras daquela que se apresenta como um deus digno de adoração.
E os homens remordiam a língua por causa da dor que sentiam: O reino da besta sofre dor
insuportável. Enquanto o Senhor oferece refúgio e proteção aos seus servos (7:16-17), os servos da
besta são atormentados.
16:11 –
E blasfemaram o Deus do céu por causa das angústias e das úlceras que sofriam, e não se
arrependeram de suas obras: Como fizeram na sexta trombeta (9:20-21) e na quarta taça (16:9),
os ímpios ainda recusam a se arrependerem. É mais fácil colocar
a culpa em Deus do que aceitar a responsabilidade pelo próprio
11 e blasfemaram o Deus
pecado. Diferente das pragas do Egito, onde cessou uma antes
do céu por causa das
de começar a próxima, estes flagelos continuam. Chegamos à
angústias e das úlceras que
quinta taça, e os homens ainda estão sofrendo com as aflições
sofriam; e não se
que começaram na primeira (16:2). As obras dos pecadores são
arrependeram de suas
o motivo do castigo, em contraste com as obras dos santos que
obras.
são as roupas puras que usam na presença do Cordeiro (19:8).
Lição 27: Os Anjos Derramam as suas Taças (16:1-21)
151
A Sexta Taça (16:12-16)
16:12 –
Derramou o sexto a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas secaram, para que
se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol: Esta figura
apresenta algumas dificuldades, e as explicações dos
comentaristas são diversas. Quais reis vêm do oriente? É o
mesmo exército que os espíritos imundos se ajuntam nos
12 Derramou o sexto a sua
versículos seguintes, ou é o povo de Deus vindo para estar com
taça sobre o grande rio
ele diante das ameaças dos servos do diabo?
Eufrates, cujas águas
secaram, para que se
Por vários motivos, parece-me mais razoável ver aqui os servos de
preparasse o caminho dos
Deus. Considere:
reis que vêm do lado do
nascimento do sol.
ì Quando Deus voltou para abençoar seu povo e habitar no
meio dele, sua glória “entrou no templo pela porta que olha
para o oriente” (Ezequiel 43:4).
í Todas as pessoas na Bíblia que atravessam corpos de água em terra seca são os servos de Deus
sob a sua proteção, não os seus inimigos: os israelitas na saída do Egito (Êxodo 14:15-25; Salmo
106:9-10); os israelitas na entrada em Canaã (Josué 3:12 - 4:18); Elias e Eliseu juntos (2 Reis 2:4-8);
Eliseu sozinho (2 Reis 2:13-14). Na profecia de Isaías 11:15-16, Deus seca o Eufrates para permitir o
restante do seu povo escapar do cativeiro. Em Isaías 51:10, Deus secou as águas do mar para deixar
passar os remidos (cf. Zacarias 10:10-12).
î Exércitos são representados como águas ou rios, até pelas águas do Eufrates (Isaías 8:7-8), e o
vento de Deus seca e espalha essas águas (Isaías 17:12-14).
ï O exército que vem do Eufrates na sexta trombeta é de Deus, trazendo fogo e enxofre e matando
a terça parte dos homens ímpios (9:13-21).
Baseado nestas observações, o que vemos aqui é a ação de Deus para vencer o poder militar dos
ímpios e deixar os seus fiéis atravessarem o Eufrates em terra seca para chegar ao Senhor. É uma
imagem do povo voltando do cativeiro para habitar na presença de Deus, e para ficar com o Senhor
contra o diabo e seus servos.
16:13 –
Então, vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta: O diabo e seus
dois principais aliados: a besta (do mar) e o falso profeta (a besta da terra, que induz as pessoas a
adorarem a besta do mar). Sabemos que tudo que sai da boca
deles é mau, pois o diabo é o pai da mentira (João 8:44).
13 Então, vi sair da boca do
dragão, da boca da besta e
Três espíritos imundos semelhantes a rãs: Saindo da boca
da boca do falso profeta três
destes três personagens, obviamente são imundos. Rãs são
espíritos imundos
mencionadas aqui e nas referências à segunda praga no Egito
semelhantes a rãs;
(Êxodo 8:1-15; etc.). No Antigo Testamento, foram consideradas
imundas e, por isso, abominações (Levítico 11:9-10).
16:14 –
14 porque eles são espíritos
de demônios, operadores de
sinais, e se dirigem aos reis
do mundo inteiro com o fim
de ajuntá-los para a peleja
do grande Dia do Deus
Todo-Poderoso.
152
Porque eles são espíritos de demônios, operadores de
sinais: É uma batalha espiritual, e os servos do diabo vêm com
seus sinais para enganar os homens. Foi por causa dos sinais
dos magos que Faraó endureceu seu coração nas primeiras
pragas (Êxodo 7:22). Paulo falou dos sinais da mentira usados
pelo iníquo para enganar os homens (2 Tessalonicenses 2:9-12).
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
E se dirigem aos reis do mundo inteiro: Estes espíritos têm um objetivo específico. Querem
enganar os reis do mundo. Novamente, a figura destaca a influência mundial do dragão e de seus
aliados, um fato que se enquadra bem com as características do império romano identificado no
capítulo 13.
Com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso: O propósito
dos espíritos enganadores é colocar os reis contra Deus. Desde o Éden, o Diabo tem procurado criar
inimizade entre Deus e os homens. Ele distorceu e contrariou as palavra de Deus para enganar Eva,
e vem fazendo a mesma coisa ao longo da história. Aqui, os servos dele têm o propósito de ajuntar
os reis da terra contra os servos de Deus.
A peleja pode ser uma batalha física, como a batalha entre Israel e Síria, em que um “espírito
mentiroso na boca de todos os ... profetas” de Acabe enganou o rei para provocar a guerra (1
Reis 22:1-28). Pode ser uma batalha espiritual, como as batalhas contra os príncipes da Pérsia e da
Grécia em Daniel 10:13-21. Pode incluir os dois aspectos, como a luta do Faraó contra Deus, que
envolveu tanto a batalha espiritual de um coração obstinado como o exército do Egito que morreu no
Mar Vermelho. Independente da natureza da batalha em si, o resultado seria o julgamento dos povos
rebeldes, semelhante a cena no vale da Decisão em Joel 3. Deus vai julgar os reis enganados pelos
espíritos que saem da boca do dragão, da besta e do falso profeta.
16:15 –
Antes de deixar João continuar o relato do trabalho dos espíritos imundos, Jesus interrompe com uma
mensagem de exortação aos fiéis.
Eis que venho como vem o ladrão: A figura do ladrão é utilizada na Bíblia para enfatizar o
julgamento repentino e a falta de preparo das pessoas julgadas. Representa as conseqüências naturais
do pecado e da negligência nesta vida (Provérbios 6:9-11), como
também a vinda do Senhor para julgar (Lucas 12:35-40; Mateus
15 (Eis que venho como
24:42-43; 1 Tessalonicenses 5:2-4; 2 Pedro 3:10; Apocalipse
vem o ladrão.
3:3). A ênfase está na preparação para a chegada do Senhor.
Bem-aventurado aquele que
vigia e guarda as suas
Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes,
vestes, para que não ande
para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha: Esta
nu, e não se veja a sua
é a terceira de sete bem-aventuranças no livro (veja a lista na lição
vergonha.)
3). A pessoa preparada, que não teme a vinda do Senhor, vigia
e aguarda o Senhor (cf. Mateus 25:1-13). Guardar as vestes
indica a pureza dos fiéis, que “não contaminaram as suas
vestiduras e andarão de branco” (3:4; cf. Tiago 1:27). A nudez, por outro lado, mostra a impureza
de pessoas despreparadas, como a igreja em Laodicéia (3:17). Quando Adão perdeu a sua inocência
e ouviu a voz de Deus no jardim, ele se escondeu porque estava nu e envergonhado (Gênesis 3:8-10).
A nudez representa a vergonha, especialmente a vergonha de castigo (Ezequiel 16:36-37; Oséias 2:9-
10; Miquéias 1:1; Naum 3:5).
16:16 –
Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom: A batalha não acontece
no capítulo 16. Teremos que esperar até o capítulo 19 para ver o resultado desta guerra. No momento,
o Senhor quer mostrar o lugar da batalha – Armagedom. Esta
palavra aparece somente aqui, mas o próprio versículo diz que ela
16 Então, os ajuntaram no
é de origem hebraica. A palavra significa “monte de Megido” ou
lugar que em hebraico se
“cidade de Megido”, e nos lembra do significado da região de
chama Armagedom.
Megido em batalhas decisivas do Antigo Testamento. Foi o local
da vitória de Israel sobre Jabim e Sísera (Juízes 4 e 5,
especialmente 5:19). Josias morreu da ferida que sofreu na batalha contra Neco, rei do Egito, no vale
de Megido (2 Crônicas 35:22-24). Outras batalhas na região de Jezreel e Megido incluem: a vitória de
Lição 27: Os Anjos Derramam as suas Taças (16:1-21)
153
Gideão sobre os midianitas (Juízes 7); a batalha final de Saul contra os filisteus (1 Samuel 31). Quando
Jeú, encarregado com a exterminação da casa de Acabe, mandou matar Acazias, rei de Judá, este
morreu em Megido (2 Reis 9:27). Armagedom, então, representa um lugar de julgamento e de
batalhas decisivas. Certamente, Deus julgará e aplicará a sua justiça!
A Sétima Taça (16:17-21)
16:17 –
Então, derramou o sétimo anjo a sua taça pelo ar: Especialmente quando pensamos nos
paralelos entre as taças e as trombetas (veja a tabela comparativa no início desta lição), chegamos à
última taça esperando o cumprimento da ira de Deus.
Encontraremos mais detalhes nos capítulos 17 e 18, mas a
segunda voz já anunciou a queda da Babilônia (14:8). A vitória
17 Então, derramou o sétimo
sobre os reis da terra será declarada no capítulo 19, mas já
anjo a sua taça pelo ar, e
sabemos que os povos enganados aguardam em Armagedom,
saiu grande voz do
onde Deus pronunciará a sentença de condenação (16:16). Atrás
santuário, do lado do trono,
dizendo: Feito está!
de todos os reis e atrás da cidade mundana jaz a influência do
dragão, o diabo. A sétima taça leva a batalha à casa do
Adversário. A taça é derramada pelo ar, diretamente atingindo “o
príncipe da potestade do ar” (Efésios 2:1). Satanás é o príncipe deste mundo (João 12:31; 14:30;
16:11) e o “deus deste século” que cega os incrédulos (2 Coríntios 4:14). Há mais informações pela
frente, mas o fato importante já ficou evidente. O diabo perde. Jesus e seus servos são os vencedores.
Saiu grande voz do santuário, do lado do trono: A voz vem do trono que está no santuário. Deus
está no santuário, e ninguém mais podia entrar até que se cumprissem os sete flagelos (15:8).
Feito está!: As palavras enganadoras dos espíritos imundos podem conduzir os reis da terra a uma
falsa expectativa de vitória, mas o verdadeiro vencedor é o próprio Senhor. Quando ele declara o seu
plano cumprido, podemos ter certeza da vitória dos fiéis.
16:18 –
E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande terremoto: É de Deus! São os
sinais que saem do trono de Deus (4:5) e do altar que se acha diante do trono (8:5). São os sinais que
vêm do santuário depois da sétima trombeta (11:19). Aqui, estes
sinais reforçam as palavras da voz do santuário. Está feito!
18 E sobrevieram
relâmpagos, vozes e
Terremoto, como nunca houve igual desde que há gente
trovões, e ocorreu grande
sobre a terra; tal foi o terremoto, forte e grande: Há uma
terremoto, como nunca
tendência por parte de muitas pessoas de entender expressões
houve igual desde que há
proverbiais de forma literal. Mas, da mesma maneira que falamos
gente sobre a terra; tal foi o
do “melhor dia da minha vida” ou dizemos “eu nunca vi nada
terremoto, forte e grande.
igual”, a Bíblia também emprega provérbios que não devem ser
interpretados literalmente. Podemos ilustrar a linguagem
proverbial comparando duas afirmações sobre Jerusalém. Deus
falou da destruição de Jerusalém em 586 a.C. nestas palavras: “Executarei juízos no meio de ti,
à vista das nações. Farei contigo o que nunca fiz e o que jamais farei, por causa de todas
as tuas abominações” (Ezequiel 5:8-9). Literalmente nunca fez e jamais faria coisa igual? Não! O
próprio Jesus falou da mesma cidade 600 anos depois, e disse: “Porque nesse tempo haverá
grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem
haverá jamais” (Mateus 24:21). Se Ezequiel e Jesus falassem literalmente, as suas palavras se
contradiriam. Mas são expressões proverbiais. Não precisamos procurar a maior tribulação da história
para acreditar e entender as palavras de Ezequiel e as de Jesus, e não precisamos procurar o pior
terremoto da história para acreditar na profecia da sétima taça. Nem precisamos de um terremoto
154
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
literal para entender o ponto. Mas não devemos diluir a mensagem e perder o impacto. Deus disse
“Feito está!” e chamou atenção a suas palavras com sinais assustadores.
16:19 –
A grande cidade: Encontramos, novamente, a grande cidade que recebe a cólera de Deus. Como
observamos na lição 25, há um contraste importante no livro entre a cidade santa, a nova Jerusalém
e a grande cidade mundana, a Babilônia. A grande cidade
representa a corrupção de uma cidade que vivia da prostituição
19 E a grande cidade se
de suas relações comerciais com as nações, e destaca mais uma
dividiu em três partes, e
característica do poder do império romano. A besta do mar
caíram as cidades das
enfatiza seu poder de dominar, especialmente o poder militar dos
nações. E lembrou-se Deus
reis. A besta da terra representa seu poder religioso, a religião
da grande Babilônia para
imperial pela qual as pessoas foram obrigadas a adorarem Roma
dar-lhe o cálice do vinho do
ou seus imperadores. A Babilônia destaca as relações comerciais
furor da sua ira.
pelas quais Roma dominava a economia mundial. O sétimo
flagelo fala do castigo da grande cidade Babilônia, que será
descrito em mais detalhes nos capítulos 17 e 18.
Se dividiu em três partes: A divisão em três partes enfatiza a derrota total da grande cidade.
Ezequiel dividiu a cidade de Jerusalém, simbolicamente, em três partes, para mostrar a destruição total
dela (Ezequiel 5:1-4). A Babilônia é ferida por três flagelos em um só dia (18:8), frisando a sua
destruição total.
Caíram as cidades das nações: As cidades das nações dependiam da grande cidade. Quando ela
cai, elas também caem. O lamento dos reis e comerciantes em 18:9-19 mostra como a queda da
Babilônia teria impacto enorme nas outras nações. Não teriam mais o seu mercado principal,
causando um colapso econômico geral.
E lembrou-se Deus da grande Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho da sua ira: Já
observamos o significado do cálice da ira de Deus na lição 25 (14:10). Os adoradores da besta
beberiam deste cálice. Agora aprendemos que a própria Babilônia, a mesma que deu às nações o
“vinho da fúria da sua prostituição” (14:8) teria que beber da ira de Deus (cf. 18:5-6).
16:20 –
Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados: Este versículo reforça o sentido do
anterior, mostrando os efeitos mundiais da queda da Babilônia. A linguagem nos lembra do sexto selo
(6:12-17). Quando Deus desce para julgar, “os montes
debaixo dele se derretem” (Miquéias 1:4; cf. Naum 1:5;
20 Todas as ilhas fugiram, e
Salmos 18:7-15; 97:5). As ilhas, por serem espalhadas e
os montes não foram
ocupadas por diversos povos, são ligadas às nações (Gênesis
achados;
10:5; Isaías 40:15; 41:1; Sofonias 2:11). Quando Ezequiel
21 também desabou do céu
profetizou a queda de Tiro, uma cidade que vivia do comércio no
sobre os homens grande
mar Mediterrâneo, ele falou de seu impacto nas ilhas: “Agora,
saraivada, com pedras que
estremecerão as ilhas no dia da tua queda; as ilhas, que
pesavam cerca de um
estão no mar, turbar-se-ão com a tua saída” (Ezequiel
talento; e, por causa do
26:18). Da mesma maneira, o castigo de Roma prejudicaria as
flagelo da chuva de pedras,
ilhas e os povos de toda a extensão do império.
os homens blasfemaram de
Deus, porquanto o seu
16:21 –
flagelo era sobremodo
grande.
Também desabou do céu sobre os homens grande
saraivada, com pedras que pesavam cerca de um talento:
Chuva de pedras de 45 quilogramas cada! Lembrando que os
flagelos são cumulativos (16:10-11), podemos imaginar o sofrimento dos adoradores da besta. Têm
úlceras, não têm água, sofrem sobre o calor intenso do sol, e agora vem chuva de pedras enormes!
Lição 27: Os Anjos Derramam as suas Taças (16:1-21)
155
Os homens blasfemaram de Deus, porquanto o seu flagelo era sobremodo grande: Todo
este sofrimento deve ser motivo para se arrependerem, mas continuam endurecendo os corações. Não
admitem os seus erros, nem a justiça de Deus.
Conclusão
A
besta da terra tem poder para afligir e até matar os servos de Deus, aqueles que recusam adorar
a besta. Mas Deus mostra seu poder para castigar com muito mais severidade os adoradores da
besta. Os sete flagelos trazem sofrimento incrível aos seguidores da besta, mas eles ainda não se
humilham diante de Deus.




Apocalipse: Lição 28
Babilônia: A Grande Meretriz
(Apocalipse 17:1-18)
A
s sete taças já foram derramadas. As forças da natureza e os poderes políticos serviram para
castigar os adoradores da besta. Agora um dos sete anjos do capítulo 16 leva João para ver de
perto a Babilônia e sua destruição. Este capítulo é de grande importância na determinação da
data do Apocalipse e na identificação da aplicação principal de algumas das profecias deste livro.
Entre outras coisas, procuramos aqui entendimento das cabeças da besta e da meretriz montada nela.
Quem é a Meretriz?
U
m dos pontos mais polêmicos no estudo do Apocalipse é a identidade da grande meretriz. As
interpretações mais comuns são quatro, envolvendo duas cidades:
ì Roma, como cidade principal do império romano, ou o poder comercial e econômico dela
í Roma, como cidade principal da Igreja Romana Católica
î Jerusalém como existia antes da destruição de 70 d.C.
ï Jerusalém futura como sede do suposto reino terrestre de Jesus
Proponentes das várias interpretações oferecem seus argumentos. Nossa interpretação deve respeitar
as evidências bíblicas e históricas, rejeitando explicações que contradizem o próprio livro, mesmo
quando tais explicações sejam populares e muito difundidas.
Podemos já rejeitar a segunda e a quarta das interpretações acima, pois contradizem o próprio
Apocalipse. João recebeu uma revelação de coisas que iam acontecer “em breve” (1:1; 22:6), pois
o tempo já estava “próximo” quando Jesus as revelou (1:3; 22:10) e prometeu vir em julgamento
“sem demora” (22:12,20). As interpretações futuristas são sensacionais e fascinantes e certamente
vendem muitos livros e enchem os bancos de muitas igrejas, mas não respeitam as evidências
internas. As interpretações que identificam o Vaticano e alguns dos aspectos mais tristes da história
da Igreja Católica ganharam muitos adeptos desde a Reforma Protestante, e ainda têm seus
defensores hoje. Mas o desenvolvimento do catolicismo demorou séculos, enquanto João escreve
sobre poderes existentes na sua época. Há muitos motivos justos para criticar a igreja católica, mas
não devemos adotar interpretações forçadas de textos bíblicos. Tais abordagens não fortalecem o caso
para ajudar católicos verem os problemas na sua igreja.
Os debates mais sérios sobre a identidade da grande meretriz focalizam na primeira e terceira
interpretações. Vários estudiosos afirmam que a grande meretriz é Jerusalém, aguardando a sua
destruição profetizada por Jesus e realizada por Tito no ano 70 d.C. Estas interpretações respeitam
os limites de tempo citados acima, sugerindo que o livro fosse escrito durante o reinado de Nero e
cumprido na destruição de Jerusalém dois anos depois da morte dele. Outros identificam a meretriz
com Roma ou algum aspecto do poder de Roma, como sua influência econômica no mundo do
primeiro século. Muitas pessoas que aplicam o texto a Roma aceitam uma data no reinado de
Domiciano (imperador de 81 a 96), e outras defendem uma data durante o reinado de Vespasiano (69
a 79).
A tabela abaixo apresenta alguns contrastes entre as opções 1 e 3 de uma forma resumida. Como
pode observar, há características que podem se aplicar tanto a Roma como a Jerusalém. Embora
respeito as opiniões e os argumentos daqueles que defendem a aplicação desta profecia à destruição
de Jerusalém em 70 d.C., acredito que as evidências favorecem a primeira explicação – que a grande
Lição 28: Babilônia: A Grande Meretriz (17:1-18)
157
meretriz era Roma ou seu poder econômico, pois ela foi a sede da economia mundial no primeiro
século.
A Grande Meretriz: Roma ou Jerusalém? (Apocalipse 17 - 18)
Característica Roma Jerusalém
Sentada sobre muitas águas Seu poder vinha dos povos Procurava manter uma certa
 (17:1) dominados independência
Com quem se prostituíram Dominava os reis de muitos Relativamente insignificante;
 os reis da terra (17:2) países; Descrição da Alguma vez foi descrita
                            Babilônia antiga (Jeremias como a fonte do pecado das
                             51:7) nações?
Vinho de sua devassidão Conhecida por sua Cidade rebelde, mas não
 (17:2) imoralidade e excessos conhecida por impureza
                              exagerada (1 Pedro 4:3-4 –
                               gentios)
Montada na besta do poder Roma e sua economia Foi dominada pelos romanos
romano (17:3; cf. 13:1-8) dependiam do poder romano
Vestida de púrpura, Luxo, nobreza, sedução; os Jerusalém antiga foi descrita
 escarlate, ouro, pedras soldados da Babilônia antiga assim (Jeremias 4:30)
 preciosas, etc. (17:4; 18:16) se vestiam de escarlata
                               (Naum 2:3)
Cálice de abominações e A Babilônia foi o cálice que O cálice da ira vem de
   imundícias (17:5) causou as nações a Jerusalém (Zacarias
                        enlouquecerem (Jeremias 12:2,5,9), mas o cálice da
                        51:7) imundícia??
A mãe das meretrizes (17:5) Cidades gentias como Jerusalém como adúltera ou
                             meretrizes e prostitutas (não prostituta (Jeremias 13:27),
                              como adúlteras) – Isaías comete adultério com as
                                  23:13-18; Naum 3:4 nações (Ezequiel 23:4-5)
Embriagada com o sangue Perseguia os cristãos, Perseguia os santos e
dos santos e das especialmente nos reinados profetas (Lucas 11:48-51),
testemunhas (17:6; de Nero, Domiciano, etc. incluindo testemunhas de
18:20,24) Jesus (Atos 7:51-52,58-60)
Sete montes (17:9) Cidade de sete montes Cidade de sete montes
Sete reis – 5 -1 - 1 - 1 Se começar com Augusto, Se começar com Júlio,
  8o é a besta (17:9-11) aplica-se a Domiciano aplica-se a Tito
A mulher é grande cidade Roma dominava os reis da Jerusalém dominava como
 que domina sobre os reis da terra na época de João soberana de Deus e lugar do
 terra (17:18) templo (Salmo 68:29) –
                agora é meretriz ou mulher
                fiel????
Destruição interna (17:16-17) História do declínio de Roma Destruída pelos romanos
                                  (cf. Daniel 2:42-43)
158
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
Nos comentários sobre a grande meretriz, procurarei mostrar significados relevantes a Roma. Também
mostrarei, nesta lição, por que eu acredito que João tenha escrito o livro durante o reinado de
Vespasiano.
17:1 –
Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo: A queda da grande meretriz já
foi anunciada em 14:8, e ela recebeu o cálice da ira de Deus quando a sétima taça foi derramada
(16:19). Agora um dos anjos que derramaram as taças mostra
mais detalhes para João.
1 Veio um dos sete anjos
que têm as sete taças e
Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que
falou comigo, dizendo: Vem,
se acha sentada sobre muitas águas: As águas referem-se
mostrar-te-ei o julgamento
aos povos ou nações. A besta, o poder do governo romano,
da grande meretriz que se
surgiu do mar (13:1). A grande meretriz – a cidade e seu poder
acha sentada sobre muitas
econômico – se acha sentada sobre as nações. A grandeza dela
águas,
dependia dos povos dominados pelo império romano.
17:2 –
Com quem se prostituíram os reis da terra: A prostituição entre nações é uma figura que sugere
alianças. Encontramos linguagem quase igual na condenação de Nínive, a antiga cidade principal do
corrupto império assírio (Naum 3:4-5), e nas críticas feitas a Tiro,
a cidade que dominava o comércio no mar mediterrâneo no
2 com quem se prostituíram
tempo de Isaías (Isaías 23:15-18). Roma, na época de João,
os reis da terra; e, com o
mantinha suas relações com diversos reis, dominando todos os
vinho de sua devassidão, foi
países da região mediterrânea.
que se embebedaram os
que habitam na terra.
Com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram
os que habitam na terra: Esta mesma acusação foi feita pela
segunda voz (14:8). Roma corrompeu outras nações,
envolvendo-as na sua libertinagem. Os excessos de Roma, e especialmente de alguns dos
imperadores, são bem documentados na história do período. Países que estabeleceram relações
favoráveis ao comércio com Roma lucraram como fornecedores de bens consumidos neste contexto
materialista. A mesma descrição pode incluir outros aspectos da corrupção romana – ganância,
idolatria, imoralidade, etc.
Como já observamos em outras citações, “os que habitam na terra” são os ímpios (cf. os
comentários sobre 13:6 e 8 na lição 22).
17:3 –
Transportou-me o anjo, em espírito: 600 anos antes desta
visão de João, o profeta Ezequiel foi levantado pelo Espírito e
levado a ver as condições da cidade de Jerusalém para ajudá-lo
a entender e comunicar os motivos do castigo de Judá (Ezequiel
3:12,13; 8:14,16; 11:1,24). Aqui, João é levado à Babilônia para
ver os planos de Deus de castigar a cidade mundana.
3 Transportou-me o anjo,
em espírito, a um deserto e
vi uma mulher montada
numa besta escarlate, besta
repleta de nomes de
blasfêmia, com sete cabeças
e dez chifres.
A um deserto: João já viu uma mulher levada ao deserto para
ser protegida (12:6,14). Desta vez, é uma mulher totalmente
diferente no deserto. Ela está sendo protegida, temporariamente,
pela besta. Esta mulher é a grande meretriz. A profecia de Isaías
contra a Babilônia é descrita como “sentença contra o deserto do mar” (Isaías 21:1,9).
Uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com
sete cabeças e dez chifres: A mulher está montada na besta do mar (13:1), que representa o poder
imperial de Roma. A grande meretriz depende do poder de Roma para sua sobrevivência.
Lição 28: Babilônia: A Grande Meretriz (17:1-18)
159
4 Achava-se a mulher
vestida de púrpura e de
escarlata, adornada de ouro,
de pedras preciosas e de
pérolas, tendo na mão um
cálice de ouro transbordante
de abominações e com as
imundícias da sua
prostituição.
17:4 –
Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata,
adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas: Já
sabemos que ela é uma meretriz (17:1), mas ela se veste como
se fosse uma mulher rica, de nobreza ou realeza.
Tendo na mão um cálice de ouro transbordante de
abominações e com as imundícias da sua prostituição: A
Babilônia dera às nações “o vinho da fúria da sua
prostituição” (14:8). Da mesma maneira que a Babilônia
histórica, cidade principal de sua época, deu seu vinho às nações
e causou a loucura delas (Jeremias 51:7), a Babilônia simbólica, Roma, deu de seu cálice às nações
de seu tempo. Todas queriam participar do “sucesso” da grande cidade mundana, e iam participar,
também, do castigo que viria sobre ela. Mesmo ela sendo bem-vestida e atraente às nações, Deus viu
o seu cálice cheio de abominações e imundícias, coisas repugnantes ao Santo Senhor.
5 Na sua fronte, achava-se
escrito um nome, um
mistério: BABILÔ NIA , A
GRANDE , A MÃE DAS
MERETRIZES E DAS
ABOMINAÇÕES DA TERRA .
17:5 –
Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério:
BABILÔNIA , A GRANDE , A MÃE DAS MERETRIZES E DAS
ABOM INAÇÕES DA TERRA : A mulher não esconde a sua
verdadeira identidade. As características da Babilônia são
encontradas em Roma, e o nome passa a representar esta cidade
e sua influência como prostituta corrompendo as nações. Isaías
chamou Tiro de meretriz, dizendo que “ela tornará ao salário da sua impureza e se prostituirá
com todos os reinos da terra” (Isaías 23:15-17). Uma profecia contra Nínive disse: “Tudo isso
por causa da grande prostituição da bela e encantadora meretriz, da mestra de feitiçarias,
que vendia os povos com a sua prostituição e as gentes, com as suas feitiçarias” (Naum
3:4). Roma, por sua influência sobre as nações do mundo, é descrita como a mãe das meretrizes.
6 Então, vi a mulher
embriagada com o sangue
dos santos e com o sangue
das testemunhas de Jesus;
e, quando a vi, admirei-me
com grande espanto.
17:6 –
Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos
e com o sangue das testemunhas de Jesus: Ela deu aos
outros a beber, mas ela também ficou embriagada. A “bebida” da
meretriz é o sangue dos servos do Senhor. São os mesmos que
pediram a justiça divina no quinto selo (6:9-11), aqueles que não
amaram a própria vida quando encararam a morte (12:11), e que
se mostraram fiéis até à morte (2:10). A grande meretriz cairia por causa da perseguição aos discípulos
de Jesus.
E, quando a vi, admirei-me com grande espanto: Que cena horrível e assustadora! A mulher
embriagada com sangue – o sangue dos conservos de João.
17:7 –
7 O anjo, porém, me disse:
Por que te admiraste?
Dir-te-ei o mistério da mulher
e da besta que tem as sete
cabeças e os dez chifres e
que leva a mulher:
O anjo, porém, me disse: Por que te admiraste?: O anjo viu
a reação de João, e imediatamente começa a responder à
preocupação do profeta.
Dir-te-ei o mistério da mulher e da besta que tem as sete
cabeças e os dez chifres e que leva a mulher: O
entendimento do significado desta visão, implicitamente, aliviará
o espanto de João. O anjo promete uma explicação sobre a
meretriz e sobre a besta. Esta explicação se segue nos próximos versículos.
160
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
17:8 –
A besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo: Sabemos que a besta representa
o poder do império romano e, também, os seus reis ou imperadores (cf. 17:11). Este versículo coloca
a revelação dada a João entre dois reis descritos como “a besta”
e durante o reino de um outro, que não agia como a besta. Já
8 a besta que viste, era e
sabemos de algumas características da besta, conforme a
não é, está para emergir do
apresentação no capítulo 13 e alguns comentários posteriores.
abismo e caminha para a
A besta recebeu sua autoridade do dragão e aceitou a adoração
destruição. E aqueles que
dos homens, que o tratavam como se fosse Deus. Ele agia com
habitam sobre a terra, cujos
arrogância e blasfêmia contra Deus, difamando o tabernáculo (o
nomes não foram escritos no
povo do Senhor). Pelejou contra os santos e os venceu. Os que
Livro da Vida desde a
recusavam a adorar a besta sofriam discriminação econômica, e
fundação do mundo, se
alguns deles foram mortos. Juntando estas informações,
admirarão, vendo a besta
entendemos que os imperadores identificados como “a besta”
que era e não é, mas
são reis que perseguiam os santos de Deus. Um perseguidor já
aparecerá.
era. Seria a cabeça “golpeada de morte” (13:3). Mas essa
ferida foi curada, e o poder romano não acabou (13:3). João
escreve durante um período de relativa tranqüilidade (a besta “não é”), mas um outro perseguidor ia
emergir do abismo. Como já veremos, estes comentários do anjo ajudam na datação do livro,
colocando-o entre os perseguidores Nero e Domiciano. Mais detalhes se seguem nos versículos 10 e
11.
E caminha para a destruição: O poder imperial, a besta, caminha para a destruição. A palavra
traduzida destruição aparece no Apocalipse somente aqui e no versículo 11, embora seja comum em
outros livros do Novo Testamento (veja Mateus 7:13; João 17:12; Atos 8:20; Romanos 9:22; Filipenses
1:28; 3:19; 1 Timóteo 6:9; Hebreus 10:39; 2 Pedro 2:1-3; 3:7,16; etc.). Uma cabeça já foi golpeada,
mas sobreviveu. Outra virá e será destruída. Antes de emergir do abismo, o seu destino já foi selado!
E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida
desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá:
Novamente, encontramos “aqueles que habitam sobre a terra”. São os ímpios, os adoradores da
besta. Estes se admirarão que a besta voltou. Os que habitam no céu, aqueles cujos nomes estão no
Livro da Vida, não se admiram, pois sabem que Deus está controlando tudo e que o poder da besta
não durará. Para mais informações sobre o Livro da Vida, veja os comentários sobre 3:5 e 13:8. Desde
a fundação do mundo, Deus preparou seu plano para a salvação dos fiéis. Ele planejou a vinda de
Jesus, sua vida, morte e ressurreição. Preparou a revelação do evangelho. Estabeleceu os termos de
admissão ao seu reino. Ao longo da história, ele veio anunciando, aos poucos, este plano, até chegar
à revelação de Jesus e do evangelho no Novo Testamento. Agora, aqueles que decidem servir a Jesus
têm seus nomes escritos no Livro da Vida.
17:9 –
Aqui está o sentido, que tem sabedoria: O anjo já prometeu explicar o significado da visão, e
agora chama a atenção de João aos pontos principais.
9 Aqui está o sentido, que
As sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está
tem sabedoria: as sete
sentada: A meretriz está sentada sobre sete montes. Várias
cabeças são sete montes,
cidades foram conhecidas, ao longo da história, como cidades de
nos quais a mulher está
sete montanhas ou colinas. As pessoas que aplicam as profecias
sentada. São também sete
sobre a grande meretriz à cidade de Jerusalém oferecem algumas
reis,
citações de Jerusalém como uma cidade de sete montes. Mas a
aplicação natural desta expressão no contexto do Apocalipse é
à cidade de Roma, bem conhecida na época de João como a cidade de sete colinas. Esta
Lição 28: Babilônia: A Grande Meretriz (17:1-18)
161
interpretação se ajusta aos outros aspectos da descrição desta cidade que dominava “sobre os reis
da terra” (17:18).
São também sete reis: Na linguagem simbólica da Bíblia, duas imagens diferentes podem
representar uma idéia ou personagem. Por exemplo, Jesus é um Cordeiro e um Leão (5:5-6) e o diabo
é um dragão e uma serpente (12:9). Aqui uma imagem representa duas idéias diferentes. As sete
cabeças são sete montes, e também são sete reis. Nos versículos seguintes, torna-se evidente que são
sete reis específicos. Esta mensagem comunica aos santos na época de João informações sobre o
passado e o futuro, identificando a conjuntura histórica em que eles se encontraram.
17:10 –
Dos quais caíram cinco: Os primeiros cinco imperadores romanos já caíram. Este fato nos ajuda
a determinar uma data do livro depois do suicídio de Nero, que aconteceu em 68 d.C.
Nota: Algumas interpretações se baseiam numa lista diferente de
imperadores, tipicamente começando com Júlio César e citam
algumas referências históricas (Flávio Josefo, etc.) para apoiar
esta explicação. Os mesmos comentaristas reconhecem, porém,
o perigo de se justificar com base em alguma referência histórica
que contradiz as informações bíblicas. Eles rejeitam, como eu
também faço, as interpretações que dão mais peso às referências históricas do que às evidências
internas quando se trata da datação do livro. Apesar de textos extra-bíblicos que datam o Apocalipse
no final do reinado de Domiciano, as evidências internas favorecem uma data anterior. No caso de
determinar um ponto de partida para a lista dos reis, tanto as evidências internas como a maioria das
citações históricas favorecem a posição usada neste estudo, de que Augusto foi o primeiro imperador
romano. Entre as observações históricas sobre esta questão, devemos observar dois fatos:
10 dos quais caíram cinco,
um existe, e o outro ainda
não chegou; e, quando
chegar, tem de durar pouco.
ì Júlio César se declarou ditador durante o período da República Romana (um erro político que
provocou o seu assassinato), mas Augusto foi o primeiro reconhecido
pelos romanos como imperador. Caio Júlio César Otaviano,
conhecido como César Augusto, tinha 18 anos de idade quando seu
tio e pai adotivo, Júlio César, foi assassinado em 44 a.C. Nos anos
seguintes, a instabilidade política em Roma levou ao fim da República
e a Augusto foi dado poder absoluto pelo Senado em 27 a.C.
í Não houve uma sucessão direta, como seria o caso de passar a
autoridade de imperador de pai para filho. Augusto conseguiu
consolidar o poder em 31 a.C., e seu reinado como imperador
começou 17 anos depois da morte de Júlio, em 27 a.C.
Respeito as opiniões ao contrário, mas acredito que as evidências
favorecem uma contagem de “reis” a partir de Augusto, o primeiro
imperador de Roma. Assim, o anjo declara que Augusto, Tibério,
Gaio Calígula, Cláudio e Nero já caíram.
Os Primeiros Imperadores
Augusto (27 a.C. - 14 d.C.)
Tibério (14 - 37)
Gaio Calígula (37 - 41)
Cláudio (41 - 54)
Nero (54 - 68)
Galba (68 - 69)
Otão (69)
Vitélio (69)
Vespasiano (69 - 79)
Tito Flávio (79 - 81)
Dom iciano (81 - 96)
Nerva (96 - 98)
Trajano (98 - 117)
Nero foi o último imperador da dinastia Júlio-Claudiana. A revolta de Galba e a rejeição de Nero pelo
Senado forçou o imperador a fugir. Seu suicídio em 68, sem deixar filhos, foi o fim de sua linhagem
e o golpe mortal de uma das cabeças da besta, citado em 13:3.
Um existe: Depois da morte de Nero, houve guerra civil em que quatro homens tentaram se
estabelecer como sucessores de Nero (este período é conhecido como o ano dos quatro imperadores).
Galba, Otão e Vitélio fracassaram. Vespasiano estabeleceu a próxima linha de imperadores, conhecida
como a dinastia Flaviana, que inclui o próprio Vespasiano e seus dois filhos, Tito e Domiciano. Para
identificar aquele que “existe” quando João escreve, precisamos comparar a profecia dele com a de
Daniel 7. Na visão de Daniel, os reis foram representados pelos dez chifres do quarto animal. Quando
subiu o décimo-primeiro, três foram arrancados (Daniel 7:8), deixando um total de oito. Da mesma
162
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
maneira que os quatro
animais de Daniel se
transformaram em
Daniel 7
Nomes dos Imperadores
Apocalipse 17
uma besta para João
(10 chifres)
(7 cabeças)
(veja os comentários
sobre 13:2 na lição
,
Augusto (27 a.C.-14 d.C.)
,
22), os 11 reis de
.
.
Daniel são oito para
.
Tibério (14-37 d.C.)
.
João, pois estes três
.
.
insig n if ican tes já
10 reis--------- .
Calígula (37-41 d.C.)
.-5 reis caíram (10)
foram, e Vespasiano
(7, 24)
.
.
se estabeleceu como
.
Cláudio (41-54 d.C.)
.
o sexto rei. Se João
.
.
tivesse escrito o livro
.
Nero (54-68 d.C.)
.
A besta era (8)
na época de Nero,
.
[Golpeada de
3 reis
.
,
Galba (68-69 d.C.)
morte – 13:2,14]
como alguns afirmam,
subjugados .
.
Otão (69 d.C.)
ele teria a mesma
(8,24)
.
.
Vitélio (69 d.C.)
perspectiva de Daniel,
.
ainda aguardando
.
Vespasiano (69-79 d.C.)------ Um rei existe (10)
aparecer estes três
.
A besta não é (8)
r ei s . E scr ev e n d o
.
Tito (79-81 d.C.)----------------- Outro rei ainda
depois de Vitélio, ele
não chegou (10)
nem menciona os três
11o rei---------------Domiciano (81-96 d.C.)-------- A besta que
que fracassaram entre
chifre pequeno
virá é o 8o rei
Nero e Vespasiano.
(8, 24)
(8,11)
Apesar de alguns
comentários feitos nas
décadas e séculos
depois colocando o exílio de João e o Apocalipse no reinado de Domiciano, eu acredito que a
evidência interna favorece uma data entre 69 e 79, durante o reinado de Vespasiano.
Imperadores Romanos
O outro ainda não chegou; e quando chegar, tem de durar pouco: O próximo imperador seria
Tito, o filho de Vespasiano, que reinou de 79 e 81. Assim foi cumprida a profecia que “tem de durar
pouco”. Interpretações que sugerem que o livro fosse escrito durante o reinado de Nero e que o oitavo
rei fosse Tito enfrentam algumas dificuldades aqui. Primeiro, teriam que explicar em que sentido
Cláudio pode ser entendido como a besta que foi ferida mortalmente, desde que não há registro de
perseguição aos cristãos pelos romanos na época de Cláudio. Segundo, teriam que explicar como
Vespasiano seria o outro que ainda não chegou e ia durar pouco, quando o reinado dele foi bem maior
do que o reinado de Tito. E ainda oferecendo alguma explicação para estas questões, teriam que
mostrar o seu caso mais forte conforme as evidências internas e as comparações com Daniel.
17:11 –
E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete: Depois das
perseguições do reinado de Nero (a besta que era), os servos de Deus passavam por alguns anos mais
tranqüilos (não é), mas ainda teriam mais sofrimento pela frente. A besta ia surgir de novo na forma
do oitavo rei, Domiciano. Em dois sentidos, pode afirmar-se que ele “procede dos sete”: Era filho
de Vespasiano, e também ressuscitou a política de perseguição de Nero. João, escrevendo durante
o reinado de Vespasiano, disse que a besta estava “para
emergir do abismo” (17:8). Daniel falou sobre este rei (o
décimo-primeiro do seu ponto de vista): “Proferirá palavras
11 E a besta, que era e não
contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e
é, também é ele, o oitavo rei,
e procede dos sete, e
cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe
caminha para a destruição.
serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e
Lição 28: Babilônia: A Grande Meretriz (17:1-18)
163
metade de um tempo. Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para
o destruir e o consumir até ao fim” (Daniel 7:25-26). À besta do mar “Foi-lhe dada uma boca
que proferia arrogâncias e blasfêmias e autoridade para agir quarenta e dois meses”
(13:5).
E caminha para a destruição: Aqui vem o conforto oferecido aos santos. A besta emergiria do
abismo e perseguiria os servos do Senhor. Mas o seu tempo seria limitado (42 meses, ou três anos e
meio, representa um tempo limitado de angústia) e seu destino já foi determinado pela justiça de Deus
– “Caminha para a destruição” (17:8); “Se alguém matar à espada, necessário é que seja
morto à espada” (13:10); “Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio,
para o destruir e o consumir até ao fim” (Daniel 7:26). A comparação destes trechos reforça o
entendimento que este oitavo rei caminha para sua própria destruição, e não que destrói outros (como
alguns sugerem quando aplicam a profecia a Tito, o filho de Vespasiano que destruiu Jerusalém antes
de se tornar imperador).
17:12 –
Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem
autoridade como reis, com a besta, durante uma hora: Durante uma boa parte do império
romano, foi usado um sistema conhecido como “rei-cliente”, em
que reis subordinados ao imperador governavam províncias do
12 Os dez chifres que viste
império. Os Herodes, que governavam a Judéia, servem como
são dez reis, os quais ainda
exemplo deste tipo de rei subordinado, ou rei fantoche. Os reis-
não receberam reino, mas
clientes durante o reinado de Domiciano, reinariam “com a
recebem autoridade como
besta”, mas o seu tempo seria curto – “durante uma hora”.
reis, com a besta, durante
Em contraste, os servos do Senhor que não adoraram a besta,
uma hora.
foram prometidos o privilégio de reinar “com Cristo durante
mil anos” (20:4). Os vencedores receberiam “autoridade
sobre as nações e com cetro de ferro as regerá” (2:26-27). Não precisamos entender uma hora
literal, nem mil anos literais, para apreciar o contraste. É melhor ser um servo de Cristo do que um rei
no império romano!
13 Têm estes um só
pensamento e oferecem à
besta o poder e a autoridade
que possuem.
17:13 –
Têm estes um só pensamento e oferecem à besta o poder
e a autoridade que possuem: São meramente fantoches. Não
têm poder próprio, pois todo o seu poder é dado à besta. Já
observamos que a besta surge do mar e depende das nações, da
sociedade humana, para seu poder e a sua existência. O imperador romano mantinha seu poder por
dominar as nações e seus reis.
17:14 –
Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá: A besta usará todos os seus recursos,
até os reis subordinados, para resistir o poder de Jesus e afligir os santos. Já sabemos que os reis da
terra seriam reunidos para uma batalha em Armagedom (16:14,16). Sabemos, também, que servem
à besta e ajudarão na perseguição dos fiéis. Mas mais importante de tudo, sabemos que a vitória será
do Cordeiro!
14 Pelejarão eles contra o
Cordeiro, e o Cordeiro os
vencerá, pois é o Senhor dos
senhores e o Rei dos reis;
vencerão também os
chamados, eleitos e fiéis que
se acham com ele.
164
Pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis: A certeza da
vitória está na natureza divina do Cordeiro. Não é questão do
tamanho do exército ou da estratégia dos guerreiros. Ele vencerá
porque é o Senhor dos senhores! Este título é mais uma prova da
divindade de Jesus, pois a Bíblia afirma que Deus (YHWH) é o
Senhor dos senhores: “Pois o SENHOR, vosso Deus, é o
Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande,
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
poderoso e temível” (Deuteronômio 10:17; cf Salmo 136:3; 1 Timóteo 6:15). No Apocalipse, este
título é aplicado a Jesus (17:14; 19:16). Os reis da terra podem receber autoridade da besta para
reinarem durante uma hora (17:12), mas tanto a besta como os reis cairão. Podem olhar para a
meretriz como “a grande cidade que domina sobre os reis da terra” (17:18), mas o destino dela
já foi anunciado (14:8). Jesus é o Soberano, o verdadeiro Rei dos reis!
Vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele: Os servos fiéis
participam da vitória do Cordeiro. Os servos do Senhor venceram o diabo “por causa do sangue
do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte,
não amaram a própria vida” (12:11). A garantia da vitória está na lealdade ao verdadeiro Soberano.
Aqueles que confiam na besta serão derrotados, enquanto os servos do Cordeiro têm certeza da vitória
final. As cartas nos capítulos 2 e 3 prometem recompensas aos vencedores, dizendo que receberiam
autoridade para dominar as nações com cetro de ferro (2:27). Aqueles que foram comprados com o
sangue do Cordeiro “reinarão sobre a terra” (5:10). As almas dos decapitados “reinaram com
Cristo durante mil anos” (20:4). Na Nova Jerusalém, os servos de Cristo “reinarão pelos séculos
dos séculos” (22:5).
17:15 –
As águas que viste, onde a meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e
línguas: A besta surgiu do mar, tomando sua força das nações (13:1). A meretriz, Roma, e seu poder
econômico dependem das nações e das relações comerciais no
império. O mar e o comércio são ligados um ao outro no castigo
15 Falou-me ainda: As águas
da segunda trombeta, que atinge a terça parte da vida no mar e
que viste, onde a meretriz
um terço das embarcações (8:9). Roma dominava o comércio
está assentada, são povos,
entre três continentes pelo seu controle do mar Mediterrâneo.
multidões, nações e línguas.
Mas se essas nações voltarem contra a meretriz, ela perderia sua
força.
17:16 –
Os dez chifres que viste e a besta, esses odiarão a meretriz, e a farão devastada e
despojada, e lhe comerão as carnes, e a consumirão no fogo: Na interpretação da visão de
Nabucodonosor, aprendemos que Roma seria um reino misto,
dividido, ao mesmo tempo forte e fraco (Daniel 2:40-43).
16 Os dez chifres que viste e
Segundo os relatos históricos, um dos principais motivos do
a besta, esses odiarão a
declínio de Roma foi a dissensão interna, envolvendo conflitos
meretriz, e a farão
entre generais, problemas com os líderes das províncias, etc. No
devastada e despojada, e
final do primeiro e durante o segundo século, tais conflitos dentro
lhe comerão as carnes, e a
do império começaram. Durante o reinado de Trajano, o império
consumirão no fogo.
chegou à sua extensão geográfica máxima. Ele morreu em 117
e, logo em seguida, seu sucessor devolveu a Mesopotâmia aos
partos, o primeiro de vários incidentes que tiveram o efeito de diminuir e dividir o império. A glória de
Roma foi se perdendo devido, em boa parte, aos excessos de alguns imperadores e aos problemas
com os povos já subjugados.
17:17 –
Porque em seu coração incutiu Deus que realizem o seu
pensamento: A besta e a meretriz podem se enganar, achando
que exerçam domínio verdadeiro sobre os reis e as nações. Mas
é Deus quem exerce o controle verdadeiro. Mesmo quando as
nações se rebelam contra o verdadeiro Senhor, ele controla tudo
para seus propósitos. Este versículo reafirma um princípio antigo
e bem-estabelecido nas Escrituras: “o Altíssimo tem domínio
sobre o reino dos homens e o dá a quem quer” (Daniel
Lição 28: Babilônia: A Grande Meretriz (17:1-18)
17 Porque em seu coração
incutiu Deus que realizem o
seu pensamento, o
executem à uma e dêem à
besta o reino que possuem,
até que se cumpram as
palavras de Deus.
165
4:32). Quando Deus usa nações ímpias para castigar outras, elas geralmente não reconhecem a mão
do Senhor, achando-se donos de si e capazes de controlar o próprio destino (cf. Isaías 10:5-8).
O executem à uma e dêem à besta o reino que possuem, até que se cumpram as palavras
de Deus: Uma parte do plano de Deus para vencer a besta foi o aumento do poder dela. Deus a
deixou crescer cada vez mais forte, dominando os reis das nações, enquanto preparava o castigo dela.
Nas décadas depois de João escrever o Apocalipse, o poder romano foi aumentando, chegando ao
seu auge no final do reinado de Trajano. A partir daquela época, perdeu território e poder aos poucos.
18 A mulher que viste é a
grande cidade que domina
sobre os reis da terra.
17:18 –
A mulher que viste é a grande cidade que domina sobre
os reis da terra: A explicação inspirada revela o significado da
meretriz, da grande cidade. A grande cidade no Apocalipse é
a Babilônia (14:8; 16:19; 17:5); é a cidade mundana que se colocou contra Deus no espírito de Egito,
Sodoma e Jerusalém (11:8). Ela é Roma, a cidade que dominava sobre os reis da terra na época de
João.
A Grande Cidade é Jerusalém?
O últim o versículo do capítulo 17 apresenta um problem a sério para as pessoas que defendem a
interpretação que a queda da Babilônia refere-se a destruição de Jerusalém em 70 d.C. Jerusalém não
dom inava os reis da terra! Para ainda defender a aplicação desta profecia a Jerusalém , alguns citam
trechos com o Deuteronôm io 15:6 e Salm o 68:29 para provar que Jerusalém , de fato, dom inava as
nações. Vam os considerar o problem a de argum entos baseados em textos com o estes.
Em Deuteronôm io 15:6, Moisés disse que Israel dom inaria m uitas nações, e não seria dom inada por
nenhum a. O contexto esclarece o sentido. O trecho trata-se de em préstim os, perm itindo que os israelitas
em prestem aos gentios e proibindo que tom em em préstim os de outras nações. O ponto é o m esm o citado
em Provérbios 22:7 – “O rico dom ina sobre o pobre, e o que toma emprestado é servo do que
empresta.” Duas outras observações sobre este trecho de Deuteronôm io: ì Fala-se em geral do povo
de Israel, não especificam ente da cidade de Jerusalém , e í É um a prom essa condicionada na obediência
do povo à lei, um condição que certam ente não foi cum prida pelos judeus do prim eiro século d.C.
Davi escreveu sobre Jerusalém e o santuário de D eus naquela cidade: “Reúne, ó Deus, a tua força,
força divina que usaste a nosso favor, oriunda do teu templo em Jerusalém. Os reis te oferecerão
presentes” (Salm o 68:28-29). O uso deste trecho para explicar Apocalipse 17:18 enfrenta, pelo m enos,
os seguintes problem as: ì Davi fala de Jerusalém fiel com o a cidade principal da nação santa do Antigo
Testam ento; a cidade destruída em 70 d.C. foi um a cidade im unda que havia rejeitado o próprio Senhor;
í Os reis oferecem presentes a Deus, não a Jerusalém . Não negam os a soberania de Deus! A questão
é outra – em que sentido poderíam os afirm ar que Jerusalém do prim eiro século d.C. dom inava sobre os
reis da terra?
Jerusalém , em term os de poder m ilitar e político, não passava de um a irritação perto da fronteira do
im pério rom ano com o deserto ocupado por nôm ades árabes. Não era a cidade que dom inava sobre os
reis da terra.
Conclusão
N
os capítulos 12 e 13, conhecemos três grandes inimigos do povo de Deus – o dragão e suas
duas bestas. No capítulo 17, conhecemos mais uma aliada do dragão, a grande meretriz
Babilônia. Ela é descrita como a cidade sentada sobre sete montes, bêbada com o sangue dos
santos, que dominava os reis da terra. Ela depende da besta do mar, o poder do império romano. Este
capítulo esclarece melhor o significado da besta, apontando ao poder perseguidor do governo romano,
especialmente às perseguições que seriam feitas por um imperador que viria pouco depois da profecia
de João.
166
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo


Apocalipse: Lição 29
Caiu! Caiu a Grande Babilônia
(Apocalipse 18:1-24)
J
á conhecemos os personagens principais entre os inimigos do povo de Deus. Apareceu o dragão
(capítulo 12), seguido pelas duas bestas (capítulo 13) e a grande meretriz (capítulo 17). Já
sabemos o destino destes inimigos de Deus, pois o Cordeiro e seus fiéis são os vencedores, e seus
adversários serão derrotados. Antes da identificação das características dos inimigos, a sétima
trombeta já declarou: “O reino
do mundo se tornou do
nosso Senhor e do seu
Cristo, e ele reinará pelos
séculos dos séculos” (11:15).
Antes da descrição da grande
meretriz vem a declaração da
queda dela (14:8). Este e os
subseqüentes capítulos
enfatizam o que já foi revelado –
os verdadeiros vencedores são
aqueles que adoram a Deus.
Todos os outros – dos
adoradores da besta à própria besta ao dragão que lhe dá poder – serão derrotados. A partir deste
capítulo, veremos a queda desses inimigos do Senhor. Surgiram numa seqüência (dragão, bestas,
meretriz) e cairão na ordem invertida (meretriz, bestas, dragão).
Um Anjo Anuncia a Queda da Babilônia (18:1-8)
18:1 –
Depois destas coisas, vi descer do céu outro anjo: A força que sustentava a meretriz vinha de
baixo: das águas, da besta que surgiu do mar e dos reis da terra. Os próprios reis seriam os
instrumentos de Deus no castigo dela, pois o anúncio da queda
dela vem de cima. Um anjo já anunciou a queda da Babilônia
1 Depois destas coisas, vi
(14:8), e um outro mostrou para João o significado da meretriz
descer do céu outro anjo,
e o seu julgamento (17:1,7). Aqui, outro anjo desce do céu para
que tinha grande autoridade,
confirmar a sentença contra a Babilônia.
e a terra se iluminou com a
sua glória.
Que tinha grande autoridade: A autoridade para falar vem do
céu. Não há dúvida sobre a veracidade de sua mensagem.
E a terra se iluminou com a sua glória: Deus é a verdadeira luz, e a sua glória ilumina (21:23; 1
João 1:5). Pelo evangelho revelado, a glória de Deus traz iluminação (2 Coríntios 4:4-6; Efésios 1:17-
18). Aqui, então, aguardamos uma declaração de Deus que trará boas notícias aos servos fiéis.
18:2 –
Então, exclamou com potente voz: “Potente voz” vem da mesma expressão traduzida por “grande
voz” em outros versículos: a voz de Jesus (1:10), a voz de anjos (5:2; 10:3; 14:7,9,15,18; 19:17), a dos
adoradores de Deus (5:12; 7:10); a das almas dos mártires (6:10), a da águia que anuncia os três ais
(8:13), a voz do céu que chamou as testemunhas a subirem (11:13); as da sétima trombeta que
anunciam o reino do Senhor (11:15), a do céu que anuncia o poder de Deus e a expulsão do dragão
(12:10), a do santuário ou do trono (16:1,17; 21:3).
168
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
Caiu! Caiu a grande Babilônia: Esta linguagem é a maneira
2 Então, exclamou com
profética de mostrar que Deus tiraria do poder aqueles que
potente voz, dizendo: Caiu!
dominavam e abusavam dos outros. Isaías profetizou contra o rei
Caiu a grande Babilônia e se
da Babilônia histórica: “Como cessou o opressor! Como
tornou morada de demônios,
acabou a tirania! Quebrou o SENHOR a vara dos
covil de toda espécie de
perversos e o cetro dos dominadores, que feriam os
espírito imundo e
povos com furor, com golpes incessantes, e com ira
esconderijo de todo gênero
dominavam as nações, com perseguição irreprimível. Já
de ave imunda e detestável
agora descansa e está sossegada toda a terra. Todos
exultam de júbilo” (Isaías 14:4-7). Antes de prosseguir,
devemos observar a importância do caso da Babilônia antiga na interpretação da Babilônia simbólica
do Apocalipse. No Antigo Testamento, há várias profecias sobre a queda da Babilônia. Estas profecias
foram cumpridas na queda do domínio babilônico e até na destruição da cidade, mas não literalmente
de uma forma imediata e desastrosa. A cidade “caiu” ao líder persa, Ciro o Grande, em 539 a.C., data
que geralmente marca o fim do império babilônico, mas as batalhas desta conquista ocorreram em
outros lugares, fora da cidade. Sabemos que os persas e medos se juntaram para vencer os
babilônicos. Isaías fala especificamente de Ciro (45:1-2; 48:14-15) e dos medos como instrumentos
de Deus neste castigo (Isaías 13:17-20). Jeremias, também, foi específico quando disse que o castigo
da Babilônia viria logo no fim dos setenta anos do cativeiro de Judá (Jeremias 25:12), que os medos
seriam o instrumento de Deus para castigá-la (51:11), que a destruição dela seria repentina (51:8) e
seria afundada como uma pedra jogada no rio (51:63-64). Não podemos forçar uma interpretação
literal, pois a cidade permaneceu alguns séculos depois da invasão dos persas e medos, sendo desfeita
aos poucos como resultado dos estragos de várias invasões nas épocas dos medo-persas, dos gregos
e helenistas e até dos romanos. Não é possível mostrar cumprimento literal de todos os detalhes das
profecias da queda da Babilônia antiga (alguns exemplos se encontram em Isaías 13:5,9-13,15-16;
14:22-23; 21:9; 43:14; 47:1,5; Jeremias 25:12-14; 50:1-2,9-10,21-46; 51:1-64). Usando o exemplo
de profecias sobre a Babilônia histórica, percebemos que profecias de destruição nas Escrituras podem
empregar linguagem poética e hiperbólica, podem usar figuras específicas para falar de castigos mais
gerais e podem comprimir uma série de acontecimentos em um único evento. Com este
entendimento, ainda mantemos a nossa confiança nas afirmações do Apocalipse que as profecias
seriam cumpridas em breve. Não precisamos mostrar a destruição total e repentina da cidade de
Roma, nem a queda iminente do império romano. A linguagem profética afirma a humilhação dos
poderes que perseguiam os santos, e a história mostra que foram, de fato, humilhados e derrotados.
E se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo
de todo gênero de ave imunda e detestável: A grande cidade que estava cheia de atividade e de
pessoas poderosas e ricas se torna uma cidade abandonada e suja (cf. Isaías 13:19-22). Mais uma vez,
o contraste entre as duas principais cidades do livro se torna evidente. A cidade mundana se torna
lugar deserto e imundo, ocupado por demônios e espíritos imundos. A cidade santa, a nova
Jerusalém, será habitada por multidões na presença do Senhor, e “Nela, jamais penetrará coisa
alguma contaminada” (21:27).
18:3 –
Este versículo repete alguns dos motivos do castigo de Roma:
Pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua
prostituição. Com ela se prostituíram os reis da terra: A
meretriz contaminou as nações com a sua maldade, avareza, etc.
3 pois todas as nações têm
bebido do vinho do furor da
sua prostituição. Com ela se
prostituíram os reis da terra.
Também os mercadores da
terra se enriqueceram à
custa da sua luxúria.
Também os mercadores da terra se enriqueceram à custa
da sua luxúria: Roma foi um grande consumidor, procurando
e tomando para si tudo que traria prazer carnal ou glória material. Pelo fato do império controlar o
comércio entre os continentes de Europa, África e Ásia, as nações exportadoras dominadas pelos
Lição 29: Caiu! Caiu a Grande Babilônia (18:1-24)
169
romanos se enriqueceram por causa desse comércio. A luxúria é o desejo descontrolado, um termo
que, muitas vezes, descreve a sensualidade e lascívia.
18:4 –
Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em
seus pecados: Esta linguagem vem de Isaías 52:11, um trecho que fala sobre o fim do cativeiro dos
israelitas. Deus promete trazer o seu povo remido de volta para
Sião, mas exige que venha sem a impureza e a idolatria praticada
4 Ouvi outra voz do céu,
por seus opressores. A purificação e a fidelidade do povo seriam
dizendo: Retirai-vos dela,
essenciais para a comunhão com o santo Senhor (52:1-6).
povo meu, para não serdes
cúmplices em seus pecados
e para não participardes dos
seus flagelos
Paulo emprega a mesma linguagem em um apelo à santidade (2
Coríntios 6:14 - 7:1). Para ser o povo de Deus e manter e gozar
a comunhão com o Senhor, é necessário ser santificado. Esta
santidade é oposta à imundícia e à luxuria da meretriz.
E para não participardes dos seus flagelos: Se participar dos pecados, receberiam o mesmo
castigo. Deus chama o povo dele para ser separado. A santificação é uma exigência fundamental do
evangelho como base da comunhão com Deus: “Segui a paz com todos e a santificação, sem
a qual ninguém verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso,
separando-se da graça de Deus” (Hebreus 12:14-15).
18:5 –
Porque os seus pecados se acumularam até ao céu: A voz do sangue de Abel chegou ao Senhor,
pedindo vingança (Gênesis 4:10). O clamor de Sodoma e Gomorra subiu até Deus, trazendo sua ira
na destruição das cidades (Gênesis 18:20-21). A meretriz
acumulou tanta iniqüidade que chegou até ao céu.
5 porque os seus pecados
se acumularam até ao céu, e
Deus se lembrou dos atos iníquos que ela praticou: O
Deus se lembrou dos atos
Senhor não podia ignorar a maldade de Roma. Ela se exaltou em
iníquos que ela praticou.
rebeldia contra Deus e contra a sua vontade. O castigo se tornou
inevitável.
18:6 –
Dai-lhe em retribuição como também ela retribuiu, pagai-lhe em dobro segundo as suas
obras: A justiça divina opera-se pelo princípio da colheita: “Aquilo que o homem semear, isso
também ceifará” (Gálatas 6:7). Roma conduziu outras nações
a participarem na sua iniqüidade e a sofrerem as conseqüências
6 Dai-lhe em retribuição
nos flagelos de Deus. Agora, veio a hora da retribuição.
como também ela retribuiu,
pagai-lhe em dobro segundo
No cálice em que ela misturou bebidas, misturai dobrado
as suas obras e, no cálice
para ela: Induzir outros ao pecado não é ato de amor ou
em que ela misturou
amizade. Causa sofrimento e os leva ao castigo. Por ter feito isso,
bebidas, misturai dobrado
a meretriz terá que beber do cálice da ira de Deus (cf.
para ela.
comentários sobre 14:8,10).
18:7 –
7 O quanto a si mesma se
glorificou e viveu em luxúria,
dai-lhe em igual medida
tormento e pranto, porque
diz consigo mesma: Estou
sentada como rainha. Viúva,
não sou. Pranto, nunca hei
de ver!
170
O quanto a si mesma se glorificou e viveu em luxúria, dai-
lhe em igual medida tormento e pranto: O castigo na
medida do crime cometido. Ele se entregou à luxúria sem limites,
e agora sofreria tormento sem limites.
Porque diz consigo mesma: Estou sentada como rainha.
Viúva, não sou. Pranto, nunca hei de ver!: Na sua
arrogância, Roma se achou invencível. Ela dominava o mundo,
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
e nem imaginou alguém capaz de tirá-la de sua posição exaltada. A cidade de Roma e os seus
imperadores chegaram a ser adorados como deuses. A confiança exagerada dela nos lembra dos
edomitas no Antigo Testamento: “A soberba do teu coração te enganou, ó tu que habitas nas
fendas das rochas, na tua alta morada, e dizes no teu coração: Quem me deitará por
terra? Se te remontares como águia e puseres o teu ninho entre as estrelas, de lá te
derribarei, diz o SENHOR” (Obadias 3-4; cf. a profecia semelhante sobre a Etiópia e a Assíria em
Sofonias 2:15). Os versículos 7 e 8 claramente tomam a sua linguagem de uma profecia sobre a
Babilônia histórica: “Ouve isto, pois, tu que és dada a prazeres, que habitas segura, que
dizes contigo mesma: Eu só, e além de mim não há outra; não ficarei viúva, nem
conhecerei a perda de filhos. Mas ambas estas coisas virão sobre ti num momento, no
mesmo dia, perda de filhos e viuvez; virão em cheio sobre ti, apesar da multidão das tuas
feitiçarias e da abundância dos teus muitos encantamentos” (Isaías 47:8-9). Compare, agora,
o que viria sobre a Babilônia do Apocalipse.
18:8 –
8 Por isso, em um só dia,
sobrevirão os seus flagelos:
morte, pranto e fome; e será
consumida no fogo, porque
poderoso é o Senhor Deus,
que a julgou.
Por isso, em um só dia, sobrevirão os seus flagelos:
morte, pranto e fome; e será consumida no fogo: A auto-
confiança da Babilônia a deixa totalmente despreparada e
vulnerável quando vem o juízo de Deus. Mais um versículo de
Isaías salienta o perigo que a Babilônia e Roma enfrentaram, o
mesmo que enfrentamos hoje numa sociedade dominada pelos
avanços da ciência e da tecnologia: “Porque confiaste na tua maldade e disseste: Não há quem
me veja. A tua sabedoria e a tua ciência, isso te fez desviar, e disseste contigo mesma: Eu
só, e além de mim não há outra” (Isaías 47:10). A palavra traduzida “flagelos” é a mesma que
descreve, em outros livros do Novo Testamento, os açoites de castigo (Atos 16:23,33; 2 Coríntios 6:5;
11:23). Aqui e outras vezes no Apocalipse, identifica os “açoites” de castigo que vêm de Deus.
Porque poderoso é o Senhor Deus, que a julgou: Roma se achou poderosa, mas se enganou.
Deus é o verdadeiro Onipotente, e ele julgou a meretriz. Ela não escapará deste castigo. Paulo disse:
“A fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1 Coríntios 1:25).
As Reações à Queda da Babilônia (18:9-20)
As reações à queda da meretriz são duas: lamentação e exultação. Primeiro, encontramos a
lamentação repetida por três grupos de dependentes de Roma: os reis, os mercadores e os pilotos.
Todos se expressam com variações do mesmo refrão: “Ai! Ai da grande cidade” (10,16,19).
Depois, três categorias dos dependentes de Deus (santos, apóstolos e profetas) são convidados a
exultarem sobre a meretriz caída (20). Agora, as lamentações:
ì Os reis lamentam sobre a meretriz (18:9-10)
18:9 –
Ora, chorarão e se lamentarão sobre ela os reis da terra...
quando virem a fumaceira do seu incêndio: Os mesmos reis
que odiavam a meretriz e contribuíram à destruição dela (17:16)
agora lamentam a queda da Babilônia. Apesar de detestar a
meretriz que os dominava (17:18), eles viviam do comércio
gerado pela luxúria dela. A destruição da meretriz teria um
impacto econômico muito negativo para os países comerciantes.
18:10 –
E, conservando-se de longe, pelo medo do seu tormento:
As nações participaram dos lucros, e até dos erros, mas não
querem se envolver na hora do castigo.
Lição 29: Caiu! Caiu a Grande Babilônia (18:1-24)
9 Ora, chorarão e se
lamentarão sobre ela os reis
da terra, que com ela se
prostituíram e viveram em
luxúria, quando virem a
fumaceira do seu incêndio
10 e, conservando-se de
longe, pelo medo do seu
tormento, dizem: Ai! Ai! Tu,
grande cidade, Babilônia, tu,
poderosa cidade! Pois, em
uma só hora, chegou o teu
juízo.
171
Dizem: Ai! Ai! Tu, grande cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade! Pois, em uma só hora,
chegou o teu juízo: A poderosa cidade que dominava os reis do mundo recebe a justa recompensa
por seu erro. O juízo de Deus chega repentinamente, tomando a orgulhosa meretriz de surpresa.
11 E, sobre ela, choram e
pranteiam os mercadores da
terra, porque já ninguém
compra a sua mercadoria,
12 mercadoria de ouro, de
prata, de pedras preciosas,
de pérolas, de linho
finíssimo, de púrpura, de
seda, de escarlata; e toda
espécie de madeira
odorífera, todo gênero de
objeto de marfim, toda
qualidade de móvel de
madeira preciosíssima, de
bronze, de ferro e de
mármore;
13 e canela de cheiro,
especiarias, incenso,
ungüento, bálsamo, vinho,
azeite, flor de farinha, trigo,
gado e ovelhas; e de
cavalos, de carros, de
escravos e até almas
humanas.
14 O fruto sazonado, que a
tua alma tanto apeteceu, se
apartou de ti, e para ti se
extinguiu tudo o que é
delicado e esplêndido, e
nunca jamais serão achados.
15 Os mercadores destas
coisas, que, por meio dela,
se enriqueceram,
conservar-se-ão de longe,
pelo medo do seu tormento,
chorando e pranteando,
16 dizendo: Ai! Ai da grande
cidade, que estava vestida
de linho finíssimo, de
púrpura, e de escarlata,
adornada de ouro, e de
pedras preciosas, e de
pérolas,
17 porque, em uma só hora,
ficou devastada tamanha
riqueza!
í Os mercadores lamentam sobre a meretriz (18:11-
17a)
18:11 –
E, sobre ela, choram e pranteiam os mercadores da terra,
porque já ninguém compra a sua mercadoria: Confirmação
do motivo egoísta da tristeza das nações! Não choraram por
amor de Roma, e sim por perda de lucros! O egoísmo e o
materialismo são características de pessoas carnais. Roma
mostrou este mesmo espírito, e os sujeitos que participavam da
prostituição dela, também, se mostraram carnais. “Mercadores”
vem de uma palavra que sugere atacadistas, aqueles que
transportaram mercadoria de longe para vender em grandes
quantidades.
18:12-14 –
Mercadoria de ouro, de prata, de pedras preciosas...: Esta
lista de produtos mostra a extrema riqueza da meretriz. Consumia
todo tipo de mercadoria de luxo, até escravos. A opulência de
Roma levou a cidade ao exagero de um consumismo
desenfreado, e as nações exportadoras lucraram com isso.
A lista de mercadoria nestes versículos é paralela, embora mais
resumida, à lista de Ezequiel 27 e 28. Aquela profecia falou da
mercadoria comprado por Tiro, um porto que controlava, na sua
época, uma boa parte do comércio do Mediterrâneo. Os
produtos citados vêm de diversos países em continentes
diferentes. Roma, na época do Apocalipse, controlava o
comércio no mar Mediterrâneo e, com isso, uma boa parte dos
negócios entre os continentes da Ásia, África e Europa. A palavra
traduzida “mercadoria” normalmente indica frete de um navio.
Estes versículos reforçam a interpretação da meretriz como
símbolo de Roma e sua vida comercial e materialista.
Nunca jamais serão achados: Depois de gerações de luxo,
Roma não teria mais o domínio comercial e a facilidade de obter
estas mercadorias. Perderia poder e prosperidade e, como
conseqüência, sua capacidade de satisfazer seus próprios
apetites.
18:15-17a –
Os mercadores destas coisas, que, por meio dela, se
enriqueceram, conservar-se-ão de longe, pelo medo do
seu tormento, chorando e pranteando, dizendo Ai! Ai da
grande cidade: Os mercadores, como os reis (18:10), ficam
longe da meretriz e repetem o refrão de lamentação: “Ai! Ai da
grande cidade!”
Que estava vestida de linho finíssimo, de púrpura...: A descrição da meretriz (17:4). Agora ele
deixa claro o significado, frisando a prosperidade e materialismo da cidade.
172
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
Porque, em uma só hora, ficou devastada tamanha riqueza: A Babilônia tinha tudo, e se achava
superior a todos. Agora, pela declaração de Deus, perde tudo.
î Os pilotos lamentam sobre a meretriz (18:17b-19):
18:17b –
E todo piloto, e todo aquele que navega livremente, e marinheiros, e quantos labutam no
mar conservaram-se de longe: Já observamos a importância do poder de Roma sobre o mar
Mediterrâneo. As economias de nações dependiam do comércio com Roma e, por isso, os reis
lamentaram (18:9-10). Os mercadores dependiam deste comércio, dando-lhes motivo para chorar
(18:11-17). Os pilotos, também, dependiam do transporte de
mercadoria. Mas, como os outros, eles ficam longe na hora do
castigo da grande cidade, porque não querem sofrer com ela.
17 E todo piloto, e todo
aquele que navega
18:18 –
livremente, e marinheiros, e
quantos labutam no mar
Então, vendo a fumaceira do seu incêndio, gritavam: Que
conservaram-se de longe.
cidade se compara à grande cidade?: As palavras de
18 Então, vendo a
blasfêmia de novo! Os aliados do diabo se exaltaram diante dos
fumaceira do seu incêndio,
homens tanto que os habitantes da terra acreditavam, por um
gritavam: Que cidade se
tempo, nas suas arrogantes afirmações (cf. os comentários sobre
compara à grande cidade?
Miguel e a besta do mar em 13:4, lição 22). Mas o motivo desta
19 Lançaram pó sobre a
arrogância sumiu numa nuvem de fumaça subindo da cidade!
cabeça e, chorando e
pranteando, gritavam: Ai! Ai
18:19 –
da grande cidade, na qual se
Lançaram pó sobre a cabeça e, chorando e pranteando,
enriqueceram todos os que
gritavam: Uma cena igual à lamentação dos pilotos quando Tiro
possuíam navios no mar, à
caiu (Ezequiel 27:27-32). Lançar pó sobre a cabeça mostra
custa da sua opulência,
angústia e tristeza (Jó 2:12; Ezequel 27:30).
porque, em uma só hora, foi
devastada!
Ai! Ai da grande cidade: O terceiro refrão destas lamentações.
Na qual se enriqueceram todos os que possuíam navios
no mar, à custa da sua opulência, porque, em uma só hora, foi devastada!: O motivo dos
pilotos, como o dos mercadores, é egoísta. Nada de tristeza pela meretriz. Eles choram porque
perderam os seus contratos como transportadores.
A Exultação dos Santos (18:20):
Os reis, mercadores e pilotos podem lamentar, mas a queda da Babilônia é ocasião de alegria para
os servos do Senhor!
18:20 –
20 Exultai sobre ela, ó céus,
e vós, santos, apóstolos e
profetas, porque Deus contra
ela julgou a vossa causa.
Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e
profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa: Os
habitantes da terra podem lamentar, mas os que habitam no céu
celebram a vitória! A causa dos fiéis foi o assunto das orações
dos santos (5:8; 8:4) e das petições das almas debaixo do altar no quinto selo (6:9-11). Santos,
apóstolos e profetas foram perseguidos e oprimidos por aqueles que habitam sobre a terra. A queda
da Babilônia, a meretriz que bebera o sangue dos santos (17:6), foi um passo importante na direção
da vindicação total da causa dos servos do Senhor.
A Derrota Total da Babilônia (18:21-24)
A primeira vez que a palavra Babilônia aparece no Apocalipse foi para anunciar a queda dela (14:8).
A última vez que aparece (18:21) é para declarar a sua derrota total e final.
Lição 29: Caiu! Caiu a Grande Babilônia (18:1-24)
173
18:21 –
Então, um anjo forte levantou uma pedra como grande pedra de moinho e arrojou-a para
dentro do mar: Foi um anjo forte que procurou alguém para abrir o livro e revelar a vontade de Deus
(5:2). Foi um anjo forte que desceu do céu e jurou que o mistério
de Deus seria cumprido (10:1-7). Agora, um anjo forte joga a
21 Então, um anjo forte
grande pedra no mar, declarando a finalidade do castigo previsto.
levantou uma pedra como
Jesus usou a figura de lançar alguém no mar com uma grande
grande pedra de moinho e
pedra de moinho pendurada no pescoço para descrever a morte
arrojou-a para dentro do
(Mateus 18:6; Marcos 9:42). Este ato simbólico do anjo declara
mar, dizendo: Assim, com
a morte, a derrota total, da meretriz.
ímpeto, será arrojada
Babilônia, a grande cidade, e
Assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia, a grande
nunca jamais será achada.
cidade, e nunca jamais será achada: Em relação à
interpretação literal ou figurada desta profecia, leia os
comentários sobre 18:2. Da mesma maneira que entendemos as profecias sobre a Babilônia histórica,
aceitamos estas profecias sobre a destruição da Babilônia simbólica. O ponto não é a forma do
castigo, mas sua certeza. Ela afirmou, na sua arrogância, que nunca veria pranto (18:7). Deus declara
que ela nunca será vista, e nunca verá a vida! A Babilônia foi jogada no mar e se afundou. Jamais
levantará a sua mão contra os servos do Senhor. Compare a profecia sobre a Babilônia antiga em
Jeremias 51:63-64.
O estado de morte da meretriz é descrito nas figuras nos versículos seguintes. É uma cidade morta.
Não há nela os sons de festa, nem os sons do trabalho de fábricas, nem de produção de alimentos;
não há luz, pois a cidade se escureceu. O que acha é apenas o sangue dos santos, motivo da morte
da meretriz.
22 E voz de harpistas, de
músicos, de tocadores de
flautas e de clarins jamais
em ti se ouvirá, nem artífice
algum de qualquer arte
jamais em ti se achará, e
nunca jamais em ti se ouvirá
o ruído de pedra de moinho.
18:22 –
E voz de harpistas, de músicos, de tocadores de flautas e
de clarins jamais em ti se ouvirá: A festa acabou! A alegria da
música, característica de uma cidade de luxúria e prosperidade,
cessou. A Babilônia nunca voltaria a ter a mesma alegria.
Nem artífice algum de qualquer arte jamais em ti se
achará: A cidade era um centro de atividade comercial, mas
agora pararam para sempre as atividades de artesanato e
produção.
Nunca jamais em ti se ouvirá o ruído de pedra de moinho: Nenhum barulho de produção de
alimentos. O silêncio da morte toma conta da cidade.
18:23-24 –
23 Também jamais em ti
brilhará luz de candeia; nem
voz de noivo ou de noiva
jamais em ti se ouvirá, pois
os teus mercadores foram os
grandes da terra, porque
todas as nações foram
seduzidas pela tua feitiçaria.
24 E nela se achou sangue
de profetas, de santos e de
todos os que foram mortos
sobre a terra.
174
Também jamais em ti brilhará a luz de candeia: Mais um
sinal de uma cidade morta. Nenhum som e nenhuma luz.
Nem voz de noivo ou de noiva jamais em ti se ouvirá: O
casamento sempre é um sinal de esperança, de planos para o
futuro (Mateus 24:38). Mas a Babilônia não tem futuro; não terá
nela as vozes de noivos.
Pois os teus mercadores foram os grandes da terra: A
Babilônia foi exaltada e exercia poder e influência sobre os outros.
Os motivos do castigo dela são resumidos em dois pontos:
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
ì Porque todas as nações foram seduzidas pela tua feitiçaria: A meretriz seduziu as nações,
que participaram com ela na sua prostituição. Este envolvimento dos povos com a Babilônia foi um
dos pontos principais deste capítulo.
í E nela se achou sangue de profetas, de santos e de todos os que foram mortos sobre a
terra: Mais uma vez, ele volta ao motivo maior do castigo de Roma. Perseguia os santos e se
embriagou com o sangue deles (17:6). Deus castiga a Babilônia como ato de justiça, trazendo a
merecida vingança pela perseguição do povo do Senhor. A súplica do quinto selo está sendo
respondida!
Conclusão
O
anjo de Deus desceu do céu e declarou: “Caiu! Caiu a grande Babilônia” (18:2). Seguiu-se
o coro dos habitantes da terra lamentando a queda da grande meretriz. Os reis, os mercadores
e os marinheiros repetiam o mesmo refrão: “Ai! Ai da grande cidade” (18:10,16,19). A cena
final deste capítulo descreve a cidade, antigamente grande e ativa, tomada pelo silêncio de uma
tumba. A Babilônia, por se exaltar e por se colocar em oposição a Deus, foi jogada no mar e
totalmente derrotada pelo Senhor. E os santos, os fiéis que não cederam às pressões da perseguição,
celebraram a vitória da justiça divina.




Apocalipse: Lição 30
São Chegadas as Bodas do Cordeiro
(Apocalipse 19:1-10)
A
ntes de começar as séries de julgamentos, o Apocalipse já afirma a posição exaltada do Senhor.
Jesus recebe “a glória e o domínio pelos séculos dos séculos” (1:6). O Senhor Deus é o
Todo-Poderoso (1:8; 4:8). O Pai senta no trono, vive eternamente e recebe das suas criaturas “a
glória, a honra e o poder” (4:9-11). O Pai e o Filho recebem “o domínio pelos séculos dos
séculos” (5:13).
As cenas de julgamento demonstram a soberania de Deus. No intervalo entre os sexto e sétimo selos,
Deus está no trono e recebe o louvor daqueles que proclamam que ele possui o poder e a força pelos
séculos dos séculos (7:12). A sétima trombeta declara o reino universal de Cristo, que “reinará pelos
séculos dos séculos”, dizendo que o “Senhor Deus, Todo-Poderoso” assumiu seu grande poder
e passou a reinar (11:15-17). Os conflitos do capítulo 12 mostram o fracasso do dragão, porque
“Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo”
(12:10). A cena no monte Sião, antes das vozes do capítulo 14, mostra o Cordeiro em pé sobre o
monte (14:1). No intervalo antes do derramamento das sete taças, os vencedores adoram o “Senhor
Deus, Todo-Poderoso”, o “Rei das nações” (15:3). A vitória sobre a grande meretriz foi garantida,
pois o Cordeiro é “o Senhor dos senhores e o Rei dos reis” (17:14).
Mas houve momentos em que estas verdades sobre a primazia de Deus se tornaram mais obscuras:
Quando a besta venceu as duas testemunhas (11:7); quando o dragão se mostrou forte diante da
mulher (12:3-4); quando a besta do mar se exaltou e desafiou e venceu os servos de Deus com suas
palavras arrogantes e blasfemadoras (13:4-7); quando a besta da terra fez morrer aqueles que
recusaram adorar a besta (13:15); e quando a grande meretriz se embriagou com o sangue dos santos
(17:6). É difícil manter uma confiança total no Senhor quando parece que o mal vence o bem.
Os últimos cinco capítulos do Apocalipse servem para apagar qualquer dúvida que tenha sobrado.
Deus é o Soberano que reina eternamente, e os fiéis que confiam no sangue do Cordeiro vencem para
participar do reino eterno. A vitória total e final é dos santos. As bodas do Cordeiro representam a
celebração desta grande vitória.
19:1 –
Depois destas coisas, ouvi no céu uma como grande voz de numerosa multidão: Três vezes
neste livro encontramos a numerosa ou grande multidão, sempre no céu e sempre adorando ao
Senhor (7:9-10; 19:1; 19:6).
Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso
Deus: A palavra “aleluia”, embora comum em expressões de
louvor em nossos dias, aparece em apenas dois livros da Bíblia
– os Salmos e o Apocalipse. Vem do hebraico e significa “louve
a Deus” (Jah ou Yah, uma contração de YHWH, Jeová ou Javé).
No Apocalipse, a forma grega da palavra aparece apenas quatro
vezes, todas neste capítulo (19:1,3,4,6). Cada vez que
pronunciamos esta palavra, falamos o nome de Deus e, por isso,
deve ser falada com toda reverência e respeito. Não é uma palavra comum ou uma mera interjeição,.e
sim, uma expressão de adoração ao Senhor. As outras palavras usadas aqui são expressões comuns
do louvor dado ao Senhor no Apocalipse (como também em outros livros): salvação (7:10; 12:10),
glória (1:6; 4:9,11; 5:12,13; 7:12; 11:13; 14:7; 16:9; 19:7; 21:26), poder (4:11; 5:12; 7:12; 11:17;
12:10).
1 Depois destas coisas, ouvi
no céu uma como grande
voz de numerosa multidão,
dizendo: Aleluia! A salvação,
e a glória, e o poder são do
nosso Deus
176
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
19:2 –
Porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos: A
mesma mensagem e o mesmo motivo de louvor encontrados na
terceira taça (16:4-7). Deus, por ser santo, é absolutamente justo.
2 porquanto verdadeiros e
justos são os seus juízos,
pois julgou a grande meretriz
que corrompia a terra com a
sua prostituição e das mãos
dela vingou o sangue dos
seus servos.
Pois julgou a grande meretriz que corrompia a terra com
a sua prostituição e das mãos dela vingou o sangue dos
seus servos: No julgamento da Babilônia, Deus se mostrou
justo e respondeu à petição das almas debaixo do altar, no quinto
selo, que esperavam a vingança contra seus perseguidores (6:9-11).
19:3 –
Segunda vez disseram: Aleluia!: A multidão repete sua
palavra de adoração, dando honra a Deus.
3 Segunda vez disseram:
Aleluia! E a sua fumaça sobe
pelos séculos dos séculos.
E a sua fumaça sobe pelos séculos dos séculos: A fumaça
acompanha várias figuras do castigo divino (cf. 9:18; 14:11).
Subiu de Sodoma e Gomorra (Gênesis 19:28). Deus respondeu
à oração de Davi quando este pediu livramento das mãos de
Saul. Davi descreveu a justiça divina, dizendo: “Das suas narinas, subiu fumaça, e da sua boca,
fogo devorador” (2 Samuel 22:9; cf. Salmo 18:8; 37:20). Isaías falou de “espessas nuvens de
fumaça” para descrever o castigo de Israel (Isaías 9:18). Como conseqüência do julgamento divino
de Edom e das nações, “Nem de dia nem de noite se apagará; subirá para sempre a sua
fumaça” (Isaías 34:10). Sobe para sempre ou pelos séculos dos séculos, não literalmente, mas para
mostrar a vitória total do Senhor sobre a Babilônia.
19:4 –
Os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes
prostraram-se e adoraram a Deus, que se acha sentado no
trono: Semelhante às “ondas de louvor” dos capítulos 4 e 5, mas
aqui a adoração começa com a grande multidão e continua com
os 24 anciãos e os quatro seres viventes. Deus permanece no
trono. Imperadores vêm e vão, mas o Todo-Poderoso continua
governando o seu reino universal e eterno.
4 Os vinte e quatro anciãos
e os quatro seres viventes
prostraram-se e adoraram a
Deus, que se acha sentado
no trono, dizendo: Amém!
Aleluia!
Dizendo: Amém! Aleluia!: Que seja assim! Louve a Deus!
19:5 –
Saiu uma voz do trono, exclamando: Esta voz não é de Deus, pois chama os servos para louvar
ao “nosso Deus”. Quem poderá estar junto ao trono de Deus? Há algumas possibilidades: ì Os quatro
seres viventes ficam “no meio do trono e à volta do trono”
(4:6); í Os vencedores recebem a promessa de sentar com
5 Saiu uma voz do trono,
Jesus no seu trono (3:21) para reinar com ele (2:26-27). Eles
exclamando: Dai louvores ao
entram na presença de Deus e ele estende sobre eles o seu
nosso Deus, todos os seus
tabernáculo (7:14-15). São colunas permanentes no santuário de
servos, os que o temeis, os
Deus (3:12).
pequenos e os grandes.
Dai louvores ao nosso Deus, todos os seus servos, os que
o temeis, os pequenos e os grandes: Toda criatura, da menor ao maior, deve honra ao Senhor
(cf. 5:8-14). Temer significa ter medo ou respeitar e reverenciar. Deus merece o temor de todas as suas
criaturas (cf. 1 Pedro 2:17).
Lição 30: São Chegadas as Bodas do Cordeiro (19:1-10)
177
19:6 –
Então, ouvi uma como voz de numerosa multidão: Voltamos ao início de uma nova “onda de
louvor” no ponto de partida, a numerosa multidão (19:1).
6 Então, ouvi uma como voz
de numerosa multidão, como
de muitas águas e como de
fortes trovões, dizendo:
Aleluia! Pois reina o Senhor,
nosso Deus, o
Todo-Poderoso.
Como de muitas águas e como de fortes trovões: Estas
descrições identificam, em outros versículos, a forte voz de Jesus
(1:15), dos sons que vêm do trono (4:5; 8:5; 11:19; 16:17-18),
ou de um grande número de adoradores (14:2). Aqui, é a voz
coletiva da grande multidão.
Dizendo: Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o
Todo-Poderoso: O dragão queria reinar, mas não conseguiu. A
besta se achava única, mas sua autoridade duraria pouco tempo
(13:4-5). A meretriz dominava os reis do mundo, mas ela caiu (17:18; 18:2). Das dez vezes que a
palavra traduzida aqui por “Todo-Poderoso” aparece no Novo Testamento, nove estão no Apocalipse
(1:8; 4:8; 11:17; 15:3; 16:7,14; 19:6,15; 21:22).
19:7 –
Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro:
Anunciam o motivo da celebração: é uma festa de casamento! O Cordeiro receberá a sua noiva! A
figura do casamento para representar a relação de Deus com o seu povo é usada no Velho Testamento
para falar sobre o povo judeu. Deus tomou Israel (ou Judá) como
sua esposa, mas ela foi infiel, cometendo adultério espiritual
(Ezequiel 16; Oséias 2 e 3). No Novo Testamento, Cristo se
7 Alegremo-nos, exultemos e
entregou por sua noiva, e quer que ela seja “gloriosa, sem
demos-lhe a glória, porque
mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e
são chegadas as bodas do
sem defeito” (Efésios 5:25-27).
Cordeiro, cuja esposa a si
mesma já se ataviou
Cuja esposa a si mesma já se ataviou: Ela se preparou para
o casamento, como uma noiva se prepara para se apresentar ao
noivo. A idéia da noiva nas Escrituras exige o esforço da igreja para se apresentar pura e sem mancha.
Paulo disse: “Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos
apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo” (2 Coríntios 11:2).
19:8 –
Pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro: A meretriz, a grande
cidade mundana, estava vestida de linho finíssimo, mas sua posição como rainha durou pouco tempo.
Linho fino é a roupa adequada para um servo na presença de um rei (Gênesis 41:2). Foi usado nas
vestes sacerdotais no Velho Testamento (Êxodo 28:5,6,8,15,39,42; 1 Samuel 2:18; 22:18). Deus vestiu
sua esposa em linho fino (Ezequiel 16:10,13). Em outros trechos
do Apocalipse, linho finíssimo mostra a pureza dos servos de
8 pois lhe foi dado vestir-se
Deus. É vestido pelos anjos que saem do santuário com os sete
de linho finíssimo,
flagelos (15:6; cf. Ezequiel 10:2-7). A noiva que se apresenta a
resplandecente e puro.
Cristo é vestida de linho fino.
Porque o linho finíssimo são
Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos
os atos de justiça dos
santos: O significado do linho, como já deduzimos das citações
santos.
acima, é a pureza dos servos obedientes. Este versículo não nega
a importância da graça divina na nossa salvação, como vários
outros versículos deste livro enfatizam (7:14; 12:11; etc.). Ele frisa a necessidade da fé obediente
(14:12; cf. Tiago 1:25; 2:24).
178
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
19:9 –
Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das
bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus: Uma
afirmação importante, cuja veracidade é frisada de várias
maneiras: ì O anjo mandou que João escrevesse estas palavras
(assim reforçando a ordem geral de 1:19); í Ele enfatizou que as
9 Então, me falou o anjo:
Escreve: Bem-aventurados
palavras são verdadeiras. Obviamente, tudo que Deus fala é a
aqueles que são chamados
verdade, mas esta palavra destaca mais ainda a importância
à ceia das bodas do
desta afirmação; î Disse que são palavras de Deus, a fonte de
Cordeiro. E acrescentou:
altíssima autoridade.
São estas as verdadeiras
A mensagem é a quarta das sete bem-aventuranças do livro (cf.
palavras de Deus.
lição 3). Quem são estas pessoas abençoadas? Os vencedores,
os obedientes, os santos, os que não amaram a própria vida e se
ofereceram totalmente ao Senhor. Neste contexto, a aplicação primária deve ser feita aos vencedores
no contexto da perseguição romana. A figura do casamento de Cristo com a sua igreja, porém,
estende-se aos outros fiéis (1 Coríntios 11:2; Efésios 5:27). Os mártires da época de João acham a sua
vindicação na derrota da meretriz e, logo em seguida, na queda das bestas e do dragão. A igreja de
todos os lugares e de todas as épocas realiza a sua vitória em chegar à presença do Senhor – ou pela
morte dos fiéis (2 Timóteo 4:6-8) ou pela segunda vinda de Jesus (1 Tessalonicenses 4:16-18).
19:10 –
Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo: A primeira de duas vezes que João prepara-se para
adorar um anjo (cf. 22:8). Alguns sugerem que fosse o mesmo episódio relatado duas vezes. Há várias
explicações deste ato do apóstolo: ì Alguns comentaristas dizem
que não foi um ato do próprio João, mas que ele se viu nas
10 Prostrei-me ante os seus
visões agindo desta maneira. Assim, o ato dele faz parte da cena
pés para adorá-lo. Ele,
e serve como advertência sobre o perigo da idolatria, sem sugerir
porém, me disse: Vê, não
qualquer erro real cometido pelo apóstolo; í Outros sugerem
faças isso; sou conservo teu
que João se confundiu, achando que o anjo fosse o próprio
e dos teus irmãos que
Jesus e, assim, merecedor de adoração; î Uma outra explicação
mantêm o testemunho de
é que João ficou tão maravilhado com a cena das bodas que caiu
Jesus; adora a Deus. Pois o
impulsivamente para dar homenagem ao anjo que lhe mostrou
testemunho de Jesus é o
as coisas da visão; ï A outra possibilidade é que João errou e,
espírito da profecia.
agindo sem refletir, começou a dar louvor impróprio ao anjo.
Enquanto todas estas explicações parecem plausíveis, e eu não tomaria uma posição dogmática,
parece-me que a última – que João falhou e foi repreendido – seja a mais natural e menos complicada.
Seria inteiramente natural, nas Escrituras, revelar as falhas de um bom homem. Noé, Abraão, Moisés,
Gideão, Davi, Pedro e outros heróis bíblicos cometeram erros graves, e os relatos nas Escrituras não
escondem estas falhas. Não esperaríamos um erro desta gravidade do apóstolo velho e fiel, mas não
é fora de cogitação.
Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm
o testemunho de Jesus; adora a Deus: Independente do motivo ou da explicação dada às ações
de João, a resposta do anjo reforça um fato importante. A adoração pertence exclusivamente a Deus
(cf. Mateus 4:10; Atos 10:25-26; 14:11-18). O problema fundamental no Apocalipse é a tentação de
adorar falsos deuses, especificamente a besta. Historicamente, os romanos aceitavam bem as diversas
religiões dos povos sujeitos, pois estes meramente acrescentaram mais alguns deuses aos seus
sistemas politeístas. Os judeus e os cristãos, porém, foram perseguidos, em alguns períodos da
história, porque, como adoradores de um só Deus, rejeitaram os deuses dos romanos. Quando
recusaram a louvar os deuses, foram vistos erroneamente como ateístas. Esse ato de João em se
prostrar diante do anjo ilustra o perigo de qualquer um cair na idolatria de dar honra indevida a
Lição 30: São Chegadas as Bodas do Cordeiro (19:1-10)
179
criaturas, e não ao Criador. Todos, até o próprio apóstolo, precisam da admoestação do final de sua
primeira carta: “Guardai-vos dos ídolos”.
O anjo se viu como conservo. Ele é uma criatura, mais próximo, em natureza, do homem do que do
Criador.
O testemunho de Jesus deve ser guardado. O evangelho não é apenas uma história interessante. É
uma mensagem que exige uma reação. O evangelho deve ser obedecido (Romanos 10:16; 2
Tessalonicenses 1:8; 1 Pedro 4:17).
Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia: Jesus é a essência de profecia, pois ela
olha para o Senhor dos senhores e Rei dos reis. A importância não deve ser dada ao anjo ou a
qualquer outro mensageiro. Jesus é o personagem principal da revelação do mistério de Deus. Ele,
e não os anjos, merece a adoração. A aceitação de adoração por parte de Jesus e a ordem do Pai que
ele fosse adorado (Hebreus 1:6) são algumas das provas da divindade dele. As palavras verdadeiras
e as profecias que vêm de Deus nos levam a honrar e adorar a Jesus. Adoração de qualquer criatura,
mesmo de um anjo, seria errado, uma forma de idolatria. Veremos nos próximos versículos o destino
da besta – o objeto de louvor dos ímpios – e do falso profeta que induz os homens a adorá-la.
Conclusão
U
ma mulher caiu, e a outra foi conduzida à grande celebração do seu casamento com o Cordeiro
de Deus! Todo o seu esforço em se manter pura valeu a pena, porque agora ela recebe a
recompensa da bênção da comunhão e proteção divinas.





Apocalipse: Lição 31
Jesus Vence as Bestas
(Apocalipse 19:11-21)
O
último inimigo apresentado foi o primeiro derrotado. A Babilônia caiu e os habitantes da terra
lamentaram a sua destruição. Agora chegamos à segunda fase da vitória de Jesus, a destruição
das bestas. Este trecho fala
principalment e sob re o
Vencedor, dando muito mais
destaque ao Verbo de Deus do
que aos adversários. A ênfase
está no caráter de Jesus, pois a
vitória vem de sua natureza
justa e pura. Quando chega à
cena da batalha, tudo passa
num piscar de olhos. A vitória
divina é certa e total. Jesus é o
Rei dos reis e Senhor dos
senhores!
19:11 –
Vi o céu aberto: O céu aberto em João 1:51 mostra o papel essencial de Jesus na salvação, dando
aos homens acesso ao céu. Em Atos 10:11, o céu aberto revela a mensagem da salvação dos gentios.
Agora, o céu aberto revela a salvação dos fiéis depois das tribulações sofridas pelas mãos dos
perseguidores.
E eis um cavalo branco: A identificação do cavalo e do cavaleiro vencedor do primeiro selo (6:1-2)
depende, em parte, deste trecho. Aqui, não há dúvida sobre o cavaleiro, que logo será identificado
como o Verbo de Deus (19:13). Já sabendo que se trata de Jesus, observemos bem as características
destacadas nesta descrição.
O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro: Jesus é “a
testemunha fiel e verdadeira” (3:14; cf. 1:5; 2 Coríntios 1:20-
22).
11 Vi o céu aberto, e eis um
cavalo branco. O seu
cavaleiro se chama Fiel e
Verdadeiro e julga e peleja
com justiça.
E julga e peleja com justiça: Esta descrição destaca dois
aspectos interligados do trabalho de Jesus: ì Ele julga. Na vinda
de Jesus ao mundo, ele já julgou os homens que amavam as
trevas (João 3:19). O Pai deu ao Filho o poder de julgar (João 5:22,27,30; 8:16; Atos 17:31; Romanos
2:16; 2 Timóteo 4:1). í Ele peleja. A consolação dos santos depende de sua confiança no
comandante. Na saída do Egito, Moisés prometeu que o Senhor pelejaria pelos israelitas (Êxodo
14:14). Prometeu a mesma coisa quando discutiram sobre a conquista da terra prometida, mas o povo
não confiou no Senhor, achando os inimigos mais poderosos do que o próprio Senhor (Deuteronômio
1:26-32). Este exemplo tem significado especial em relação à mensagem do Apocalipse, pois a
questão que os cristãos da época – como os de todas as épocas – enfrentaram foi a mesma: confiar
em Deus ou temer os inimigos? A resposta certa vem das palavras de Moisés: “Não os temais,
porque o SENHOR, vosso Deus, é o que peleja por vós” (Deuteronômio 3:22). As orações de
Daniel foram respondidas por uma visão de um homem de aparência semelhante ao cavaleiro aqui,
que pelejava contra o príncipe da Pérsia (Daniel 10). Conhecimento desse guerreiro trouxe conforto
ao profeta. Da mesma maneira que o povo de Israel procurou um rei guerreiro em Saul (1 Samuel
8:19-20) e achou um verdadeiro guerreiro no rei Davi (2 Samuel 5:1-3), os servos no Apocalipse
Lição 31: Jesus Vence as Bestas (19:11-21)
181
procuram e acham em Jesus o perfeito guerreiro rei que irá adiante deles para enfrentar e esmagar
o inimigo (6:10; 19:14).
19:12 –
Os seus olhos são chama de fogo: A mesma descrição de Jesus em 1:14 (cf.comentários na lição
4), que nos lembra do guerreiro de Daniel 10:6. Ele vê tudo.
12 Os seus olhos são
chama de fogo; na sua
cabeça, há muitos diademas;
tem um nome escrito que
ninguém conhece, senão ele
mesmo.
Na sua cabeça, há muitos diademas: Nas duas outras vezes
que esta palavra aparece no livro, diademas representam
autoridade e poder – do dragão (12:3) e da besta do mar (13:1).
Aqui, obviamente, demonstram a autoridade e o poder de Jesus.
No Velho Testamento, diademas ou mitras representam a glória
de uma pessoa (Provérbios 1:9; 4:9; Ezequiel 21:26). Deus é o
diadema ou a glória do seu povo (Isaías 28:5), e seu povo fiel é
a glória na cabeça dele (Isaías 62:3; cf. Efésios 1:12). Jesus foi
coroado de glória (Hebreus 2:9).
Tem um nome escrito que ninguém conhece, senão ele mesmo: Nomes dados representam
o caráter ou as características de uma pessoa (Marcos 3:16-17; Lucas 8:30; João 17:26). Jesus
merece um nome superior aos outros (Hebreus 1:4; Filipenses 2:9). Mesmo quando ouvimos nomes
atribuídos a Jesus (como “o Verbo de Deus” do próximo versículo), não conseguimos compreender
a grandeza do seu caráter. Ele continua sendo santo e sublime.
19:13 –
Está vestido com um manto tinto de sangue: O sangue de quem? Há, pelo menos, três
explicações possíveis: ì O sangue dele mesmo. Certamente foi o sangue do Cordeiro que trouxe a
redenção e garantiu a vitória dos fiéis (cf. 1:5; 5:9; 7:14; 12:11;
22:14); í O sangue dos mártires, o motivo da vingança que o
13 Está vestido com um
cavaleiro traz (cf. 6:10; 16:6; 17:6; 18:24; 19:2); î O sangue dos
manto tinto de sangue, e o
inimigos vencidos pelo Senhor (cf. 14:20). A figura similar numa
seu nome se chama o Verbo
profecia do Antigo Testamento pode esclarecer o sentido,
de Deus;
favorecendo a terceira opção citada. O guerreiro volta de Edom
com o sangue dos inimigos na sua roupa (Isaías 63:1-6).
E o seu nome se chama o Verbo de Deus: Um nome usado para identificar Jesus em João 1:1,
14 e 1 João 1:1. O cavaleiro no cavalo branco é Jesus Cristo.
19:14 –
E seguiam-no os exércitos que há no céu: Quase 250 vezes, a Bíblia fala de Deus como o
“Senhor dos Exércitos”, uma forte afirmação de sua onipotência. Deus chamou “da extremidade
do céu, ... os instrumentos da sua indignação” contra a
Babilônia (Isaías 13:4-5).
14 e seguiam-no os
Montando cavalos brancos, com vestiduras de linho
exércitos que há no céu,
finíssimo, branco e puro: A descrição dos cavalos e cavaleiros
montando cavalos brancos,
mostra que compartilham das qualidades do seu Senhor. As
com vestiduras de linho
figuras aqui frisam a santidade, a justiça e a vitória (cf. 3:4-5,18;
finíssimo, branco e puro.
4:4; 6:11; 15:6; 19:8). As vestiduras dos vencedores foram
lavadas no sangue do Cordeiro (7:9,13-14; 22:14).
19:15 –
Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações: Uma característica de Cristo
em 1:16, a espada da boca mostra o poder da palavra dele para julgar e castigar. Esta espada pode
ser usada para pelejar contra igrejas que não se arrependem das suas obras más (2:16). Aqui, porém,
182
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
é usada para castigar as nações ímpias. O efeito é semelhante ao
da vara de ferro com qual Jesus domina e quebra nações, o
próximo aspecto desta descrição.
E ele mesmo as regerá com cetro de ferro: O domínio de
Cristo como descrito em 12:5, usando o conceito da profecia de
Davi (Salmo 2:6-9). Os servos de Jesus participam deste reino
em 2:26-27, como vêm os cavaleiros do exército para participar
com Jesus aqui.
15 Sai da sua boca uma
espada afiada, para com ela
ferir as nações; e ele mesmo
as regerá com cetro de ferro
e, pessoalmente, pisa o
lagar do vinho do furor da ira
do Deus Todo-Poderoso.
E, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso: Sobre o
vinho e o lagar, veja os comentários sobre 14:8-10,19-20 na lição 25. As pessoas que tentam negar
a severidade de Jesus, sugerindo uma diferença de caráter entre o Deus do Velho Testamento e o do
Novo enfrentam grandes dificuldades com versículos como este.
Jesus, pessoalmente, aplica o castigo e traz o furor de Deus
Senhor e SENHOR
sobre os ímpios. Doutrinas que enfatizam o amor de Deus até o
no Velho e no Novo
ponto de rejeitar a sua santidade e justiça distorcem o
Testamentos
ensinamento das Escrituras e oferecem aos pecadores uma
consolação falsa. Mesmo na época da graça da Nova Aliança,
Muitas versões da Bíblia (inclusive
a ARA2 usada com o a base
não podemos esquecer da severidade de Deus sobre os
textual destes estudos) usam a
desobedientes (Romanos 11:22; 2 Tessalonicenses 1:7-9;
diferença entre letras m inúsculas
Hebreus 10:26-31).
e m aiúsculas para refletir um a
diferença no texto original.
Q uando aparece S E N H O R no
Velho Testam ento, representa o
Tetragram a YHW H, que algum as
outras versões traduzem com o
Javé, Jeová, Yahweh, etc. (cf. as
notas na Bíblia de Estudo
Almeida, da SBB, sobre Gênesis
2:4 e Êxodo 3:15). Senhor, no
Velho Testam ento, representa
outros títulos ou nom es, ou de
Deus ou de hom ens.
O Novo Testam ento foi escrito em
grego, não em hebraico e, por
este m otivo, o Tetragram a não
aparece nele. Qualquer tentativa
de inserir o Tetragram a no Novo
Testam ento é um a alteração
hum ana, e não um a tradução do
original.
O uso de m aiúsculas em
versículos com o Apocalipse 19:16
não deve ser m al-entendido com o
referência ao Tetragram a. O
m otivo aqui é outro: vários títulos
são apresentados em m aiúsculas
(cf. 17:5; Mateus 27:37; etc.).
19:16 –
Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: Nesta
cena, Jesus se prepara para enfrentar os inimigos, e o nome
mostrado na coxa e no
manto é o nome pelo qual
16 Tem no seu manto e na
todo o mundo
o
sua coxa um nome inscrito:
conhecerá. Já sabemos de
REI DOS REIS E SENHOR
outros nomes: um que só
DOS SENHORES.
ele conhece (19:12); outros
pelos quais ele é conhecido
pelos seus discípulos (o Verbo de Deus – 19:13; a Fiel
Testemunha – 1:5; o Primogênito dos mortos – 1:5; o Soberano
dos reis da terra – 1:5; o Filho de Deus – 2:18; o Santo, o
Verdadeiro – 3:7; o Amém – 3:14; o Leão da tribo de Judá – 5:5;
a Raiz de Davi – 5:5; o Cordeiro – 5:12; Fiel e Verdadeiro –
19:11; etc.). Quando ele se apresenta em batalha, tem um nome
visível a todos, até aos inimigos.
REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES: Sobre o
significado deste nome aplicado a Jesus, leia os comentários
sobre 17:14 (lição 28). A referência a este nome aqui traz à
memória dos fiéis a garantia da vitória daquele versículo. O
Cordeiro vencerá, e os seus servos fiéis, também, serão
vencedores! Os inimigos devem temer, pois logo enfrentarão o
Rei dos reis e Senhor dos senhores!
19:17 –
Vi um anjo posto em pé no sol: Este anjo não vem de baixo, e não traz a escuridão da fumaça do
abismo (cf. 9:1-11). Este aparece no sol, visível a todos e cercado pela luz brilhante. Está em pé, numa
posição que representa a sua autoridade e posição como representante do comandante vencedor, o
Cordeiro.
Lição 31: Jesus Vence as Bestas (19:11-21)
183
17 Então, vi um anjo posto
em pé no sol, e clamou com
grande voz, falando a todas
as aves que voam pelo meio
do céu: Vinde, reuni-vos
para a grande ceia de Deus,
E clamou com grande voz: O anúncio do anjo vem com a
autoridade dada por Deus, como já aconteceu com outros avisos
importantes dados por anjos (5:2; 10:3; 14:7,9,15,18; 18:2).
Falando a todas as aves que voam pelo meio do céu:
Vinde, reuni-vos para a grande ceia de Deus: Antes de
continuar a leitura aqui, devemos ver um trecho semelhante em
Ezequiel 39:17-20. Ezequiel profetizou sobre a restauração do
reino espiritual do Senhor (caps. 36 e 37) e sobre a tentativa das
nações, sob a liderança de Gogue de Magogue, de derrubá-lo (cap. 38). O capítulo 39 mostra a grande
vitória do Senhor sobre as nações ímpias que se juntaram contra os remidos, e inclui esta figura da
ceia das aves e animais que se satisfazem com a carne dos cadáveres. Agora, numa cena paralela, o
anjo chama as aves do céu para a grande ceia. A carne está quase pronta!
19:18 –
Para que comais carnes de reis, carnes de comandantes, carnes de poderosos: Começa com
os chefes. Não são apenas os peões que sofrem. Na grande ceia de Deus, os corpos dos poderosos
serão expostos às aves. Aqueles que foram convocados pelas rãs que saíram das bocas do dragão e
das bestas (16:13-16) já serão encontrados mortos no campo de
batalha. Antes de começar a batalha, Deus já revelou o resultado.
18 para que comais carnes
de reis, carnes de
comandantes, carnes de
poderosos, carnes de
cavalos e seus cavaleiros,
carnes de todos, quer livres,
quer escravos, tanto
pequenos como grandes.
Carnes de cavalos e seus cavaleiros: A cavalaria, também,
cairá. Homens e cavalos serão encontrados juntos e seus corpos
serão devorados pelas aves.
Carnes de todos, quer livres, quer escravos, tanto
pequenos como grandes: Dos mais importantes dos líderes
aos escravos usados como soldados de pouco valor, todos que
apóiam o dragão e as bestas cairão mortos.
19:19 –
E vi a besta e os reis da terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem: Todos
aqueles reunidos no capítulo 16 se preparam agora para a batalha. Como Deus conforta os seus
servos! Ele inverteu a seqüência aqui e revelou o resultado antes de começar a batalha. A capacidade
de prever o futuro e anunciar por profecia os acontecimentos vindouros é uma qualidade especial de
Deus (Isaías 44:6-8). O dragão, as bestas e os reis podem se exaltar, mas somente Deus tem certeza
do resultado final da batalha!
Contra aquele que estava montado no cavalo e contra o
seu exército: Se fosse um filme de guerra ou de aventura, a
ênfase seria colocada nas táticas da batalha e na força dos
soldados. Mas a vitória dos santos não depende de esperteza.
São vencedores por causa do caráter deles e, mais ainda, por
causa do caráter do seu Rei. Jesus e seus servos vencem pela
justiça, não pelos números nem pelas táticas brilhantes
empregadas para enganar o inimigo. O Cordeiro vence porque
ele é santo! Os pré-milenaristas enfrentam mais um obstáculo
neste ponto. Para eles, Jesus queria estabelecer o seu reino na sua primeira vinda, mas não conseguiu
por causa da rejeição pelos judeus. Mas, foi o mesmo Jesus santo e perfeito. As profecias vieram do
mesmo Deus que é unicamente capaz de prever o futuro. Qualquer noção do plano de Deus ser
frustrado pelo inimigo vai contra o ensinamento bíblico que ele é, por sua natureza santa e perfeita,
o vencedor. Jesus é o vencedor. Os fiéis participam da vitória porque recebem o benefício do sangue
do Cordeiro e participam da natureza dele (7:14; 19:6-8; 2 Pedro 1:4).
19 E vi a besta e os reis da
terra, com os seus exércitos,
congregados para pelejarem
contra aquele que estava
montado no cavalo e contra
o seu exército.
184
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
19:20 –
Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta que,
com os sinais feitos diante dela, seduziu aqueles que
receberam a marca da besta e eram os adoradores da sua
imagem: Os dois aliados do dragão introduzidos no capítulo 13
– a besta (do mar) e o falso profeta (a besta da terra que induzia
as pessoas a adorarem a besta) são tomados pelas forças do
Cordeiro. Foi comum nas guerras tomar os reis ou comandantes
como prisioneiros, ou para o cativeiro (cf. 2 Reis 25:5-7) ou para
serem executados diante do povo vitorioso (cf. Juízes 8:12,21).
Já veremos o destino destes líderes dos ímpios.
20 Mas a besta foi
aprisionada, e com ela o
falso profeta que, com os
sinais feitos diante dela,
seduziu aqueles que
receberam a marca da besta
e eram os adoradores da
sua imagem. Os dois foram
lançados vivos dentro do
lago de fogo que arde com
enxofre.
Os dois foram lançados vivos dentro do lago de fogo que
arde com enxofre: O “lago de fogo” é mencionado somente no Apocalipse (cf. 20:10,14,15).
Destes versículos aprendemos que é o lugar do tormento perpétuo das duas bestas, do diabo e
daqueles que não são achados no Livro da Vida. A morte e o inferno (hades), também, são lançados
neste lago. Enxofre sempre representa castigo ou destruição que vem de Deus (cf. 9:17-18; 14:10;
Salmo 11:5-7). A destruição, porém, não significa cessar de existir. O tormento deles continua “pelos
séculos dos séculos” (20:10).
19:21 –
Os restantes foram mortos com a espada que saía da
boca daquele que estava montado no cavalo: Os seguidores
das bestas não saem ilesos. A espada da boca de Jesus os mata.
Ela vem da boca, representando a palavra dele que julga
(Hebreus 4:12-13) e a autoridade dele para pelejar e matar (2:16).
Aqui, a espada é usada contra os seguidores da besta.
21 Os restantes foram
mortos com a espada que
saía da boca daquele que
estava montado no cavalo. E
todas as aves se fartaram
das suas carnes.
E todas as aves se fartaram das suas carnes: Deus coloca diante das aves a ceia prometida!
Conclusão
A
meretriz caiu e a noiva chegou ao casamento. As bestas que atormentaram os homens são
derrotadas e lançadas no lago de tormento perpétuo. Agora, sobra apenas um dos inimigos do
povo de Deus: o dragão. Veremos o destino dele no próximo capítulo.





Apocalipse: Lição 27
Os Anjos Derramam as Suas Taças
(Apocalipse 16:1-21)
N
o capítulo 15, um dos quatro seres viventes deu as sete taças da cólera de Deus aos sete anjos,
e o santuário se encheu com a fumaça da glória e do poder de Deus. Agora, aguardamos o
trabalho dos anjos. Cada um derramará a sua taça, trazendo uma série de sete flagelos para
castigar os adoradores da besta e os servos do dragão. Algumas dessas pragas nos lembram das
pragas que Deus enviou para castigar os egípcios quando Moisés foi libertar o povo de Israel.
Antes de considerar o conteúdo de cada taça, observemos os paralelos entre as sete taças e as sete
trombetas:
As Trombetas As Taças
1a – Terça parte da terra (8:7) 1a – Adoradores da besta na terra (16:1-2)
2a – Terça parte do mar se torna em 2a – O mar se torna em sangue (16:3)
    sangue (8:8-9)
3a – Terça parte dos rios e das fontes se 3a Os rios e as fontes se tornam em sangue
    torna amargosa (8:10-11) (16:4-7)
4a – Terça parte do sol, da lua e das estrelas 4a – O sol queima os homens com fogo
    escurece (8:12) (16:8-9)
5a – O rei dos gafanhotos traz escuridão e 5a – O reino da besta se torna em trevas; os
    tormento aos homens ímpios (9:1-11) homens ímpios sofrem dor (16:10-11)
6a – Os anjos atados junto ao Eufrates 6a – O Eufrates seca para preparar o
   soltam o exército (9:13-19) caminho dos reis para a peleja (16:12-16)
7a – Cumprir-se-á o mistério de Deus (10:7); 7a – Feito está! (16:17); Caíram as cidades
     Chegou a ira de Deus contra as nações das nações; Deus dá o cálice da sua ira;
       para destruir os que destroem a terra; Relâmpagos, vozes, trovões e terremoto
       Relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e (16:18-19)
         grande saraivada (11:15-19)
A Primeira Taça (16:1-2)
16:1 –
Ouvi, vinda do santuário, uma grande voz, dizendo aos sete anjos: Deus está no santuário,
envolto na fumaça impenetrável (15:8). Esta voz, então, é a voz de Deus dando ordem aos sete anjos.
Ide e derramai pela terra as sete taças da cólera de Deus:
Os anjos recebem a ordem de derramar as suas taças, trazendo
a ira de Deus. A cólera ou furor de Deus vem em resposta à
cólera do dragão (12:12) e à fúria da prostituição da grande
Babilônia (14:8). Mas a cólera do dragão dura pouco tempo
(12:12) enquanto esta fúria vem de “Deus, que vive pelos
séculos dos séculos” (15:7).
Lição 27: Os Anjos Derramam as suas Taças (16:1-21)
1 Ouvi, vinda do santuário,
uma grande voz, dizendo
aos sete anjos: Ide e
derramai pela terra as sete
taças da cólera de Deus.
147
16:2 –
Saiu, pois, o primeiro anjo e derramou a sua taça pela terra: A obediência imediata é
característica dos servos fiéis ao Senhor. Deus mandou, e o anjo foi. A sua taça castiga a terra ou, mais
precisamente, os adoradores da besta na terra.
2 Saiu, pois, o primeiro anjo
e derramou a sua taça pela
terra, e, aos homens
portadores da marca da
besta e adoradores da sua
imagem, sobrevieram
úlceras malignas e
perniciosas.
Aos homens portadores da marca da besta e adoradores
da sua imagem: Aqueles que cederam à pressão e participaram
do culto imperial para evitar as conseqüências diante do governo
romano (13:14-17) agora sofrem nas mãos do Soberano Rei dos
reis.
Sobrevieram úlceras malignas e perniciosas: Como a sexta
praga no Egito (Êxodo 9:8-9), os adoradores da besta foram
afligidos por úlceras. Aquela praga atingiu os próprios magos,
aqueles que induziam as pessoas a acreditarem em falsas
religiões. (Êxodo 9:11). Esta afeta os participantes de falsa religião.
A Segunda Taça (16:3)
16:3 –
Derramou o segundo a sua taça no mar: Já observamos que o mar, muitas vezes, simboliza a
sociedade mundana (cf. comentários sobre o mar em 13:1, lição 22). Aqui o castigo vem sobre as
nações rebeldes. O mar Mediterrâneo, também, foi o foco
comercial do império romano. Qualquer praga que ataca o mar
3 Derramou o segundo a
teria grande impacto financeiro (18:17-19).
sua taça no mar, e este se
E este se tornou em sangue como de morto, e morreu
tornou em sangue como de
morto, e morreu todo ser
todo ser vivente que havia no mar: Como na primeira praga
vivente que havia no mar.
no Egito, que causou a morte dos peixes (Êxodo 7:1-25), este
flagelo causa a morte dos seres viventes no mar.
Pelo fato que todos os outros flagelos afligem pessoas, e não a natureza, podemos concluir que os
seres viventes no mar são, também, homens. Este entendimento se torna mais forte com os flagelos
que se seguem.
A Terceira Taça (16:4-7)
16:4 –
Derramou o terceiro a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue:
Rios e fontes são essenciais para sustentar a vida. Esta praga, como a praga no Egito, deixa os
perversos sem água potável. Se não vier algum alívio, a
conseqüência será a morte.
4 Derramou o terceiro a sua
taça nos rios e nas fontes
16:5 –
das águas, e se tornaram
Então, ouvi o anjo das águas dizendo: Além do seu trabalho
em sangue. 5 Então, ouvi o
de derramar sua taça sobre os rios e as fontes das águas, este
anjo das águas dizendo: Tu
anjo tem uma proclamação.
és justo, tu que és e que
eras, o Santo, pois julgaste
Tu és justo, tu que és e que eras, o Santo, pois julgaste
estas coisas;
estas coisas: Em executar uma parte do julgamento dos ímpios,
o anjo percebe a justiça de Deus, e o adora. A justiça divina
sempre foi motivo de louvor: “Levanto-me à meia-noite para
te dar graças, por causa dos teus retos juízos” (Salmo 119:62). Deus é eterno, Santo e justo.
148
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
16:6 –
Porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tens dado a
beber; são dignos disso: A água se torna em sangue porque os habitantes do mundo haviam
derramado sangue inocente. Mais uma vez, observamos a ligação
entre os castigos e a pergunta do quinto selo: “Até quando, ó
6 porquanto derramaram
Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem
sangue de santos e de
vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?”
profetas, também sangue
(6:10). Desde a morte de Abel, Deus ensinara aos homens o
lhes tens dado a beber; são
princípio da vingança de sangue: “Certamente, requererei o
dignos disso.
vosso sangue, o sangue da vossa vida; de todo animal o
requererei, como também da mão do homem” (Gênesis
9:5).
Este motivo é citado freqüentemente em outras profecias do Velho e Novo Testamentos para explicar
o castigo de diversas pessoas – indivíduos, cidades e nações. Considere estes exemplos: Jerusalém
e Judá foram castigados porque o rei Manassés derramou muito sangue inocente e fez Judá pecar
com os seus ídolos (2 Reis 21:10-16); Jeoaquim, um dos últimos reis de Judá, foi condenado pelo
mesmo motivo (Jeremias 22:17-19); o derramamento de sangue inocente foi um dos motivos da
opressão e do cativeiro do povo de Israel (Salmo 106:34-46); os profetas citaram o mesmo motivo
quando falaram das conseqüências dos pecados de Israel e de Judá (Isaías 26:21; 59:3,7; Jeremias
7:6; Ezequiel 22:27). Uma outra passagem importante fala sobre a casa de Acabe, especialmente
Jezabel, que foram castigadas por terem derramado o sangue dos servos, os profetas (2 Reis 9:7).
Todas essas profecias foram cumpridas nos séculos antes da vinda de Jesus. Servem para entender
a linguagem do Apocalipse, mas não para identificar o cumprimento principal destas profecias de
João, feitas depois da morte de Jesus.
Uma profecia relevante ao contexto do Apocalipse se encontra em Joel. Depois de estabelecer
Jerusalém espiritual (2:28 - 3:1), Deus reúne as nações para o julgamento no vale de Josafá (3:2). Os
crimes são ofensas contra o povo do Senhor, inclusive o pecado de terem derramado sangue inocente
em Judá. Esta vingança é ligada ao estabelecimento do reino de Deus e à sua habitação em Sião
(3:17-21), temas principais no Apocalipse.
Quando chegamos aos evangelhos, as figuras mais próximas se encontram nos comentários de Jesus
sobre os pecados dos judeus. Ele condenou os escribas e fariseus por imitar as atitudes dos seus
ancestrais em matar profetas e justos (Mateus 23:29-36) e, logo em seguida, profetizou sobre a
destruição de Jerusalém, uma profecia cumprida em 70 d.C. Comentários semelhantes são relatados
em Lucas 11:45-52.
Observando a semelhança das palavras de Jesus e a condenação da meretriz do Apocalipse (16:6;
17:6; etc.), alguns estudiosos concluem que são profecias do mesmo castigo, e que a meretriz
(Babilônia) do Apocalipse é a cidade de Jerusalém. Existem vários argumentos a favor dessa
interpretação, e outros contra. Ainda comentaremos sobre a questão da data do livro em outros textos
pela frente. Agora, a questão que precisamos abordar é esta: As semelhanças entre os comentários
de Jesus e a linguagem do Apocalipse provam que a meretriz é Jerusalém? Na verdade, é a mesma
questão que surgiu no capítulo 11, quando falou da “grande cidade que, espiritualmente, se
chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado” (11:8).
Existem duas possíveis interpretações destas figuras:
ì As características de Sodoma e Egito aparecem em Jerusalém, que se torna objeto principal da
profecia, ou
í As características de Sodoma, Egito e Jerusalém aparecem em uma outra “grande cidade”, o objeto
desta profecia.
Lição 27: Os Anjos Derramam as suas Taças (16:1-21)
149
Da mesma maneira, as referências ao sangue de santos e profetas podem ser interpretadas de duas
maneiras:
ì Jesus falou da destruição de Jerusalém, e João reforçou a mesma profecia, assim escrevendo o
Apocalipse antes de 70 d.C., ou
í João usou a linguagem de Jesus junto com a linguagem de diversas profecias já cumpridas do
Antigo Testamento para descrever o castigo de uma outra cidade ou povo que matava santos e
profetas. Neste caso, a destruição de Jerusalém, já passada, serviria para enriquecer o pano de fundo
da profecia contra os poderes romanos.
O ponto, por enquanto, é que linguagem semelhante não prova que os assuntos sejam idênticos. Este
fato é importante no estudo de qualquer profecia da Bíblia. O fato de dois livros usarem figuras
semelhantes não quer dizer que necessariamente falam do mesmo assunto. É claro que Jerusalém e
os judeus mataram profetas e santos, mas o governo Romano, também, perseguiu e matou os servos
de Jesus. Em qualquer dos dois casos, a ênfase do Apocalipse está na morte das testemunhas de
Jesus (17:6), não na morte dos fiéis do Velho Testamento.
Teremos mais observações sobre a data do livro e o escopo de suas profecias no decorrer do nosso
estudo.
16:7 –
Ouvi do altar que se dizia: Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso, verdadeiros e
justos são os teus juízos: Novamente, voltamos ao quinto selo (6:9-11). As almas debaixo do altar
pediram vingança, e Deus respondeu que teriam que esperar
mais um pouco. Agora que o Senhor deu sangue para os
7 Ouvi do altar que se dizia:
opressores beberem, o altar proclama a justiça de Deus. A justiça
Certamente, ó Senhor Deus,
divina pode demorar, mas ela vem! Pedro diz que qualquer
Todo-Poderoso, verdadeiros
demora na aplicação da justiça divina deve ser vista como uma
e justos são os teus juízos.
demonstração da misericórdia e longanimidade de Deus (2 Pedro
3:7-10).
A Quarta Taça (16:8-9)
16:8 –
O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com
fogo: Nos primeiros quatro flagelos, como nas primeiras quatro trombetas (8:7-13), as forças da
natureza são os instrumentos de Deus para castigar os homens
perversos. O sol normalmente ilumina, possibilitando a vida. Em
8 O quarto anjo derramou a
outras situações, Deus castigou os homens negando-lhes a luz
sua taça sobre o sol, e
do sol (8:12; Êxodo 10:21-23; Joel 2:32; Mateus 24:29). Esta vez,
foi-lhe dado queimar os
o castigo vem por meio do calor excessivo que queima, e serve
homens com fogo.
para afligir os adversários do Senhor. Deus usa o fogo para
destruir os seus inimigos (Salmo 97:3; 104:4). Da mesma
maneira que algumas das pragas atingiram os egípcios e não os israelitas, as pessoas que sofrem sede
por não terem água potável (16:4-7) são punidas com esta praga de calor insuportável, enquanto os
fiéis que saem da grande tribulação são protegidos do calor e
nunca terão sede (7:16).
9 Com efeito, os homens se
queimaram com o intenso
calor, e blasfemaram o nome
de Deus, que tem autoridade
sobre estes flagelos, e nem
se arrependeram para lhe
darem glória.
150
16:9 –
Com efeito, os homens se queimaram com o intenso
calor, e blasfemaram o nome de Deus: O castigo vem por
causa da injustiça dos homens, mas os ímpios ainda ousam
levantar as suas vozes contra o Senhor. É triste observar como a
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
mesma coisa acontece hoje. O sofrimento entrou no mundo por causa do pecado do homem, mas
muitos usam a dor como motivo de questionar a justiça e negar a bondade de Deus. Alguns até
rejeitam a existência de Deus por causa da injustiça do homem!
Deus, que tem autoridade sobre estes flagelos: Os castigos vêm de Deus. Em vez de buscar
perdão e clemência, os homens blasfemam o nome
do Senhor.
As primeiras quatro taças continham
castigos que envolviam a natureza:
ì Úlceras sobrevêm aos hom ens na terra.
í O m ar se torna em sangue.
î Os rios e as fontes se tornam em sangue.
ï O sol queim a os hom ens.
As outras três atacaram as forças
políticas e religiosas:
ð O trono e o reino da besta.
ñ Os espíritos im undos que saem das
bocas do dragão e seus aliados.
ò A grande cidade se dividiu; caíram as
cidades das nações.
E nem se arrependeram para lhe darem glória:
Da mesma maneira que Faraó endureceu seu
coração depois das pragas no Egito (Êxodo 7:22;
8:15,19,32; 9:7,12,34-35; 10:1,20,27; 13:15), este
povo recusa a se arrepender. Não aceitaram o
castigo como disciplina (3:19; Hebreus 12:5-6), e sim
como motivo para rejeitar o Senhor. Quando pessoas
hoje usam o sofrimento como motivo para negar a
existência de Deus, cometem o mesmo erro fatal.
Independente da fonte do sofrimento, devemos usá-
lo para nos aproximar de Deus (Tiago 1:2-4; 2
Coríntios 12:7-10).
A Quinta Taça (16:10-11)
16:10 –
Derramou o quinto a sua taça sobre o trono da besta: A besta não é o poder superior! O anjo
de Deus derrama sua taça sobre o trono da besta, porque vem de um lugar mais alto. Homens
enganados podem exaltar a besta (13:4), mas ela não é igual a
Deus, nem ao mensageiro usado por Deus para derramar a sua
10 Derramou o quinto a sua
ira.
taça sobre o trono da besta,
A quinta trombeta trouxe escuridão e tormento (9:1-12), como
cujo reino se tornou em
também a quinta taça.
trevas, e os homens
remordiam a língua por
Cujo reino se tornou em trevas: Os egípcios adoraram o sol,
causa da dor que sentiam
e Deus causou três dias de escuridão (Êxodo 10:21-23). Aqui o
reino da besta se torna em trevas, provavelmente referindo-se ao
engano das mentiras daquela que se apresenta como um deus digno de adoração.
E os homens remordiam a língua por causa da dor que sentiam: O reino da besta sofre dor
insuportável. Enquanto o Senhor oferece refúgio e proteção aos seus servos (7:16-17), os servos da
besta são atormentados.
16:11 –
E blasfemaram o Deus do céu por causa das angústias e das úlceras que sofriam, e não se
arrependeram de suas obras: Como fizeram na sexta trombeta (9:20-21) e na quarta taça (16:9),
os ímpios ainda recusam a se arrependerem. É mais fácil colocar
a culpa em Deus do que aceitar a responsabilidade pelo próprio
11 e blasfemaram o Deus
pecado. Diferente das pragas do Egito, onde cessou uma antes
do céu por causa das
de começar a próxima, estes flagelos continuam. Chegamos à
angústias e das úlceras que
quinta taça, e os homens ainda estão sofrendo com as aflições
sofriam; e não se
que começaram na primeira (16:2). As obras dos pecadores são
arrependeram de suas
o motivo do castigo, em contraste com as obras dos santos que
obras.
são as roupas puras que usam na presença do Cordeiro (19:8).
Lição 27: Os Anjos Derramam as suas Taças (16:1-21)
151
A Sexta Taça (16:12-16)
16:12 –
Derramou o sexto a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas secaram, para que
se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol: Esta figura
apresenta algumas dificuldades, e as explicações dos
comentaristas são diversas. Quais reis vêm do oriente? É o
mesmo exército que os espíritos imundos se ajuntam nos
12 Derramou o sexto a sua
versículos seguintes, ou é o povo de Deus vindo para estar com
taça sobre o grande rio
ele diante das ameaças dos servos do diabo?
Eufrates, cujas águas
secaram, para que se
Por vários motivos, parece-me mais razoável ver aqui os servos de
preparasse o caminho dos
Deus. Considere:
reis que vêm do lado do
nascimento do sol.
ì Quando Deus voltou para abençoar seu povo e habitar no
meio dele, sua glória “entrou no templo pela porta que olha
para o oriente” (Ezequiel 43:4).
í Todas as pessoas na Bíblia que atravessam corpos de água em terra seca são os servos de Deus
sob a sua proteção, não os seus inimigos: os israelitas na saída do Egito (Êxodo 14:15-25; Salmo
106:9-10); os israelitas na entrada em Canaã (Josué 3:12 - 4:18); Elias e Eliseu juntos (2 Reis 2:4-8);
Eliseu sozinho (2 Reis 2:13-14). Na profecia de Isaías 11:15-16, Deus seca o Eufrates para permitir o
restante do seu povo escapar do cativeiro. Em Isaías 51:10, Deus secou as águas do mar para deixar
passar os remidos (cf. Zacarias 10:10-12).
î Exércitos são representados como águas ou rios, até pelas águas do Eufrates (Isaías 8:7-8), e o
vento de Deus seca e espalha essas águas (Isaías 17:12-14).
ï O exército que vem do Eufrates na sexta trombeta é de Deus, trazendo fogo e enxofre e matando
a terça parte dos homens ímpios (9:13-21).
Baseado nestas observações, o que vemos aqui é a ação de Deus para vencer o poder militar dos
ímpios e deixar os seus fiéis atravessarem o Eufrates em terra seca para chegar ao Senhor. É uma
imagem do povo voltando do cativeiro para habitar na presença de Deus, e para ficar com o Senhor
contra o diabo e seus servos.
16:13 –
Então, vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta: O diabo e seus
dois principais aliados: a besta (do mar) e o falso profeta (a besta da terra, que induz as pessoas a
adorarem a besta do mar). Sabemos que tudo que sai da boca
deles é mau, pois o diabo é o pai da mentira (João 8:44).
13 Então, vi sair da boca do
dragão, da boca da besta e
Três espíritos imundos semelhantes a rãs: Saindo da boca
da boca do falso profeta três
destes três personagens, obviamente são imundos. Rãs são
espíritos imundos
mencionadas aqui e nas referências à segunda praga no Egito
semelhantes a rãs;
(Êxodo 8:1-15; etc.). No Antigo Testamento, foram consideradas
imundas e, por isso, abominações (Levítico 11:9-10).
16:14 –
14 porque eles são espíritos
de demônios, operadores de
sinais, e se dirigem aos reis
do mundo inteiro com o fim
de ajuntá-los para a peleja
do grande Dia do Deus
Todo-Poderoso.
152
Porque eles são espíritos de demônios, operadores de
sinais: É uma batalha espiritual, e os servos do diabo vêm com
seus sinais para enganar os homens. Foi por causa dos sinais
dos magos que Faraó endureceu seu coração nas primeiras
pragas (Êxodo 7:22). Paulo falou dos sinais da mentira usados
pelo iníquo para enganar os homens (2 Tessalonicenses 2:9-12).
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
E se dirigem aos reis do mundo inteiro: Estes espíritos têm um objetivo específico. Querem
enganar os reis do mundo. Novamente, a figura destaca a influência mundial do dragão e de seus
aliados, um fato que se enquadra bem com as características do império romano identificado no
capítulo 13.
Com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso: O propósito
dos espíritos enganadores é colocar os reis contra Deus. Desde o Éden, o Diabo tem procurado criar
inimizade entre Deus e os homens. Ele distorceu e contrariou as palavra de Deus para enganar Eva,
e vem fazendo a mesma coisa ao longo da história. Aqui, os servos dele têm o propósito de ajuntar
os reis da terra contra os servos de Deus.
A peleja pode ser uma batalha física, como a batalha entre Israel e Síria, em que um “espírito
mentiroso na boca de todos os ... profetas” de Acabe enganou o rei para provocar a guerra (1
Reis 22:1-28). Pode ser uma batalha espiritual, como as batalhas contra os príncipes da Pérsia e da
Grécia em Daniel 10:13-21. Pode incluir os dois aspectos, como a luta do Faraó contra Deus, que
envolveu tanto a batalha espiritual de um coração obstinado como o exército do Egito que morreu no
Mar Vermelho. Independente da natureza da batalha em si, o resultado seria o julgamento dos povos
rebeldes, semelhante a cena no vale da Decisão em Joel 3. Deus vai julgar os reis enganados pelos
espíritos que saem da boca do dragão, da besta e do falso profeta.
16:15 –
Antes de deixar João continuar o relato do trabalho dos espíritos imundos, Jesus interrompe com uma
mensagem de exortação aos fiéis.
Eis que venho como vem o ladrão: A figura do ladrão é utilizada na Bíblia para enfatizar o
julgamento repentino e a falta de preparo das pessoas julgadas. Representa as conseqüências naturais
do pecado e da negligência nesta vida (Provérbios 6:9-11), como
também a vinda do Senhor para julgar (Lucas 12:35-40; Mateus
15 (Eis que venho como
24:42-43; 1 Tessalonicenses 5:2-4; 2 Pedro 3:10; Apocalipse
vem o ladrão.
3:3). A ênfase está na preparação para a chegada do Senhor.
Bem-aventurado aquele que
vigia e guarda as suas
Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes,
vestes, para que não ande
para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha: Esta
nu, e não se veja a sua
é a terceira de sete bem-aventuranças no livro (veja a lista na lição
vergonha.)
3). A pessoa preparada, que não teme a vinda do Senhor, vigia
e aguarda o Senhor (cf. Mateus 25:1-13). Guardar as vestes
indica a pureza dos fiéis, que “não contaminaram as suas
vestiduras e andarão de branco” (3:4; cf. Tiago 1:27). A nudez, por outro lado, mostra a impureza
de pessoas despreparadas, como a igreja em Laodicéia (3:17). Quando Adão perdeu a sua inocência
e ouviu a voz de Deus no jardim, ele se escondeu porque estava nu e envergonhado (Gênesis 3:8-10).
A nudez representa a vergonha, especialmente a vergonha de castigo (Ezequiel 16:36-37; Oséias 2:9-
10; Miquéias 1:1; Naum 3:5).
16:16 –
Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom: A batalha não acontece
no capítulo 16. Teremos que esperar até o capítulo 19 para ver o resultado desta guerra. No momento,
o Senhor quer mostrar o lugar da batalha – Armagedom. Esta
palavra aparece somente aqui, mas o próprio versículo diz que ela
16 Então, os ajuntaram no
é de origem hebraica. A palavra significa “monte de Megido” ou
lugar que em hebraico se
“cidade de Megido”, e nos lembra do significado da região de
chama Armagedom.
Megido em batalhas decisivas do Antigo Testamento. Foi o local
da vitória de Israel sobre Jabim e Sísera (Juízes 4 e 5,
especialmente 5:19). Josias morreu da ferida que sofreu na batalha contra Neco, rei do Egito, no vale
de Megido (2 Crônicas 35:22-24). Outras batalhas na região de Jezreel e Megido incluem: a vitória de
Lição 27: Os Anjos Derramam as suas Taças (16:1-21)
153
Gideão sobre os midianitas (Juízes 7); a batalha final de Saul contra os filisteus (1 Samuel 31). Quando
Jeú, encarregado com a exterminação da casa de Acabe, mandou matar Acazias, rei de Judá, este
morreu em Megido (2 Reis 9:27). Armagedom, então, representa um lugar de julgamento e de
batalhas decisivas. Certamente, Deus julgará e aplicará a sua justiça!
A Sétima Taça (16:17-21)
16:17 –
Então, derramou o sétimo anjo a sua taça pelo ar: Especialmente quando pensamos nos
paralelos entre as taças e as trombetas (veja a tabela comparativa no início desta lição), chegamos à
última taça esperando o cumprimento da ira de Deus.
Encontraremos mais detalhes nos capítulos 17 e 18, mas a
segunda voz já anunciou a queda da Babilônia (14:8). A vitória
17 Então, derramou o sétimo
sobre os reis da terra será declarada no capítulo 19, mas já
anjo a sua taça pelo ar, e
sabemos que os povos enganados aguardam em Armagedom,
saiu grande voz do
onde Deus pronunciará a sentença de condenação (16:16). Atrás
santuário, do lado do trono,
dizendo: Feito está!
de todos os reis e atrás da cidade mundana jaz a influência do
dragão, o diabo. A sétima taça leva a batalha à casa do
Adversário. A taça é derramada pelo ar, diretamente atingindo “o
príncipe da potestade do ar” (Efésios 2:1). Satanás é o príncipe deste mundo (João 12:31; 14:30;
16:11) e o “deus deste século” que cega os incrédulos (2 Coríntios 4:14). Há mais informações pela
frente, mas o fato importante já ficou evidente. O diabo perde. Jesus e seus servos são os vencedores.
Saiu grande voz do santuário, do lado do trono: A voz vem do trono que está no santuário. Deus
está no santuário, e ninguém mais podia entrar até que se cumprissem os sete flagelos (15:8).
Feito está!: As palavras enganadoras dos espíritos imundos podem conduzir os reis da terra a uma
falsa expectativa de vitória, mas o verdadeiro vencedor é o próprio Senhor. Quando ele declara o seu
plano cumprido, podemos ter certeza da vitória dos fiéis.
16:18 –
E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande terremoto: É de Deus! São os
sinais que saem do trono de Deus (4:5) e do altar que se acha diante do trono (8:5). São os sinais que
vêm do santuário depois da sétima trombeta (11:19). Aqui, estes
sinais reforçam as palavras da voz do santuário. Está feito!
18 E sobrevieram
relâmpagos, vozes e
Terremoto, como nunca houve igual desde que há gente
trovões, e ocorreu grande
sobre a terra; tal foi o terremoto, forte e grande: Há uma
terremoto, como nunca
tendência por parte de muitas pessoas de entender expressões
houve igual desde que há
proverbiais de forma literal. Mas, da mesma maneira que falamos
gente sobre a terra; tal foi o
do “melhor dia da minha vida” ou dizemos “eu nunca vi nada
terremoto, forte e grande.
igual”, a Bíblia também emprega provérbios que não devem ser
interpretados literalmente. Podemos ilustrar a linguagem
proverbial comparando duas afirmações sobre Jerusalém. Deus
falou da destruição de Jerusalém em 586 a.C. nestas palavras: “Executarei juízos no meio de ti,
à vista das nações. Farei contigo o que nunca fiz e o que jamais farei, por causa de todas
as tuas abominações” (Ezequiel 5:8-9). Literalmente nunca fez e jamais faria coisa igual? Não! O
próprio Jesus falou da mesma cidade 600 anos depois, e disse: “Porque nesse tempo haverá
grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem
haverá jamais” (Mateus 24:21). Se Ezequiel e Jesus falassem literalmente, as suas palavras se
contradiriam. Mas são expressões proverbiais. Não precisamos procurar a maior tribulação da história
para acreditar e entender as palavras de Ezequiel e as de Jesus, e não precisamos procurar o pior
terremoto da história para acreditar na profecia da sétima taça. Nem precisamos de um terremoto
154
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
literal para entender o ponto. Mas não devemos diluir a mensagem e perder o impacto. Deus disse
“Feito está!” e chamou atenção a suas palavras com sinais assustadores.
16:19 –
A grande cidade: Encontramos, novamente, a grande cidade que recebe a cólera de Deus. Como
observamos na lição 25, há um contraste importante no livro entre a cidade santa, a nova Jerusalém
e a grande cidade mundana, a Babilônia. A grande cidade
representa a corrupção de uma cidade que vivia da prostituição
19 E a grande cidade se
de suas relações comerciais com as nações, e destaca mais uma
dividiu em três partes, e
característica do poder do império romano. A besta do mar
caíram as cidades das
enfatiza seu poder de dominar, especialmente o poder militar dos
nações. E lembrou-se Deus
reis. A besta da terra representa seu poder religioso, a religião
da grande Babilônia para
imperial pela qual as pessoas foram obrigadas a adorarem Roma
dar-lhe o cálice do vinho do
ou seus imperadores. A Babilônia destaca as relações comerciais
furor da sua ira.
pelas quais Roma dominava a economia mundial. O sétimo
flagelo fala do castigo da grande cidade Babilônia, que será
descrito em mais detalhes nos capítulos 17 e 18.
Se dividiu em três partes: A divisão em três partes enfatiza a derrota total da grande cidade.
Ezequiel dividiu a cidade de Jerusalém, simbolicamente, em três partes, para mostrar a destruição total
dela (Ezequiel 5:1-4). A Babilônia é ferida por três flagelos em um só dia (18:8), frisando a sua
destruição total.
Caíram as cidades das nações: As cidades das nações dependiam da grande cidade. Quando ela
cai, elas também caem. O lamento dos reis e comerciantes em 18:9-19 mostra como a queda da
Babilônia teria impacto enorme nas outras nações. Não teriam mais o seu mercado principal,
causando um colapso econômico geral.
E lembrou-se Deus da grande Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho da sua ira: Já
observamos o significado do cálice da ira de Deus na lição 25 (14:10). Os adoradores da besta
beberiam deste cálice. Agora aprendemos que a própria Babilônia, a mesma que deu às nações o
“vinho da fúria da sua prostituição” (14:8) teria que beber da ira de Deus (cf. 18:5-6).
16:20 –
Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados: Este versículo reforça o sentido do
anterior, mostrando os efeitos mundiais da queda da Babilônia. A linguagem nos lembra do sexto selo
(6:12-17). Quando Deus desce para julgar, “os montes
debaixo dele se derretem” (Miquéias 1:4; cf. Naum 1:5;
20 Todas as ilhas fugiram, e
Salmos 18:7-15; 97:5). As ilhas, por serem espalhadas e
os montes não foram
ocupadas por diversos povos, são ligadas às nações (Gênesis
achados;
10:5; Isaías 40:15; 41:1; Sofonias 2:11). Quando Ezequiel
21 também desabou do céu
profetizou a queda de Tiro, uma cidade que vivia do comércio no
sobre os homens grande
mar Mediterrâneo, ele falou de seu impacto nas ilhas: “Agora,
saraivada, com pedras que
estremecerão as ilhas no dia da tua queda; as ilhas, que
pesavam cerca de um
estão no mar, turbar-se-ão com a tua saída” (Ezequiel
talento; e, por causa do
26:18). Da mesma maneira, o castigo de Roma prejudicaria as
flagelo da chuva de pedras,
ilhas e os povos de toda a extensão do império.
os homens blasfemaram de
Deus, porquanto o seu
16:21 –
flagelo era sobremodo
grande.
Também desabou do céu sobre os homens grande
saraivada, com pedras que pesavam cerca de um talento:
Chuva de pedras de 45 quilogramas cada! Lembrando que os
flagelos são cumulativos (16:10-11), podemos imaginar o sofrimento dos adoradores da besta. Têm
úlceras, não têm água, sofrem sobre o calor intenso do sol, e agora vem chuva de pedras enormes!
Lição 27: Os Anjos Derramam as suas Taças (16:1-21)
155
Os homens blasfemaram de Deus, porquanto o seu flagelo era sobremodo grande: Todo
este sofrimento deve ser motivo para se arrependerem, mas continuam endurecendo os corações. Não
admitem os seus erros, nem a justiça de Deus.
Conclusão
A
besta da terra tem poder para afligir e até matar os servos de Deus, aqueles que recusam adorar
a besta. Mas Deus mostra seu poder para castigar com muito mais severidade os adoradores da
besta. Os sete flagelos trazem sofrimento incrível aos seguidores da besta, mas eles ainda não se
humilham diante de Deus.




Apocalipse: Lição 28
Babilônia: A Grande Meretriz
(Apocalipse 17:1-18)
A
s sete taças já foram derramadas. As forças da natureza e os poderes políticos serviram para
castigar os adoradores da besta. Agora um dos sete anjos do capítulo 16 leva João para ver de
perto a Babilônia e sua destruição. Este capítulo é de grande importância na determinação da
data do Apocalipse e na identificação da aplicação principal de algumas das profecias deste livro.
Entre outras coisas, procuramos aqui entendimento das cabeças da besta e da meretriz montada nela.
Quem é a Meretriz?
U
m dos pontos mais polêmicos no estudo do Apocalipse é a identidade da grande meretriz. As
interpretações mais comuns são quatro, envolvendo duas cidades:
ì Roma, como cidade principal do império romano, ou o poder comercial e econômico dela
í Roma, como cidade principal da Igreja Romana Católica
î Jerusalém como existia antes da destruição de 70 d.C.
ï Jerusalém futura como sede do suposto reino terrestre de Jesus
Proponentes das várias interpretações oferecem seus argumentos. Nossa interpretação deve respeitar
as evidências bíblicas e históricas, rejeitando explicações que contradizem o próprio livro, mesmo
quando tais explicações sejam populares e muito difundidas.
Podemos já rejeitar a segunda e a quarta das interpretações acima, pois contradizem o próprio
Apocalipse. João recebeu uma revelação de coisas que iam acontecer “em breve” (1:1; 22:6), pois
o tempo já estava “próximo” quando Jesus as revelou (1:3; 22:10) e prometeu vir em julgamento
“sem demora” (22:12,20). As interpretações futuristas são sensacionais e fascinantes e certamente
vendem muitos livros e enchem os bancos de muitas igrejas, mas não respeitam as evidências
internas. As interpretações que identificam o Vaticano e alguns dos aspectos mais tristes da história
da Igreja Católica ganharam muitos adeptos desde a Reforma Protestante, e ainda têm seus
defensores hoje. Mas o desenvolvimento do catolicismo demorou séculos, enquanto João escreve
sobre poderes existentes na sua época. Há muitos motivos justos para criticar a igreja católica, mas
não devemos adotar interpretações forçadas de textos bíblicos. Tais abordagens não fortalecem o caso
para ajudar católicos verem os problemas na sua igreja.
Os debates mais sérios sobre a identidade da grande meretriz focalizam na primeira e terceira
interpretações. Vários estudiosos afirmam que a grande meretriz é Jerusalém, aguardando a sua
destruição profetizada por Jesus e realizada por Tito no ano 70 d.C. Estas interpretações respeitam
os limites de tempo citados acima, sugerindo que o livro fosse escrito durante o reinado de Nero e
cumprido na destruição de Jerusalém dois anos depois da morte dele. Outros identificam a meretriz
com Roma ou algum aspecto do poder de Roma, como sua influência econômica no mundo do
primeiro século. Muitas pessoas que aplicam o texto a Roma aceitam uma data no reinado de
Domiciano (imperador de 81 a 96), e outras defendem uma data durante o reinado de Vespasiano (69
a 79).
A tabela abaixo apresenta alguns contrastes entre as opções 1 e 3 de uma forma resumida. Como
pode observar, há características que podem se aplicar tanto a Roma como a Jerusalém. Embora
respeito as opiniões e os argumentos daqueles que defendem a aplicação desta profecia à destruição
de Jerusalém em 70 d.C., acredito que as evidências favorecem a primeira explicação – que a grande
Lição 28: Babilônia: A Grande Meretriz (17:1-18)
157
meretriz era Roma ou seu poder econômico, pois ela foi a sede da economia mundial no primeiro
século.
A Grande Meretriz: Roma ou Jerusalém? (Apocalipse 17 - 18)
Característica Roma Jerusalém
Sentada sobre muitas águas Seu poder vinha dos povos Procurava manter uma certa
 (17:1) dominados independência
Com quem se prostituíram Dominava os reis de muitos Relativamente insignificante;
 os reis da terra (17:2) países; Descrição da Alguma vez foi descrita
                            Babilônia antiga (Jeremias como a fonte do pecado das
                             51:7) nações?
Vinho de sua devassidão Conhecida por sua Cidade rebelde, mas não
 (17:2) imoralidade e excessos conhecida por impureza
                              exagerada (1 Pedro 4:3-4 –
                               gentios)
Montada na besta do poder Roma e sua economia Foi dominada pelos romanos
romano (17:3; cf. 13:1-8) dependiam do poder romano
Vestida de púrpura, Luxo, nobreza, sedução; os Jerusalém antiga foi descrita
 escarlate, ouro, pedras soldados da Babilônia antiga assim (Jeremias 4:30)
 preciosas, etc. (17:4; 18:16) se vestiam de escarlata
                               (Naum 2:3)
Cálice de abominações e A Babilônia foi o cálice que O cálice da ira vem de
   imundícias (17:5) causou as nações a Jerusalém (Zacarias
                        enlouquecerem (Jeremias 12:2,5,9), mas o cálice da
                        51:7) imundícia??
A mãe das meretrizes (17:5) Cidades gentias como Jerusalém como adúltera ou
                             meretrizes e prostitutas (não prostituta (Jeremias 13:27),
                              como adúlteras) – Isaías comete adultério com as
                                  23:13-18; Naum 3:4 nações (Ezequiel 23:4-5)
Embriagada com o sangue Perseguia os cristãos, Perseguia os santos e
dos santos e das especialmente nos reinados profetas (Lucas 11:48-51),
testemunhas (17:6; de Nero, Domiciano, etc. incluindo testemunhas de
18:20,24) Jesus (Atos 7:51-52,58-60)
Sete montes (17:9) Cidade de sete montes Cidade de sete montes
Sete reis – 5 -1 - 1 - 1 Se começar com Augusto, Se começar com Júlio,
  8o é a besta (17:9-11) aplica-se a Domiciano aplica-se a Tito
A mulher é grande cidade Roma dominava os reis da Jerusalém dominava como
 que domina sobre os reis da terra na época de João soberana de Deus e lugar do
 terra (17:18) templo (Salmo 68:29) –
                agora é meretriz ou mulher
                fiel????
Destruição interna (17:16-17) História do declínio de Roma Destruída pelos romanos
                                  (cf. Daniel 2:42-43)
158
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
Nos comentários sobre a grande meretriz, procurarei mostrar significados relevantes a Roma. Também
mostrarei, nesta lição, por que eu acredito que João tenha escrito o livro durante o reinado de
Vespasiano.
17:1 –
Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo: A queda da grande meretriz já
foi anunciada em 14:8, e ela recebeu o cálice da ira de Deus quando a sétima taça foi derramada
(16:19). Agora um dos anjos que derramaram as taças mostra
mais detalhes para João.
1 Veio um dos sete anjos
que têm as sete taças e
Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que
falou comigo, dizendo: Vem,
se acha sentada sobre muitas águas: As águas referem-se
mostrar-te-ei o julgamento
aos povos ou nações. A besta, o poder do governo romano,
da grande meretriz que se
surgiu do mar (13:1). A grande meretriz – a cidade e seu poder
acha sentada sobre muitas
econômico – se acha sentada sobre as nações. A grandeza dela
águas,
dependia dos povos dominados pelo império romano.
17:2 –
Com quem se prostituíram os reis da terra: A prostituição entre nações é uma figura que sugere
alianças. Encontramos linguagem quase igual na condenação de Nínive, a antiga cidade principal do
corrupto império assírio (Naum 3:4-5), e nas críticas feitas a Tiro,
a cidade que dominava o comércio no mar mediterrâneo no
2 com quem se prostituíram
tempo de Isaías (Isaías 23:15-18). Roma, na época de João,
os reis da terra; e, com o
mantinha suas relações com diversos reis, dominando todos os
vinho de sua devassidão, foi
países da região mediterrânea.
que se embebedaram os
que habitam na terra.
Com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram
os que habitam na terra: Esta mesma acusação foi feita pela
segunda voz (14:8). Roma corrompeu outras nações,
envolvendo-as na sua libertinagem. Os excessos de Roma, e especialmente de alguns dos
imperadores, são bem documentados na história do período. Países que estabeleceram relações
favoráveis ao comércio com Roma lucraram como fornecedores de bens consumidos neste contexto
materialista. A mesma descrição pode incluir outros aspectos da corrupção romana – ganância,
idolatria, imoralidade, etc.
Como já observamos em outras citações, “os que habitam na terra” são os ímpios (cf. os
comentários sobre 13:6 e 8 na lição 22).
17:3 –
Transportou-me o anjo, em espírito: 600 anos antes desta
visão de João, o profeta Ezequiel foi levantado pelo Espírito e
levado a ver as condições da cidade de Jerusalém para ajudá-lo
a entender e comunicar os motivos do castigo de Judá (Ezequiel
3:12,13; 8:14,16; 11:1,24). Aqui, João é levado à Babilônia para
ver os planos de Deus de castigar a cidade mundana.
3 Transportou-me o anjo,
em espírito, a um deserto e
vi uma mulher montada
numa besta escarlate, besta
repleta de nomes de
blasfêmia, com sete cabeças
e dez chifres.
A um deserto: João já viu uma mulher levada ao deserto para
ser protegida (12:6,14). Desta vez, é uma mulher totalmente
diferente no deserto. Ela está sendo protegida, temporariamente,
pela besta. Esta mulher é a grande meretriz. A profecia de Isaías
contra a Babilônia é descrita como “sentença contra o deserto do mar” (Isaías 21:1,9).
Uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com
sete cabeças e dez chifres: A mulher está montada na besta do mar (13:1), que representa o poder
imperial de Roma. A grande meretriz depende do poder de Roma para sua sobrevivência.
Lição 28: Babilônia: A Grande Meretriz (17:1-18)
159
4 Achava-se a mulher
vestida de púrpura e de
escarlata, adornada de ouro,
de pedras preciosas e de
pérolas, tendo na mão um
cálice de ouro transbordante
de abominações e com as
imundícias da sua
prostituição.
17:4 –
Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata,
adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas: Já
sabemos que ela é uma meretriz (17:1), mas ela se veste como
se fosse uma mulher rica, de nobreza ou realeza.
Tendo na mão um cálice de ouro transbordante de
abominações e com as imundícias da sua prostituição: A
Babilônia dera às nações “o vinho da fúria da sua
prostituição” (14:8). Da mesma maneira que a Babilônia
histórica, cidade principal de sua época, deu seu vinho às nações
e causou a loucura delas (Jeremias 51:7), a Babilônia simbólica, Roma, deu de seu cálice às nações
de seu tempo. Todas queriam participar do “sucesso” da grande cidade mundana, e iam participar,
também, do castigo que viria sobre ela. Mesmo ela sendo bem-vestida e atraente às nações, Deus viu
o seu cálice cheio de abominações e imundícias, coisas repugnantes ao Santo Senhor.
5 Na sua fronte, achava-se
escrito um nome, um
mistério: BABILÔ NIA , A
GRANDE , A MÃE DAS
MERETRIZES E DAS
ABOMINAÇÕES DA TERRA .
17:5 –
Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério:
BABILÔNIA , A GRANDE , A MÃE DAS MERETRIZES E DAS
ABOM INAÇÕES DA TERRA : A mulher não esconde a sua
verdadeira identidade. As características da Babilônia são
encontradas em Roma, e o nome passa a representar esta cidade
e sua influência como prostituta corrompendo as nações. Isaías
chamou Tiro de meretriz, dizendo que “ela tornará ao salário da sua impureza e se prostituirá
com todos os reinos da terra” (Isaías 23:15-17). Uma profecia contra Nínive disse: “Tudo isso
por causa da grande prostituição da bela e encantadora meretriz, da mestra de feitiçarias,
que vendia os povos com a sua prostituição e as gentes, com as suas feitiçarias” (Naum
3:4). Roma, por sua influência sobre as nações do mundo, é descrita como a mãe das meretrizes.
6 Então, vi a mulher
embriagada com o sangue
dos santos e com o sangue
das testemunhas de Jesus;
e, quando a vi, admirei-me
com grande espanto.
17:6 –
Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos
e com o sangue das testemunhas de Jesus: Ela deu aos
outros a beber, mas ela também ficou embriagada. A “bebida” da
meretriz é o sangue dos servos do Senhor. São os mesmos que
pediram a justiça divina no quinto selo (6:9-11), aqueles que não
amaram a própria vida quando encararam a morte (12:11), e que
se mostraram fiéis até à morte (2:10). A grande meretriz cairia por causa da perseguição aos discípulos
de Jesus.
E, quando a vi, admirei-me com grande espanto: Que cena horrível e assustadora! A mulher
embriagada com sangue – o sangue dos conservos de João.
17:7 –
7 O anjo, porém, me disse:
Por que te admiraste?
Dir-te-ei o mistério da mulher
e da besta que tem as sete
cabeças e os dez chifres e
que leva a mulher:
O anjo, porém, me disse: Por que te admiraste?: O anjo viu
a reação de João, e imediatamente começa a responder à
preocupação do profeta.
Dir-te-ei o mistério da mulher e da besta que tem as sete
cabeças e os dez chifres e que leva a mulher: O
entendimento do significado desta visão, implicitamente, aliviará
o espanto de João. O anjo promete uma explicação sobre a
meretriz e sobre a besta. Esta explicação se segue nos próximos versículos.
160
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
17:8 –
A besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo: Sabemos que a besta representa
o poder do império romano e, também, os seus reis ou imperadores (cf. 17:11). Este versículo coloca
a revelação dada a João entre dois reis descritos como “a besta”
e durante o reino de um outro, que não agia como a besta. Já
8 a besta que viste, era e
sabemos de algumas características da besta, conforme a
não é, está para emergir do
apresentação no capítulo 13 e alguns comentários posteriores.
abismo e caminha para a
A besta recebeu sua autoridade do dragão e aceitou a adoração
destruição. E aqueles que
dos homens, que o tratavam como se fosse Deus. Ele agia com
habitam sobre a terra, cujos
arrogância e blasfêmia contra Deus, difamando o tabernáculo (o
nomes não foram escritos no
povo do Senhor). Pelejou contra os santos e os venceu. Os que
Livro da Vida desde a
recusavam a adorar a besta sofriam discriminação econômica, e
fundação do mundo, se
alguns deles foram mortos. Juntando estas informações,
admirarão, vendo a besta
entendemos que os imperadores identificados como “a besta”
que era e não é, mas
são reis que perseguiam os santos de Deus. Um perseguidor já
aparecerá.
era. Seria a cabeça “golpeada de morte” (13:3). Mas essa
ferida foi curada, e o poder romano não acabou (13:3). João
escreve durante um período de relativa tranqüilidade (a besta “não é”), mas um outro perseguidor ia
emergir do abismo. Como já veremos, estes comentários do anjo ajudam na datação do livro,
colocando-o entre os perseguidores Nero e Domiciano. Mais detalhes se seguem nos versículos 10 e
11.
E caminha para a destruição: O poder imperial, a besta, caminha para a destruição. A palavra
traduzida destruição aparece no Apocalipse somente aqui e no versículo 11, embora seja comum em
outros livros do Novo Testamento (veja Mateus 7:13; João 17:12; Atos 8:20; Romanos 9:22; Filipenses
1:28; 3:19; 1 Timóteo 6:9; Hebreus 10:39; 2 Pedro 2:1-3; 3:7,16; etc.). Uma cabeça já foi golpeada,
mas sobreviveu. Outra virá e será destruída. Antes de emergir do abismo, o seu destino já foi selado!
E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida
desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá:
Novamente, encontramos “aqueles que habitam sobre a terra”. São os ímpios, os adoradores da
besta. Estes se admirarão que a besta voltou. Os que habitam no céu, aqueles cujos nomes estão no
Livro da Vida, não se admiram, pois sabem que Deus está controlando tudo e que o poder da besta
não durará. Para mais informações sobre o Livro da Vida, veja os comentários sobre 3:5 e 13:8. Desde
a fundação do mundo, Deus preparou seu plano para a salvação dos fiéis. Ele planejou a vinda de
Jesus, sua vida, morte e ressurreição. Preparou a revelação do evangelho. Estabeleceu os termos de
admissão ao seu reino. Ao longo da história, ele veio anunciando, aos poucos, este plano, até chegar
à revelação de Jesus e do evangelho no Novo Testamento. Agora, aqueles que decidem servir a Jesus
têm seus nomes escritos no Livro da Vida.
17:9 –
Aqui está o sentido, que tem sabedoria: O anjo já prometeu explicar o significado da visão, e
agora chama a atenção de João aos pontos principais.
9 Aqui está o sentido, que
As sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está
tem sabedoria: as sete
sentada: A meretriz está sentada sobre sete montes. Várias
cabeças são sete montes,
cidades foram conhecidas, ao longo da história, como cidades de
nos quais a mulher está
sete montanhas ou colinas. As pessoas que aplicam as profecias
sentada. São também sete
sobre a grande meretriz à cidade de Jerusalém oferecem algumas
reis,
citações de Jerusalém como uma cidade de sete montes. Mas a
aplicação natural desta expressão no contexto do Apocalipse é
à cidade de Roma, bem conhecida na época de João como a cidade de sete colinas. Esta
Lição 28: Babilônia: A Grande Meretriz (17:1-18)
161
interpretação se ajusta aos outros aspectos da descrição desta cidade que dominava “sobre os reis
da terra” (17:18).
São também sete reis: Na linguagem simbólica da Bíblia, duas imagens diferentes podem
representar uma idéia ou personagem. Por exemplo, Jesus é um Cordeiro e um Leão (5:5-6) e o diabo
é um dragão e uma serpente (12:9). Aqui uma imagem representa duas idéias diferentes. As sete
cabeças são sete montes, e também são sete reis. Nos versículos seguintes, torna-se evidente que são
sete reis específicos. Esta mensagem comunica aos santos na época de João informações sobre o
passado e o futuro, identificando a conjuntura histórica em que eles se encontraram.
17:10 –
Dos quais caíram cinco: Os primeiros cinco imperadores romanos já caíram. Este fato nos ajuda
a determinar uma data do livro depois do suicídio de Nero, que aconteceu em 68 d.C.
Nota: Algumas interpretações se baseiam numa lista diferente de
imperadores, tipicamente começando com Júlio César e citam
algumas referências históricas (Flávio Josefo, etc.) para apoiar
esta explicação. Os mesmos comentaristas reconhecem, porém,
o perigo de se justificar com base em alguma referência histórica
que contradiz as informações bíblicas. Eles rejeitam, como eu
também faço, as interpretações que dão mais peso às referências históricas do que às evidências
internas quando se trata da datação do livro. Apesar de textos extra-bíblicos que datam o Apocalipse
no final do reinado de Domiciano, as evidências internas favorecem uma data anterior. No caso de
determinar um ponto de partida para a lista dos reis, tanto as evidências internas como a maioria das
citações históricas favorecem a posição usada neste estudo, de que Augusto foi o primeiro imperador
romano. Entre as observações históricas sobre esta questão, devemos observar dois fatos:
10 dos quais caíram cinco,
um existe, e o outro ainda
não chegou; e, quando
chegar, tem de durar pouco.
ì Júlio César se declarou ditador durante o período da República Romana (um erro político que
provocou o seu assassinato), mas Augusto foi o primeiro reconhecido
pelos romanos como imperador. Caio Júlio César Otaviano,
conhecido como César Augusto, tinha 18 anos de idade quando seu
tio e pai adotivo, Júlio César, foi assassinado em 44 a.C. Nos anos
seguintes, a instabilidade política em Roma levou ao fim da República
e a Augusto foi dado poder absoluto pelo Senado em 27 a.C.
í Não houve uma sucessão direta, como seria o caso de passar a
autoridade de imperador de pai para filho. Augusto conseguiu
consolidar o poder em 31 a.C., e seu reinado como imperador
começou 17 anos depois da morte de Júlio, em 27 a.C.
Respeito as opiniões ao contrário, mas acredito que as evidências
favorecem uma contagem de “reis” a partir de Augusto, o primeiro
imperador de Roma. Assim, o anjo declara que Augusto, Tibério,
Gaio Calígula, Cláudio e Nero já caíram.
Os Primeiros Imperadores
Augusto (27 a.C. - 14 d.C.)
Tibério (14 - 37)
Gaio Calígula (37 - 41)
Cláudio (41 - 54)
Nero (54 - 68)
Galba (68 - 69)
Otão (69)
Vitélio (69)
Vespasiano (69 - 79)
Tito Flávio (79 - 81)
Dom iciano (81 - 96)
Nerva (96 - 98)
Trajano (98 - 117)
Nero foi o último imperador da dinastia Júlio-Claudiana. A revolta de Galba e a rejeição de Nero pelo
Senado forçou o imperador a fugir. Seu suicídio em 68, sem deixar filhos, foi o fim de sua linhagem
e o golpe mortal de uma das cabeças da besta, citado em 13:3.
Um existe: Depois da morte de Nero, houve guerra civil em que quatro homens tentaram se
estabelecer como sucessores de Nero (este período é conhecido como o ano dos quatro imperadores).
Galba, Otão e Vitélio fracassaram. Vespasiano estabeleceu a próxima linha de imperadores, conhecida
como a dinastia Flaviana, que inclui o próprio Vespasiano e seus dois filhos, Tito e Domiciano. Para
identificar aquele que “existe” quando João escreve, precisamos comparar a profecia dele com a de
Daniel 7. Na visão de Daniel, os reis foram representados pelos dez chifres do quarto animal. Quando
subiu o décimo-primeiro, três foram arrancados (Daniel 7:8), deixando um total de oito. Da mesma
162
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
maneira que os quatro
animais de Daniel se
transformaram em
Daniel 7
Nomes dos Imperadores
Apocalipse 17
uma besta para João
(10 chifres)
(7 cabeças)
(veja os comentários
sobre 13:2 na lição
,
Augusto (27 a.C.-14 d.C.)
,
22), os 11 reis de
.
.
Daniel são oito para
.
Tibério (14-37 d.C.)
.
João, pois estes três
.
.
insig n if ican tes já
10 reis--------- .
Calígula (37-41 d.C.)
.-5 reis caíram (10)
foram, e Vespasiano
(7, 24)
.
.
se estabeleceu como
.
Cláudio (41-54 d.C.)
.
o sexto rei. Se João
.
.
tivesse escrito o livro
.
Nero (54-68 d.C.)
.
A besta era (8)
na época de Nero,
.
[Golpeada de
3 reis
.
,
Galba (68-69 d.C.)
morte – 13:2,14]
como alguns afirmam,
subjugados .
.
Otão (69 d.C.)
ele teria a mesma
(8,24)
.
.
Vitélio (69 d.C.)
perspectiva de Daniel,
.
ainda aguardando
.
Vespasiano (69-79 d.C.)------ Um rei existe (10)
aparecer estes três
.
A besta não é (8)
r ei s . E scr ev e n d o
.
Tito (79-81 d.C.)----------------- Outro rei ainda
depois de Vitélio, ele
não chegou (10)
nem menciona os três
11o rei---------------Domiciano (81-96 d.C.)-------- A besta que
que fracassaram entre
chifre pequeno
virá é o 8o rei
Nero e Vespasiano.
(8, 24)
(8,11)
Apesar de alguns
comentários feitos nas
décadas e séculos
depois colocando o exílio de João e o Apocalipse no reinado de Domiciano, eu acredito que a
evidência interna favorece uma data entre 69 e 79, durante o reinado de Vespasiano.
Imperadores Romanos
O outro ainda não chegou; e quando chegar, tem de durar pouco: O próximo imperador seria
Tito, o filho de Vespasiano, que reinou de 79 e 81. Assim foi cumprida a profecia que “tem de durar
pouco”. Interpretações que sugerem que o livro fosse escrito durante o reinado de Nero e que o oitavo
rei fosse Tito enfrentam algumas dificuldades aqui. Primeiro, teriam que explicar em que sentido
Cláudio pode ser entendido como a besta que foi ferida mortalmente, desde que não há registro de
perseguição aos cristãos pelos romanos na época de Cláudio. Segundo, teriam que explicar como
Vespasiano seria o outro que ainda não chegou e ia durar pouco, quando o reinado dele foi bem maior
do que o reinado de Tito. E ainda oferecendo alguma explicação para estas questões, teriam que
mostrar o seu caso mais forte conforme as evidências internas e as comparações com Daniel.
17:11 –
E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete: Depois das
perseguições do reinado de Nero (a besta que era), os servos de Deus passavam por alguns anos mais
tranqüilos (não é), mas ainda teriam mais sofrimento pela frente. A besta ia surgir de novo na forma
do oitavo rei, Domiciano. Em dois sentidos, pode afirmar-se que ele “procede dos sete”: Era filho
de Vespasiano, e também ressuscitou a política de perseguição de Nero. João, escrevendo durante
o reinado de Vespasiano, disse que a besta estava “para
emergir do abismo” (17:8). Daniel falou sobre este rei (o
décimo-primeiro do seu ponto de vista): “Proferirá palavras
11 E a besta, que era e não
contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e
é, também é ele, o oitavo rei,
e procede dos sete, e
cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe
caminha para a destruição.
serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e
Lição 28: Babilônia: A Grande Meretriz (17:1-18)
163
metade de um tempo. Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para
o destruir e o consumir até ao fim” (Daniel 7:25-26). À besta do mar “Foi-lhe dada uma boca
que proferia arrogâncias e blasfêmias e autoridade para agir quarenta e dois meses”
(13:5).
E caminha para a destruição: Aqui vem o conforto oferecido aos santos. A besta emergiria do
abismo e perseguiria os servos do Senhor. Mas o seu tempo seria limitado (42 meses, ou três anos e
meio, representa um tempo limitado de angústia) e seu destino já foi determinado pela justiça de Deus
– “Caminha para a destruição” (17:8); “Se alguém matar à espada, necessário é que seja
morto à espada” (13:10); “Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio,
para o destruir e o consumir até ao fim” (Daniel 7:26). A comparação destes trechos reforça o
entendimento que este oitavo rei caminha para sua própria destruição, e não que destrói outros (como
alguns sugerem quando aplicam a profecia a Tito, o filho de Vespasiano que destruiu Jerusalém antes
de se tornar imperador).
17:12 –
Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem
autoridade como reis, com a besta, durante uma hora: Durante uma boa parte do império
romano, foi usado um sistema conhecido como “rei-cliente”, em
que reis subordinados ao imperador governavam províncias do
12 Os dez chifres que viste
império. Os Herodes, que governavam a Judéia, servem como
são dez reis, os quais ainda
exemplo deste tipo de rei subordinado, ou rei fantoche. Os reis-
não receberam reino, mas
clientes durante o reinado de Domiciano, reinariam “com a
recebem autoridade como
besta”, mas o seu tempo seria curto – “durante uma hora”.
reis, com a besta, durante
Em contraste, os servos do Senhor que não adoraram a besta,
uma hora.
foram prometidos o privilégio de reinar “com Cristo durante
mil anos” (20:4). Os vencedores receberiam “autoridade
sobre as nações e com cetro de ferro as regerá” (2:26-27). Não precisamos entender uma hora
literal, nem mil anos literais, para apreciar o contraste. É melhor ser um servo de Cristo do que um rei
no império romano!
13 Têm estes um só
pensamento e oferecem à
besta o poder e a autoridade
que possuem.
17:13 –
Têm estes um só pensamento e oferecem à besta o poder
e a autoridade que possuem: São meramente fantoches. Não
têm poder próprio, pois todo o seu poder é dado à besta. Já
observamos que a besta surge do mar e depende das nações, da
sociedade humana, para seu poder e a sua existência. O imperador romano mantinha seu poder por
dominar as nações e seus reis.
17:14 –
Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá: A besta usará todos os seus recursos,
até os reis subordinados, para resistir o poder de Jesus e afligir os santos. Já sabemos que os reis da
terra seriam reunidos para uma batalha em Armagedom (16:14,16). Sabemos, também, que servem
à besta e ajudarão na perseguição dos fiéis. Mas mais importante de tudo, sabemos que a vitória será
do Cordeiro!
14 Pelejarão eles contra o
Cordeiro, e o Cordeiro os
vencerá, pois é o Senhor dos
senhores e o Rei dos reis;
vencerão também os
chamados, eleitos e fiéis que
se acham com ele.
164
Pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis: A certeza da
vitória está na natureza divina do Cordeiro. Não é questão do
tamanho do exército ou da estratégia dos guerreiros. Ele vencerá
porque é o Senhor dos senhores! Este título é mais uma prova da
divindade de Jesus, pois a Bíblia afirma que Deus (YHWH) é o
Senhor dos senhores: “Pois o SENHOR, vosso Deus, é o
Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande,
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
poderoso e temível” (Deuteronômio 10:17; cf Salmo 136:3; 1 Timóteo 6:15). No Apocalipse, este
título é aplicado a Jesus (17:14; 19:16). Os reis da terra podem receber autoridade da besta para
reinarem durante uma hora (17:12), mas tanto a besta como os reis cairão. Podem olhar para a
meretriz como “a grande cidade que domina sobre os reis da terra” (17:18), mas o destino dela
já foi anunciado (14:8). Jesus é o Soberano, o verdadeiro Rei dos reis!
Vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele: Os servos fiéis
participam da vitória do Cordeiro. Os servos do Senhor venceram o diabo “por causa do sangue
do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte,
não amaram a própria vida” (12:11). A garantia da vitória está na lealdade ao verdadeiro Soberano.
Aqueles que confiam na besta serão derrotados, enquanto os servos do Cordeiro têm certeza da vitória
final. As cartas nos capítulos 2 e 3 prometem recompensas aos vencedores, dizendo que receberiam
autoridade para dominar as nações com cetro de ferro (2:27). Aqueles que foram comprados com o
sangue do Cordeiro “reinarão sobre a terra” (5:10). As almas dos decapitados “reinaram com
Cristo durante mil anos” (20:4). Na Nova Jerusalém, os servos de Cristo “reinarão pelos séculos
dos séculos” (22:5).
17:15 –
As águas que viste, onde a meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e
línguas: A besta surgiu do mar, tomando sua força das nações (13:1). A meretriz, Roma, e seu poder
econômico dependem das nações e das relações comerciais no
império. O mar e o comércio são ligados um ao outro no castigo
15 Falou-me ainda: As águas
da segunda trombeta, que atinge a terça parte da vida no mar e
que viste, onde a meretriz
um terço das embarcações (8:9). Roma dominava o comércio
está assentada, são povos,
entre três continentes pelo seu controle do mar Mediterrâneo.
multidões, nações e línguas.
Mas se essas nações voltarem contra a meretriz, ela perderia sua
força.
17:16 –
Os dez chifres que viste e a besta, esses odiarão a meretriz, e a farão devastada e
despojada, e lhe comerão as carnes, e a consumirão no fogo: Na interpretação da visão de
Nabucodonosor, aprendemos que Roma seria um reino misto,
dividido, ao mesmo tempo forte e fraco (Daniel 2:40-43).
16 Os dez chifres que viste e
Segundo os relatos históricos, um dos principais motivos do
a besta, esses odiarão a
declínio de Roma foi a dissensão interna, envolvendo conflitos
meretriz, e a farão
entre generais, problemas com os líderes das províncias, etc. No
devastada e despojada, e
final do primeiro e durante o segundo século, tais conflitos dentro
lhe comerão as carnes, e a
do império começaram. Durante o reinado de Trajano, o império
consumirão no fogo.
chegou à sua extensão geográfica máxima. Ele morreu em 117
e, logo em seguida, seu sucessor devolveu a Mesopotâmia aos
partos, o primeiro de vários incidentes que tiveram o efeito de diminuir e dividir o império. A glória de
Roma foi se perdendo devido, em boa parte, aos excessos de alguns imperadores e aos problemas
com os povos já subjugados.
17:17 –
Porque em seu coração incutiu Deus que realizem o seu
pensamento: A besta e a meretriz podem se enganar, achando
que exerçam domínio verdadeiro sobre os reis e as nações. Mas
é Deus quem exerce o controle verdadeiro. Mesmo quando as
nações se rebelam contra o verdadeiro Senhor, ele controla tudo
para seus propósitos. Este versículo reafirma um princípio antigo
e bem-estabelecido nas Escrituras: “o Altíssimo tem domínio
sobre o reino dos homens e o dá a quem quer” (Daniel
Lição 28: Babilônia: A Grande Meretriz (17:1-18)
17 Porque em seu coração
incutiu Deus que realizem o
seu pensamento, o
executem à uma e dêem à
besta o reino que possuem,
até que se cumpram as
palavras de Deus.
165
4:32). Quando Deus usa nações ímpias para castigar outras, elas geralmente não reconhecem a mão
do Senhor, achando-se donos de si e capazes de controlar o próprio destino (cf. Isaías 10:5-8).
O executem à uma e dêem à besta o reino que possuem, até que se cumpram as palavras
de Deus: Uma parte do plano de Deus para vencer a besta foi o aumento do poder dela. Deus a
deixou crescer cada vez mais forte, dominando os reis das nações, enquanto preparava o castigo dela.
Nas décadas depois de João escrever o Apocalipse, o poder romano foi aumentando, chegando ao
seu auge no final do reinado de Trajano. A partir daquela época, perdeu território e poder aos poucos.
18 A mulher que viste é a
grande cidade que domina
sobre os reis da terra.
17:18 –
A mulher que viste é a grande cidade que domina sobre
os reis da terra: A explicação inspirada revela o significado da
meretriz, da grande cidade. A grande cidade no Apocalipse é
a Babilônia (14:8; 16:19; 17:5); é a cidade mundana que se colocou contra Deus no espírito de Egito,
Sodoma e Jerusalém (11:8). Ela é Roma, a cidade que dominava sobre os reis da terra na época de
João.
A Grande Cidade é Jerusalém?
O últim o versículo do capítulo 17 apresenta um problem a sério para as pessoas que defendem a
interpretação que a queda da Babilônia refere-se a destruição de Jerusalém em 70 d.C. Jerusalém não
dom inava os reis da terra! Para ainda defender a aplicação desta profecia a Jerusalém , alguns citam
trechos com o Deuteronôm io 15:6 e Salm o 68:29 para provar que Jerusalém , de fato, dom inava as
nações. Vam os considerar o problem a de argum entos baseados em textos com o estes.
Em Deuteronôm io 15:6, Moisés disse que Israel dom inaria m uitas nações, e não seria dom inada por
nenhum a. O contexto esclarece o sentido. O trecho trata-se de em préstim os, perm itindo que os israelitas
em prestem aos gentios e proibindo que tom em em préstim os de outras nações. O ponto é o m esm o citado
em Provérbios 22:7 – “O rico dom ina sobre o pobre, e o que toma emprestado é servo do que
empresta.” Duas outras observações sobre este trecho de Deuteronôm io: ì Fala-se em geral do povo
de Israel, não especificam ente da cidade de Jerusalém , e í É um a prom essa condicionada na obediência
do povo à lei, um condição que certam ente não foi cum prida pelos judeus do prim eiro século d.C.
Davi escreveu sobre Jerusalém e o santuário de D eus naquela cidade: “Reúne, ó Deus, a tua força,
força divina que usaste a nosso favor, oriunda do teu templo em Jerusalém. Os reis te oferecerão
presentes” (Salm o 68:28-29). O uso deste trecho para explicar Apocalipse 17:18 enfrenta, pelo m enos,
os seguintes problem as: ì Davi fala de Jerusalém fiel com o a cidade principal da nação santa do Antigo
Testam ento; a cidade destruída em 70 d.C. foi um a cidade im unda que havia rejeitado o próprio Senhor;
í Os reis oferecem presentes a Deus, não a Jerusalém . Não negam os a soberania de Deus! A questão
é outra – em que sentido poderíam os afirm ar que Jerusalém do prim eiro século d.C. dom inava sobre os
reis da terra?
Jerusalém , em term os de poder m ilitar e político, não passava de um a irritação perto da fronteira do
im pério rom ano com o deserto ocupado por nôm ades árabes. Não era a cidade que dom inava sobre os
reis da terra.
Conclusão
N
os capítulos 12 e 13, conhecemos três grandes inimigos do povo de Deus – o dragão e suas
duas bestas. No capítulo 17, conhecemos mais uma aliada do dragão, a grande meretriz
Babilônia. Ela é descrita como a cidade sentada sobre sete montes, bêbada com o sangue dos
santos, que dominava os reis da terra. Ela depende da besta do mar, o poder do império romano. Este
capítulo esclarece melhor o significado da besta, apontando ao poder perseguidor do governo romano,
especialmente às perseguições que seriam feitas por um imperador que viria pouco depois da profecia
de João.
166
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo




Apocalipse: Lição 29
Caiu! Caiu a Grande Babilônia
(Apocalipse 18:1-24)
J
á conhecemos os personagens principais entre os inimigos do povo de Deus. Apareceu o dragão
(capítulo 12), seguido pelas duas bestas (capítulo 13) e a grande meretriz (capítulo 17). Já
sabemos o destino destes inimigos de Deus, pois o Cordeiro e seus fiéis são os vencedores, e seus
adversários serão derrotados. Antes da identificação das características dos inimigos, a sétima
trombeta já declarou: “O reino
do mundo se tornou do
nosso Senhor e do seu
Cristo, e ele reinará pelos
séculos dos séculos” (11:15).
Antes da descrição da grande
meretriz vem a declaração da
queda dela (14:8). Este e os
subseqüentes capítulos
enfatizam o que já foi revelado –
os verdadeiros vencedores são
aqueles que adoram a Deus.
Todos os outros – dos
adoradores da besta à própria besta ao dragão que lhe dá poder – serão derrotados. A partir deste
capítulo, veremos a queda desses inimigos do Senhor. Surgiram numa seqüência (dragão, bestas,
meretriz) e cairão na ordem invertida (meretriz, bestas, dragão).
Um Anjo Anuncia a Queda da Babilônia (18:1-8)
18:1 –
Depois destas coisas, vi descer do céu outro anjo: A força que sustentava a meretriz vinha de
baixo: das águas, da besta que surgiu do mar e dos reis da terra. Os próprios reis seriam os
instrumentos de Deus no castigo dela, pois o anúncio da queda
dela vem de cima. Um anjo já anunciou a queda da Babilônia
1 Depois destas coisas, vi
(14:8), e um outro mostrou para João o significado da meretriz
descer do céu outro anjo,
e o seu julgamento (17:1,7). Aqui, outro anjo desce do céu para
que tinha grande autoridade,
confirmar a sentença contra a Babilônia.
e a terra se iluminou com a
sua glória.
Que tinha grande autoridade: A autoridade para falar vem do
céu. Não há dúvida sobre a veracidade de sua mensagem.
E a terra se iluminou com a sua glória: Deus é a verdadeira luz, e a sua glória ilumina (21:23; 1
João 1:5). Pelo evangelho revelado, a glória de Deus traz iluminação (2 Coríntios 4:4-6; Efésios 1:17-
18). Aqui, então, aguardamos uma declaração de Deus que trará boas notícias aos servos fiéis.
18:2 –
Então, exclamou com potente voz: “Potente voz” vem da mesma expressão traduzida por “grande
voz” em outros versículos: a voz de Jesus (1:10), a voz de anjos (5:2; 10:3; 14:7,9,15,18; 19:17), a dos
adoradores de Deus (5:12; 7:10); a das almas dos mártires (6:10), a da águia que anuncia os três ais
(8:13), a voz do céu que chamou as testemunhas a subirem (11:13); as da sétima trombeta que
anunciam o reino do Senhor (11:15), a do céu que anuncia o poder de Deus e a expulsão do dragão
(12:10), a do santuário ou do trono (16:1,17; 21:3).
168
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
Caiu! Caiu a grande Babilônia: Esta linguagem é a maneira
2 Então, exclamou com
profética de mostrar que Deus tiraria do poder aqueles que
potente voz, dizendo: Caiu!
dominavam e abusavam dos outros. Isaías profetizou contra o rei
Caiu a grande Babilônia e se
da Babilônia histórica: “Como cessou o opressor! Como
tornou morada de demônios,
acabou a tirania! Quebrou o SENHOR a vara dos
covil de toda espécie de
perversos e o cetro dos dominadores, que feriam os
espírito imundo e
povos com furor, com golpes incessantes, e com ira
esconderijo de todo gênero
dominavam as nações, com perseguição irreprimível. Já
de ave imunda e detestável
agora descansa e está sossegada toda a terra. Todos
exultam de júbilo” (Isaías 14:4-7). Antes de prosseguir,
devemos observar a importância do caso da Babilônia antiga na interpretação da Babilônia simbólica
do Apocalipse. No Antigo Testamento, há várias profecias sobre a queda da Babilônia. Estas profecias
foram cumpridas na queda do domínio babilônico e até na destruição da cidade, mas não literalmente
de uma forma imediata e desastrosa. A cidade “caiu” ao líder persa, Ciro o Grande, em 539 a.C., data
que geralmente marca o fim do império babilônico, mas as batalhas desta conquista ocorreram em
outros lugares, fora da cidade. Sabemos que os persas e medos se juntaram para vencer os
babilônicos. Isaías fala especificamente de Ciro (45:1-2; 48:14-15) e dos medos como instrumentos
de Deus neste castigo (Isaías 13:17-20). Jeremias, também, foi específico quando disse que o castigo
da Babilônia viria logo no fim dos setenta anos do cativeiro de Judá (Jeremias 25:12), que os medos
seriam o instrumento de Deus para castigá-la (51:11), que a destruição dela seria repentina (51:8) e
seria afundada como uma pedra jogada no rio (51:63-64). Não podemos forçar uma interpretação
literal, pois a cidade permaneceu alguns séculos depois da invasão dos persas e medos, sendo desfeita
aos poucos como resultado dos estragos de várias invasões nas épocas dos medo-persas, dos gregos
e helenistas e até dos romanos. Não é possível mostrar cumprimento literal de todos os detalhes das
profecias da queda da Babilônia antiga (alguns exemplos se encontram em Isaías 13:5,9-13,15-16;
14:22-23; 21:9; 43:14; 47:1,5; Jeremias 25:12-14; 50:1-2,9-10,21-46; 51:1-64). Usando o exemplo
de profecias sobre a Babilônia histórica, percebemos que profecias de destruição nas Escrituras podem
empregar linguagem poética e hiperbólica, podem usar figuras específicas para falar de castigos mais
gerais e podem comprimir uma série de acontecimentos em um único evento. Com este
entendimento, ainda mantemos a nossa confiança nas afirmações do Apocalipse que as profecias
seriam cumpridas em breve. Não precisamos mostrar a destruição total e repentina da cidade de
Roma, nem a queda iminente do império romano. A linguagem profética afirma a humilhação dos
poderes que perseguiam os santos, e a história mostra que foram, de fato, humilhados e derrotados.
E se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo
de todo gênero de ave imunda e detestável: A grande cidade que estava cheia de atividade e de
pessoas poderosas e ricas se torna uma cidade abandonada e suja (cf. Isaías 13:19-22). Mais uma vez,
o contraste entre as duas principais cidades do livro se torna evidente. A cidade mundana se torna
lugar deserto e imundo, ocupado por demônios e espíritos imundos. A cidade santa, a nova
Jerusalém, será habitada por multidões na presença do Senhor, e “Nela, jamais penetrará coisa
alguma contaminada” (21:27).
18:3 –
Este versículo repete alguns dos motivos do castigo de Roma:
Pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua
prostituição. Com ela se prostituíram os reis da terra: A
meretriz contaminou as nações com a sua maldade, avareza, etc.
3 pois todas as nações têm
bebido do vinho do furor da
sua prostituição. Com ela se
prostituíram os reis da terra.
Também os mercadores da
terra se enriqueceram à
custa da sua luxúria.
Também os mercadores da terra se enriqueceram à custa
da sua luxúria: Roma foi um grande consumidor, procurando
e tomando para si tudo que traria prazer carnal ou glória material. Pelo fato do império controlar o
comércio entre os continentes de Europa, África e Ásia, as nações exportadoras dominadas pelos
Lição 29: Caiu! Caiu a Grande Babilônia (18:1-24)
169
romanos se enriqueceram por causa desse comércio. A luxúria é o desejo descontrolado, um termo
que, muitas vezes, descreve a sensualidade e lascívia.
18:4 –
Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em
seus pecados: Esta linguagem vem de Isaías 52:11, um trecho que fala sobre o fim do cativeiro dos
israelitas. Deus promete trazer o seu povo remido de volta para
Sião, mas exige que venha sem a impureza e a idolatria praticada
4 Ouvi outra voz do céu,
por seus opressores. A purificação e a fidelidade do povo seriam
dizendo: Retirai-vos dela,
essenciais para a comunhão com o santo Senhor (52:1-6).
povo meu, para não serdes
cúmplices em seus pecados
e para não participardes dos
seus flagelos
Paulo emprega a mesma linguagem em um apelo à santidade (2
Coríntios 6:14 - 7:1). Para ser o povo de Deus e manter e gozar
a comunhão com o Senhor, é necessário ser santificado. Esta
santidade é oposta à imundícia e à luxuria da meretriz.
E para não participardes dos seus flagelos: Se participar dos pecados, receberiam o mesmo
castigo. Deus chama o povo dele para ser separado. A santificação é uma exigência fundamental do
evangelho como base da comunhão com Deus: “Segui a paz com todos e a santificação, sem
a qual ninguém verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso,
separando-se da graça de Deus” (Hebreus 12:14-15).
18:5 –
Porque os seus pecados se acumularam até ao céu: A voz do sangue de Abel chegou ao Senhor,
pedindo vingança (Gênesis 4:10). O clamor de Sodoma e Gomorra subiu até Deus, trazendo sua ira
na destruição das cidades (Gênesis 18:20-21). A meretriz
acumulou tanta iniqüidade que chegou até ao céu.
5 porque os seus pecados
se acumularam até ao céu, e
Deus se lembrou dos atos iníquos que ela praticou: O
Deus se lembrou dos atos
Senhor não podia ignorar a maldade de Roma. Ela se exaltou em
iníquos que ela praticou.
rebeldia contra Deus e contra a sua vontade. O castigo se tornou
inevitável.
18:6 –
Dai-lhe em retribuição como também ela retribuiu, pagai-lhe em dobro segundo as suas
obras: A justiça divina opera-se pelo princípio da colheita: “Aquilo que o homem semear, isso
também ceifará” (Gálatas 6:7). Roma conduziu outras nações
a participarem na sua iniqüidade e a sofrerem as conseqüências
6 Dai-lhe em retribuição
nos flagelos de Deus. Agora, veio a hora da retribuição.
como também ela retribuiu,
pagai-lhe em dobro segundo
No cálice em que ela misturou bebidas, misturai dobrado
as suas obras e, no cálice
para ela: Induzir outros ao pecado não é ato de amor ou
em que ela misturou
amizade. Causa sofrimento e os leva ao castigo. Por ter feito isso,
bebidas, misturai dobrado
a meretriz terá que beber do cálice da ira de Deus (cf.
para ela.
comentários sobre 14:8,10).
18:7 –
7 O quanto a si mesma se
glorificou e viveu em luxúria,
dai-lhe em igual medida
tormento e pranto, porque
diz consigo mesma: Estou
sentada como rainha. Viúva,
não sou. Pranto, nunca hei
de ver!
170
O quanto a si mesma se glorificou e viveu em luxúria, dai-
lhe em igual medida tormento e pranto: O castigo na
medida do crime cometido. Ele se entregou à luxúria sem limites,
e agora sofreria tormento sem limites.
Porque diz consigo mesma: Estou sentada como rainha.
Viúva, não sou. Pranto, nunca hei de ver!: Na sua
arrogância, Roma se achou invencível. Ela dominava o mundo,
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
e nem imaginou alguém capaz de tirá-la de sua posição exaltada. A cidade de Roma e os seus
imperadores chegaram a ser adorados como deuses. A confiança exagerada dela nos lembra dos
edomitas no Antigo Testamento: “A soberba do teu coração te enganou, ó tu que habitas nas
fendas das rochas, na tua alta morada, e dizes no teu coração: Quem me deitará por
terra? Se te remontares como águia e puseres o teu ninho entre as estrelas, de lá te
derribarei, diz o SENHOR” (Obadias 3-4; cf. a profecia semelhante sobre a Etiópia e a Assíria em
Sofonias 2:15). Os versículos 7 e 8 claramente tomam a sua linguagem de uma profecia sobre a
Babilônia histórica: “Ouve isto, pois, tu que és dada a prazeres, que habitas segura, que
dizes contigo mesma: Eu só, e além de mim não há outra; não ficarei viúva, nem
conhecerei a perda de filhos. Mas ambas estas coisas virão sobre ti num momento, no
mesmo dia, perda de filhos e viuvez; virão em cheio sobre ti, apesar da multidão das tuas
feitiçarias e da abundância dos teus muitos encantamentos” (Isaías 47:8-9). Compare, agora,
o que viria sobre a Babilônia do Apocalipse.
18:8 –
8 Por isso, em um só dia,
sobrevirão os seus flagelos:
morte, pranto e fome; e será
consumida no fogo, porque
poderoso é o Senhor Deus,
que a julgou.
Por isso, em um só dia, sobrevirão os seus flagelos:
morte, pranto e fome; e será consumida no fogo: A auto-
confiança da Babilônia a deixa totalmente despreparada e
vulnerável quando vem o juízo de Deus. Mais um versículo de
Isaías salienta o perigo que a Babilônia e Roma enfrentaram, o
mesmo que enfrentamos hoje numa sociedade dominada pelos
avanços da ciência e da tecnologia: “Porque confiaste na tua maldade e disseste: Não há quem
me veja. A tua sabedoria e a tua ciência, isso te fez desviar, e disseste contigo mesma: Eu
só, e além de mim não há outra” (Isaías 47:10). A palavra traduzida “flagelos” é a mesma que
descreve, em outros livros do Novo Testamento, os açoites de castigo (Atos 16:23,33; 2 Coríntios 6:5;
11:23). Aqui e outras vezes no Apocalipse, identifica os “açoites” de castigo que vêm de Deus.
Porque poderoso é o Senhor Deus, que a julgou: Roma se achou poderosa, mas se enganou.
Deus é o verdadeiro Onipotente, e ele julgou a meretriz. Ela não escapará deste castigo. Paulo disse:
“A fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1 Coríntios 1:25).
As Reações à Queda da Babilônia (18:9-20)
As reações à queda da meretriz são duas: lamentação e exultação. Primeiro, encontramos a
lamentação repetida por três grupos de dependentes de Roma: os reis, os mercadores e os pilotos.
Todos se expressam com variações do mesmo refrão: “Ai! Ai da grande cidade” (10,16,19).
Depois, três categorias dos dependentes de Deus (santos, apóstolos e profetas) são convidados a
exultarem sobre a meretriz caída (20). Agora, as lamentações:
ì Os reis lamentam sobre a meretriz (18:9-10)
18:9 –
Ora, chorarão e se lamentarão sobre ela os reis da terra...
quando virem a fumaceira do seu incêndio: Os mesmos reis
que odiavam a meretriz e contribuíram à destruição dela (17:16)
agora lamentam a queda da Babilônia. Apesar de detestar a
meretriz que os dominava (17:18), eles viviam do comércio
gerado pela luxúria dela. A destruição da meretriz teria um
impacto econômico muito negativo para os países comerciantes.
18:10 –
E, conservando-se de longe, pelo medo do seu tormento:
As nações participaram dos lucros, e até dos erros, mas não
querem se envolver na hora do castigo.
Lição 29: Caiu! Caiu a Grande Babilônia (18:1-24)
9 Ora, chorarão e se
lamentarão sobre ela os reis
da terra, que com ela se
prostituíram e viveram em
luxúria, quando virem a
fumaceira do seu incêndio
10 e, conservando-se de
longe, pelo medo do seu
tormento, dizem: Ai! Ai! Tu,
grande cidade, Babilônia, tu,
poderosa cidade! Pois, em
uma só hora, chegou o teu
juízo.
171
Dizem: Ai! Ai! Tu, grande cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade! Pois, em uma só hora,
chegou o teu juízo: A poderosa cidade que dominava os reis do mundo recebe a justa recompensa
por seu erro. O juízo de Deus chega repentinamente, tomando a orgulhosa meretriz de surpresa.
11 E, sobre ela, choram e
pranteiam os mercadores da
terra, porque já ninguém
compra a sua mercadoria,
12 mercadoria de ouro, de
prata, de pedras preciosas,
de pérolas, de linho
finíssimo, de púrpura, de
seda, de escarlata; e toda
espécie de madeira
odorífera, todo gênero de
objeto de marfim, toda
qualidade de móvel de
madeira preciosíssima, de
bronze, de ferro e de
mármore;
13 e canela de cheiro,
especiarias, incenso,
ungüento, bálsamo, vinho,
azeite, flor de farinha, trigo,
gado e ovelhas; e de
cavalos, de carros, de
escravos e até almas
humanas.
14 O fruto sazonado, que a
tua alma tanto apeteceu, se
apartou de ti, e para ti se
extinguiu tudo o que é
delicado e esplêndido, e
nunca jamais serão achados.
15 Os mercadores destas
coisas, que, por meio dela,
se enriqueceram,
conservar-se-ão de longe,
pelo medo do seu tormento,
chorando e pranteando,
16 dizendo: Ai! Ai da grande
cidade, que estava vestida
de linho finíssimo, de
púrpura, e de escarlata,
adornada de ouro, e de
pedras preciosas, e de
pérolas,
17 porque, em uma só hora,
ficou devastada tamanha
riqueza!
í Os mercadores lamentam sobre a meretriz (18:11-
17a)
18:11 –
E, sobre ela, choram e pranteiam os mercadores da terra,
porque já ninguém compra a sua mercadoria: Confirmação
do motivo egoísta da tristeza das nações! Não choraram por
amor de Roma, e sim por perda de lucros! O egoísmo e o
materialismo são características de pessoas carnais. Roma
mostrou este mesmo espírito, e os sujeitos que participavam da
prostituição dela, também, se mostraram carnais. “Mercadores”
vem de uma palavra que sugere atacadistas, aqueles que
transportaram mercadoria de longe para vender em grandes
quantidades.
18:12-14 –
Mercadoria de ouro, de prata, de pedras preciosas...: Esta
lista de produtos mostra a extrema riqueza da meretriz. Consumia
todo tipo de mercadoria de luxo, até escravos. A opulência de
Roma levou a cidade ao exagero de um consumismo
desenfreado, e as nações exportadoras lucraram com isso.
A lista de mercadoria nestes versículos é paralela, embora mais
resumida, à lista de Ezequiel 27 e 28. Aquela profecia falou da
mercadoria comprado por Tiro, um porto que controlava, na sua
época, uma boa parte do comércio do Mediterrâneo. Os
produtos citados vêm de diversos países em continentes
diferentes. Roma, na época do Apocalipse, controlava o
comércio no mar Mediterrâneo e, com isso, uma boa parte dos
negócios entre os continentes da Ásia, África e Europa. A palavra
traduzida “mercadoria” normalmente indica frete de um navio.
Estes versículos reforçam a interpretação da meretriz como
símbolo de Roma e sua vida comercial e materialista.
Nunca jamais serão achados: Depois de gerações de luxo,
Roma não teria mais o domínio comercial e a facilidade de obter
estas mercadorias. Perderia poder e prosperidade e, como
conseqüência, sua capacidade de satisfazer seus próprios
apetites.
18:15-17a –
Os mercadores destas coisas, que, por meio dela, se
enriqueceram, conservar-se-ão de longe, pelo medo do
seu tormento, chorando e pranteando, dizendo Ai! Ai da
grande cidade: Os mercadores, como os reis (18:10), ficam
longe da meretriz e repetem o refrão de lamentação: “Ai! Ai da
grande cidade!”
Que estava vestida de linho finíssimo, de púrpura...: A descrição da meretriz (17:4). Agora ele
deixa claro o significado, frisando a prosperidade e materialismo da cidade.
172
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
Porque, em uma só hora, ficou devastada tamanha riqueza: A Babilônia tinha tudo, e se achava
superior a todos. Agora, pela declaração de Deus, perde tudo.
î Os pilotos lamentam sobre a meretriz (18:17b-19):
18:17b –
E todo piloto, e todo aquele que navega livremente, e marinheiros, e quantos labutam no
mar conservaram-se de longe: Já observamos a importância do poder de Roma sobre o mar
Mediterrâneo. As economias de nações dependiam do comércio com Roma e, por isso, os reis
lamentaram (18:9-10). Os mercadores dependiam deste comércio, dando-lhes motivo para chorar
(18:11-17). Os pilotos, também, dependiam do transporte de
mercadoria. Mas, como os outros, eles ficam longe na hora do
castigo da grande cidade, porque não querem sofrer com ela.
17 E todo piloto, e todo
aquele que navega
18:18 –
livremente, e marinheiros, e
quantos labutam no mar
Então, vendo a fumaceira do seu incêndio, gritavam: Que
conservaram-se de longe.
cidade se compara à grande cidade?: As palavras de
18 Então, vendo a
blasfêmia de novo! Os aliados do diabo se exaltaram diante dos
fumaceira do seu incêndio,
homens tanto que os habitantes da terra acreditavam, por um
gritavam: Que cidade se
tempo, nas suas arrogantes afirmações (cf. os comentários sobre
compara à grande cidade?
Miguel e a besta do mar em 13:4, lição 22). Mas o motivo desta
19 Lançaram pó sobre a
arrogância sumiu numa nuvem de fumaça subindo da cidade!
cabeça e, chorando e
pranteando, gritavam: Ai! Ai
18:19 –
da grande cidade, na qual se
Lançaram pó sobre a cabeça e, chorando e pranteando,
enriqueceram todos os que
gritavam: Uma cena igual à lamentação dos pilotos quando Tiro
possuíam navios no mar, à
caiu (Ezequiel 27:27-32). Lançar pó sobre a cabeça mostra
custa da sua opulência,
angústia e tristeza (Jó 2:12; Ezequel 27:30).
porque, em uma só hora, foi
devastada!
Ai! Ai da grande cidade: O terceiro refrão destas lamentações.
Na qual se enriqueceram todos os que possuíam navios
no mar, à custa da sua opulência, porque, em uma só hora, foi devastada!: O motivo dos
pilotos, como o dos mercadores, é egoísta. Nada de tristeza pela meretriz. Eles choram porque
perderam os seus contratos como transportadores.
A Exultação dos Santos (18:20):
Os reis, mercadores e pilotos podem lamentar, mas a queda da Babilônia é ocasião de alegria para
os servos do Senhor!
18:20 –
20 Exultai sobre ela, ó céus,
e vós, santos, apóstolos e
profetas, porque Deus contra
ela julgou a vossa causa.
Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e
profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa: Os
habitantes da terra podem lamentar, mas os que habitam no céu
celebram a vitória! A causa dos fiéis foi o assunto das orações
dos santos (5:8; 8:4) e das petições das almas debaixo do altar no quinto selo (6:9-11). Santos,
apóstolos e profetas foram perseguidos e oprimidos por aqueles que habitam sobre a terra. A queda
da Babilônia, a meretriz que bebera o sangue dos santos (17:6), foi um passo importante na direção
da vindicação total da causa dos servos do Senhor.
A Derrota Total da Babilônia (18:21-24)
A primeira vez que a palavra Babilônia aparece no Apocalipse foi para anunciar a queda dela (14:8).
A última vez que aparece (18:21) é para declarar a sua derrota total e final.
Lição 29: Caiu! Caiu a Grande Babilônia (18:1-24)
173
18:21 –
Então, um anjo forte levantou uma pedra como grande pedra de moinho e arrojou-a para
dentro do mar: Foi um anjo forte que procurou alguém para abrir o livro e revelar a vontade de Deus
(5:2). Foi um anjo forte que desceu do céu e jurou que o mistério
de Deus seria cumprido (10:1-7). Agora, um anjo forte joga a
21 Então, um anjo forte
grande pedra no mar, declarando a finalidade do castigo previsto.
levantou uma pedra como
Jesus usou a figura de lançar alguém no mar com uma grande
grande pedra de moinho e
pedra de moinho pendurada no pescoço para descrever a morte
arrojou-a para dentro do
(Mateus 18:6; Marcos 9:42). Este ato simbólico do anjo declara
mar, dizendo: Assim, com
a morte, a derrota total, da meretriz.
ímpeto, será arrojada
Babilônia, a grande cidade, e
Assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia, a grande
nunca jamais será achada.
cidade, e nunca jamais será achada: Em relação à
interpretação literal ou figurada desta profecia, leia os
comentários sobre 18:2. Da mesma maneira que entendemos as profecias sobre a Babilônia histórica,
aceitamos estas profecias sobre a destruição da Babilônia simbólica. O ponto não é a forma do
castigo, mas sua certeza. Ela afirmou, na sua arrogância, que nunca veria pranto (18:7). Deus declara
que ela nunca será vista, e nunca verá a vida! A Babilônia foi jogada no mar e se afundou. Jamais
levantará a sua mão contra os servos do Senhor. Compare a profecia sobre a Babilônia antiga em
Jeremias 51:63-64.
O estado de morte da meretriz é descrito nas figuras nos versículos seguintes. É uma cidade morta.
Não há nela os sons de festa, nem os sons do trabalho de fábricas, nem de produção de alimentos;
não há luz, pois a cidade se escureceu. O que acha é apenas o sangue dos santos, motivo da morte
da meretriz.
22 E voz de harpistas, de
músicos, de tocadores de
flautas e de clarins jamais
em ti se ouvirá, nem artífice
algum de qualquer arte
jamais em ti se achará, e
nunca jamais em ti se ouvirá
o ruído de pedra de moinho.
18:22 –
E voz de harpistas, de músicos, de tocadores de flautas e
de clarins jamais em ti se ouvirá: A festa acabou! A alegria da
música, característica de uma cidade de luxúria e prosperidade,
cessou. A Babilônia nunca voltaria a ter a mesma alegria.
Nem artífice algum de qualquer arte jamais em ti se
achará: A cidade era um centro de atividade comercial, mas
agora pararam para sempre as atividades de artesanato e
produção.
Nunca jamais em ti se ouvirá o ruído de pedra de moinho: Nenhum barulho de produção de
alimentos. O silêncio da morte toma conta da cidade.
18:23-24 –
23 Também jamais em ti
brilhará luz de candeia; nem
voz de noivo ou de noiva
jamais em ti se ouvirá, pois
os teus mercadores foram os
grandes da terra, porque
todas as nações foram
seduzidas pela tua feitiçaria.
24 E nela se achou sangue
de profetas, de santos e de
todos os que foram mortos
sobre a terra.
174
Também jamais em ti brilhará a luz de candeia: Mais um
sinal de uma cidade morta. Nenhum som e nenhuma luz.
Nem voz de noivo ou de noiva jamais em ti se ouvirá: O
casamento sempre é um sinal de esperança, de planos para o
futuro (Mateus 24:38). Mas a Babilônia não tem futuro; não terá
nela as vozes de noivos.
Pois os teus mercadores foram os grandes da terra: A
Babilônia foi exaltada e exercia poder e influência sobre os outros.
Os motivos do castigo dela são resumidos em dois pontos:
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
ì Porque todas as nações foram seduzidas pela tua feitiçaria: A meretriz seduziu as nações,
que participaram com ela na sua prostituição. Este envolvimento dos povos com a Babilônia foi um
dos pontos principais deste capítulo.
í E nela se achou sangue de profetas, de santos e de todos os que foram mortos sobre a
terra: Mais uma vez, ele volta ao motivo maior do castigo de Roma. Perseguia os santos e se
embriagou com o sangue deles (17:6). Deus castiga a Babilônia como ato de justiça, trazendo a
merecida vingança pela perseguição do povo do Senhor. A súplica do quinto selo está sendo
respondida!
Conclusão
O
anjo de Deus desceu do céu e declarou: “Caiu! Caiu a grande Babilônia” (18:2). Seguiu-se
o coro dos habitantes da terra lamentando a queda da grande meretriz. Os reis, os mercadores
e os marinheiros repetiam o mesmo refrão: “Ai! Ai da grande cidade” (18:10,16,19). A cena
final deste capítulo descreve a cidade, antigamente grande e ativa, tomada pelo silêncio de uma
tumba. A Babilônia, por se exaltar e por se colocar em oposição a Deus, foi jogada no mar e
totalmente derrotada pelo Senhor. E os santos, os fiéis que não cederam às pressões da perseguição,
celebraram a vitória da justiça divina.




Apocalipse: Lição 30
São Chegadas as Bodas do Cordeiro
(Apocalipse 19:1-10)
A
ntes de começar as séries de julgamentos, o Apocalipse já afirma a posição exaltada do Senhor.
Jesus recebe “a glória e o domínio pelos séculos dos séculos” (1:6). O Senhor Deus é o
Todo-Poderoso (1:8; 4:8). O Pai senta no trono, vive eternamente e recebe das suas criaturas “a
glória, a honra e o poder” (4:9-11). O Pai e o Filho recebem “o domínio pelos séculos dos
séculos” (5:13).
As cenas de julgamento demonstram a soberania de Deus. No intervalo entre os sexto e sétimo selos,
Deus está no trono e recebe o louvor daqueles que proclamam que ele possui o poder e a força pelos
séculos dos séculos (7:12). A sétima trombeta declara o reino universal de Cristo, que “reinará pelos
séculos dos séculos”, dizendo que o “Senhor Deus, Todo-Poderoso” assumiu seu grande poder
e passou a reinar (11:15-17). Os conflitos do capítulo 12 mostram o fracasso do dragão, porque
“Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo”
(12:10). A cena no monte Sião, antes das vozes do capítulo 14, mostra o Cordeiro em pé sobre o
monte (14:1). No intervalo antes do derramamento das sete taças, os vencedores adoram o “Senhor
Deus, Todo-Poderoso”, o “Rei das nações” (15:3). A vitória sobre a grande meretriz foi garantida,
pois o Cordeiro é “o Senhor dos senhores e o Rei dos reis” (17:14).
Mas houve momentos em que estas verdades sobre a primazia de Deus se tornaram mais obscuras:
Quando a besta venceu as duas testemunhas (11:7); quando o dragão se mostrou forte diante da
mulher (12:3-4); quando a besta do mar se exaltou e desafiou e venceu os servos de Deus com suas
palavras arrogantes e blasfemadoras (13:4-7); quando a besta da terra fez morrer aqueles que
recusaram adorar a besta (13:15); e quando a grande meretriz se embriagou com o sangue dos santos
(17:6). É difícil manter uma confiança total no Senhor quando parece que o mal vence o bem.
Os últimos cinco capítulos do Apocalipse servem para apagar qualquer dúvida que tenha sobrado.
Deus é o Soberano que reina eternamente, e os fiéis que confiam no sangue do Cordeiro vencem para
participar do reino eterno. A vitória total e final é dos santos. As bodas do Cordeiro representam a
celebração desta grande vitória.
19:1 –
Depois destas coisas, ouvi no céu uma como grande voz de numerosa multidão: Três vezes
neste livro encontramos a numerosa ou grande multidão, sempre no céu e sempre adorando ao
Senhor (7:9-10; 19:1; 19:6).
Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso
Deus: A palavra “aleluia”, embora comum em expressões de
louvor em nossos dias, aparece em apenas dois livros da Bíblia
– os Salmos e o Apocalipse. Vem do hebraico e significa “louve
a Deus” (Jah ou Yah, uma contração de YHWH, Jeová ou Javé).
No Apocalipse, a forma grega da palavra aparece apenas quatro
vezes, todas neste capítulo (19:1,3,4,6). Cada vez que
pronunciamos esta palavra, falamos o nome de Deus e, por isso,
deve ser falada com toda reverência e respeito. Não é uma palavra comum ou uma mera interjeição,.e
sim, uma expressão de adoração ao Senhor. As outras palavras usadas aqui são expressões comuns
do louvor dado ao Senhor no Apocalipse (como também em outros livros): salvação (7:10; 12:10),
glória (1:6; 4:9,11; 5:12,13; 7:12; 11:13; 14:7; 16:9; 19:7; 21:26), poder (4:11; 5:12; 7:12; 11:17;
12:10).
1 Depois destas coisas, ouvi
no céu uma como grande
voz de numerosa multidão,
dizendo: Aleluia! A salvação,
e a glória, e o poder são do
nosso Deus
176
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
19:2 –
Porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos: A
mesma mensagem e o mesmo motivo de louvor encontrados na
terceira taça (16:4-7). Deus, por ser santo, é absolutamente justo.
2 porquanto verdadeiros e
justos são os seus juízos,
pois julgou a grande meretriz
que corrompia a terra com a
sua prostituição e das mãos
dela vingou o sangue dos
seus servos.
Pois julgou a grande meretriz que corrompia a terra com
a sua prostituição e das mãos dela vingou o sangue dos
seus servos: No julgamento da Babilônia, Deus se mostrou
justo e respondeu à petição das almas debaixo do altar, no quinto
selo, que esperavam a vingança contra seus perseguidores (6:9-11).
19:3 –
Segunda vez disseram: Aleluia!: A multidão repete sua
palavra de adoração, dando honra a Deus.
3 Segunda vez disseram:
Aleluia! E a sua fumaça sobe
pelos séculos dos séculos.
E a sua fumaça sobe pelos séculos dos séculos: A fumaça
acompanha várias figuras do castigo divino (cf. 9:18; 14:11).
Subiu de Sodoma e Gomorra (Gênesis 19:28). Deus respondeu
à oração de Davi quando este pediu livramento das mãos de
Saul. Davi descreveu a justiça divina, dizendo: “Das suas narinas, subiu fumaça, e da sua boca,
fogo devorador” (2 Samuel 22:9; cf. Salmo 18:8; 37:20). Isaías falou de “espessas nuvens de
fumaça” para descrever o castigo de Israel (Isaías 9:18). Como conseqüência do julgamento divino
de Edom e das nações, “Nem de dia nem de noite se apagará; subirá para sempre a sua
fumaça” (Isaías 34:10). Sobe para sempre ou pelos séculos dos séculos, não literalmente, mas para
mostrar a vitória total do Senhor sobre a Babilônia.
19:4 –
Os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes
prostraram-se e adoraram a Deus, que se acha sentado no
trono: Semelhante às “ondas de louvor” dos capítulos 4 e 5, mas
aqui a adoração começa com a grande multidão e continua com
os 24 anciãos e os quatro seres viventes. Deus permanece no
trono. Imperadores vêm e vão, mas o Todo-Poderoso continua
governando o seu reino universal e eterno.
4 Os vinte e quatro anciãos
e os quatro seres viventes
prostraram-se e adoraram a
Deus, que se acha sentado
no trono, dizendo: Amém!
Aleluia!
Dizendo: Amém! Aleluia!: Que seja assim! Louve a Deus!
19:5 –
Saiu uma voz do trono, exclamando: Esta voz não é de Deus, pois chama os servos para louvar
ao “nosso Deus”. Quem poderá estar junto ao trono de Deus? Há algumas possibilidades: ì Os quatro
seres viventes ficam “no meio do trono e à volta do trono”
(4:6); í Os vencedores recebem a promessa de sentar com
5 Saiu uma voz do trono,
Jesus no seu trono (3:21) para reinar com ele (2:26-27). Eles
exclamando: Dai louvores ao
entram na presença de Deus e ele estende sobre eles o seu
nosso Deus, todos os seus
tabernáculo (7:14-15). São colunas permanentes no santuário de
servos, os que o temeis, os
Deus (3:12).
pequenos e os grandes.
Dai louvores ao nosso Deus, todos os seus servos, os que
o temeis, os pequenos e os grandes: Toda criatura, da menor ao maior, deve honra ao Senhor
(cf. 5:8-14). Temer significa ter medo ou respeitar e reverenciar. Deus merece o temor de todas as suas
criaturas (cf. 1 Pedro 2:17).
Lição 30: São Chegadas as Bodas do Cordeiro (19:1-10)
177
19:6 –
Então, ouvi uma como voz de numerosa multidão: Voltamos ao início de uma nova “onda de
louvor” no ponto de partida, a numerosa multidão (19:1).
6 Então, ouvi uma como voz
de numerosa multidão, como
de muitas águas e como de
fortes trovões, dizendo:
Aleluia! Pois reina o Senhor,
nosso Deus, o
Todo-Poderoso.
Como de muitas águas e como de fortes trovões: Estas
descrições identificam, em outros versículos, a forte voz de Jesus
(1:15), dos sons que vêm do trono (4:5; 8:5; 11:19; 16:17-18),
ou de um grande número de adoradores (14:2). Aqui, é a voz
coletiva da grande multidão.
Dizendo: Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o
Todo-Poderoso: O dragão queria reinar, mas não conseguiu. A
besta se achava única, mas sua autoridade duraria pouco tempo
(13:4-5). A meretriz dominava os reis do mundo, mas ela caiu (17:18; 18:2). Das dez vezes que a
palavra traduzida aqui por “Todo-Poderoso” aparece no Novo Testamento, nove estão no Apocalipse
(1:8; 4:8; 11:17; 15:3; 16:7,14; 19:6,15; 21:22).
19:7 –
Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro:
Anunciam o motivo da celebração: é uma festa de casamento! O Cordeiro receberá a sua noiva! A
figura do casamento para representar a relação de Deus com o seu povo é usada no Velho Testamento
para falar sobre o povo judeu. Deus tomou Israel (ou Judá) como
sua esposa, mas ela foi infiel, cometendo adultério espiritual
(Ezequiel 16; Oséias 2 e 3). No Novo Testamento, Cristo se
7 Alegremo-nos, exultemos e
entregou por sua noiva, e quer que ela seja “gloriosa, sem
demos-lhe a glória, porque
mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e
são chegadas as bodas do
sem defeito” (Efésios 5:25-27).
Cordeiro, cuja esposa a si
mesma já se ataviou
Cuja esposa a si mesma já se ataviou: Ela se preparou para
o casamento, como uma noiva se prepara para se apresentar ao
noivo. A idéia da noiva nas Escrituras exige o esforço da igreja para se apresentar pura e sem mancha.
Paulo disse: “Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos
apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo” (2 Coríntios 11:2).
19:8 –
Pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro: A meretriz, a grande
cidade mundana, estava vestida de linho finíssimo, mas sua posição como rainha durou pouco tempo.
Linho fino é a roupa adequada para um servo na presença de um rei (Gênesis 41:2). Foi usado nas
vestes sacerdotais no Velho Testamento (Êxodo 28:5,6,8,15,39,42; 1 Samuel 2:18; 22:18). Deus vestiu
sua esposa em linho fino (Ezequiel 16:10,13). Em outros trechos
do Apocalipse, linho finíssimo mostra a pureza dos servos de
8 pois lhe foi dado vestir-se
Deus. É vestido pelos anjos que saem do santuário com os sete
de linho finíssimo,
flagelos (15:6; cf. Ezequiel 10:2-7). A noiva que se apresenta a
resplandecente e puro.
Cristo é vestida de linho fino.
Porque o linho finíssimo são
Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos
os atos de justiça dos
santos: O significado do linho, como já deduzimos das citações
santos.
acima, é a pureza dos servos obedientes. Este versículo não nega
a importância da graça divina na nossa salvação, como vários
outros versículos deste livro enfatizam (7:14; 12:11; etc.). Ele frisa a necessidade da fé obediente
(14:12; cf. Tiago 1:25; 2:24).
178
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
19:9 –
Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das
bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus: Uma
afirmação importante, cuja veracidade é frisada de várias
maneiras: ì O anjo mandou que João escrevesse estas palavras
(assim reforçando a ordem geral de 1:19); í Ele enfatizou que as
9 Então, me falou o anjo:
Escreve: Bem-aventurados
palavras são verdadeiras. Obviamente, tudo que Deus fala é a
aqueles que são chamados
verdade, mas esta palavra destaca mais ainda a importância
à ceia das bodas do
desta afirmação; î Disse que são palavras de Deus, a fonte de
Cordeiro. E acrescentou:
altíssima autoridade.
São estas as verdadeiras
A mensagem é a quarta das sete bem-aventuranças do livro (cf.
palavras de Deus.
lição 3). Quem são estas pessoas abençoadas? Os vencedores,
os obedientes, os santos, os que não amaram a própria vida e se
ofereceram totalmente ao Senhor. Neste contexto, a aplicação primária deve ser feita aos vencedores
no contexto da perseguição romana. A figura do casamento de Cristo com a sua igreja, porém,
estende-se aos outros fiéis (1 Coríntios 11:2; Efésios 5:27). Os mártires da época de João acham a sua
vindicação na derrota da meretriz e, logo em seguida, na queda das bestas e do dragão. A igreja de
todos os lugares e de todas as épocas realiza a sua vitória em chegar à presença do Senhor – ou pela
morte dos fiéis (2 Timóteo 4:6-8) ou pela segunda vinda de Jesus (1 Tessalonicenses 4:16-18).
19:10 –
Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo: A primeira de duas vezes que João prepara-se para
adorar um anjo (cf. 22:8). Alguns sugerem que fosse o mesmo episódio relatado duas vezes. Há várias
explicações deste ato do apóstolo: ì Alguns comentaristas dizem
que não foi um ato do próprio João, mas que ele se viu nas
10 Prostrei-me ante os seus
visões agindo desta maneira. Assim, o ato dele faz parte da cena
pés para adorá-lo. Ele,
e serve como advertência sobre o perigo da idolatria, sem sugerir
porém, me disse: Vê, não
qualquer erro real cometido pelo apóstolo; í Outros sugerem
faças isso; sou conservo teu
que João se confundiu, achando que o anjo fosse o próprio
e dos teus irmãos que
Jesus e, assim, merecedor de adoração; î Uma outra explicação
mantêm o testemunho de
é que João ficou tão maravilhado com a cena das bodas que caiu
Jesus; adora a Deus. Pois o
impulsivamente para dar homenagem ao anjo que lhe mostrou
testemunho de Jesus é o
as coisas da visão; ï A outra possibilidade é que João errou e,
espírito da profecia.
agindo sem refletir, começou a dar louvor impróprio ao anjo.
Enquanto todas estas explicações parecem plausíveis, e eu não tomaria uma posição dogmática,
parece-me que a última – que João falhou e foi repreendido – seja a mais natural e menos complicada.
Seria inteiramente natural, nas Escrituras, revelar as falhas de um bom homem. Noé, Abraão, Moisés,
Gideão, Davi, Pedro e outros heróis bíblicos cometeram erros graves, e os relatos nas Escrituras não
escondem estas falhas. Não esperaríamos um erro desta gravidade do apóstolo velho e fiel, mas não
é fora de cogitação.
Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm
o testemunho de Jesus; adora a Deus: Independente do motivo ou da explicação dada às ações
de João, a resposta do anjo reforça um fato importante. A adoração pertence exclusivamente a Deus
(cf. Mateus 4:10; Atos 10:25-26; 14:11-18). O problema fundamental no Apocalipse é a tentação de
adorar falsos deuses, especificamente a besta. Historicamente, os romanos aceitavam bem as diversas
religiões dos povos sujeitos, pois estes meramente acrescentaram mais alguns deuses aos seus
sistemas politeístas. Os judeus e os cristãos, porém, foram perseguidos, em alguns períodos da
história, porque, como adoradores de um só Deus, rejeitaram os deuses dos romanos. Quando
recusaram a louvar os deuses, foram vistos erroneamente como ateístas. Esse ato de João em se
prostrar diante do anjo ilustra o perigo de qualquer um cair na idolatria de dar honra indevida a
Lição 30: São Chegadas as Bodas do Cordeiro (19:1-10)
179
criaturas, e não ao Criador. Todos, até o próprio apóstolo, precisam da admoestação do final de sua
primeira carta: “Guardai-vos dos ídolos”.
O anjo se viu como conservo. Ele é uma criatura, mais próximo, em natureza, do homem do que do
Criador.
O testemunho de Jesus deve ser guardado. O evangelho não é apenas uma história interessante. É
uma mensagem que exige uma reação. O evangelho deve ser obedecido (Romanos 10:16; 2
Tessalonicenses 1:8; 1 Pedro 4:17).
Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia: Jesus é a essência de profecia, pois ela
olha para o Senhor dos senhores e Rei dos reis. A importância não deve ser dada ao anjo ou a
qualquer outro mensageiro. Jesus é o personagem principal da revelação do mistério de Deus. Ele,
e não os anjos, merece a adoração. A aceitação de adoração por parte de Jesus e a ordem do Pai que
ele fosse adorado (Hebreus 1:6) são algumas das provas da divindade dele. As palavras verdadeiras
e as profecias que vêm de Deus nos levam a honrar e adorar a Jesus. Adoração de qualquer criatura,
mesmo de um anjo, seria errado, uma forma de idolatria. Veremos nos próximos versículos o destino
da besta – o objeto de louvor dos ímpios – e do falso profeta que induz os homens a adorá-la.
Conclusão
U
ma mulher caiu, e a outra foi conduzida à grande celebração do seu casamento com o Cordeiro
de Deus! Todo o seu esforço em se manter pura valeu a pena, porque agora ela recebe a
recompensa da bênção da comunhão e proteção divinas.




Apocalipse: Lição 31
Jesus Vence as Bestas
(Apocalipse 19:11-21)
O
último inimigo apresentado foi o primeiro derrotado. A Babilônia caiu e os habitantes da terra
lamentaram a sua destruição. Agora chegamos à segunda fase da vitória de Jesus, a destruição
das bestas. Este trecho fala
principalment e sob re o
Vencedor, dando muito mais
destaque ao Verbo de Deus do
que aos adversários. A ênfase
está no caráter de Jesus, pois a
vitória vem de sua natureza
justa e pura. Quando chega à
cena da batalha, tudo passa
num piscar de olhos. A vitória
divina é certa e total. Jesus é o
Rei dos reis e Senhor dos
senhores!
19:11 –
Vi o céu aberto: O céu aberto em João 1:51 mostra o papel essencial de Jesus na salvação, dando
aos homens acesso ao céu. Em Atos 10:11, o céu aberto revela a mensagem da salvação dos gentios.
Agora, o céu aberto revela a salvação dos fiéis depois das tribulações sofridas pelas mãos dos
perseguidores.
E eis um cavalo branco: A identificação do cavalo e do cavaleiro vencedor do primeiro selo (6:1-2)
depende, em parte, deste trecho. Aqui, não há dúvida sobre o cavaleiro, que logo será identificado
como o Verbo de Deus (19:13). Já sabendo que se trata de Jesus, observemos bem as características
destacadas nesta descrição.
O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro: Jesus é “a
testemunha fiel e verdadeira” (3:14; cf. 1:5; 2 Coríntios 1:20-
22).
11 Vi o céu aberto, e eis um
cavalo branco. O seu
cavaleiro se chama Fiel e
Verdadeiro e julga e peleja
com justiça.
E julga e peleja com justiça: Esta descrição destaca dois
aspectos interligados do trabalho de Jesus: ì Ele julga. Na vinda
de Jesus ao mundo, ele já julgou os homens que amavam as
trevas (João 3:19). O Pai deu ao Filho o poder de julgar (João 5:22,27,30; 8:16; Atos 17:31; Romanos
2:16; 2 Timóteo 4:1). í Ele peleja. A consolação dos santos depende de sua confiança no
comandante. Na saída do Egito, Moisés prometeu que o Senhor pelejaria pelos israelitas (Êxodo
14:14). Prometeu a mesma coisa quando discutiram sobre a conquista da terra prometida, mas o povo
não confiou no Senhor, achando os inimigos mais poderosos do que o próprio Senhor (Deuteronômio
1:26-32). Este exemplo tem significado especial em relação à mensagem do Apocalipse, pois a
questão que os cristãos da época – como os de todas as épocas – enfrentaram foi a mesma: confiar
em Deus ou temer os inimigos? A resposta certa vem das palavras de Moisés: “Não os temais,
porque o SENHOR, vosso Deus, é o que peleja por vós” (Deuteronômio 3:22). As orações de
Daniel foram respondidas por uma visão de um homem de aparência semelhante ao cavaleiro aqui,
que pelejava contra o príncipe da Pérsia (Daniel 10). Conhecimento desse guerreiro trouxe conforto
ao profeta. Da mesma maneira que o povo de Israel procurou um rei guerreiro em Saul (1 Samuel
8:19-20) e achou um verdadeiro guerreiro no rei Davi (2 Samuel 5:1-3), os servos no Apocalipse
Lição 31: Jesus Vence as Bestas (19:11-21)
181
procuram e acham em Jesus o perfeito guerreiro rei que irá adiante deles para enfrentar e esmagar
o inimigo (6:10; 19:14).
19:12 –
Os seus olhos são chama de fogo: A mesma descrição de Jesus em 1:14 (cf.comentários na lição
4), que nos lembra do guerreiro de Daniel 10:6. Ele vê tudo.
12 Os seus olhos são
chama de fogo; na sua
cabeça, há muitos diademas;
tem um nome escrito que
ninguém conhece, senão ele
mesmo.
Na sua cabeça, há muitos diademas: Nas duas outras vezes
que esta palavra aparece no livro, diademas representam
autoridade e poder – do dragão (12:3) e da besta do mar (13:1).
Aqui, obviamente, demonstram a autoridade e o poder de Jesus.
No Velho Testamento, diademas ou mitras representam a glória
de uma pessoa (Provérbios 1:9; 4:9; Ezequiel 21:26). Deus é o
diadema ou a glória do seu povo (Isaías 28:5), e seu povo fiel é
a glória na cabeça dele (Isaías 62:3; cf. Efésios 1:12). Jesus foi
coroado de glória (Hebreus 2:9).
Tem um nome escrito que ninguém conhece, senão ele mesmo: Nomes dados representam
o caráter ou as características de uma pessoa (Marcos 3:16-17; Lucas 8:30; João 17:26). Jesus
merece um nome superior aos outros (Hebreus 1:4; Filipenses 2:9). Mesmo quando ouvimos nomes
atribuídos a Jesus (como “o Verbo de Deus” do próximo versículo), não conseguimos compreender
a grandeza do seu caráter. Ele continua sendo santo e sublime.
19:13 –
Está vestido com um manto tinto de sangue: O sangue de quem? Há, pelo menos, três
explicações possíveis: ì O sangue dele mesmo. Certamente foi o sangue do Cordeiro que trouxe a
redenção e garantiu a vitória dos fiéis (cf. 1:5; 5:9; 7:14; 12:11;
22:14); í O sangue dos mártires, o motivo da vingança que o
13 Está vestido com um
cavaleiro traz (cf. 6:10; 16:6; 17:6; 18:24; 19:2); î O sangue dos
manto tinto de sangue, e o
inimigos vencidos pelo Senhor (cf. 14:20). A figura similar numa
seu nome se chama o Verbo
profecia do Antigo Testamento pode esclarecer o sentido,
de Deus;
favorecendo a terceira opção citada. O guerreiro volta de Edom
com o sangue dos inimigos na sua roupa (Isaías 63:1-6).
E o seu nome se chama o Verbo de Deus: Um nome usado para identificar Jesus em João 1:1,
14 e 1 João 1:1. O cavaleiro no cavalo branco é Jesus Cristo.
19:14 –
E seguiam-no os exércitos que há no céu: Quase 250 vezes, a Bíblia fala de Deus como o
“Senhor dos Exércitos”, uma forte afirmação de sua onipotência. Deus chamou “da extremidade
do céu, ... os instrumentos da sua indignação” contra a
Babilônia (Isaías 13:4-5).
14 e seguiam-no os
Montando cavalos brancos, com vestiduras de linho
exércitos que há no céu,
finíssimo, branco e puro: A descrição dos cavalos e cavaleiros
montando cavalos brancos,
mostra que compartilham das qualidades do seu Senhor. As
com vestiduras de linho
figuras aqui frisam a santidade, a justiça e a vitória (cf. 3:4-5,18;
finíssimo, branco e puro.
4:4; 6:11; 15:6; 19:8). As vestiduras dos vencedores foram
lavadas no sangue do Cordeiro (7:9,13-14; 22:14).
19:15 –
Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações: Uma característica de Cristo
em 1:16, a espada da boca mostra o poder da palavra dele para julgar e castigar. Esta espada pode
ser usada para pelejar contra igrejas que não se arrependem das suas obras más (2:16). Aqui, porém,
182
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
é usada para castigar as nações ímpias. O efeito é semelhante ao
da vara de ferro com qual Jesus domina e quebra nações, o
próximo aspecto desta descrição.
E ele mesmo as regerá com cetro de ferro: O domínio de
Cristo como descrito em 12:5, usando o conceito da profecia de
Davi (Salmo 2:6-9). Os servos de Jesus participam deste reino
em 2:26-27, como vêm os cavaleiros do exército para participar
com Jesus aqui.
15 Sai da sua boca uma
espada afiada, para com ela
ferir as nações; e ele mesmo
as regerá com cetro de ferro
e, pessoalmente, pisa o
lagar do vinho do furor da ira
do Deus Todo-Poderoso.
E, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso: Sobre o
vinho e o lagar, veja os comentários sobre 14:8-10,19-20 na lição 25. As pessoas que tentam negar
a severidade de Jesus, sugerindo uma diferença de caráter entre o Deus do Velho Testamento e o do
Novo enfrentam grandes dificuldades com versículos como este.
Jesus, pessoalmente, aplica o castigo e traz o furor de Deus
Senhor e SENHOR
sobre os ímpios. Doutrinas que enfatizam o amor de Deus até o
no Velho e no Novo
ponto de rejeitar a sua santidade e justiça distorcem o
Testamentos
ensinamento das Escrituras e oferecem aos pecadores uma
consolação falsa. Mesmo na época da graça da Nova Aliança,
Muitas versões da Bíblia (inclusive
a ARA2 usada com o a base
não podemos esquecer da severidade de Deus sobre os
textual destes estudos) usam a
desobedientes (Romanos 11:22; 2 Tessalonicenses 1:7-9;
diferença entre letras m inúsculas
Hebreus 10:26-31).
e m aiúsculas para refletir um a
diferença no texto original.
Q uando aparece S E N H O R no
Velho Testam ento, representa o
Tetragram a YHW H, que algum as
outras versões traduzem com o
Javé, Jeová, Yahweh, etc. (cf. as
notas na Bíblia de Estudo
Almeida, da SBB, sobre Gênesis
2:4 e Êxodo 3:15). Senhor, no
Velho Testam ento, representa
outros títulos ou nom es, ou de
Deus ou de hom ens.
O Novo Testam ento foi escrito em
grego, não em hebraico e, por
este m otivo, o Tetragram a não
aparece nele. Qualquer tentativa
de inserir o Tetragram a no Novo
Testam ento é um a alteração
hum ana, e não um a tradução do
original.
O uso de m aiúsculas em
versículos com o Apocalipse 19:16
não deve ser m al-entendido com o
referência ao Tetragram a. O
m otivo aqui é outro: vários títulos
são apresentados em m aiúsculas
(cf. 17:5; Mateus 27:37; etc.).
19:16 –
Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: Nesta
cena, Jesus se prepara para enfrentar os inimigos, e o nome
mostrado na coxa e no
manto é o nome pelo qual
16 Tem no seu manto e na
todo o mundo
o
sua coxa um nome inscrito:
conhecerá. Já sabemos de
REI DOS REIS E SENHOR
outros nomes: um que só
DOS SENHORES.
ele conhece (19:12); outros
pelos quais ele é conhecido
pelos seus discípulos (o Verbo de Deus – 19:13; a Fiel
Testemunha – 1:5; o Primogênito dos mortos – 1:5; o Soberano
dos reis da terra – 1:5; o Filho de Deus – 2:18; o Santo, o
Verdadeiro – 3:7; o Amém – 3:14; o Leão da tribo de Judá – 5:5;
a Raiz de Davi – 5:5; o Cordeiro – 5:12; Fiel e Verdadeiro –
19:11; etc.). Quando ele se apresenta em batalha, tem um nome
visível a todos, até aos inimigos.
REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES: Sobre o
significado deste nome aplicado a Jesus, leia os comentários
sobre 17:14 (lição 28). A referência a este nome aqui traz à
memória dos fiéis a garantia da vitória daquele versículo. O
Cordeiro vencerá, e os seus servos fiéis, também, serão
vencedores! Os inimigos devem temer, pois logo enfrentarão o
Rei dos reis e Senhor dos senhores!
19:17 –
Vi um anjo posto em pé no sol: Este anjo não vem de baixo, e não traz a escuridão da fumaça do
abismo (cf. 9:1-11). Este aparece no sol, visível a todos e cercado pela luz brilhante. Está em pé, numa
posição que representa a sua autoridade e posição como representante do comandante vencedor, o
Cordeiro.
Lição 31: Jesus Vence as Bestas (19:11-21)
183
17 Então, vi um anjo posto
em pé no sol, e clamou com
grande voz, falando a todas
as aves que voam pelo meio
do céu: Vinde, reuni-vos
para a grande ceia de Deus,
E clamou com grande voz: O anúncio do anjo vem com a
autoridade dada por Deus, como já aconteceu com outros avisos
importantes dados por anjos (5:2; 10:3; 14:7,9,15,18; 18:2).
Falando a todas as aves que voam pelo meio do céu:
Vinde, reuni-vos para a grande ceia de Deus: Antes de
continuar a leitura aqui, devemos ver um trecho semelhante em
Ezequiel 39:17-20. Ezequiel profetizou sobre a restauração do
reino espiritual do Senhor (caps. 36 e 37) e sobre a tentativa das
nações, sob a liderança de Gogue de Magogue, de derrubá-lo (cap. 38). O capítulo 39 mostra a grande
vitória do Senhor sobre as nações ímpias que se juntaram contra os remidos, e inclui esta figura da
ceia das aves e animais que se satisfazem com a carne dos cadáveres. Agora, numa cena paralela, o
anjo chama as aves do céu para a grande ceia. A carne está quase pronta!
19:18 –
Para que comais carnes de reis, carnes de comandantes, carnes de poderosos: Começa com
os chefes. Não são apenas os peões que sofrem. Na grande ceia de Deus, os corpos dos poderosos
serão expostos às aves. Aqueles que foram convocados pelas rãs que saíram das bocas do dragão e
das bestas (16:13-16) já serão encontrados mortos no campo de
batalha. Antes de começar a batalha, Deus já revelou o resultado.
18 para que comais carnes
de reis, carnes de
comandantes, carnes de
poderosos, carnes de
cavalos e seus cavaleiros,
carnes de todos, quer livres,
quer escravos, tanto
pequenos como grandes.
Carnes de cavalos e seus cavaleiros: A cavalaria, também,
cairá. Homens e cavalos serão encontrados juntos e seus corpos
serão devorados pelas aves.
Carnes de todos, quer livres, quer escravos, tanto
pequenos como grandes: Dos mais importantes dos líderes
aos escravos usados como soldados de pouco valor, todos que
apóiam o dragão e as bestas cairão mortos.
19:19 –
E vi a besta e os reis da terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem: Todos
aqueles reunidos no capítulo 16 se preparam agora para a batalha. Como Deus conforta os seus
servos! Ele inverteu a seqüência aqui e revelou o resultado antes de começar a batalha. A capacidade
de prever o futuro e anunciar por profecia os acontecimentos vindouros é uma qualidade especial de
Deus (Isaías 44:6-8). O dragão, as bestas e os reis podem se exaltar, mas somente Deus tem certeza
do resultado final da batalha!
Contra aquele que estava montado no cavalo e contra o
seu exército: Se fosse um filme de guerra ou de aventura, a
ênfase seria colocada nas táticas da batalha e na força dos
soldados. Mas a vitória dos santos não depende de esperteza.
São vencedores por causa do caráter deles e, mais ainda, por
causa do caráter do seu Rei. Jesus e seus servos vencem pela
justiça, não pelos números nem pelas táticas brilhantes
empregadas para enganar o inimigo. O Cordeiro vence porque
ele é santo! Os pré-milenaristas enfrentam mais um obstáculo
neste ponto. Para eles, Jesus queria estabelecer o seu reino na sua primeira vinda, mas não conseguiu
por causa da rejeição pelos judeus. Mas, foi o mesmo Jesus santo e perfeito. As profecias vieram do
mesmo Deus que é unicamente capaz de prever o futuro. Qualquer noção do plano de Deus ser
frustrado pelo inimigo vai contra o ensinamento bíblico que ele é, por sua natureza santa e perfeita,
o vencedor. Jesus é o vencedor. Os fiéis participam da vitória porque recebem o benefício do sangue
do Cordeiro e participam da natureza dele (7:14; 19:6-8; 2 Pedro 1:4).
19 E vi a besta e os reis da
terra, com os seus exércitos,
congregados para pelejarem
contra aquele que estava
montado no cavalo e contra
o seu exército.
184
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
19:20 –
Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta que,
com os sinais feitos diante dela, seduziu aqueles que
receberam a marca da besta e eram os adoradores da sua
imagem: Os dois aliados do dragão introduzidos no capítulo 13
– a besta (do mar) e o falso profeta (a besta da terra que induzia
as pessoas a adorarem a besta) são tomados pelas forças do
Cordeiro. Foi comum nas guerras tomar os reis ou comandantes
como prisioneiros, ou para o cativeiro (cf. 2 Reis 25:5-7) ou para
serem executados diante do povo vitorioso (cf. Juízes 8:12,21).
Já veremos o destino destes líderes dos ímpios.
20 Mas a besta foi
aprisionada, e com ela o
falso profeta que, com os
sinais feitos diante dela,
seduziu aqueles que
receberam a marca da besta
e eram os adoradores da
sua imagem. Os dois foram
lançados vivos dentro do
lago de fogo que arde com
enxofre.
Os dois foram lançados vivos dentro do lago de fogo que
arde com enxofre: O “lago de fogo” é mencionado somente no Apocalipse (cf. 20:10,14,15).
Destes versículos aprendemos que é o lugar do tormento perpétuo das duas bestas, do diabo e
daqueles que não são achados no Livro da Vida. A morte e o inferno (hades), também, são lançados
neste lago. Enxofre sempre representa castigo ou destruição que vem de Deus (cf. 9:17-18; 14:10;
Salmo 11:5-7). A destruição, porém, não significa cessar de existir. O tormento deles continua “pelos
séculos dos séculos” (20:10).
19:21 –
Os restantes foram mortos com a espada que saía da
boca daquele que estava montado no cavalo: Os seguidores
das bestas não saem ilesos. A espada da boca de Jesus os mata.
Ela vem da boca, representando a palavra dele que julga
(Hebreus 4:12-13) e a autoridade dele para pelejar e matar (2:16).
Aqui, a espada é usada contra os seguidores da besta.
21 Os restantes foram
mortos com a espada que
saía da boca daquele que
estava montado no cavalo. E
todas as aves se fartaram
das suas carnes.
E todas as aves se fartaram das suas carnes: Deus coloca diante das aves a ceia prometida!
Conclusão
A
meretriz caiu e a noiva chegou ao casamento. As bestas que atormentaram os homens são
derrotadas e lançadas no lago de tormento perpétuo. Agora, sobra apenas um dos inimigos do
povo de Deus: o dragão. Veremos o destino dele no próximo capítulo.





Apocalipse: Lição 32
Jesus Vence o Dragão
(Apocalipse 20:1-10)
C
ontinuamos o nosso estudo do livro, chegando agora à derrota do último dos adversários
introduzidos nos capítulos 12 a 17. A meretriz e as duas bestas já caíram. Agora, falta somente
a derrota de Satanás para
completar a vitória do Cordeiro.
Desde o capítulo 12, temos
aguardado a vitória prometida
sobre “o dragão, a antiga
serpente, que é o diabo,
Satanás”.
Este trecho é, sem dúvida, um
dos mais polêmicos do livro.
Tem sido usado como parte
integral de várias doutrinas
especulativas, especialmente as
diversas formas de milenarismo.
Os pré-milenaristas, que ensinam que Jesus reinará na Terra durante 1.000 anos, dependem muito
deste texto. Será que acham aqui as provas necessárias para defender sua teoria?
Os Mil Anos (20:1-6)
20:1 –
Então, vi descer do céu um anjo: Ele vem com a autoridade de Deus (cf. 10:1; 18:1).
Tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente:
Quando o anjo tocou a quinta trombeta, o rei dos gafanhotos
recebeu a chave do poço do abismo para liberar os gafanhotos
durante cinco meses. Agora, o anjo que desceu do céu segura na
sua mão a chave e uma corrente. Ele não vai liberar ninguém.
Está pronto para prender o adversário.
1 Então, vi descer do céu um
anjo; tinha na mão a chave
do abismo e uma grande
corrente.
Pré-milenarismo Resumido
Há algum as divergências entre pré-m ilenaristas. Resum idam ente, a doutrina inclui estes elem entos:
ì O Arrebatam ento. Jesus voltará para buscar os fiéis. Os m ortos justos serão ressuscitados e os
fiéis vivos serão levados para encontrar Jesus no ar. O Espírito Santo deixará a Terra, tam bém .
í A Grande Tribulação, um período de sete anos que inclui a invasão da terra santa pelas forças de
Gogue, levando à terrível batalha de Arm agedom . Este período é dividido em duas partes:
! 31⁄2 anos de relativa prosperidade sob o Anticristo
! 31⁄2 anos de sofrim ento
î Jesus e seus santos voltarão à Terra para estabelecer seu reino terrestre de 1.000 anos. Jesus
reinará no trono literal de Davi. Durante este tem po, Satanás será preso.
ï Depois dos 1.000 anos, o diabo será libertado por pouco tem po e tentará, m ais um a vez, destruir o
Senhor e seu povo. Não conseguirá.
ð A ressurreição dos ím pios.
ñ O julgam ento final; a separação eterna entre os fiéis (no céu) e os ím pios (no inferno).
Lição 32: Jesus Vence o Dragão (20:1-10)
187
20:2 –
Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás: A mesma descrição do diabo
dada em 12:9. Mas aqui, o anjo do céu segura o dragão. Ele está sob o domínio deste servo do
Senhor.
2 Ele segurou o dragão, a
antiga serpente, que é o
diabo, Satanás, e o prendeu
por mil anos
E o prendeu por mil anos: Claramente uma das frases mais
polêmicas do livro. Devemos entender esta expressão como
totalmente literal, parcialmente literal ou totalmente simbólica?
Consideremos estas três abordagens:
ì Totalmente literal: um período de tempo de mil anos. Há
diversas interpretações que dependem de uma explicação literal
dos 1.000 anos aqui. Se não achar o milênio aqui, não terá nenhuma base bíblica para defender
doutrinas milenaristas. Além de não respeitar os limites de tempo citados várias vezes no livro do
Apocalipse (1:1,3; 22:6,7,10,12), as teorias milenaristas dependem de muitas interpretações forçadas
e contraditórias em diversos textos bíblicos. A interpretação literal normalmente coloca os 1.000 anos
como um período literal futuro.
í Parcialmente literal: um período de tempo longo (anos literalmente representam tempo), mas
não necessariamente de mil anos. Conforme estas interpretações, vários comentaristas acreditam que
os 1.000 anos representam um período de relativa segurança, começando pouco depois de João
escrever o Apocalipse e continuando até algum momento pouco antes da segunda vinda de Jesus.
Esta interpretação normalmente diz que estamos atualmente no milênio, mas que ainda haverá um
período curto em que Satanás terá maiores poderes. Entre os problemas enfrentados com esta
interpretação é a questão de sinais antes da segunda vinda de Jesus. Se Satanás será liberado para
agir com mais potência do que ele possui atualmente, estas obras dele serviriam como sinais
precedendo a segunda vinda de Jesus. A Bíblia, porém,
ensina que Jesus virá como ladrão (2 Pedro 3:10).
î Totalmente simbólica: a figura não fala de tempo,
mas da sujeição total do diabo. Nesta interpretação, que
me parece a mais coerente das opções, o ponto seria um
contraste entre o domínio total que o anjo exerce sobre o
diabo, e o poder muito limitado deste para afligir os
santos. Descreveria a situação atual do diabo, dominado
e incapaz de exercer o poder perseguidor como o fazia no
Apocalipse, mas ainda vivo e com algum poder para nos
afligir.
Mil representa totalidade, não um número literal ou
limitado. Considere alguns exemplos:
! Deus guarda a misericórdia em mil gerações (Êxodo
     34:7; cf. Deuteronômio 7:9). Literal? Só até mil?
       Obviamente, não. O ponto é da fidelidade total do
        Senhor para com os seus filhos fiéis.
! Deus mandou a sua palavra para mil gerações (Salmo
   105:8). Literal? Depois de mil gerações as outras
    podem desobedecer? Não, o ponto é que todas as
     gerações de Israel seriam obrigadas a guardar a lei.
! Um só homem, com a ajuda de Deus, perseguirá mil
   do inimigo (Josué 23:10). Literal? Não. Deus daria
    vitória total sobre os adversários.
188
Alguns Problemas
Para os Pré-milenaristas
O pré-m ilenarism o é um a doutrina bem -
difundida, especialm ente entre m uitas
igrejas “evangélicas”. O capítulo 20 do
A pocalipse fornece, segundo o s
defensores dessa doutrina, m uitas
inform ações essenciais. Geralm ente
apresentam a sua teoria com tanta
convicção que daria a im pressão que
algum texto da Bíblia claram ente
apoiasse todos os pontos do pré-
m ilenarism o. Será que este capítulo
fornece a base para defender estes
ensinam entos? Observem os alguns
pontos que não aparecem aqui:
ì A segunda vinda de Cristo;
í A ressurreição corporal;
î O reinado de Jesus na terra;
ï O trono literal de Davi;
ð Jerusalém física (na Palestina);
ñ A conversão dos judeus;
ò A igreja na terra.
Se estes elem entos da doutrina pré-
m ilenarista não vêm deste trecho, com o
os defensores dela podem defender a
sua teoria sem distorcer esta ou outras
passagens?
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
!
Em Jerusalém restaurada, o menor cresceria para ser mil (Isaías 60:22). Literal? Não. Uma bênção
completa.
20:3 –
Lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para
que não mais enganasse as nações até completarem os
mil anos: Diante dos exemplos acima, devemos insistir em
interpretar os mil anos do Apocalipse como um período literal de
tempo? Acredito que não. 144.000 homens judeus e virgens não
representam um número literal, nem representam homens,
judeus ou virgens (cf. os comentários sobre capítulos 7 e 14, nas
lições 15 e 24). Da mesma maneira, podemos entender que esta
figura de mil anos não representa, necessariamente, um número
literal de mil, nem um período de tempo.
3 lançou-o no abismo,
fechou-o e pôs selo sobre
ele, para que não mais
enganasse as nações até se
completarem os mil anos.
Depois disto, é necessário
que ele seja solto pouco
tempo.
Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo: A ênfase da figura está no contraste
entre mil anos de prisão e pouco tempo de liberdade. O domínio do Senhor é total. O poder do diabo
é extremamente limitado. Este versículo admite que o diabo não deixou de agir na época da igreja
primitiva. Ele foi derrotado na cruz; o destino dele foi selado. Mas, Deus deixou que Satanás agisse,
dentro de limites definidos pelo Senhor, até que ele foi, finalmente, lançado no lago de fogo (20:10).
Devemos fazer uma aplicação prática aqui. Jesus venceu o diabo e seus servos na cruz (Hebreus 2:14-
15; Colossenses 2:15; 1 João 3:8; cf. Lucas 10:18; Mateus 12:28-29). Mas, Deus deixa Satanás agir,
dentro de certos limites, nos dias atuais. Não devemos nos enganar, achando o diabo totalmente
impotente. Ele age, procurando nos destruir com o pecado. Mas o poder dele é menor do que o poder
que Deus nos deu na sua palavra. O Senhor nos deu condições de resistir e vencer, na nossa vida, os
ataques do inimigo (Tiago 4:7; 1 Pedro 5:8-9; 1 Coríntios 10:12-13).
20:4 –
Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar:
O Apocalipse fala, várias vezes, de tronos de autoridades subordinadas ao Rei dos reis. O trono
principal, obviamente, é o de Deus (4:2; 5:13; 7:10-11,15; 12:5; 19:4). Jesus senta-se no trono com
o Pai, e os vencedores sentam-se com ele (3:21; 7:17; 22:1,3).
Esta figura de domínio compartilhado, até pelos servos do
Senhor, se torna um tema importante no livro, demonstrando a
4 Vi também tronos, e
certeza da vitória dos fiéis. Os 24 anciãos, representando o povo
nestes sentaram-se aqueles
de Deus, têm seus tronos ao redor do trono dele (4:4; 11:16). O
aos quais foi dada
vencedor recebe “autoridade sobre as nações” (2:26-28). Os
autoridade de julgar. Vi ainda
remidos “reinarão sobre a terra” (5:10).
as almas dos decapitados
por causa do testemunho de
Vi ainda as almas dos decapitados por causa do
Jesus, bem como por causa
testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de
da palavra de Deus, tantos
Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem
quantos não adoraram a
tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na
besta, nem tampouco a sua
fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante
imagem, e não receberam a
mil anos: Quem, então, são as pessoas nestes tronos?
marca na fronte e na mão; e
Observemos algumas ligações no próprio livro. Aos vencedores,
viveram e reinaram com
Cristo durante mil anos.
foi prometida autoridade sobre as nações (2:26). Na vitória da
sétima trombeta, Cristo recebeu o reino, as nações se
enfureceram, os mortos foram julgados, e o galardão foi dado
aos santos (11:15-18). A mesma idéia aparece em Daniel 7. O Filho do Homem recebe o domínio
(7:13-14), os reis se levantam contra os santos (7:17), mas “os santos do Altíssimo receberão o
reino e o possuirão para todo o sempre, de eternidade em eternidade” (7:18). O chifre
Lição 32: Jesus Vence o Dragão (20:1-10)
189
insolente “fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles, até que veio o Ancião de
Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo, e veio o tempo em que os santos possuíram o
reino” (7:21-22). “O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu
serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno” (7:27).
Chegou o momento desta vitória no Apocalipse. A meretriz foi julgada. As duas bestas, incluindo o
rei insolente, foram julgadas. A vitória pertence a Cristo e aos seus servos, que recebem o reino eterno.
A comparação com Daniel 7:18 e 27 ajuda a entender que o reinado dos santos não se limita a um
período de mil anos.
Parece que estes abençoados se dividem em dois grupos. Alguns comentaristas sugerem que os
grupos são: ì aqueles que morreram como mártires, e í outros santos que não adoraram a besta.
Outros sugerem uma distinção diferente, entre ì os que ainda estavam vivos (aqueles aos quais foi
dada autoridade) e í os santos mortos (as almas dos decapitados).
Em qualquer dos casos, o contraste maior fica entre estes servos fiéis, que reinam com o Senhor, e
os ímpios, que adoravam a besta e sofrem as conseqüências (cf. 14:9-12). Esta diferença se torna
especialmente evidente na comparação do reinado dos santos (mil anos – 20:4) com o dos reis da
terra que se subordinaram à besta (uma hora – 17:12). Melhor ser um servo no reino de Deus do que
um rei no reino da besta!
“Viveram”, neste versículo, poderia ser traduzido “reviveram”, “ressuscitaram” (NVI) ou “voltaram a
viver”. Há acirrados debates sobre a natureza desta ressurreição. O texto não diz que os corpos foram
ressuscitados, e assim se torna difícil usar este trecho para apoiar alguma noção de ressurreições
separadas – uma para os santos e outra para os ímpios. Outras passagens, como João 5:28-29,
negam a possibilidade de ressurreições distintas. Mas, por estar no contexto de uma visão simbólica,
pode ser que João “viu” corpos ressuscitados. Ainda nada diria sobre alguma ressurreição literal. Ao
invés de nos perder neste tipo de debate, devemos entender a mensagem da vitória dada aos fiéis. Se
foram almas ou corpos ressuscitados, ainda acontece numa visão que comunica uma mensagem
coerente com o contexto.
Alguns exemplos do Velho Testamento ajudarão aqui. Ezequiel usou, simbolicamente, a idéia de uma
ressurreição para mostrar a vitória que seria dada aos judeus depois do cativeiro na Babliônia. Deus
profetizou sobre a volta do povo do cativeiro, e usou a visão dos ossos secos para mostrar a
possibilidade desta “ressurreição” de uma nação quase morta (Ezequiel 36 e 37). Isaías usa, também,
a figura de uma ressurreição para mostrar o livramento dado ao povo oprimido quando Deus traz o
castigo contra os opressores (Isaías 26:19-21).
20:5 –
Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos: Os que
morreram no Senhor foram abençoados no versículo 4. Os outros mortos – aqueles que adoraram a
besta e receberam a marca dela – são explicitamente excluídos destas bênçãos. Os mil anos de
domínio são dos santos fiéis, não dos ímpios.
Esta é a primeira ressurreição: A única ressurreição já
mencionada neste texto foi aquela do versículo 4 – viveram
(ressuscitaram) e reinaram. Por que primeira? Se fosse a
ressurreição literal na vinda de Cristo, seria uma só ressurreição
de todos os mortos (João 5:28-29). Estas ressurreições fazem
parte das imagens simbólicas do livro. A primeira é dos mártires,
ou da causa dos mártires fiéis, na justa vingança de Deus contra
a meretriz, as bestas e o dragão. A primeira ressurreição representa a vitória dos santos sobre os seus
adversários, o livramento dos fiéis da opressão e sua restauração às bênçãos de Deus. A morte pelas
mãos dos perseguidores não pode tirar esta bênção dos fiéis (14:13).
5 Os restantes dos mortos
não reviveram até que se
completassem os mil anos.
Esta é a primeira
ressurreição.
190
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
20:6 –
Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na
primeira ressurreição: A quinta das sete bem-aventuranças no
livro (cf. lição 3), esta frase reforça o sentido dos versículos 4 e 5.
Os fiéis participam da ressurreição vitoriosa para reinar com
Jesus. Aqueles que serviam à besta não podem participar deste
reino e, assim, não têm parte na primeira ressurreição. Os
abençoados aqui são, também, santos. Só podem ser, pois os
imundos não reinam com Cristo (21:8; cf. 1 Coríntios 6:9-11;
Hebreus 12:14). A participação da vitória e do reino do Cordeiro
exige a santidade.
6 Bem-aventurado e santo é
aquele que tem parte na
primeira ressurreição; sobre
esses a segunda morte não
tem autoridade; pelo
contrário, serão sacerdotes
de Deus e de Cristo e
reinarão com ele os mil
anos.
Sobre esses a segunda morte não tem autoridade: A segunda morte sugere uma primeira. Na
primeira, os homens podem não enxergar nenhuma diferença. Os ímpios morreram nas pragas do
livro, mas os santos morreram pelas mãos da besta. Qual vantagem em servir a Cristo, se todos
igualmente morrem? A diferença pode ser invisível aos homens, mas Deus claramente vê esta distinção
e a revela aos fiéis. A diferença não está na primeira morte, está na segunda! Os fiéis não são atingidos
pela segunda morte, identificada no final do capítulo como “o lago de fogo” (20:14).
Pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos: A
segunda morte, o lago de fogo, domina os ímpios e os servos da besta. Mas os servos do Senhor
participam do domínio total de Cristo. A figura de mil anos aqui tem o mesmo significado das
expressões “para todo o sempre, de eternidade em eternidade” (Daniel 7:18) e “o seu reino
será reino eterno” (Daniel 7:27). O ponto não é de um tempo determinado, mas de um domínio
absoluto. Como em outros trechos do Novo Testamento, esta figura junta a autoridade do rei com o
papel do sacerdote. Sacerdotes reinam. No sistema do Velho Testamento, não foi possível um
sacerdote (da tribo de Levi) reinar (pois os reis vieram de outras tribos, principalmente Davi e seus
descendentes, que eram de Judá), nem um rei servir como sacerdote (Hebreus 7:11-14; 2 Crônicas
26:16-18). Este fato apresenta mais uma dificuldade para os pré-milenaristas, pois se Jesus, da tribo
de Judá, “estivesse na terra, nem mesmo sacerdote seria” (Hebreus 8:4). Mas depois da morte
de Jesus, ele nos fez um “sacerdócio real” (1 Pedro 2:9), não conforme um sistema terrestre, e sim,
no reino celestial a qual fomos transportados (Colossenses 1:13). O sistema pré-milenarista erra nos
seus conceitos da localização geográfica e histórica do reino de Cristo, e na sua noção sobre a
natureza do reino. O reino espiritual de Cristo já existe, e já existia quando Pedro e Paulo escreveram
suas cartas no primeiro século. Os fiéis são os sacerdotes que já reinam com Cristo.
A Derrota Final de Satanás (20:7-10)
20:7 –
Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão: Mantendo
a figura de períodos de tempo, este versículo serve como um aviso importante. Tudo que já passou
se encaixa no contexto histórico que João identificou no livro –
coisas que iam acontecer em breve. Os leitores originais
7 Quando, porém, se
entenderam, assim, a sua vitória sobre Satanás, dando-lhes o
completarem os mil anos,
privilégio de reinar com Cristo. Mas, enquanto a história continua
Satanás será solto da sua
na Terra, seria errado presumir que o diabo nunca mais tentaria
prisão
se levantar, ou que outros santos, em outras épocas, não
8 e sairá a seduzir as
poderiam sofrer perseguições brutais. A situação geral dele é de
nações que há nos quatro
poder muito limitado, e os santos em qualquer circunstância têm
cantos da terra, Gogue e
a confiança da vitória pelo sangue do Cordeiro. Se ele surgir aqui
Magogue, a fim de reuni-las
para a peleja. O número
ou ali em algum outro momento da história, não deve-se concluir
dessas é como a areia do
que o Cordeiro ou os santos perderam seu domínio. É possível
mar.
Lição 32: Jesus Vence o Dragão (20:1-10)
191
para ele atacar novamente, mas nenhum ataque dele contra os fiéis será bem-sucedido.
20:8 –
E sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra: Diferente do poder normal do
diabo como tentador, que os santos resistem pela fé (1 Pedro 5:8-9), ele teria ocasiões de pelejar
contra os santos como perseguidor, usando o poder de governos humanos contra os santos.
Gogue e Magogue: No Apocalipse, estes nomes aparecem somente aqui. O significado deles se
torna evidente quando examinamos as outras passagens bíblicas que falam de Gogue ou Magogue.
Este símbolo vem de Ezequiel 38 e 39. No capítulo 36, Deus prometeu a restauração de Israel. No
capítulo 37, outras mensagens reforçaram esta promessa. De repente, no capítulo 38, Gogue de
Magogue ajunta um exército das nações ímpias e invade Israel restaurada. Deus peleja contra Gogue
e as nações, e os ímpios são destruídos e enterrados no capítulo 39. A comparação das nações citadas
em Ezequiel 38:2-6,13 com as linhagens dos povos em Gênesis 10 mostrará que não são
descendentes de Sem, o antepassado do povo santo. O uso destes nomes representa os povos ímpios
que se levantam contra o reino do Senhor e contra seu povo escolhido. O resultado naquele contexto
foi a derrota total de Gogue e seus aliados.
A fim de reuni-las para a peleja: Ele faz aqui a mesma coisa que os espíritos imundos fizeram em
16:13-14. Aqueles exércitos foram derrotados (19:19-21). É a mesma coisa que Gogue fez em Ezequiel
38, mas eles, também, foram derrotados. Agora o diabo chama as nações para atacar o povo de Deus.
Não poderá haver dúvida sobre o resultado!
O número dessas é como a areia do mar: Números podem impressionar os homens, mas nunca
impressionam o Senhor Todo-Poderoso, e não devem impressionar os seguidores dele. A questão não
é quantos, é quem! O diabo é um perdedor, e perderá esta e todas as suas batalhas contra o Senhor.
Jesus é um vencedor, e aqueles que ficam do lado dele têm a garantia da vitória.
20:9 –
9 Marcharam, então, pela
superfície da terra e sitiaram
o acampamento dos santos
e a cidade querida; desceu,
porém, fogo do céu e os
consumiu.
Marcharam, então, pela superfície da terra e sitiaram o
acampamento dos santos e a cidade querida: Os inimigos
vêm contra o povo de Deus, representado pelo acampamento
dos santos e a cidade querida – Jerusalém espiritual. Uma
multidão de soldados das nações dos quatro cantos da terra vem
contra os santos.
Desceu, porém, fogo do céu e os consumiu: Como nas
outras batalhas em Ezequiel 38-39; Salmo 2; Apocalipse 19, não há necessidade de uma apresentação
dramática que destaca o poder do inimigo. Ele perde e perde totalmente, porque fogo do céu o
consumiu.
20:10 –
10 O diabo, o sedutor deles,
foi lançado para dentro do
lago de fogo e enxofre, onde
já se encontram não só a
besta como também o falso
profeta; e serão
atormentados de dia e de
noite, pelos séculos dos
séculos.
O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago
de fogo e enxofre: Os versículos 7 a 9 mostram a possibilidade
do diabo se levantar contra os fiéis de outras épocas, mesmo
depois da vitória dada aos santos que sofriam pela mão da besta
romana. Mas mesmo este poder tem limites. O próprio diabo
chegará ao fim, quando será lançado dentro do lago de fogo.
Onde já se encontram não só a besta como também o
falso profeta: As duas bestas já foram lançadas no lago de fogo
(19:20).
E serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos: O lago de fogo não lhes
traz aniquilação, e sim, tormento perpétuo. No próximo capítulo, descobriremos que as pessoas que
192
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
não obedecem ao Senhor, também, serão lançadas neste lago. O castigo descrito aqui é de tormento
perpétuo. Mesmo reconhecendo a linguagem simbólica do contexto, trechos como este nos ajudam
a resistir o engano das doutrinas que ensinam que a morte espiritual seja apenas a destruição total ou
aniquilação dos ímpios. A morte envolve uma separação. A morte física é a separação de espírito e
corpo (Eclesiastes 12:7; Tiago 2:26), e a morte espiritual é a separação do homem e Deus (Isaías 59:1-
2; Efésios 2:5,12). Esta morte pode ser temporária (Efésios 2:4-6,13) ou pode se tornar eterna (2
Tessalonicenses 1:8-9). Na linguagem de Jesus, o castigo dos condenados é de duração igual à vida
dos salvos: castigo eterno e vida eterna (Mateus 25:46).
Conclusão
J
oão escreveu para consolar os santos perseguidos pelo governo romano e as forças que o
apoiavam. Ele mostrou os poderes maus atrás desta perseguição, apresentando o dragão, as
bestas e a meretriz. Mas depois das revelações, pragas e batalhas, os santos continuam reinando
com Cristo, enquanto os inimigos sofrem no lago de fogo e enxofre. Deus é justo, e seus servos fiéis
são vencedores!.





Apocalipse: Lição 33
O Julgamento Diante do Trono Branco
(Apocalipse 20:11-15)
O
s últimos versículos do capítulo 20 descrevem uma cena de julgamento de destruição dos
mortos. A santidade de Deus não aceita a impureza daqueles cujos nomes não foram achados
no Livro da Vida. Esta cena deve ser interpretada primeiro no seu contexto do castigo dos
inimigos dos santos nos tempos próximos à data da composição do Apocalipse, mas tem valor,
também, para a nossa instrução sobre o julgamento de Deus.
20:11 –
Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta: O trono branco aparece somente aqui,
mas a idéia do julgamento divino aparece em diversos textos no Antigo e Novo Testamentos. O trono
mostra o domínio, e branco representa a santidade. Muitas vezes,
encontramos declarações de justiça divina contra indivíduos ou
11 Vi um grande trono
povos aqui na terra. Outras vezes, a imagem é do julgamento
branco e aquele que nele se
final. Muitos interpretam este trecho como o julgamento final, e
assenta, de cuja presença
certamente algumas das idéias apresentadas aqui poderão ser
fugiram a terra e o céu, e
aplicadas ao julgamento final. Mas, como temos feito desde o
não se achou lugar para
início do nosso estudo deste livro, devemos procurar primeiro a
eles.
aplicação no contexto antes de fazer outras aplicações dos
princípios aqui ensinados.
Mais uma vez, a cena de Daniel 7 ajuda. O Ancião de Dias preside o tribunal que abre os livros e
condena o insolente chifre do quarto animal (Daniel 7:8-11). Na interpretação da visão, os santos
possuem o reino, o quarto animal (Roma) os persegue, mas “se assentará o tribunal para lhe
tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim” (Daniel 7:26). Com esta base,
devemos aplicar o julgamento do Apocalipse 20 primeiro aos servos da besta que perseguiam os
santos.
De cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles: Mais uma maneira
de frisar a santidade de Deus. A criação não pode ficar diante da perfeição do Santo Deus. As criaturas
corruptas, incluindo os mais poderosos dos governantes, não teriam condições de ficar em pé diante
do Senhor. Numa segunda aplicação, a vinda do Dia de Deus no final dos tempos causará que a
criação seja desfeita (2 Pedro 3:11-13).
20:12 –
Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono: A tendência
de muitos comentaristas é ver aqui a ressurreição no último dia e o julgamento final. A Bíblia
claramente ensina que haverá uma ressurreição de todos e um
julgamento “perante o tribunal de Cristo” (2 Coríntios 5:10;
12 Vi também os mortos, os
João 5:27-29). Neste trecho, podemos ver alguns princípios que
grandes e os pequenos,
aplicam-se ao julgamento final, mas parece-me mais coerente
postos em pé diante do
fazer a aplicação inicial no contexto da derrota do diabo e seus
trono. Então, se abriram
aliados perseguidores. O paralelo com Daniel 7 continua a nos
livros. Ainda outro livro, o
orientar, sugerindo que o contexto do governo romano, o quarto
Livro da Vida, foi aberto. E
animal, ainda determina a aplicação principal.
os mortos foram julgados,
Os mortos, neste caso, seriam aqueles que se dedicavam à besta.
segundo as suas obras,
Não há menção aqui de galardão para os fiéis, somente de
conforme o que se achava
condenação dos ímpios. Na “primeira ressurreição” (20:5),
escrito nos livros.
194
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
os adoradores do Cordeiro foram exaltados para reinar com ele. Aqui, podemos ver uma segunda
ressurreição – dos adoradores da besta, os grandes e os pequenos (cf. 13:16), que serão condenados
com ela.
Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram
julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.: Há uma
distinção aqui entre os livros e o Livro da Vida. Os livros, evidentemente, representam o registro dos
atos deles e mostram a justiça do julgamento de Deus (cf. Daniel 7:10), enquanto o Livro da Vida
representa uma lista dos salvos (cf. Daniel 12:1; Filipenses 4:3; Apocalipse 3:5; 13:8; 17:8; 21:27).
20:13 –
Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além
entregaram os mortos que neles havia: Nenhum morto foi
isento deste julgamento. Até os ímpios entregues à Morte e ao
Inferno (6:7-8) são apresentados para o julgamento. Deus tem
domínio, e ninguém consegue proteger os mortos do julgamento
dele.
13 Deu o mar os mortos que
nele estavam. A morte e o
além entregaram os mortos
que neles havia. E foram
julgados, um por um,
segundo as suas obras.
E foram julgados, um por um, segundo as suas obras: Os servos da besta são julgados da
mesma maneira que todos serão julgados no último dia (2 Coríntios 5:10). Deus é justo, e dará a cada
um segundo as suas obras.
20:14 –
Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo: A Morte e o Inferno
são inimigos de Deus, mas são dominados, utilizados e vencidos pelo Senhor. Existem vários sentidos
ou contextos em que Jesus vence a morte e o inferno (a palavra
grega aqui é hades – região dos mortos). No passado, ele a
14 Então, a morte e o
venceu na sua ressurreição (Atos 2:24-31; Romanos 6:9; 2
inferno foram lançados para
Timóteo 1:10). No presente, os servos fiéis participam da vitória
dentro do lago de fogo. Esta
sobre a morte (Romanos 8:2,38-39; Hebreus 2:15; 1 João 3:14).
é a segunda morte, o lago
No futuro, a morte é o último inimigo a ser vencido (1 Coríntios
de fogo.
15:26). Aqui, em relação à guerra do dragão e suas bestas contra
os santos, a morte e o inferno são derrotados e lançados no lago
de fogo.
O Juízo de Deus
A Bíblia relata várias cenas de julgamento divino, muitas delas apresentadas em forma de
parábola ou de linguagem profética, empregando elementos simbólicos para comunicar
verdades importantes sobre a justiça de Deus.
Algumas dessas cenas prevêem julgamentos específicos de indivíduos ou de povos e nações
(cf. Joel 3:9-17; Ezequiel 32:17-32; Daniel 7:9-27). Outras ensinam os princípios da justiça
divina, sem falar necessariamente de algum julgamento específico (cf. Mateus 18:23-35; Lucas
12:35-48). Acredito que a cena do Apocalipse, no seu contexto de profecias referentes aos
perseguidores romanos, deve ser interpretada como uma mensagem simbólica da condenação
dos servos da besta. Mas, como outras cenas deste tipo, ela ensina princípios da justiça divina
que aplicam a outros, até dando uma idéia de como será o julgamento final.
Todas essas apresentações da justiça divina prefiguram o julgamento final, um conceito
claramente afirmado nas Escrituras. A aplicação de uma ou outra passagem a um julgamento
temporal não tira dela seu valor para ensinar como a justiça de Deus será aplicada a todos no
Dia Final. Mas, para tratar de aspectos específicos do julgamento final, devemos usar como
base passagens como Hebreus 9:27; João 5:28-29; 2 Coríntios 5:10 e várias outras. Podemos
ter certeza do julgamento final, no qual será aplicada a justiça de Deus.
Lição 33: O Julgamento Diante do Trono Branco (20:11-15)
195
Esta é a segunda morte, o lago de fogo: O vencedor é isento desta morte (2:11; 20:6). Ele
participa da vida que há em Cristo Jesus. O lago de fogo já foi representado como lugar de castigo
perpétuo (20:10).
20:15 –
E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago
de fogo: Não há menção de nenhum justo diante do trono nesta cena. Tudo indica que este
julgamento é limitado aos servos da besta. Nenhum deles será
achado no Livro da Vida, onde estão escritos os nomes dos
15 E, se alguém não foi
adoradores do Senhor. Os ímpios, aqueles que se submetiam à
achado inscrito no Livro da
besta, são lançados no lago de fogo. Participam da segunda
Vida, esse foi lançado para
morte. Ainda existe o Livro da Vida. Há esperança, ou melhor, há
dentro do lago de fogo.
segurança para os servos fiéis que não se prostraram diante da
besta. Esta cena de julgamento diante do grande trono branco
complementa a figura dos santos vitoriosos no início do capítulo. Se os adoradores da besta gozavam
de alguma vantagem durante um período curto nesta vida, os adoradores do Senhor têm a garantia
da vantagem final e eterna. Que consolação!
Conclusão
A
s almas debaixo do altar pediram a vingança divina. Deus prometeu que julgaria os perseguidores,
mas na hora por ele determinada. Nos capítulos 18, 19 e 20, ele mostrou a sua fidelidade por
meio de visões de julgamento e castigo. A meretriz Babilônia, a besta do mar, a besta da terra (o
falso profeta), o dragão e todos os seus colaboradores foram julgados. No final dessa história, somente
os servos fiéis ao Cordeiro podem ficar. E para esses fiéis – aqueles que têm os nomes escritos no
Livro da Vida – ainda resta a promessa da glória eterna na presença do Senhor. Vitória absoluta e total!




Apocalipse: Lição 34
A Nova Jerusalém
(Apocalipse 21:1 - 22:5)
A
última visão do livro mostra o estado exaltado dos servos fiéis na gloriosa presença de Deus.
Como nas cenas de julgamento nos capítulos anteriores e, considerando os limites de tempo do
cumprimento no início e no fim do livro, acredito que esta cena descreve, no seu sentido primário,
a vitória dos perseguidos daquela época, e a bênção de descansar na proteção divina. Mas, como a
cena do julgamento diante do grande trono branco prefigura o julgamento final, esta cena da exaltação
dos vencedores prefigura a glória eterna de todos os vencedores.
A Chegada de Uma Nova Ordem (21:1-8)
J
oão continua descrevendo as suas visões, e obviamente continua usando linguagem simbólica.
Ele não viu uma cidade literalmente vestida de noiva (21:2), mas viu mais uma cena que simboliza
o estado vitorioso dos fiéis e a bênção da presença e proteção de Deus. Os contrastes, também,
continuam. A Babilônia foi uma cidade terrestre que caiu; a nova Jerusalém é uma cidade celestial que
nunca será destruída. A Babilônia foi vista como uma meretriz decadente vestida em roupas que
representavam a sua impureza e carnalidade; a nova Jerusalém é uma noiva, vestida em roupas que
demonstram a sua pureza e espiritualidade.
Esta última visão do Apocalipse oferece conforto aos santos perseguidos pelo dragão e seus aliados.
No sentido que mostra as bênçãos da comunhão com Deus, podemos fazer uma segunda aplicação
à glória do céu, assim ilustrando a esperança dos discípulos fiéis de todas as épocas. Em ver o
galardão dado àqueles vencedores, achamos motivação para sermos contados entre os vencedores
no Dia Final!
21:1 –
Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram: A terra e o céu
fugiram do trono do Senhor (20:11). Este símbolo mostra o efeito da justiça e da santidade de Deus
em relação ao mundo e a ordem mundana de governos ímpios
e rebeldes. A figura de sacudir, abalar ou destruir a terra e os
1 Vi novo céu e nova terra,
corpos celestiais aparece várias vezes nas profecias bíblicas
pois o primeiro céu e a
contra nações. Quando Isaías profetizou o castigo da Babilônia,
primeira terra passaram, e o
ele disse que Deus ia “converter a terra em assolação” e que
mar já não existe.
“as estrelas e constelações dos céus não darão a sua luz”.
Acrescentou as palavras de Deus: “Portanto, farei estremecer
os céus; e a terra será sacudida do seu lugar” (Isaías 13:9,10,13). Obviamente o mundo inteiro
não foi destruído no cumprimento desta profecia, mas o mundo dos babilônicos chegou ao fim. O
mesmo profeta falou do castigo de várias nações, e disse: “Eis que o SENHOR vai devastar e
desolar a terra, vai transtornar a sua superfície e lhe dispersar os moradores”; “A terra
será de tudo quebrantada, ela totalmente se romperá, a terra violentamente se
moverá....ela cairá e jamais se levantará. Naquele dia, o SENHOR castigará, no céu, as
hostes celestes, e os reis da terra, na terra” (Isaías 24:1,19-21). Alguns capítulos depois, falando
novamente do castigo das nações, ele disse: “Todo o exército dos céus se dissolverá, e os céus
se enrolarão como um pergaminho; todo o seu exército cairá, como cai a folha da vide e
a folha da figueira” (Isaías 34:4). Pedro diz que o mundo da época de Noé “veio a perecer” (2
Pedro 3:6; cf. 2:5), não no sentido de uma destruição total do planeta, mas como maneira de mostrar
que a ordem corrupta de sua época passou. As visões do Apocalipse 20:11 e 21:1 usam as mesmas
figuras para descrever o castigo dos povos rebeldes.
Lição 34: A Nova Jerusalém (21:1 - 22:5)
197
Se o passar do céu e a terra representa o fim da antiga ordem na qual o diabo e seus servos
dominavam os fiéis e venciam os santos (11:7; 13:7,15; 17:17-18), o novo céu e nova terra
representam a nova ordem em que Jesus e seus adoradores dominam (11:15-19; 14:9-12; 20:4,6).
É nesse sentido que Isaías relatou a promessa de Deus, olhando para Israel espiritual, o reino
messiânico: “Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança
das coisas passadas, jamais haverá memória delas” (Isaías 65:17; cf. 66:22). Os capítulos
21 e 22 do Apocalipse apresentam a igreja abençoada na comunhão com o Senhor – os vencedores
no tabernáculo estendido por Deus.
E o mar já não existe: Há duas explicações boas desta frase. A primeira liga o mar ao contexto
imediato, sugerindo que ele pertence à mesma categoria do céu e terra que passam no mesmo
versículo. Assim, seria o mesmo mar da sociedade humana de onde surgiu a besta (13:1). A segunda
identifica o mar com o mar de vidro (4:6; 15:2). Nesta segunda interpretação, o mar representa a
separação entre Deus e suas criaturas, e seria uma progressão de separação (4:6) à transição (15:2)
à proximidade (21:1). Ambas as interpretações enfatizam a nova ordem de bênçãos para os fiéis depois
do castigo dos ímpios.
21:2 –
Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus: Os
profetas do Antigo Testamento usaram a figura de uma nova e perfeita cidade para representar a
bênção da comunhão com Deus depois de um período de sofrimento. Especificamente, falaram da
igreja ou do reino do Messias que viria depois da purificação do
cativeiro. Este tema é especialmente forte em livros como
2 Vi também a cidade santa,
Ezequiel (capítulos 40-48) e Isaías (capítulos 60-66;
a nova Jerusalém, que
especialmente 65:18-19). Paulo desenvolveu o mesmo tema
descia do céu, da parte de
quando falou de Jerusalém livre, que vem de cima (Gálatas 4:26-
Deus, ataviada como noiva
31). O autor de Hebreus, também, viu a cidade celestial como a
adornada para o seu esposo.
igreja já existente no primeiro século: “Mas tendes chegado ao
monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém
celestial...igreja dos primogênitos” (Hebreus 12:22-23). A mesma linguagem aqui no Apocalipse
descreve a igreja do Senhor. Nada no texto aqui limita essas bênçãos ao futuro (a igreja no céu).
Podemos entender a nova Jerusalém como a igreja já abençoada aqui na terra e, desta maneira, a
interpretação deste trecho se ajusta ao contexto histórico do livro.
Ataviada como noiva adornada para o seu esposo: A mesma figura que encontramos em 19:7-8
(cf. os comentários na lição 30 e as citações em Efésios 5:25-27 e 2 Coríntios 11:2). Isaías descreveu
as bênçãos da salvação em Cristo “como noiva que se enfeita com as suas jóias” (61:11).
21:3 –
Então, ouvi grande voz vinda do trono: Esta declaração – seja da grande voz de Jesus (1:10), ou
de um anjo (5:2; 7:2; etc.), de um dos quatro seres viventes (6:1), ou do próprio Pai (21:5) – vem de
Deus. A linguagem vem diretamente de promessas do Velho Testamento sobre a restauração de Israel
espiritual pelo Messias.
Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de
Deus, e Deus mesmo estará com eles: As Escrituras estão
repletas de frases como estas, descrevendo a comunhão entre
3 Então, ouvi grande voz
Deus e os santos. Deus queria uma relação desta qualidade no
vinda do trono, dizendo: Eis
Velho Testamento: “E habitarei no meio dos filhos de Israel
o tabernáculo de Deus com
e serei o seu Deus” (Êxodo 29:45). Jerusalém, o lugar
os homens. Deus habitará
escolhido por Deus para a edificação do templo, passou a
com eles. Eles serão povos
representar a habitação de Deus no meio do povo (2 Crônicas
de Deus, e Deus mesmo
6:2; Esdras 1:3). Mas, o povo rompeu os laços de comunhão,
estará com eles.
repetidamente, pelo pecado (Ezequiel 10:18-19; 11:22-23; Isaías
198
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
59:2). Os profetas falaram das bênçãos guardadas para o povo restaurado. Deus disse: “O meu
tabernáculo estará com eles; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Ezequiel 37:27;
cf. 37:23,28; Zacarias 2:10-11; 8:8; Jeremias 30:21-22; 31:33). Jesus veio para fazer o seu tabernáculo
entre os homens (João 1:14), e a comunhão se tornou possível pelo sangue dele (Efésios 2:11-18),
e pela purificação do povo arrependido (2 Coríntios 6:14-18; cf. Jeremias 24:7).
21:4 –
A linguagem deste versículo, quando lida isoladamente, parece descrever o céu. Certamente
esperamos uma circunstância desta qualidade no céu. Mas a aplicação primária, ainda, deve ser feita
à condição abençoada da igreja desde a época de João. Esta
interpretação é apoiada pelas passagens proféticas que usaram
4 E lhes enxugará dos olhos
a mesma linguagem para apontarem o reino messiânico.
toda lágrima, e a morte já
não existirá, já não haverá
E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não
luto, nem pranto, nem dor,
existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque
porque as primeiras coisas
as primeiras coisas passaram: O livramento do povo da
passaram.
opressão foi descrita num cântico por Isaías: “Tragará a morte
para sempre, e, assim, enxugará o Senhor Deus as
lágrimas de todos os rostos...” (Isaías 25:8; cf. 30:19; 35:10).
A volta do cativeiro traria alegria, expulsando a tristeza do meio do povo (Isaías 51:11). As boas-novas
da salvação no Ungido ia “consolar todos os que choram” (Isaías 61:2). Esta alegria se tornaria
característica dos novos céus e nova terra (Isaías 65:19-20).
21:5 –
E aquele que está assentado no trono disse: É Deus quem fala, e Deus que cumpre as promessas
aos fiéis. Podemos confiar na fiel e verdadeira palavra do Senhor.
Eis que faço novas todas as coisas: A libertação do povo do
domínio da Babilônia foi descrita como uma renovação (Isaías
43:18-19). Num sentido espiritual, Deus prometeu fazer as novas
coisas por meio do seu Servo (Isaías 42:9). Recebemos esta
bênção em Cristo: “E, assim, se alguém está em Cristo, é
nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se
fizeram novas” (2 Coríntios 5:17).
5 E aquele que está
assentado no trono disse:
Eis que faço novas todas as
coisas. E acrescentou:
Escreve, porque estas
palavras são fiéis e
verdadeiras.
E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e
verdadeiras: Deus salientou a importância desta promessa da
renovação, relembrando João de sua responsabilidade de escrever as palavras ouvidas. São
verdadeiras.
21:6 –
Disse-me ainda: Tudo está feito: Deus sempre cumpre as suas promessas, e anuncia a obra
completa com estas palavras.
Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim: Deus se
apresentou como “o Alfa e Ômega” no início do livro (1:8) e
Jesus se declarou “o primeiro e o último” (1:17; 2:8). Estas
expressões mostram, não somente a eternidade de Deus, mas a
sua capacidade de cumprir a sua palavra, de terminar o que
começa. Ele garante o resultado para o conforto dos santos.
6 Disse-me ainda: Tudo
está feito. Eu sou o Alfa e o
Ômega, o Princípio e o Fim.
Eu, a quem tem sede, darei
de graça da fonte da água
da vida.
Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da
vida: O conforto ou alívio toma a forma de água para o sedento. Deus é quem dá água aos aflitos
(Isaías 41:17-20). O Servo que restauraria Israel, seria seu Pastor e conduziria o povo “aos
mananciais das águas” (Isaías 49:8-10). Deus oferece as águas na Nova Aliança (Isaías 55:1-3).
Lição 34: A Nova Jerusalém (21:1 - 22:5)
199
Depois de julgar os inimigos do seu povo, nos dias das bênçãos do evangelho, sairia “uma fonte da
Casa do SENHOR ” (Joel 3:18; cf. 2:28; 3:1; Atos 2:16-21).
21:7-8 –
Os versículos 7 e 8 apresentam mais um contraste entre os servos do Senhor e os servos do diabo.
O propósito deste contraste é óbvio. Cada um precisa escolher. Ou será um vencedor com Cristo, ou
um perdedor total. A herança é gratuita (Efésios 2:8-9), mas exige um compromisso com o Senhor.
7 O vencedor herdará estas
coisas, e eu lhe serei Deus,
e ele me será filho.
8 Quanto, porém, aos
covardes, aos incrédulos,
aos abomináveis, aos
assassinos, aos impuros,
aos feiticeiros, aos idólatras
e a todos os mentirosos, a
parte que lhes cabe será no
lago que arde com fogo e
enxofre, a saber, a segunda
morte.
O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e
ele me será filho: As promessas feitas aos vencedores nas sete
cartas às igrejas são maneiras diferentes de expressar um único
tema: quem for fiel ao Senhor terá a bênção de comunhão com
ele. Leia, de novo, as promessas nos finais das cartas (2:7,10-
11,17,26-28; 3:5,12,21). Recebemos a adoção de filhos e nos
tornamos herdeiros por meio de Jesus (Gálatas 4:4-7). Ele nos
trata como primogênitos (Hebreus 12:23), com o privilégio de
sermos herdeiros do próprio Senhor (Efésios 3:6).
Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos
abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros,
aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes
cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber,
a segunda morte: Os ímpios, porém, não compartilham a
mesma esperança. Aqueles que têm vergonha de Jesus, que não
acreditam no Senhor ou que desobedecem a vontade dele não são herdeiros de Deus. A herança deles
é o lago de fogo, a segunda morte.
A linguagem destes dois versículos nos lembra do apelo final do livro de Isaías, salientando a diferença
entre os vivos na cidade santa e os mortos fora da cidade (Isaías 66:22,24).
A Descrição da Nova Jerusalém (21:9 - 22:5)
A
visão continua. Novamente, observamos o uso de linguagem figurada. Se este trecho fosse literal,
descreveria uma cidade de 2.200 km de comprimento, largura e altura!
9 Então, veio um dos sete
anjos que têm as sete taças
cheias dos últimos sete
flagelos e falou comigo,
dizendo: Vem, mostrar-te-ei
a noiva, a esposa do
Cordeiro;
21:9 –
Então, veio um dos sete anjos que têm as sete taças
cheias dos últimos sete flagelos e falou comigo: O anjo faz
o que Deus manda. Quando Deus mandou este anjo anunciar
uma praga, ele obedeceu. Agora, ele traz uma mensagem mais
agradável. Ele mostra o resultado da vitória sobre o mal realizada
nos capítulos anteriores.
Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro: Ela já
apareceu em 19:7 e 21:2. Agora, o anjo mostrará os detalhes da
natureza da noiva ou esposa de Jesus. Já sabemos que a noiva é, também, a cidade santa, Jerusalém
lá do alto. A descrição nos versículos seguintes é da cidade espiritual, da igreja do Senhor.
21:10 –
10 e me transportou, em
espírito, até a uma grande e
elevada montanha e me
mostrou a santa cidade,
Jerusalém, que descia do
céu, da parte de Deus,
200
E me transportou, em espírito, até uma grande e elevada
montanha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que
descia do céu, da parte de Deus: João estava em espírito
quando Jesus começou a revelar a sua mensagem (1:10).
Ezequiel foi transportado pelo Espírito de Deus para ver
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
Jerusalém imunda, cheia das abominações de um povo rebelde e idólatra (Ezequiel 8:3; 11:1). Esta
visão de João é muito melhor. Ele verá Jerusalém pura e santa – a igreja do Senhor lavada no sangue
do Cordeiro! A figura da cidade santa e perfeita representa o estado abençoado do povo de Deus
restaurado no reino messiânico, uma imagem comum nos profetas do Velho Testamento, como
Ezequiel e Isaías, e empregado aqui para mostrar o povo abençoado depois de suportar os ataques
dos inimigos.
21:11 –
A qual tem a glória de Deus: Nesta frase é resumido o fato mais importante desta descrição da
nova Jerusalém. Ela é linda e perfeita porque Deus habita nela.
A cidade mundana tinha a vergonha da meretriz. A cidade santa tem a glória de Deus. Quando Moisés
ergueu o tabernáculo no deserto de Sinai, “a glória do SENHOR encheu o tabernáculo” (Êxodo
40:34). Quando a arca da aliança foi colocada no templo de
Salomão, “a glória do SENHOR enchera a casa do SENHOR ”
11 a qual tem a glória de
(1 Reis 8:11). Mas, naquela época, em que homens pecaminosos
Deus. O seu fulgor era
representavam o povo diante do Senhor (cf. Hebreus 7:26-28),
semelhante a uma pedra
os sacerdotes não podiam entrar na casa quando a glória de
preciosíssima, como pedra
Deus estava lá (2 Crônicas 7:2). A chegada do reino de Cristo
de jaspe cristalina.
mudou a circunstância do povo de Deus. Ele trouxe perdão e
santificação, e Deus passou a habitar nos homens fiéis (João
14:15,23). A igreja no Novo Testamento é a casa ou santuário de Deus (1 Timóteo 3:15; 1 Coríntios
3:16-17). O Espírito Santo habita no corpo do discípulo de Jesus (1 Coríntios 6:10-20).
O seu fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina:
A cidade brilha! Pedras preciosas foram usadas para representar o povo de Israel nas vestes sacerdotais
(Êxodo 39:6-7). Pedras preciosas foram usadas na construção do templo em Jerusalém (1 Crônicas
29:2; 1 Reis 5:17; 2 Crônicas 3:6). No Novo Testamento, os cristãos são as pedras preciosas da casa
espiritual (1Pedro 2:4-5; 1 Coríntios 3:10-12), pois refletem a glória do Senhor (2 Coríntios 3:18).
Jaspe é uma pedra que se apresenta em várias cores (cf. comentários sobre 4:3). Jaspe cristalina
sugere, provavelmente, a pedra branca, assim representando a santidade brilhante da nova Jerusalém.
21:12-14 –
Tinha grande e alta muralha: As cidades antigas normalmente foram protegidas por muralhas, que
separavam os cidadãos dos seus inimigos. Zacarias, numa visão de Jerusalém, ouviu Deus dizer: “Pois
eu lhe serei, diz o Senhor, um muro de fogo em redor e eu mesmo serei, no meio dela, a
sua glória” (Zacarias 2:5). O muro ao redor do templo, na visão de Ezequiel, servia “para fazer
separação entre o santo e o profano” (Ezequiel 42:20). Os
servos do Senhor acham refúgio, santificação e proteção em
Jesus (Mateus 11:28; Colossenses 3:3).
12 Tinha grande e alta
muralha, doze portas, e,
Doze portas, e, junto às portas, doze anjos, e, sobre elas,
junto às portas, doze anjos,
nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos
e, sobre elas, nomes
filhos de Israel: A cidade representa o povo aperfeiçoado
inscritos, que são os nomes
habitando na presença de Deus, e o número doze se destaca
das doze tribos dos filhos de
como o número do povo de Deus. A cidade simbólica nos
Israel.
últimos capítulos de Ezequiel tinha, também, doze portas
13 Três portas se achavam
representando as doze tribos (Ezequiel 48:30-34).
a leste, três, ao norte, três,
ao sul, e três, a oeste.
Três portas se achavam a leste, três, ao norte, três, ao sul,
14 A muralha da cidade
e três, a oeste: No acampamento dos israelitas no deserto, três
tinha doze fundamentos, e
tribos ficavam de cada lado do tabernáculo (Números 2).
estavam sobre estes os doze
nomes dos doze apóstolos
A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam
do Cordeiro.
sobre estes os doze nomes dos apóstolos do Cordeiro:
Lição 34: A Nova Jerusalém (21:1 - 22:5)
201
Completando a figura do povo redimido, os doze apóstolos se juntam às doze tribos. Paulo disse que
os santos são “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo,
Cristo Jesus, a pedra angular” (Efésios 2:20).
21:15 –
Aquele que falava comigo tinha por medida uma vara de ouro para medir a cidade, as suas
portas e a sua muralha: Zacarias viu um homem com um cordel para medir Jerusalém, mostrando
a glória de Sião como a menina do olho de Deus (Zacarias 2:1-
13). Ezequiel viu a derrota de Gogue seguida por uma visão em
15 Aquele que falava
que o templo foi medido antes de Deus voltar para habitar no
comigo tinha por medida
meio do povo (Ezequiel 40:1 - 42:20). O ato de medir mostra a
uma vara de ouro para medir
perfeição do padrão da santidade divina, em contraste com a
a cidade, as suas portas e a
impureza do povo antes de ser redimido: “Mostra à casa de
sua muralha.
Israel este templo, para que ela se envergonhe das suas
iniqüidades; e meça o modelo. Envergonhando-se eles de
tudo quanto praticaram, faze-lhes saber a planta desta
casa e o seu arranjo.... todo o seu limite ao redor será santíssimo...” (Ezequiel 43:10-12).
Agora, o anjo que oferece a explicação a João está pronto para medir a cidade e frisar a diferença entre
o santo e o profano.
21:16 –
A cidade é quadrangular, de comprimento e largura
iguais.... O seu comprimento, largura e altura são
iguais: A cidade
quadrangular é um cubo
16 A cidade é quadrangular,
perfeito, como foi o
de comprimento e largura
Santo dos Santos no
iguais. E mediu a cidade
t em plo d o A n t ig o
com a vara até doze mil
Testamento (1 Reis
estádios. O seu
6:20).
Compare,
comprimento, largura e
também, as medidas
altura são iguais.
iguais dos lados do
templo em Ezequiel
48:16-17.
E mediu a cidade com a vara até doze mil estádios: Doze
(o número do povo de Deus) vezes mil (um número completo)
simboliza a perfeição do povo de Deus. Este versículo
apresenta um problema para as interpretações literais. 12.000
estádios seria aproximadamente 2.200 quilômetros. Jerusalém
literal é uma cidade na terra da Palestina, uma área de
aproximadamente o tamanho de um oitavo do estado de São
Paulo. Mas esta cidade, se entendida literalmente, teria mais do
que a metade da área do Brasil! E esta cidade tem a mesma
altura, ou seja, estenderia-se 2.200 quilômetros para cima! Se
fosse literal, a cidade seria 250 vezes mais alta do que o monte
Everest, o pico mais alto do mundo. Obviamente, este, como
outros aspectos da visão, deve ser entendido figuradamente.
21:17 –
Mediu também a sua muralha, cento e quarenta e
quatro côvados: O texto não diz se esta medida é da altura
ou da espessura da muralha, e realmente não importa. O
ponto não é de uma medida literal de 65 metros, mas do valor
202
Traduções que
Dificultam a
Compreensão
Este capítulo serve para ilustrar
um a dificuldade na tradução da
Bíblia às línguas m odernas. Alguns
tradutores, com o a com issão que
produziu
a
Nova
Versão
Internacional, adotam a política de
fazer conversões a m edidas
m odernas. Em m uitos textos de
sim ples narrativa, esta abordagem
pode facilitar o estudo. Mas em
textos que empregam núm eros com
p ro p ó s ito s s im b ó lic o s , ta is
traduções ofuscam o sentido e
dificultam a com preensão. Por
exem plo, 12.000 estádios (21:16)
utiliza os núm eros 12 (o povo santo)
e 1.000 (totalidade) para com unicar,
sim bolicam ente, a perfeição da
nova Jerusalém , a noiva de Cristo.
A NVI, porém , converte o valor a
2.200 quilôm etros, um núm ero sem
significado. Outro exem plo: a
m edida da m uralha deu 144
c ô va d o s ( 2 1 :1 7 ), n o va m e n te
em pregando o núm ero 12 (12 x 12
= 144) para representar o povo de
Deus. A NVI traz 65 m etros, outro
núm ero sem significado. Em casos
com o esses, seria m elhor deixar as
m edidas em estádios, côvados, etc.
e deixar cada leitor ver o significado,
e não apenas a m edida.
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
simbólico de doze vezes doze. Tudo nesta cidade mostra a
perfeição do povo na presença de Deus. É uma noiva sem
mácula!
Medida de homem, isto é, de anjo: Uma medida que um
homem, João, entendeu quando o anjo a usou.
17 Mediu também a sua
muralha, cento e quarenta e
quatro côvados, medida de
homem, isto é, de anjo.
21:18-21 –
Esta parte da descrição da nova Jerusalém nos lembra da promessa de Deus de edificar os muros, as
portas e os baluartes de Sião de jóias e pedras preciosas (Isaías 54:11-12). Como Isaías usou essas
figuras para descrever as características do reino messiânico, João emprega linguagem semelhante
para falar do mesmo reino.
A estrutura da muralha é de jaspe: Características da glória de Deus, e agora, da noiva de Cristo
(cf. 4:3; 21:11).
Também a cidade é de ouro puro, semelhante a vidro límpido: O elemento mais destacado no
tabernáculo e no templo do Velho Testamento, ouro representa
a preciosidade e a pureza. Mesmo ouro anteriormente utilizado na
18 A estrutura da muralha é
idolatria passava pela purificação por fogo e se tornava útil para
de jaspe; também a cidade é
uso no serviço sagrado (Josué 6:19; Números 31:22-23). Da
de ouro puro, semelhante a
mesma maneira, pessoas podem ser purificadas e se tornarem
vidro límpido.
“ouro” para serem úteis na casa de Deus (2 Timóteo 1:20-22).
19 Os fundamentos da
muralha da cidade estão
Os fundamentos da muralha da cidade estão adornados
adornados de toda espécie
de toda espécie de pedras preciosas....: Ele já disse que as
de pedras preciosas. O
pedras da muralha têm os nomes dos doze apóstolos (21:14).
primeiro fundamento é de
Agora, ele mostra a preciosidade deles na edificação da igreja,
jaspe; o segundo, de safira;
citando nomes de doze das mais valiosas pedras conhecidas na
o terceiro, de calcedônia; o
época. Não vejo proveito em tentativas de atribuir um significado
quarto, de esmeralda;
especial a cada pedra. Estas pedras fazem parte da representação
20 o quinto, de sardônio; o
total do povo do Senhor, como também faziam as doze pedras
sexto, de sárdio; o sétimo,
de crisólito; o oitavo, de
no peitoral do sacerdote na Antiga Aliança (Êxodo 28:15-21).
berilo; o nono, de topázio; o
As doze portas são doze pérolas, e cada uma dessas
décimo, de crisópraso; o
portas, de uma só pérola: Os pré-milenaristas, que procuram
undécimo, de jacinto; e o
adotar interpretações literais desta descrição em relação a uma
duodécimo, de ametista.
cidade terrestre futura, geralmente dizem que é a mesma cidade
21 As doze portas são doze
de Isaías 54, citada acima. Mas a cidade de Isaías teria portas de
pérolas, e cada uma dessas
portas, de uma só pérola. A
carbúnculos (Isaías 54:12). Para tratar as duas profecias
praça da cidade é de ouro
literalmente, teríamos que esperar duas cidades fantásticas ainda
puro, como vidro
no futuro – uma com portas de carbúnculos e outra com portas
transparente.
de pérola? Não devemos nos perder neste tipo de interpretação
literal. A igreja não tem e não terá, literalmente, portas de pérolas
gigantes, nem de carbúnculos. Estas portas fazem parte da figura
de uma cidade perfeita, preciosa e gloriosa, pois ela representa a perfeição da comunhão dos santos
com Deus!
A praça da cidade é de ouro puro, como vidro transparente: Pureza total e de uma magnitude
que desafia a imaginação. Os recursos de ouro que Salomão recebia durante seu reinado foram
impressionantes (1 Reis 10:14-22), mas não seriam nada em contraste com uma cidade de 2.200
quilômetros cúbicos feita de ouro com a praça de ouro! E tudo de ouro puro, límpido como vidro!
Como a santidade se tornou linda aos olhos de João, e deve se tornar igualmente bonita, perfeita e
desejável aos olhos de cada servo do Senhor (Hebreus 12:14; cf. Salmo 19:7-10).
Lição 34: A Nova Jerusalém (21:1 - 22:5)
203
21:22-24 –
Nela, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o
Cordeiro: O santuário do tabernáculo e, depois, do templo, no Velho Testamento, servia para
representar a presença de Deus. Era uma sombra da comunhão íntima dos santos com o Senhor. Mas
o Cordeiro trouxe esta comunhão íntima. Habitou entre os
homens (João 1:14). Prometeu fazer morada nos fiéis (João
22 Nela, não vi santuário,
14:23). No Apocalipse, Deus estende sobre os fiéis o seu
porque o seu santuário é o
santuário (7:15). Ele é o santuário verdadeiro dos seus servos.
Senhor, o Deus
Todo-Poderoso, e o
A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe
Cordeiro.
darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o
23 A cidade não precisa
Cordeiro é a sua lâmpada: Além de oferecer a proteção como
nem do sol, nem da lua, para
santuário, Deus é a única fonte de luz, pois ele é luz (1 João 1:5).
lhe darem claridade, pois a
No universo físico, ele colocou o sol, a lua e as estrelas para
glória de Deus a iluminou, e
alumiar a terra, mas a luz já existia antes da criação desses
o Cordeiro é a sua lâmpada.
luzeiros (Gênesis 1:3,14-19). Isaías usou o mesmo conceito para
24 As nações andarão
mediante a sua luz, e os reis
descrever a bênção da comunhão no reino messiânico (Isaías
da terra lhe trazem a sua
60:1-3,19-20). Jesus afirmou claramente: “Eu sou a luz do
glória.
mundo; quem me segue não andará nas trevas, pelo
contrário, terá a luz da vida” (João 8:12).
As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe trazem a sua glória: Em Isaías
60:3, o profeta olhou para a glória futura do reino de Cristo e falou que as nações e reis iam
encaminhar-se para a luz de Deus. É uma das várias profecias da salvação dos gentios cumpridas a
partir da conversão da família de Cornélio (Atos 10).
25 As suas portas nunca
jamais se fecharão de dia,
porque, nela, não haverá
noite.
26 E lhe trarão a glória e a
honra das nações.
21:25-26 –
As suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque,
nela, não haverá noite: A salvação e a oportunidade de entrar
no reino do Senhor são estendidas a todos. As nações e os reis
têm este privilégio de participar do reino eterno de Cristo. A
iluminação constante representa a bênção do perdão que Deus
deu a Israel (Isaías 30:26).
E lhe trarão a glória e a honra das nações: A entrada dos povos traz glória para Deus. Isaías 60:11
diz: “As tuas portas estarão abertas de contínuo; nem de dia nem de noite se fecharão,
para que te sejam trazidas riquezas das nações, e, conduzidos com elas, os seus reis.”
Isaías falou, várias vezes, da glória que as nações dariam para o Senhor e para o povo fiel (Isaías 45:14;
49:22-23; 60:5,11-14; 61:6).
27 Nela, nunca jamais
penetrará coisa alguma
contaminada, nem o que
pratica abominação e
mentira, mas somente os
inscritos no Livro da Vida do
Cordeiro.
21:27 –
Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada,
nem o que pratica abominação e mentira: Isaías, 800 anos
antes de João ver esta visão, disse da glória de Sião: “E ali
haverá bom caminho, caminho que se chamará o
Caminho Santo; o imundo não passará por ele, pois será
somente para o seu povo...” (Isaías 35:8; 52:1). A igreja é
composta dos santificados; é a nação santa (1 Pedro 2:9).
No Velho Testamento, pessoas com defeitos físicos foram proibidas de servir como sacerdotes no
santuário (Levítico 21:16-24), prefigurando a pureza espiritual dos sacerdotes na Nova Aliança, os
cristãos santificados que habitam em Deus.
204
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
Joseph Smith
e a Nova Jerusalém
Encontram os um exem plo dos
m uitos abusos do Apocalipse na
história dos m órm ons. O suposto
profeta Joseph Sm ith, fundador do
m ovim ento dos m órm ons (Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últim os
Dias e outras ram ificações) afirm ou,
em 1832, que a Nova Jerusalém
s e ria c o n s tru ída, c o m e ç a n d o
naquela geração na cidade de
Independence, Missouri, EUA.
Não aconteceu naquela geração,
nem nas gerações posteriores.
“Se disseres no teu coração:
com o conhecerei a palavra que o
S E N H O R não falou? Sabe que,
quando esse profeta falar em
nome do S E N H O R , e a palavra dele
não se cumprir, nem suceder,
como profetizou, esta é a palavra
que o S EN H OR não disse; com
soberba, a falou o tal profeta; não
tenhas temor dele” (Deuteronôm io
18:21-22).
Joseph Sm ith foi um falso profeta.
Nenhum seguidor verdadeiro de
Cristo aceitará as palavras dele.
Mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro:
Os habitantes da cidade santa são os santos, as pessoas que
pertencem ao Cordeiro.
22:1-2 –
Então, me mostrou o rio da água da vida, brilhante
como cristal: No Éden, um rio regava o jardim (Gênesis
2:10) e houve, também,
a árvore da vida (Gênesis
1 Então, me mostrou o rio da
3:22). Quando caiu no
água da vida, brilhante como
pecado, o homem
cristal, que sai do trono de
perdeu seu acesso a
Deus e do Cordeiro.
essa árvore. Isaías
2 No meio da sua praça, de
profetizou da resposta
uma e outra margem do rio,
divina à sede espiritual
está a árvore da vida, que
do povo perdido: “Os
produz doze frutos, dando o
aflitos e necessitados
seu fruto de mês em mês, e
buscam águas, e não
as folhas da árvore são para
as há, e a sua língua
a cura dos povos.
se seca de sede; mas
eu, o SENHOR, os
ouvirei, eu, o Deus de Israel, não os desampararei.
Abrirei rios nos altos desnudos e fontes no meio dos
vales; tornarei o deserto em açudes de águas e a terra
seca, em mananciais” (Isaías 41:17-18; 43:20).
Que sai do trono de Deus e do Cordeiro: Na visão da
cidade santa da habitação de Deus, Ezequiel viu um rio que
nascia no templo, com árvores frutíferas de ambos os lados
(Ezequiel 47:1-12). A água que sustenta vem do trono de
Deus.
No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz
doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos
povos: Este versículo é muito parecido com Ezequiel 47:12, frisando a bênção de estar na presença
de Deus, na cidade santa, sustentado e protegido pelo próprio Senhor. O número doze, repetido
nestas figuras, reforça a idéia do povo de Deus que recebe estas bênçãos na presença dele. Pelo povo
dele, Deus oferece, também, cura para os povos. A divulgação do evangelho pela igreja do Senhor traz
cura aos povos corrompidos pelo pecado.
22:3-4 –
Nunca mais haverá qualquer maldição: Zacarias falou da salvação de Jerusalém quando disse:
“Habitarão nela, e já não haverá maldição, e Jerusalém habitará segura” (Zacarias 14:11).
A maldição que afligia o homem desde o pecado do primeiro
casal no Éden foi removida pelo sacrifício de Jesus. A cidade
3 Nunca mais haverá
santa é abençoada e segura.
qualquer maldição. Nela,
estará o trono de Deus e do
Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro: Olhando para
Cordeiro. Os seus servos o
a circunstância abençoada de Israel restaurada, Jeremias disse:
servirão,
“Naquele tempo, chamarão a Jerusalém de Trono do
4 contemplarão a sua face,
Senhor” (Jeremias 3:17). Novamente, a figura frisa o ponto mais
e na sua fronte está o nome
importante de toda esta imagem de bênção – a presença de
dele.
Deus. A cidade santa deriva sua beleza e grandeza, não de pedras
ou ouro ou qualquer outro elemento material, mas da presença
Lição 34: A Nova Jerusalém (21:1 - 22:5)
205
de Deus. E todas as referências a materiais preciosos servem simplesmente como símbolos do povo
abençoado na presença do seu Deus.
Os seus servos o servirão, contemplarão a sua face: Deus está no trono, e os servos lhe dão a
devida honra. Não há privilégio maior para uma criatura do que servir na presença imediata do Criador.
A proximidade desta comunhão é destacada pelo acréscimo: “contemplarão a sua face”. Esta
expressão vem de vários textos que frisam a comunhão dos justos com Deus. “Eu, porém, na
justiça, contemplarei a tua face; quando acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança”
(Salmo 17:15). “Porque o SENHOR é justo, ele ama a justiça; os retos lhe contemplarão a
face” (Salmo 11:7; cf. 140:13). Esta frase descreve o tipo de comunhão especial com Deus que
Moisés gozava (Números 12:6-8; Deuteronômio 34:10).
E na sua fronte está o nome dele: O sumo sacerdote tinha na sua mitra uma lâmina de ouro com
as palavras “Santidade ao SENHOR ” (Êxodo 28:36-38) que usava para representar o povo diante de
Deus. Aqui, o próprio povo de Deus se apresenta como a propriedade dele. Como já observamos nos
comentários sobre 3:12, o nome gravado representa posse. O povo – a igreja, a noiva, a cidade santa
– pertence a Deus.
22:5 –
Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem de luz do sol, porque
o Senhor Deus brilhará sobre eles: Ele repete o mesmo tema de 21:23-25. A luz venceu. Os
cidadãos deste reino já saíram “do império das trevas”
(Colossenses 1:13) para andar na luz (1 João 1:5-7).
5 Então, já não haverá
noite, nem precisam eles de
luz de candeia, nem da luz
do sol, porque o Senhor
Deus brilhará sobre eles, e
reinarão pelos séculos dos
séculos.
E reinarão pelos séculos dos séculos: A vitória dos fiéis não
é limitada a algum período fixo (veja comentários sobre 20:4,6),
pois é eterna. Daniel viu este mesmo período da vitória do reino
de Deus sobre o arrogante imperador romano, e disse: “Mas os
santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para
todo o sempre, de eternidade em eternidade” (Daniel 7:18;
cf. 7:22 e 27).
Conclusão
N
as cartas às igrejas nos capítulos 2 e 3, Jesus fez uma série de promessas aos vencedores.
Somadas, essas promessas falaram da comunhão com Deus, da bênção de habitar na presença
do Senhor. A descrição da cidade santa, a nova Jerusalém, reforça todas aquelas promessas. No
nosso estudo deste trecho, devemos lembrar que a ênfase não está em lugar (céu ou terra) nem tempo
(passado, presente ou futuro), mas na pessoa de Deus habitando no meio do seu povo abençoado
e protegido. “Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá”
(3:12). “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu
venci e me sentei com meu Pai no seu trono” (3:21). Que consolação!




Apocalipse: Lição 35
Palavras Fiéis e Verdadeiras
(Apocalipse 22:6-21)
O
livro do Apocalipse contém uma série impressionante de visões usadas por Jesus para
comunicar verdades importantes e confortantes aos seus servos. A mensagem deste livro fala
principalmente aos cristãos da Ásia Menor no final do primeiro século, mas oferece, também,
consolação e confiança aos servos de Deus de todas as épocas e em todos os lugares.
Os últimos parágrafos do livro, considerados nesta lição, encerram a revelação dada a João e frisam,
de várias maneiras, a relevância e veracidade da mensagem. O Apocalipse, como as outras Escrituras,
tem a assinatura do Senhor!
22:6 –
Disse-me ainda: Estas palavras são fiéis e verdadeiras: “Fiel” e “verdadeiro” são palavras
repetidas no livro, do começo ao fim, para destacar a confiabilidade da fonte e da mensagem em si.
Jesus é “Fiel e Verdadeiro” (19:11) e “a testemunha fiel e
verdadeira” (3:14; cf. 1:5; 3:7). Por isso, as palavras dele “são
6 Disse-me ainda: Estas
fiéis e verdadeiras” (21:5; 22:6).
palavras são fiéis e
verdadeiras. O Senhor, o
O Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas, enviou seu
Deus dos espíritos dos
anjo para mostrar aos seus servos: Todo o peso da
profetas, enviou seu anjo
autoridade divina está atrás destas palavras confiáveis, enviadas
para mostrar aos seus
para consolar os discípulos. Deus usa profetas e anjos para
servos as coisas que em
revelar a sua palavra aos seus servos (cf. 1:1).
breve devem acontecer.
As coisas que em breve devem acontecer: As mesmas
palavras encontradas no início do livro (1:1) aparecem aqui no
fim dele. Jesus abre e encerra esta revelação com os mesmos limites de tempo, assim exigindo que
alunos reverentes procurem entender o livro inteiro no contexto da igreja primitiva. Mesmo se não
conseguirmos identificar o cumprimento detalhado de todas as profecias, podemos confiar na “Fiel
Testemunha” quando diz a João e outros cristãos do primeiro século que estas coisas iam acontecer
“em breve”.
22:7 –
Eis que venho sem demora: A vinda do Senhor sempre envolve dois aspectos: ì A salvação dos
seus servos, e í O castigo dos rebeldes e ímpios. Deus já veio, muitas vezes, em julgamentos de
nações para resgatar e proteger os inocentes. Aqui, Jesus estava
pronto para vir e julgar os perseguidores romanos e proteger os
7 Eis que venho sem
inocentes e fiéis. Para confortar aqueles que enfrentariam essas
demora. Bem-aventurado
tribulações, ele promete chegar sem demora.
aquele que guarda as
palavras da profecia deste
Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da
livro.
profecia deste livro: Esta é a sexta das sete bem-aventuranças
no livro (veja a lista na lição 3). Muitas vezes, usamos a palavra
profecia no sentido restrito de predições sobre acontecimentos
futuros. O significado da palavra, porém, é bem mais abrangente, e fala de revelação divina transmitida
diretamente ao homem. O trabalho principal dos profetas bíblicos foi de chamar o povo à obediência,
e João não é exceção. A profecia do Apocalipse incentiva os leitores a adorarem o Senhor e a
resistirem ao diabo e aos seus aliados. Não é apenas um livro informativo, mas uma mensagem
extremamente prática. As instruções do livro foram escritas para serem obedecidas.
208
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
22:8-9 –
Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas: Este apóstolo
não se identifica, por nome, e nenhum dos outros livros a ele
atribuídos, mas esta é a quarta vez que se identifica como o
mensageiro humano usado na transmissão do Apocalipse.
Mesmo assim, esta citação mostra que não se identifica por
motivo de orgulho, e sim, como maneira de assumir
responsabilidade pelo que fez. Ele escreveu as coisas que Jesus
revelou. Também falhou, como diz o resto deste versículo, e não
fugiu do seu erro.
8 Eu, João, sou quem ouviu
e viu estas coisas. E, quando
as ouvi e vi, prostrei-me ante
os pés do anjo que me
mostrou essas coisas, para
adorá-lo.
9 Então, ele me disse: Vê,
não faças isso; eu sou
conservo teu, dos teus
irmãos, os profetas, e dos
que guardam as palavras
deste livro. Adora a Deus.
E quando as ouvi e vi, prostrei-me ante os pés do anjo
que me mostrou essas coisas, para adorá-lo....Adora a
Deus: A mesma coisa relatada em 19:10 (veja os comentários na
lição 30). Alguns comentaristas acreditam que seja simplesmente um segundo relato do mesmo
episódio. Se aconteceu uma ou duas vezes, a lição dos dois relatos é a mesma. Somente Deus merece
adoração.
22:10 –
Disse-me ainda: Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está
próximo: O anjo acrescenta uma instrução e uma explicação interessantes. A ordem de não selar a
mensagem oferece um contraste com a instrução dada a Daniel
quando recebeu uma visão referente aos reinos helenistas que
10 Disse-me ainda: Não
viriam menos de 400 anos depois: “Preserva a visão, porque
seles as palavras da profecia
se refere a dias ainda mui distantes” (Daniel 8:26).
deste livro, porque o tempo
está próximo.
As explicações das duas ordens (dadas a Daniel e a João,
respectivamente), mostram os motivos. A visão de Daniel falou
do futuro distante, e, por isso, foi preservada ou selada. O
Apocalipse, porém, falou de coisas que iam acontecer logo depois de João recebê-lo. Este contraste
apóia fortemente a interpretação adotada ao longo do nosso estudo. Se menos de 400 anos foram
dias “mui distantes”, os dias próximos e as coisas que iam acontecer em breve, do ponto de vista
de João, não poderiam vir milhares de anos depois, como muitos ensinam hoje. As interpretações que
colocam o cumprimento do Apocalipse ainda no futuro desrespeitam as palavras do próprio livro.
22:11 –
Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo
ainda sendo imundo: A profecia foi escrita para ser obedecida
(22:7) e os sinais foram dados como alertas aos ímpios. Eles,
porém, não se arrependeram (9:20; 16:9,11,21). Agora, só resta
o cumprimento das profecias e o juízo dos injustos.
11 Continue o injusto
fazendo injustiça, continue o
imundo ainda sendo imundo;
o justo continue na prática
da justiça, e o santo continue
a santificar-se.
E o santo continue a santificar-se: Os fiéis, aqueles que têm
ouvidos, ouvem e seguem as instruções do livro para se manterem santificados. Para estes, a vinda
de Jesus trará alívio, vitória, e glória.
22:12 –
E eis que venho sem demora: Jesus declara a iminência de
sua vinda pela segunda de três vezes neste capítulo. Cada vez, a
vinda dele é ligada ao consolo ou à recompensa dada aos fiéis.
E comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada
um segundo as suas obras: Para os servos preparados, o Dia
do Senhor é sempre bem-vindo. Enquanto a palavra traduzida
Lição 35: Palavras Fiéis e Verdadeiras (22:6-21)
12 E eis que venho sem
demora, e comigo está o
galardão que tenho para
retribuir a cada um segundo
as suas obras.
209
galardão freqüentemente representa um prêmio ou salário desejado (cf. Lucas 6:35), pode ser,
também, o salário do pecado (cf. 2 Pedro 2:13,15). A menção das duas categorias no versículo 11
sugere esta possibilidade. Entendido desta maneira, o versículo 12 falaria a respeito da mesma
distinção entre os justos e os ímpios encontrada em 11:18; 21:7-8; etc.
13 Eu sou o Alfa e o
Ômega, o Primeiro e o
Último, o Princípio e o Fim.
22:13 –
Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o
Princípio e o Fim: Já observamos o significado destas
afirmações nos comentários sobre 1:8 e 21:6. Jesus fala com
autoridade, porque é capaz de cumprir as suas promessas.
22:14-15 –
Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras: A última das bem-aventuranças do
livro. Os colchetes indicam uma questão sobre o texto original. Como normalmente é o caso, a dúvida
sobre esta frase (no sangue do Cordeiro) não apresenta nenhuma dificuldade doutrinária. Outros
textos mostram claramente que é o sangue do Cordeiro que nos
purifica (7:14; Romanos 5:9; Efésios 1:7; Hebreus 9:14).
14 Bem-aventurados
aqueles que lavam as suas
vestiduras [no sangue do
Cordeiro], para que lhes
assista o direito à árvore da
vida, e entrem na cidade
pelas portas.
15 Fora ficam os cães, os
feiticeiros, os impuros, os
assassinos, os idólatras e
todo aquele que ama e
pratica a mentira.
Para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem
na cidade pelas portas: Purificados pelo sangue, os
abençoados ganham acesso à árvore da vida e entrada pelas
portas da cidade. As portas descritas no capítulo 21
representaram o povo de Deus, que tem acesso por meio de
Jesus (cf. João 10:9; Mateus 7:14).
Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os
assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica
a mentira: Se não entrar pelas portas, não passará pelas
muralhas altas da cidade! Os ímpios não têm lugar na cidade
santa. Cães, na Bíblia, não eram animais de estimação. Eram
animais imundos e desprezados, usados várias vezes para representar pecadores e a sujeira do seu erro
(Salmo 22:16; Mateus 7:6; Filipenses 3:2).
22:16 –
Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas: Aqui no fim do livro,
Jesus reforça dois fatos importantes da introdução: ì A mensagem vem do próprio Jesus; e í Foi
dirigida às igrejas – especificamente as sete citadas no início do livro (1:4,11,20; capítulos 2 e 3).
16 Eu, Jesus, enviei o
meu anjo para vos
testificar estas coisas às
igrejas. Eu sou a Raiz e a
Geração de Davi, a
brilhante Estrela da
manhã.
Eu sou a Raiz e a Geração de Davi: O Leão, o único digno de
abrir os selos e revelar o mistério de Deus (5:5).
A brilhante Estrela da manhã: Na carta à igreja de Tiatira,
Jesus prometeu dar a estrela da manhã, representando toda a
esperança e otimismo que vêm com a presença de Deus, aos
vencedores (2:28). Agora, ele assume a mesma descrição como
mais uma maneira de se identificar. É somente nele que temos
esperança do amanhã, do novo e eterno dia onde a noite e as
trevas não existem!
22:17 –
O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem!: Deus e o povo dele estendem
o convite aos outros. Deixem a imundícia e venham! Afastem-se da Babilônia (18:4). Entrem pelas
portas da cidade santa. Até as últimas linhas do Apocalipse, as Escrituras apresentam a mensagem
210
Um Estudo do Apocalipse de Jesus Cristo
do amor de Deus e do seu desejo de salvar os homens (João 3:16; 2 Pedro 3:9). A noiva, a igreja,
oferece o mesmo convite. Nunca devemos esquecer desta missão importante da noiva de Cristo. Nós
que somos cristãos não devemos sentir contentes em receber as
bênçãos da comunhão com Deus; devemos divulgar as boas
17 O Espírito e a noiva
novas e convidar outros a participarem da mesma vida. A cidade
dizem: Vem! Aquele que
santa é grande. Tem espaço para todos que deixam as suas
ouve, diga: Vem! Aquele
iniqüidades para se tornarem utensílios úteis na casa de Deus.
que tem sede venha, e
Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de
quem quiser receba de
graça a água da vida: A água da vida (cf. 22:1-2) é oferecida a
graça a água da vida.
todos os sedentos. E o preço já foi pago pelo sacrifício de Cristo.
Qualquer um pode receber esta água de graça. De fato, não tem
alternativa. Ninguém é capaz de pagar, por mérito próprio, o valor da vida (Efésios 2:8-9). Ainda
devemos fazer boas obras (22:12; Efésios 2:10) e praticar a justiça (22:11), mas jamais teremos
condições de saldar a dívida do pecado para merecer a salvação. Recebemos esta água de graça!
22:18-19 –
Eu: Jesus já se identificou como a pessoa que fala neste trecho (22:16).
A todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro: O que ele dirá aqui é de aplicação
geral – fala igualmente para os ouvintes na Ásia no primeiro
século, na África no quinto século, na Europa no décimo século
18 Eu, a todo aquele que
ou no Brasil no século XXI! Quem tem ouvidos, ouça!
Testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus
lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro: Mudar a
palavra de Deus é um erro gravíssimo. Se alguém ousar
acrescentar alguma coisa ao Apocalipse, sofrerá os castigos
citados no livro. Se forem pragas literais e futuras, como muitos
hoje afirmam, Jesus não teria como fazer esta afirmação, pois
leitores no passado não sofreram, literalmente, estas pragas. Mas,
quando entendemos a linguagem das pragas figuradamente,
entendemos que Deus é capaz de castigar qualquer um em
qualquer momento da história.
E, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro
desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida,
da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste
livro: Tirar alguma coisa da palavra de Deus é igualmente
errado. A pessoa que faz isso perde a sua comunhão com Deus
e sua participação das bênçãos dadas ao povo santo.
ouve as palavras da
profecia deste livro,
testifico: Se alguém lhes
fizer qualquer acréscimo,
Deus lhe acrescentará os
flagelos escritos neste
livro;
19 e, se alguém tirar
qualquer coisa das
palavras do livro desta
profecia, Deus tirará a sua
parte da árvore da vida,
da cidade santa e das
coisas que se acham
escritas neste livro.
Estes dois versículos falam das profecias do Apocalipse, mas os mesmos princípios se aplicam a todos
os livros da Bíblia. Nenhuma pessoa tem direito de acrescentar ou tirar quando se trata da palavra
revelada por Deus. Moisés disse: “ Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem
diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que eu vos
mando” (Deuteronômio 4:2; cf. 12:32). Agur disse: “Toda palavra de Deus é pura; ele é escudo
para os que nele confiam. Nada acrescentarás às suas palavras, para que não te
repreenda, e sejas achado mentiroso” (Provérbios 30:5-6). Considere, também, as advertências
de 1 Coríntios 4:6; Gálatas 1:6-10 e 2 João 9.
22:20-21
Aquele que dá testemunho destas coisas: Jesus, a Fiel Testemunha (1:5), continua falando.
Lição 35: Palavras Fiéis e Verdadeiras (22:6-21)
211
20 ¶ Aquele que dá
testemunho destas coisas
diz: Certamente, venho
sem demora. Amém! Vem,
Senhor Jesus!
21 A graça do Senhor
Jesus seja com todos.
Certamente, venho sem demora: Pela terceira vez neste
capítulo, Jesus promete cumprir estas profecias logo depois da
revelação dada por meio de João.
Amém! Vem, Senhor Jesus!: João sente-se animado pela
promessa e pela convicção que Jesus aliviará o sofrimento que
virá sobre a igreja. Ele quer que Jesus venha logo! Mais uma vez,
devemos entender este pedido no contexto da vinda de Jesus
para salvar os santos oprimidos e trazer justiça contra os
perseguidores romanos. Enquanto todo discípulo fiel deseja estar
com Cristo eternamente (Filipenses 1:21-23; 2 Coríntios 5:1-8), entendemos que a demora do Senhor
em trazer o julgamento final oferece oportunidade aos pecadores a se arrependerem (2 Pedro 3:9).
A graça do Senhor Jesus seja com todos: A saudação final do livro, e o desejo sincero de João
para com todos os leitores e ouvintes.
Conclusão
Q
ue livro poderoso! Jesus, o Senhor dos senhores e Rei dos reis comunicou aos seus servos a sua
justiça, poder, compreensão e graça por meio de visões dramáticas dadas a João. Por meio
destas mensagens ele certamente ofereceu consolo aos santos perseguidos pelo governo
romano. E a afirmação do domínio absoluto do Senhor continua confortando os discípulos nos dias
de hoje.
É, também, um livro altamente prático. Dele, aprendemos mais sobre como servir a Deus e como
adorar o nosso Criador e Redentor.
Espero que este estudo tenha sido o começo, ou mais um passo, na sua jornada para compreender
e apreciar as mensagens riquíssimas do Apocalipse.








Nenhum comentário:

Postar um comentário

NUNCA ESQUEÇA DE DEUS!!!!

Nunca se esqueça de Deus

Deus não escolhe pessoas capacitadas, Ele capacita os escolhidos.

Um com Deus é maioria

Devemos orar sempre, não até Deus nos ouvir, mas até que possamos ouvir a Deus

Nada está fora do alcance da oração, exceto o que está fora da vontade de Deus

O mais importante não é encontrar a pessoa certa, e sim ser a pessoa certa.

Moisés gastou: 40 anos pensando que era alguém; 40 anos aprendendo que não era ninguém e 40 anos descobrindo o que Deus pode fazer com um NINGUÉM.

A fé ri das impossibilidades.

Não confunda a vontade de DEUS, com a permissão de DEUS...

Não diga a DEUS que você tem um grande problema. Mas diga ao problema que você tem um grande DEUS.