As tentações de Cristo - 8
Está escrito
que Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo (Mt.4.1). Logo, ele não estava
perdido ou sem direção. Mesmo no deserto, não ficaria desorientado. Sua vida
tinha alvos bem definidos, um planejamento preciso e específico. Assim também
acontece com os filhos de Deus hoje, a não ser que resolvamos andar por nossos
próprios caminhos.
Jesus foi
fisicamente sozinho para o deserto. Ele não podia mandar outra pessoa para
representá-lo nem levar sua família ou amigos. Ninguém poderia ajudá-lo naquele
momento, pois se tratava de um desafio pessoal. O Pai e o Espírito Santo não
tomariam decisões no lugar do Filho.
A vida
espiritual é assim, e muitos momentos da vida natural também se caracterizam
pela solidão que envolve as decisões e escolhas individuais. São
responsabilidades intransferíveis. O deserto e a cruz não podem ser
terceirizados. Afinal, também não vamos querer que alguém receba, por
procuração, nosso galardão.
Durante a
infância, os pais decidem praticamente todas as coisas no lugar dos filhos.
Alguns crescem e querem continuar naquela cômoda posição de receber tudo
resolvido e mastigado. Entretanto, a vida adulta exige que cada um tome suas
próprias decisões. O filhote precisa sair do ninho e aprender a voar.
No relacionamento
com Deus e no confronto com o Diabo, as decisões humanas também são
individuais. O pastor, por mais amoroso que seja, não pode resolver os desafios
de cada membro da igreja. Pode aconselhar, mas não decidir. Nenhum cristão pode
descansar no conhecimento bíblico do seu irmão. Nenhum soldado pode ir à guerra
sem treinamento, confiando na habilidade dos companheiros. Embora possamos
ajudar uns aos outros, chega o momento em que cada um enfrentará o seu deserto
particular. Então, será testado seu próprio conhecimento, sua fé, seu
compromisso e fidelidade. Por isso, é de fundamental importância a preparação.
Por exemplo,
quando o jovem cristão entra na faculdade, enfrenta ataques intensos e precisa
decidir por si mesmo. Então, fica evidente se ele foi bem formado na igreja ou
não; se ele investiu em sua estrutura espiritual, ou não.
Daniel, foi
levado cativo para a Babilônia e ali, no palácio de Nabucodonozor, longe dos
pais e mestres, teve a oportunidade de tomar decisões que fizeram dele um dos
maiores nomes do Antigo Testamento. Daniel orava e evitava o pecado, não porque
alguém mandava, mas por sua própria decisão.
A solidão do
deserto cria oportunidade para o pecado secreto. Afinal, ninguém está vendo. Se
não tem quem possa ajudar, também não existem testemunhas. Se Jesus
transformasse pedras em pães, quem ficaria sabendo? Porém, a realidade do mundo
espiritual é tão concreta que não nos permite pensar que aquele pecado pudesse
ficar oculto. Afinal, a solidão de Cristo era apenas física e aparente. Assim
como Satanás estava ali, o Espírito Santo também estava, pois foi ele quem
levou Jesus ao deserto (Mt.4.1). O Pai também estava presente com o Filho (João
8.29). Os anjos também estavam por perto (Mt.4.6,11). Aquele episódio estava
repleto de participantes, embora só Cristo tivesse um corpo físico.
Logo, a tese
do pecado secreto é uma ilusão humana. Por outro lado, fica demonstrado que a
solidão também é apenas aparente. Não estamos sozinhos ou desamparados no
deserto. Estamos muito bem acompanhados, exceto pela presença do maligno.
Os
filhos de Deus precisam se concientizar da presença divina em todas as
situações. Não estamos abandonados. Embora as nossas decisões continuem sendo
pessoais, podemos contar com a consolação do Espírito Santo e a bênção do Pai.
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