Para muitas pessoas a Páscoa é ocasião para maiores
lucros pecuniários. Já para outras é mais um feriado prolongado para o lazer e
passatempo, enquanto para as crianças é a oportunidade de saborear um ovo de
Páscoa (quanto maior, melhor). Porém, como dizia o saudoso pastor David Gomes,
Páscoa é mais do que chocolate. Há um sentido histórico e espiritual nesta
festa que deve ser devidamente considerado e que veremos nas linhas a seguir.
Em primeiro lugar,
vejamos o que a Páscoa significa para os judeus
O povo de Israel enfrentou as agruras da escravidão
no Egito durante 430 anos. Após um longo período de sofrimento, Moisés recebeu
de Deus a incumbência de liderar o povo para sua libertação. Mas, para
cumprimento de tão árdua missão, ele enfrentou tenaz e persistente resistência
por parte do Faraó. Fosse por não querer abrir mão do trabalho escravo ou por
não crer no poder do verdadeiro Deus, por professar uma religião pagã, o fato é
que o monarca egípcio se opôs reiteradas vezes à ideia de permitir que o povo
israelita fosse embora. Após várias tentativas frustradas, foi necessária uma
intervenção mais drástica de Deus, através de 10 pragas, para convencer o Faraó
a dar a permissão pleiteada. Entretanto, mesmo assim, somente ao sobrevir a
décima praga - a da morte dos primogênitos - é que a permissão foi dada por
Faraó.
Na verdade, a instituição da Páscoa está ligada a
esta última praga. (Vide os capítulos 11 e 12 de Êxodo). Durante sete dias os
judeus somente poderiam comer pães ázimos (sem fermento). Cada família deveria
sacrificar um cordeiro, sem defeito, para ser assado e comido, juntamente com
ervas amargas. O sangue do cordeiro imolado deveria ser espargido nos umbrais e
na verga da porta das casas para que as famílias israelitas não perdessem seus
primogênitos.
Diante do ocorrido, e quando o povo israelita
começava a deixar o seu território, o Faraó Ramsés II enfureceu-se e partiu com
seu poderoso exército no encalço do povo de Deus para tentar destruí-lo.
Entretanto, a poderosa mão de Jeová libertou gloriosamente o seu povo,
permitindo sua passagem pelo Mar Vermelho a pé, fato extraordinário que
marcaria para sempre a história de Israel.
Portanto, para os judeus, a Páscoa é a celebração
deste grande feito histórico, significando a sua libertação da escravidão no
Egito. Aliás, a palavra Páscoa, do hebraico "pessach", significa
passagem, a passagem da escravidão para a libertação.
Não é sem razão, pois, que até hoje a Páscoa é
celebrada pelos judeus com grandes solenidades. Meu filho trabalha em Nova York
na firma B&H, considerada a maior revendedora de equipamentos eletrônicos
do mundo e cujos proprietários são judeus ortodoxos. Por ocasião da Páscoa,
durante sete dias a empresa fecha as portas e dá folga aos funcionários, tal a
importância que concedem à essa grande celebração.
Em segundo lugar, vejamos qual o significado da
Páscoa para nós, os cristãos
É notável a similitude existente entre a Páscoa
judaica e a cristã, podendo-se afirmar que a Páscoa é um tipo de Cristo.
Conforme já observamos, para os judeus a Páscoa
significa a passagem da escravidão para a liberdade. Para nós, Cristo é o nosso
grande libertador da escravidão do pecado. Antes da maravilhosa experiência
regeneradora éramos escravos do pecado. Porém, a partir de nossa conversão,
mediante o arrependimento dos pecados e a fé em Jesus, fomos libertados da pior
das escravidões. Eis o que Jesus declara: "Em verdade, em verdade vos digo
que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado" (...) "Se,
pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8.34 e
36).
Na Páscoa judaica as famílias deveriam sacrificar
um cordeiro. Para nós, cristãos, Cristo é o Cordeiro de Deus que tira o pecado
do mundo (João 1.29). E Paulo identifica perfeitamente a Cristo como cordeiro
pascal ao afirmar: "Cristo, nossa páscoa, já foi sacrificado por nós"
(1 Coríntios 5.7). Vale dizer que o cordeiro da páscoa judaica representava
Cristo, o cordeiro imolado no Calvário.
O cordeiro pascal deveria ser ser defeito (conforme
Êxodo 12.5). Desta forma, simbolizava a perfeição de Jesus Cristo, aquele que
jamais pecou enquanto aqui viveu e que desafiou os judeus que não aceitavam a
sua messianidade ao dizer: "Quem, dentre vós, me convence de pecado?"
(João 8.46). E aqueles inimigos nada puderam apontar que desabonasse a conduta
do Filho de Deus, cuja perfeição moral estava acima de qualquer dúvida.
Corroborando a mesma tese, assim se expressa o escritor aos Hebreus:
"Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado"
(Hebreus 4.15).
O sangue do cordeiro na verga e umbrais das portas
das casas simbolizava salvação para os israelitas. Da mesma forma as pessoas
que crêem no sacrifício feito por Cristo na cruz ficam livres da morte
espiritual, eis que "O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo
pecado" (1 João 1.7).
Portanto, para os cristãos a Páscoa é a festa
comemorativa da libertação espiritual operada por Cristo na vida de todos os
que nele creem.
Certa feita o grande pregador John Wesley foi
abordado por um assaltante, que, examinando a pasta do pregador e notando que
só continha a Bíblia e mais alguns livros, desinteressou-se e ia se afastando.
Wesley então lhe disse: “Quando você se cansar da vida que está levando
lembre-se de que O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado".
Estas palavras ficaram gravadas na mente daquele
assaltante ao ponto de, tempos depois, ao meditar nesta verdade bíblica, ter
decidido deixar sua vida pecaminosa e aceitar Cristo como seu Salvador. Ao
reencontra-se com Wesley pôde lhe dar esta grande notícia, com imensa gratidão
na alma.
E o dileto leitor, já teve um encontro de fé com
Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo?
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